aikimsoo Ai KimSoo

Muita coisa bizarra acontece na vida de um garoto, aparentemente, comum como eu. Digo aparentemente comum, porque acabei de descobrir que sou um semideus filho de Athena. Mas como? Quis nem ouvir a explicação do meu pai, porque por mais que tudo fizesse sentido na minha vida - depois de descobrir isso -, não significa dizer que eu gosto. Contudo, por mais que ser semideus pudesse ser completamente novo para mim, eu simplesmente fiquei feliz quando eu encontrei com ele. Parece que ter me descoberto semideus não foi tão ruim assim para mim, Kim Jongin.


Hayran Kurgu Gruplar/Şarkıcılar Sadece 18 yaş üstü için.

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Desgosto Menos

Hello! Eu sou Kim Jongin, um menino de 13 anos, sul-coreano que mora em Nova York com o pai há 11 anos e que pensava ser normal até ontem. Sério, eu realmente pensava que era normal, mesmo com todas as bizarrices que acontecessem comigo. Para vocês terem uma noção, as bizarrices eram bizarras mesmo, vou até listar:

1- Quando eu tinha 5 anos, juro que vi uma mulher com asas. Parecia uma galinha desenvolvendo um corpo feminino e isso foi bizarro! Não lembro como me livrei dela, só sei que em um momento eu estava no parquinho e com medo, e no outro estava na minha caminha e pensando ter sido um pesadelo.

2- Quando eu tinha 8 anos, vi outra "mulher galinha". Eu lembrava de a ter visto nos meus pesadelos - eu passei acreditar que tinha sido pesadelo de tanto que meu pai insistiu - e depois tive certeza que, na verdade, eu já tinha era me deparado com aquela bizarrice. Como estou vivo? Nem lembro.3- Eu tenho baita uma dislexia, porém, consigo ler grego antigo muito bem. "Menino, como que tu foi se meter com grego antigo?" eu sempre quis ser arqueólogo, então procurava várias línguas mortas (mesmo que não soubesse ler uma), até que me deparei com o grego antigo e fiquei feliz por finalmente ler algo. É um saco ter que ficar concentrando para conseguir entender uma coisinha e mesmo assim, ainda ser nada.

4- Eu sempre vi coisas estranhas e que muita gente não enxergava como eu... Enfim, sei nem mais explicar.

Mas na sinceridade? Sinceridade mesmo? Nada era mais bizarro do que estar olhando para uma vastidão de floresta e não ver nada além de mato, mas seu pai continuar insistindo que você tem que "atravessar o portão".

-Appa, eu já disse que eu não sou semideus...

-Jongin, você precisa de quantas provas mais pra enxergar que é um semideus? Você é filho de Athena, deusa da sabedoria e da estratégia, então não envergonhe sua mãe! - meu appa repreendeu e eu revirei os olhos.

-Eu poderia envergonhá-la à vontade, nunca ligou pra mim. Sei nem porque você acha que ela é minha mãe. - resmunguei irritado e levei um cascudo.

-Jongin, não vamos entrar nessas discussões de novo, okay? Eu preciso ir na gráfica ver se as revistas já foram impressas e suas atitudes rebeldes estão me atrasando. Você é filho de Athena e sabe disso, sente isso! Sua mãe sempre te protegeu, menino ingrato! Se você está vivo depois de encontrar várias harpias, que você tanto insiste em chamar de "mulher galinha", é graças a sua mãe! Ela zelou por você! - brigou e aquilo foi realmente novidade para mim.

Athena que me salvou das "mulheres galinhas"? Apesar de me recusar a chamar a deusa de mãe, eu não era burro e já tinha entendido muito bem que eu não era normal. No começo, pensei que meu pai estivesse bêbado das festinhas que ia com o pessoal da revista de moda onde ele trabalhava, mas logo liguei os pontos e percebi que a bizarrice também fazia parte do meu destino desde que nasci.

Meu pai contou como conheceu a deusa, porém, eu não me importava nenhum pouco com isso. Por Deus! (ou Zeus!) Eu sempre achei que mitologia grega e romana eram apenas isso: mitologia. Daí descubro que sou um semideus, quase um Hércules - o semideus mais famoso do mundo - e que todos os riscos de vida que sofri, eram um atentado ao pudor de minha vida. Pode parecer drama, mas não é!

