Kirishima nunca tinha conduzido tão rápido na sua vida, era sempre uma pessoa muito cuidadosa na estrada, pois sabia dos perigos que poderiam existir, mesmo que fossem, algumas das vezes, acidentes. Mas, naquele momento, pela primeira vez, não poderia arriscar, para si, a vida do seu parceiro era capaz de depender disso, ele não podia abrandar, ou poderia ser tarde de mais, já que, na situação de Kaminari, cada segundo contava.
– Denki, aguenta! – Gritou Kirishima desesperado, desviando o olhar da estrada por um segundo para olhar para o parceiro ao seu lado, voltando rapidamente a focar-se no percurso que fazia.
– Dói. – Gemeu Kaminari mordendo o lábio inferior, enquanto tentava controlar a respiração, agarrando com força a porta do carro, que tinha o vidro aberto.
– Tem calma Denki, respira fundo, tudo vai ficar bem. – Disse Kirishima numa tentativa de transmitir calma ao parceiro, mesmo que fosse complicado, pois ele próprio estava completamente nervoso.
As coisas podiam não correr como ele esperava, e Kirishima tinha medo disso, no entanto, tinha de evitar transmitir isso a Denki, só lhe iria fazer mal. Kirishima tinha de tentar passar-lhe confiança e calma, ser o seu apoio, como sempre tinha sido durante os anos de relacionamento dos dois.
– Eu não sei se consigo Eijirou. – Comentou Kaminari com um pequeno grunhido de dor, as lágrimas que antes conseguia conter, agora a descer-lhe pela face, as bochechas mais rosadas que o habitual, e a respiração difícil de controlar.
Kaminari olhou para baixo, já tinha sujado o banco mais do que imaginou, temia que isso fosse um mau sinal, já que não tinha ideia alguma se aquilo era algo considerado normal, mas queria acreditar que tudo iria correr bem, ele desejava que corresse bem.
Kirishima sentiu, pela marca que o ómega tinha no pescoço, a qual o alfa tinha feito no inicio da relação de ambos, a insegurança e dores do parceiro, se pudesse, Kirishima seria o único a sentir as dores de Kaminari, queria que a marca lhe pudesse passar toda a dor do outro, para que ele não tivesse de sofrer como estava.
Um grito mais agudo saiu da garganta do loiro, que apertou o braço de Kirishima praticamente de forma instintiva, já que queria sentir a proteção que apenas o seu alfa lhe poderia proporcionar.
Ao sentir o sofrimento do parceiro, Kirishima agarrou a mão do ómega e pediu para que aguentasse só mais um pouco, pois estavam quase a chegar.
Durante o resto do percurso, Kirishima não largou a mão de Kaminari em nenhum momento, sentido o ómega apertá-la com força, numa tentativa de se acalmar e aguentar melhor as dores que estava a sentir.
Apenas mais uma curva foi necessária para que Kirishima conseguisse ver o hospital, e o alfa não conseguiu conter o sorriso de alívio com isso, porém, o mesmo rapidamente se desfez, ao sentir que as dores de Kaminari estavam a aumentar.
Quando se aproximou o suficiente da entrada do hospital, viu uma figura conhecida, que ao reparar no seu carro, começou a fazer sinais, pedindo que Kirishima estacionasse ali. O alfa nunca ficou tão feliz em conhecer alguém que trabalhasse no hospital, e agradeceu a sorte que tivera de estar com Midoriya quando Kaminari apresentou sinais evidentes de que precisava imediatamente de ajuda médica, graças a isso, Midoriya pode ligar ao namorado, perguntando se estava livre para ajudar Kaminari, e Todoroki, o médico que estava a sua espera na entrada do hospital, logo se mostrou disponível para prestar o devido auxilio ao ómega.
Kirishima rapidamente estacionou o carro à frente do amigo, num local que estava reservado para aquele género de emergências, e Todoroki logo abriu a porta do pendura, ajudando Kaminari a sair do carro e a deitar-se numa maca, que Todoroki tinha pedido para ser preparada para a chegada do ómega, pois tinha sido informado que Kaminari mal conseguia andar.
Os olhos heterocromáticos do médico encontraram os de Kirishima, que saia do carro apressado, e nenhuma palavra foi necessária para que ambos se entendessem, a mensagem do médico sendo compreendida perfeitamente por Kirishima, um pedido de confiança mudo.
O brilho nos olhos de Kirishima foi o suficiente para que Todoroki se virasse e entrasse com Kaminari para dentro do hospital, sendo rapidamente seguido pelo alfa, que tinha trancado o carro apressado para poder acompanhar o ómega naquele momento delicado.
Há medida que avançavam por entre os corredores brancos, Todoroki fazia algumas perguntas básicas sobre a situação de Kaminari, e Kirishima, enquanto segurava a mão do ómega, respondia a tudo da forma mais precisa que conseguia.
Rapidamente entraram numa sala, totalmente equipada para as necessidades de Kaminari, e Todoroki, com a ajuda de alguns outros médicos presentes, conseguiram deitar o ómega na única cama do local.
