e eu estou aqui com os olhos fechados e a boca muda mas estou aqui presente onisciente consciente dos teus pecados das tuas armadilhas e tuas provações eu estou aqui com os lábios feridos o peito manchado e a alma desnutrida sem paz sem temor sem amor eu só... estou aqui nesse limbo de ideias e sensações estou aqui porque fui a única que ficou

Eu a conheci aos 12, calça legg e camisa estampada. Era como um festival de cores em um lugar só. Mas ela só me conheceu aos 16, quando passou a olhar para os cantos da sala e sorrir para os renegados. Ela tinha olhos cor-de-mel como sua mãe. E, ah, gostava de gatos... e de café. Agora, aos 21, tenho um gato preto jogado em meu peito, uma xícara de café sobre minha cômoda e ela deitada ao meu lado.

Ela era explosão, Batimento cardíaco acelerado. Era o rufo dos tambores E a surpresa estampada na face das senhorinhas. Ela era combustão, Líquido agridoce, Poema sem rima E também versos bárbaros. Sem noção, era isso. Sem noção era ela. Confusão sem nexo, Música alta E terremoto também. Era o desentendimento E a aceitação, Doida doída, Sem pé nem cabeça. Ela era assim Imoral, Descomunal, Radical. Ela era isso, aquilo E muito mais.

Benedito me disse, certa vez, que Mariana Pomalha não era boa gente. Nada entendi, é claro. Aquele velho unia lé com cré como se não fosse nada! Mariana era uma boa moça, pelo menos, eu pensava. Era boa demais até para os anjos do céu. Olhos miúdos, cabelo tão negro quanto o próprio olhar e o sorriso de orelha a orelha que me mandava sempre que nos encontrávamos. Benedito era um invejoso, isso sim! Foi o que pensei até entender a natureza do seu apelido: Píton. Era bem a cara dela.

Luzes São muitas luzes Piscando e piscando Dentro da minha cabeça. E o tic-tac incessante Do relógio na parede Dentro da minha cabeça. Não há relógio Mas existe algo Que me incomoda: Café É esse o cheiro Que invade Impregna Meu quarto Minha sala Minha vida. E as vozes Que invadem o meu lugar Não estão aqui Nada está aqui.

Ele sussurra em meus sonhos, nunca lembro o que foi, o que devo fazer, mas sempre acordo bem. Ele sussurra em meus ouvidos, mas não me toca, nunca se aproxima demais. E sussurra ante aos meus lábios, antes de agir, antes de destruir todas as barreiras que demorei a construir. E então me beija e me leva até si. Abraça e não me deixar soltar do seu enlaço. E assim me sinto a pessoa mais sortuda do mundo.

O chá está a sua frente. Quente, o vapor anda pelo ar e trilha caminhos diferentes, os quais você nunca irá ver. O chá está em sua boca. E desce vagarosamente por sua garganta, de gole em gole. Mas não acaba. Você não deixa acabar. Não até ela chegar. Seus dedos tocam a orelha da xícara com impaciência, mesmo que não queira demonstra-la. E você espera por alguém que nunca virá, sabe disso. É verdade, me desculpe pelo inconveniente. Não deveria ter batido a porta. Eu não tinha hora para voltar.

Úmida estava a pele quando os raios a tocaram, não leve ou solenemente, mas com força. Estava quente, quente demais para um dia de chuva. O cheiro não era bom, não havia perfume ou hidratante que espantasse o mau odor. A blusa estava molhada com a água da chuva e o suor de desespero que desceu por sua face anteriormente e os tecidos avermelhados como maçãs maduras e fartas, e os lábios arroxeados como uvas sem caroço, caras. O cheiro não era bom, talvez por isso a presença das moscas, nada bom.

Os dentes rasparam o lábio com rapidez e o ato se repetiu várias vezes até que uma ferida foi formada. Talvez ela não tivesse pecebido que o sangue já molhava o queixo, não teve tempo para isso. Prestava atenção no tremer do corpo, no arrepio incômodo e no zunido que não saía da sua mente. A cabeça girava e girava, os pulmões pareciam não querer desempenhar o seu papel. E o choro veio, veio forte e imponete, veio como uma explosão, destroçando tudo dentro de si. Aquele era seu inferno pessoal.

Talvez porque não fosse o suficiente. Talvez fosse porque não era como seu irmão, não era tão amável, gentil e inteligente. Talvez fosse porque era ele, estranho, uma criança estranha com um poder estranho, que vivia para brigar com tudo e todos. Talvez porque fosse um monstro que todos deveriam odiar.

E ele se deixou levar pelos braços curtos que o enlaçavam com tanta força num abraço repleto de carinho e gentileza. Quis chorar até morrer, quis quebrar tudo a sua volta, porque era assim como agia, como seu pai havia lhe dito. Homens não podiam sentir, não podiam chorar, e se fossem sentir algo, que fosse raiva.