Quando se é semideus, meu pai explicou que nos tornamos praticamente uma luz no escuro para as anomalias que também faziam parte da mitologia. Era por culpa de sermos como uma luz brilhante para eles, que desde criança eu sempre vi coisas estranhas acontecerem e meu pai sempre me enganou dizendo que minha imaginação era fértil. Fértil é ele que engravidou uma deusa!

PELOS DEUSES, EU SOU UM SEMIDEUS! Isso é muito para uma pessoa aceitar. Digo aceitar, porque eu já entendi o que sou e vou ter que aprender a lidar com isso. Meu primeiro passo para dar início oficial a esse mundo estava à 10 metros de mim, no portal que meu pai dizia ser o acampamento onde eu passaria a viver todas as minhas férias.

Acampamento meio-sangue.

-JONGIN! - meu pai gritou e me empurrou para frente, o que me fez sair praguejando; para quem quisesse ouvir; o quão insatisfeito eu estava com tudo aquilo.

Contudo, eu podia ser um insatisfeito fascinado. Como meu pai disse, atravessar aquele portão iria me levar a um acampamento. Quer dizer, não que eu tenha sido teletransportado, na verdade, foi como se eu tivesse aberto uma porta e entrado em uma casa que eu desconhecia o interior.Mas ali era um acampamento e não uma casa. Fiquei em choque analisando tudo ao redor e me perguntando como as coisas funcionavam. Todos usavam uma blusa laranja com os dizeres "Acampamento meio-sangue" e andavam de um lado para o outro. Eu estava realmente surpreso que tivesse muita gente que aparentemente era semideus como eu. Os deuses desconhecem fidelidade?

-Oi! - me sobressaltei ao ver um menino mais baixo que eu surgir na minha frente. - Você é novo aqui, né? - perguntou e sorriu.

Seu sorriso era bonito, assim como ele. Era mais baixo do que sou e parecia ser asiático também. Tinha um olhar meio travesso em seu rosto e isso me fez relutar um pouco em respondê-lo, porém, eu precisava de ajuda para me situar ali.

-Oi! Eu sou novo sim... - respondi e ele riu animado. Ele era mais novo que eu? - Me chamo Kim Jongin. - me apresentei.

-Oh! Você também é coreano? Coréia do Sul ou do Norte? - indagou animado.

-Do sul. Na verdade, nem sei se sou coreano mesmo. Meu pai me registrou lá, porque ele morava lá, mas eu acho que nasci aqui... - divaguei e ele riu.

-Eu sou do sul também e nasci lá. Minha omma apenas veio morar aqui por um ano e caiu nas garrinhas sedutoras do meu "appa". - fez aspas e me deu as costas. - Que tal irmos conhecer o lugar? Preciso que me diga de quem é filho, pra que eu te leve até o chalé.

-Sou... - trinquei os dentes. - Filho de Athena. – concluí a contragosto.

-Eu pensei que fosse de Apolo. Sua pele é muito linda e tem um brilho dourado que me lembra ao deus. - explicou e eu sorri acanhado.

-Obrigado. Eu já passei por muitas confusões por culpa do meu tom de pele, demorei a aceitá-la. - fui sincero.

-Não deveria ter demorado, você é lindo do jeito que você é. Já temos que lidar com problemas enormes demais pra ter que ficar ouvindo gracinha de gente ignorante, não acha? Seu tom de pele é lindo e você também, posso provar isso só de lembrar que fui te confundir logo com o deus da beleza. - me encorajou e eu sorri abertamente. Tinha gostado dele.

Conversávamos sobre vários assuntos enquanto ele me mostrava o acampamento e dizia que Quíron, o centauro que ficava no comando do lugar junto de Dioniso (o deus do vinho e do purgatório), apareceria durante a noite e provavelmente iria me receber pessoalmente.

Fiquei empolgado, não podia negar, contudo... Eu já tinha percebido que as pessoas lutavam para se proteger, o baixinho já tinha mencionado isso também, mas...

-OH MEU CHANNIE! - o baixinho gritou ao meu lado e vi que ele olhava exatamente para o mesmo lugar que eu.