Kaminari apertou a mão do seu alfa com força, chamando a atenção de Kirishima para si, e assim que os olhos de ambos se encontraram sorrisos sinceros foram trocados, ambos tinham esperado tanto tempo por aquele momento, e finalmente tinha chegado, após algumas complicações, de falsos alarmes, nas últimas semanas, Kaminari tinha finalmente entrado em trabalho de parto, o ómega estava pronto para dar à luz o fruto do amor de ambos, a criança que carregava estava pronta para vir ao mundo.
Kirishima, agora relativamente mais calmo, por ter o apoio médico necessário para que a sua primeira filha viesse ao mundo, beijou a mão do ómega, limpando-lhe as lágrimas com o polegar, murmurando palavras carinhosas e de incentivo.
Os momentos a seguir pareceram extremamente demorados para ambos, Kaminari gritava, tentava controlar a respiração, e em meio às dores ainda conseguia dizer algo relativamente cómico para a sua própria situação, rindo em meio a gritos e alguns palavrões, tentando acalmar-se. Já Kirishima, sentia que ia perder a mão de tanta força que Kaminari fazia ao apertá-la, mas esforçava-se ao máximo para conseguir falar com o ómega, dar-lhe forças para aquele momento tão importante para os dois.
Quando o momento final de aproximou, Kirishima levou a mão livre ao peito, sentindo os seus batimentos, passando-os, graças à marca, a Kaminari, conseguindo tranquiliza-lo ligeiramente, fazendo com que o ómega conseguisse respirar de alivio, quando o choro da bebé do casal ecoou pelo local.
Ambos se encararam e voltaram a sorrir, as lágrimas de alegria incontroláveis a descerem-lhes pelas faces. Kirishima acariciou o rosto do parceiro, beijando-lhe carinhosamente a testa, nenhuma palavra era necessária, apenas a troca de olhares, e os sentimentos incontroláveis que passavam pela marca, eram o suficiente para ambos.
Não demorou muito para que Todoroki lhes entregasse a criança, que já se encontrava devidamente limpa, e que tinha parado de chorar quando ficou no colo do ómega.
Kaminari, com extremo cuidado, segurou a bebé ao colo, encarando-a com ternura, amando a sensação de finalmente poder tê-la, e senti-la, diretamente nos seus braços. Aproximou lentamente os seus dedos da filha, acariciando-lhe os cabelos loiros, e um sorriso involuntário adornou-lhe o rosto, quando a pequena abriu os olhos, encarando-o com as suas íris vermelhas, aquecendo os corações do casal, que se encarou por um segundo, notando que as lágrimas de ambos se tinham intensificado.
Kirishima aproximou-se dos dois, abraçando Kaminari de lado e tocando suavemente na bebé.
Kaminari beijou a filha, vendo o alfa acariciar suavemente a mão da pequena, que tinha fechado os olhos, praticamente por completo. O ómega estendeu então a criança a Kirishima, que a pegou um pouco nervoso, mas extremamente orgulhoso e feliz.
Os corações de ambos batiam descontroladamente, as lágrimas banhavam-lhes as faces e os sorrisos não saiam dos seus lábios, eles não conseguiriam descrever com palavras a mistura de sentimentos que estavam a sentir no momento, uma felicidade imensa a preencher-lhe os corações e as almas conectadas.
Toda a gravidez tinha corrido bem, os meses de gestação sempre dentro do normal, eles tinham tudo pronto para receberem a sua filha, dar-lhe tudo o que fosse precisar, nada estava em falta, mas, mesmo assim, como era a primeira vez que passavam por aquela situação, acabaram por deixar que os seus sentimentos falassem mais alto que o lado racional, apesar de não haver motivos para isso, já que eles sabiam que a criança poderia nascer a qualquer momento, e, assim que chegassem ao hospital, seriam atendidos de imediato.
Mas, o medo de perder o que lhes era importante, especialmente nos momentos de incerteza, falava sempre mais alto, pelo que, enquanto passeavam com Midoriya, e Kaminari sentiu que a hora tinha chegado, acabaram por agir praticamente por instinto, não só de alfa e ómega, mas de pais, com o único pensamento de fazerem com que a sua filha nascesse, de proteger e salvar a luz de ambos.
Kaminari, enquanto observava Kirishima a falar com a pequena, riu levemente, ao lembrar-se do comportamento de ambos até ao hospital, e o alfa, ao saber pela marca a razão do riso do parceiro, não conseguiu controlar o próprio riso, entregando a filha ao ómega, que a abraçou carinhosamente.
Kirishima logo se aproximou para beijar o parceiro, algo suave e sincero, ambos sorriram e encarando a bebé novamente.
O alfa pegou numa das pequenas mãos da filha e Kaminari segurou a outra, acariciando-a, ambos a sentirem uma conexão inexplicável.
– A nossa filha é linda. – Murmurou Kirishima, pousando a mão livre no ombro de Kaminari, abraçando-o de lado, aproximando-o de si.
Kaminari concordou, aproximou-se da filha e sorriu, sussurrando com uma voz suave.
– A nossa Hikari.
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