Eu acho que esqueci de muita coisa, não lembro de nada bom daquele tempo. Mas lembro da sua voz, dos gritos que você dava. Eu lembro dos xingamentos e das palavras ásperas cuspidas para mim quando eu não estava bem. Você sentia prazer em me ver destruída, não é? E até hoje não lembro dos seus olhos, tem um borrão sobre eles em minha mente. É, acho que sempre foi você, sabe, meu maior medo. Isso dói como o inferno, pai.

Gosto de quando você me toca. De quando sinto seus dedos sobre minha pele e o tempo parece parar. Gosto de quando deixa que me aproxime e gosto da forma como parece se deixa levar quando te beijo. Gosto da forma como você parece se libertar e de quando fodemos a noite inteira e da sua voz quando geme. Gosto de quando você se põe a falar, com o entusiasmo na voz, sabe? E quando você sorri, parece que as estrelas apagam só para te deixar brilhar. Bom, eu acho que meio que gosto... de você.

Estilhaça-me, mas junte os caquinhos quando acabar. Quebre-me, mas não me deixe em qualquer lugar. Não me jogue no lixo, não me deixe no chão. Deixe-me em pedaços, de novo e de novo, até virar pó. Mas não me mande para debaixo do tapete. Não me jogue pela janela, não deixe o vento entrar e me levar para longe. Destroce-me, mas não me esqueça jamais.

Palmas eram ouvidas por todos os cantos quando o apresentador voltou ao palco. Seus dedos estavam gelados, as pontas brancas pela força que colocava nelas. "Respeitável público", o loucutor começou, arrancando suspiros de todos ali. "O espetáculo de hoje está cheio de surpresas. Espero que tenham trazido colete a prova de balas, não poderemos salvar os seus corações." As risadas foram altas. Mal sabiam que aquele conselho era literal até que os tiros foram escutados. o palhaço não apareceu.

Silêncio. Ele não poderia deixar de contemplar o silêncio daquele lugar. Não havia som de carros, nem mesmo os pássaros faziam barulho. O silêncio o atraía de tamanha forma que quando o último suspiro saiu dos seus lábios, a promessa ficou gravada em seu peito. O silêncio o acalmava, apaziguava seus pensamentos atormentados. Ele o deixava viver longe dos problemas, fazia-o esquecer dos tapas que havia levado da vida e das cicatizes bem marcadas em suas costas. O silêncio o deixava sobreviver.

Querido Jack, Mesmo que os anos tenham passado, eu não consigo esquecer daquela cena. O inverno chegou e, com ele, o frio que me tira o ar, que me impede de dormir, assim como as águas geladas do oceano. Jackie, eu sinto muito, ainda lembro de tudo, não pude esquecer, não pude não sentir o peso. Sinto muito, mas ainda não esqueci de você. Não quero, na verdade. E, onde quer que você esteja, espero que não tenha esquecido de mim. De sua amada, Rose

Lilian era uma boa garota, centrada em seus objetivos, com um sorrisinho bem modelado no rosto e grande motivação. Era uma boa garota, quando mexia nos fios encaracolados para amaciá-los e nas saias grandes que vestia e no chá das cinco que insistia em tomar. Era boa, mas não o suficiente, nunca era suficiente.

Crying loud and punching the wall, she could not be heard for anyone. She was alone. Alone with her thoughts, alone with herself. "Hurts, it hurts" she whispered. "Please, it hurts, help me, God, please" and cried. But nothing happened. She felt her heart beating and beating, the despair was in the air. She did not know, but someone was watching behind the door. And it was not an angel.

Queria eu poder submergir às águas que existem em teu olhar e passear por cada centímetro de seu corpo. Deixe-me entrar em ti, deixe-me beijar seu pescoço e suas coxas e suas costas. Deixe-se levar pelo momento. Até que possamos gozar da vontade de viver um no outro, como um só.

Eles sempre gostaram do Queen. Todos os domingos, quando o Sol nascia, "I want to break free" tocava em toda a sua potência. Mercury ficaria orgulhoso se morasse do outro lado do corredor. Sim, haviam CDs e até discos de vinil novinhos em folha. Só que eles nunca pensaram que Love Of My Life se faria presente em sua vida. Menos ainda que seria para dizer "don't leave me". Mas ela o deixou. Ele escreveu para Freddie, não obteve resposta. "Os mortos não podem escrever". Ela também não respondeu.

Shiii, não diga o nome, não ouse, não tente. O perigo é iminente. Os lábios que um dia deixaram que saísse a palavra em um sussurro ou murmúrio, hoje já não mais se abrem. Não se deixe levar pela sede de liberdade, alguém está a espreita, sempre está, e eles irão te achar, não pense que não acham. Por isso, cale-se! Abaixe a cabeça, nunca levante o olhar, nunca deixe que sintam sua vontade de ser… livre.

Beije-me, por favor, beije-me. Sou seu, beije-me para que eu saia desse sonho cruel em que não posso estar em seus braços. Aperte-me e beba-me, sinta o meu eu descendo por sua garganta e deixe-me viver em ti. Em teu peito, em tua alma, em tua imaginação. Apenas deixe que eu saia quando tomar-me por inteiro, quando me fazer seu, somente seu, apenas seu. Quero ser seu. Ora, beije-me como se não houvesse amanhã. Porque não haverá.