Eu não sabia quem era Channie, porém, sabia que era um dos dois garotos que pareciam lutar. Ambos eram asiáticos, mas tinha um que era mais alto e tinha umas orelhinhas fofas, enquanto o outro era mais baixo e tinha uma expressão zangada. Esse mais baixo é o que me assustava e irei pontuar os porquês:

1° - O baixinho tinha uns olhos semicerrados que me assustavam;

2° - O baixinho estava com ambas as mãos equipadas com um soco inglês bronzeado e com lâminas prateadas ao lado;

3° - O BAIXINHO AVANÇOU NO GRANDÃO INDEFESO!

-D.O, NÃO ATACA MEU CHANNIE! - meu desespero foi interrompido ao ver o coreano, que me acompanhava, se meter no meio dos dois garotos. - Eu sei que o Channie é chato, te perturba e adora querer dizer que é mais forte que você só por você ser filho de Afrodite e ele de Ares, mas não precisa colocar os socos ingleses nos seus punhos, isso é covardia.

-Covardia é esse idiota ficar me perturbando! Para de crescer e de aparecer, Park, você já tem 14 anos! - o menor mandou e antes que o maior pudesse dizer algo, o baixinho se afastou dos dois com muita raiva.

Inclusive, senti sua raiva ao ter seu ombro esbarrando no meu e juro que pensei que tinha sido espetado pelas lâminas dos socos ingleses, porém, ele me surpreendeu ao murmurar um "Desculpe" e sair andando. Ele num era um baixinho mal-encarado? Por que ele me pediu desculpas de forma tão educada?

-Aish, Baekkie, você não devia ter nos interrompido! - o grandão resmungou e eu voltei a atenção para ele e o baixinho que me acompanhava desde cedo.

-Você quer morrer, é? Eu sou seu hyung, portanto me obedeça! O D.O não é qualquer filho de Afrodite, ele não é delicado e muito menos alguém paciente. - repreendeu.

-Claro, o pai dele é lutador de MMA...

-E o seu é o Ares, então basta! Não tem vergonha de ficar implicando com o D.O? Nós somos os hyungs dele e ele que age como se fosse o nosso! Da próxima vez, vou deixar ele te dar uma surra! - avisou emburrado.

-Então significa que pra você, EU IRIA PERDER? LOGO EU? FILHO DE ARES? - o grandão parecia incrédulo.

-Se o D.O é o filho de Afrodite mais durão que conheço, você é o filho de Ares mais chorão que já me deparei. D.O ia te dar um soco e você começaria a chorar, mas depois faria tudo de novo!

Não te entendo, não te entendo... Parece sádico! - acusou e eu vi o bico nos lábios do maior. - Ah! Nós temos um novo amigo.

-Temos? - o filho de Ares abriu um enorme sorriso e olhou para mim. Claro que a camisa laranja era mais gritante que minhas roupas pretas, mas quando todos se encontram com a mesma blusa e você não, você que que acaba chamando atenção e sendo o diferentão. As roupas neutras se tornam as escandalosas.

-Sim! Jongin, vem cá! - chamou animado e eu me aproximei. - Esse aqui é o idiota do filho de Ares, Park Chanyeol. Chanyeol, esse é o novo filho de Athena, Kim Jongin.

-Oh! Prazer! - o grandão se afobou e apertou minha mão. - Espero que...

-Oh! Esqueci de me apresentar! Eu sou Byun Baekhyun, filho de Hermes. Vem, vou te mostrar ao Luhan, Sehun e Xiumin. Vamos, Channie. - chamou animado e saiu nos arrastando.

Eu percebi que ser animado era a característica principal de Baekhyun e que ela era intensificada quando Chanyeol ficava perto, porque os dois faziam uma dupla e tanto. Eles eram legais e realmente fiquei feliz de já ter encontrado um grupo para andar.

Fui apresentado aos amigos de Baekhyun e Chanyeol e fiquei feliz de saber que não éramos os únicos asiáticos por ali. Sehun era filho de Ares também, sul-coreano e tinha a mesma idade que eu; Luhan era filho de Afrodite, chinês e 2 anos mais velho que eu; Minseok era sul-coreano, filho de Apolo e 2 anos mais velho também...

E por último, mas não menos importante:

Do Kyungsoo, sul-coreano, um dia mais velho que eu e... O filho de Afrodite mais diferente que já conheci na vida.


-x-


-2 meses-


Fazia dois meses que eu me encontrava confinado naquele acampamento. Eu já tinha pegado o ritmo de tudo e até estava podendo me considerar um estrategista confiável - ser uma criança de 13 anos e ainda ter gente confiando em você é realmente grande - graças as minhas habilidades herdadas da deusa que diz ser minha mãe.

Aparentemente, o mundo fora do acampamento estava em um conflito fatal para os semideuses e por isso Quíron ordenou que ninguém saísse da proteção do nosso "escudo abençoado" - nome que eu dei, eu sei, sou ótimo com nomes...

-Jongin, bora! Estamos começando a caça bandeira, só falta você. - Sehun me chamou e eu apenas fui.

Eu gostava da caça a bandeira, mesmo que a achasse um pouco violenta. Eu estava no time que tinha os filhos de Ares, Hermes e Apolo. Basicamente todos os meus amigos estavam no mesmo time que eu, tirando D.O e Luhan por serem filhos de Afrodite. Já considerávamos o jogo ganho.

Assim que cheguei, o jogo já tinha começado e todos se dispersado. Eu sabia onde estava a bandeira do time adversário e por isso iria me encarregar, junto com o Baekhyun, de sermos os responsáveis pela vitória do nosso time. Estava realmente divertido jogar e Baekhyun vivia fazendo palhaçada por estar no time vencedor.

-AHHH! - nos sobressaltamos com o grito e ficamos alerta.

-O que será que aconteceu? - sussurrei olhando para todos os lados. Baekhyun tinha suas costas encostadas às minhas, porque era nossa forma de nos protegermos.

-Não sei... - ele respondeu no mesmo tom e ficamos em silêncio. - Você está ouvindo? - questionou após alguns segundos.

-Alguém está guerreando. - respondi e ele concordou.

No momento que ficamos em silêncio, conseguimos ouvir barulhos de luta e galhos se quebrando, o que indicava que alguém já estava perto de pegar a bandeira do time adversário... Mas quem?

-Eu acho que a gente tem que seguir, porque se alguém já está distraindo o protetor da bandeira, esse pode ser nosso momento. - murmurei e desgrudei minhas costas das do Baek. - Vamos? Qualquer coisa te dou cobertura.

-Não preciso, eu sou a definição de filho de Hermes e não é à toa. - ele se gabou e eu ri.

De fato, Baekhyun era muito arteiro e mão leve, justamente por isso que tinha sido escolhido para rou-ops! Pegar a bandeira do time adversário sabe? Isso, pegar!

-ARGH! - ouvimos o grito mais uma vez, só que com mais nitidez.

-Jongin, estou maluco ou é a voz do D.O? - Baekhyun sussurrou e eu confirmei com gestos, porque estávamos próximos e não podíamos nos entregar.

Contudo, eu realmente joguei fora a ideia de "não nos entregarmos" segundos depois. D.O era o protetor da bandeira do time dele e estava lutando com seus socos-ingleses, note que eu disse lutando. Lutando mesmo sabe? Não era nada como nos treinamentos e nem nada perto de uma proteção, ele realmente estava lutando.

Diante de meus olhos, um dos filhos mais mal-encarados do deus da guerra estava partindo para cima de D.O com a vontade de feri-lo e não de pegar a bandeira e trazer vitória para o time. Aquele troglodita era o dobro de mim e o triplo do D.O, que era baixinho, e 1 dia mais velho que eu.

-Aish! Eu sabia que o James ia agir! - Baekhyun praguejou no momento que D.O caiu no chão e bateu de cara nele.

-Hyung, eu vou me meter. - avisei e saí correndo para a direção da luta sem esperar sua resposta. - PARE! PARE!

-Apenas pegue a bandeira e saia daqui! - James retrucou e agarrou os cabelos de D.O, puxando sua cabeça para cima e me dando a total visão do rostinho machucado do meu hyung. - Quando é que você vai começar a gritar e assumir que sou mais forte?

-James, chega! Chega! - ordenei e o empurrei, mas ele era mais forte e nem se mexeu. - VOCÊ ESTÁ MACHUCADO ELE! ISSO PASSOU DE BRINCADEIRA!

-O soco na cara que ele me deu ontem também passou de brincadeira. - James revidou e eu puxei minha espada. - O que pensa estar fazendo?

-Eu vou te atacar se você não o soltar! Eu não sei do que você está falando, mas um soco não se compara a...

-Eu consigo machucar mais que um soco, babaca! - a voz grave e fraca de D.O interrompeu a minha e antes que eu pudesse ver o que acontecia, James urrou de dor e largou D.O.

-FILHO DA PUTA! SEU FILHO DA PUTA! - James praguejava enquanto estava jogado no chão e segurando a perna. Quando eu vi sangue em sua panturrilha, entendi o que o hyung tinha feito.

-Hyung! - chamei largando minha espada em qualquer lugar e ajudando o menor a se sentar. - Hyung, você tá bem? Você tá bem? - perguntei desesperado.

-Claro que bem não tô, né? - ele resmungou. - Por que não pegou a bandeira?

-Quem é que pensa em bandeira com você assim? Precisamos te levar pra tomar néctar e chamar alguém pra ajudar ele. - apontei para James que ainda chorava de dor.

-Ele tem é que morrer na rua da amargura, esse babaca! - D.O praguejou e eu arregalei os olhos. - Ele tem sorte que tive pena e cortei a panturrilha e não o calcanhar.

-Hyung, você não pode dizer essas coisas! - o repreendi e o ajudei a tirar os socos ingleses das mãos. O direito tinha sangue na lâmina.

Ajudei-o a amarrar suas armas em um cordão e pendurar em seu pescoço, já que colocar aquilo no bolso era impossível e ele permanecer com aquilo nas mãos estava fora de cogitação. Não queria meu pescocinho ferido.

-Se você acha... O que? O que está fazendo? - ele questionou no momento que me agachei na frente dele.

-Eu vou te levar. Você está com o rosto todo ensanguentado e ralado, seus dedos estão da mesma forma e todo você se encontra em estado lastimável! - pontuei e o olhei por cima do ombro. - Se você não subir logo, vou te carregar como uma princesa e...

-Cala a boca, cala a boca! - ele gritou irritado e mandou que eu virasse para frente. - Pera, antes de subir, é melhor deixar isso aqui. - ele murmurou e quando olhei para trás, ele estava tirando o cordão com suas armas.

-Por quê? - indaguei confuso.

-Quer ter suas costas cortadas por minhas lâminas, Jongin? Se quiser, eu posso...

-Ah, deixa isso ai! Minha espada vai ficar sozinha se a gente levar suas armas. Vai ser solitário, tadinha. - desconversei e virei para frente, mas juro que cheguei a vê-lo dar um sorrisinho de lado.Senti os braços dele rodearem meu pescoço e logo em seguida, o peso de seu corpo ficar sobre minhas costas. O hyung era um pouco menor que eu e talvez por isso não achei que ele pesasse tanto. Segurei em suas pernas e avisei que iria levantar, o que me fez sentir seus braços apertarem meu pescoço por estar com medo de cair.

-Daqui a pouco vem socorro. - avisei para James e comecei a andar. - Você o socou?

-Sim. - D.O respondeu de prontidão.

-Por que fez isso, hyung? Sabe que o James é um babaca...

-Por isso mesmo que não me segurei e bati nele. - insistiu.

-O que ele fez?

-Ele precisa ter feito algo?

-Hyung, eu sei que você gosta de pagar de durão, porém, já te vi sendo muito amoroso com o Luhan-hyung e seus outros irmãos. Eu estou aqui há 2 meses, mas sei que você só é agressivo quando fazem...

-Apenas cala a boca, Jongin! Cala a boca. - mandou irritado e eu resolvi calar, porque por mais que eu o achasse menos pesado, não tirava o fato dele ser pesado e eu estar o carregando nas costas no meio de uma floresta.

Eu não fazia ideia do que James poderia ter feito ao hyung, mas achava ser algo bem sério. D.O podia ser um filho de Afrodite peculiar, mas ele ainda era amoroso e uma pessoa ponderada, jamais teria batido em James sem um motivo sólido e muito menos ter cortado a panturrilha do mesmo com tanta vontade, embora tivesse agido em legítima defesa, senão tivesse motivo.

-ALI! JONGIN! D.O! - ouvimos a voz de Baek e quando olhamos na direção dela, o vimos com nossos amigos e alguns "enfermeiros" do acampamento. Bem que eu tinha estranhado o sumiço do Byun... Ele tinha ido buscar ajuda, graças aos deuses.

-KYUNGGIE, O QUE HOUVE?! – Luhan gritou correndo em nossa direção. Eles ainda estavam um pouco longe, mas logo nos alcançariam.

Fiquei feliz por eles já estarem por ali, sabe? Eu estava preocupado com o James e com o hyung, porque querendo ou não, D.O estava bastante machucado e...

-Obrigado. – o ouvi murmurar baixinho e antes que eu pudesse falar alguma coisa, nossos amigos chegaram e um falatório começou.


-x-


- 1 ano -


Fazia um ano desde que eu tinha conhecido os semideuses, tinha voltado para casa e agora estava retornando para o acampamento. Não vou dizer que não senti falta dos meus novos amigos, porque eu senti e realmente detestei o fato de não podermos ser adolescentes comuns que usam celular para trocarmos mensagens do cotidiano.

Se trocássemos mensagens, nossa vida poderia se perder imediatamente. Que bosta de vida.

Mas pelo menos pude matar a saudade de D.O-hyung. O appa dele era um lutador de MMA muito famoso e teve que se hospedar próximo de onde moro, então acabei esbarrando com D.O pela rua e combinamos de nos encontrar todos os dias para podermos passear. Claro que isso era depois das nossas aulas - as deles particulares em casa e as minhas na escola - terminarem.

Desde que tinha acontecido aquela confusão na caça a bandeira, percebi que D.O-hyung não era tão ruim quanto gostava de transparecer. Claro que nunca o achei alguém de má índole, mas não éramos amigos próximos como passamos a nos tornar depois do ocorrido. E sem dúvida, esse tempo que passamos juntos fora do acampamento foi bem divertido.

Descobri que D.O-hyung ama filmes e adora café, enquanto eu adoro ler e detesto café. Foi legal tê-lo rindo de minhas piadas bobas e até mesmo vê-lo fazendo piadas bobas também. Poderíamos ser considerados amigos pré-adolescentes normais, se algumas características peculiares nossas não surgissem.

Por ser filho de Afrodite, D.O-hyung era muito charmoso. Seu tom de voz era convidativo, seus lábios tinham um formato único de coração, seu corpo era miúdo para a idade que tinha, mas ele portava de um belo par de coxas e uma avantajada comissão traseir...

-JONGIN! - fui cortado de meus pensamentos com o grito de Luhan. Olhei para trás e o vi chegando com sua tia.

-Hyung! - saudei animado e o abracei forte assim que chegou perto. - Está mais bonito!

-Obrigado! - ele agradeceu timidamente e corou. Luhan era muito vaidoso e eu percebi que ele se esforçava para que percebessem seus esforços e o elogiassem, por isso eu sempre fazia questão de ressaltar como ele estava belo. - Mas você também não está atrás. Você cresceu bastante, Jongin! Tia, ele num cresceu? - perguntou para tia, que riu e concordou. Ela que o tinha ido buscar quando fomos liberados do acampamento no ano anterior e foi desse jeito que conheci a família dos meus amigos e eles a minha, ou seja, meu appa.

-Olho pra você e te acho um adolescente já...

-Eu já sou um! - protestei e a tia Lu riu.

-Claro, claro...

-Onde está seu appa? - Luhan questionou.

-Ele me trouxe até aqui e teve que voltar rápido. Deu um problema com algum modelo da revista dele. - expliquei.

-Então vamos entrar logo, porque estou cheio de saudades dos nossos amigos. - e daquele jeito, fui puxado pelo hyung e nem tive chance de me despedir da tia Lu.

Encontramos todos os nossos amigos em questões de segundos, porque aparentemente Luhan e eu que éramos os atrasados da vez. Foi legal poder revê-los e conversar normalmente com cada um. Quando entrei ali, jamais pensei que pudesse me apegar a tanta gente... Era realmente muito especial tê-los comigo.

Por ser estrangeiro e até mesmo acanhado, raramente alguém vinha para conversar comigo. Claro que eu não era um antissocial e muito menos alguém isolado, mas eu não chegava a ter amigos que fosse para minha casa ou eu para à deles. Basicamente, os únicos que se aproximavam de mim eram os que tinham interesse na cultura asiática.

Eu nem gostava de assistir anime, mas comecei para me enturmar e gostei. Pelo menos eu me divertia assistindo algo legal e ainda tinha com quem conversar.

A questão toda, é que coisas estranhas sempre me rodearam - agora sei o motivo - e por culpa das minhas "alucinações com monstros", muitos dos que falavam comigo se afastavam ou tentavam manter distância. Eu já estava acostumado, porém, o verbo acostumar era diferente do verbo gostar.

E o que eu realmente gostava era poder conversar com aqueles semideuses como eu. Nós conversávamos sobre nossos países de origem, animes, jogos, livros, filmes, danças, músicas e sonhos. Nós queríamos ser pessoas normais e seguir carreiras. Definitivamente, o Acampamento meio-sangue era meu segundo lar e aqueles meninos, minha segunda família.

-Luhan, Jongin, estão chamando vocês pra treinar arco e flecha. - Miki, uma das semideusas de olhos puxadinhos, nos chamou.

Tivemos que nos despedir dos nossos amigos e ir, porque além de ser um acampamento e tudo mais, nós estávamos ali para aprender a lutar e sobreviver contra monstros.

Enquanto treinava minha mira e minha força, acabei rindo por pensar que eu realmente senti saudades dali. Estava tranquilo e quase terminando minha bateria de exercícios, quando James apareceu.-Oh! Parece que o carvão importado da Ásia chegou. Torrou muito cachorro ou foi o flango? - ele debochou e eu paralisei.

-Carvão? Cachorro? Flango? - ouvi Luhan indagar e se aproximar.

-Você deve ter aproveitado pra dar bastante né? Filho de quem é. - desdenhou.

Ouvi Luhan rebater, mas sinceramente? Eu não conseguia prestar atenção. Carvão? Cachorro? Flango? Eu... Era como retroceder para o jardim de infância quando eu não era bem aceito por ninguém. Por que precisavam falar assim? O que tinha de errado com meu tom de pele? Por que precisavam me assimilar com mortes de cachorros e me crucificarem por isso, se eles matavam boi, vaca, porco, galinha e tudo mais para comer? O que me tornava diferente? Eu não como cachorro, não gosto, só gosto de cachorro para cuidar e dar muito carinho, assim como os outros bichinhos. Mas não era hipocrisia criticar uma cultura diferente, quando você também faz o mesmo? Flango? Pelo amor! Minha língua não é presa e mesmo que eu falasse assim, seria culpa do sotaque! POR QUE PRECISAVAM DEBOCHAR DE COISAS QUE NÃO DEVERIAM SER DEBOCHADAS?

-Francamente, é uma decepção conversar com vocês...

-Você chama isso de conversa? - ouvi Luhan interromper ao James. Luhan estava claramente irritado e eu também.

-Sim, porque briga só quem me dá é aquele zoíudo. - respondeu e aquilo foi o suficiente para mim.

-Já chega, James. Você não tem direito nenhum de vir nos diminuir. - me manifestei.

-Oh! Finalmente despertou hein? Pensei que iria ficar caladinho e ser defendido mais uma vez por um filho de Afrodite. - debochou.

-Mais uma vez? - Luhan e eu perguntamos juntos.

-Sim. Ou vocês acham que aquela surra que dei no zoíudo foi à toa? Ele acha que pode defender o grupo estranho de vocês, mereço. Aí falei do carvão aqui e ele revoltou. Parecia uma menininha querendo defender o namoradinho.

-Você e o hyung brigaram...

-Porque você é um fracotinho que não sabe se defender sozinho. Mais tarde vou até o seu amiguinho e me divertir... - antes que James terminasse de falar, eu realmente fui tomado por um impulso e bati com tudo na cabeça dele.

Agora com o que eu bati? Com o meu arco. James se estressou e partiu para cima de mim. Eu era uma droga brigando, mas eu não ia deixá-lo continuar tirando sarro de mim, dos meus amigos e muito menos do hyung. O hyung me defendeu e eu nem era tão próximo dele na época. O hyung era mil vezes melhor que aquele babaca e eu não podia deixar que James continuasse perturbando meu hyung, zombando da minha pele ou dizendo que Luhan dá por ser filho da deusa do amor.Ouvi gritos e logo em seguida soube que Quíron estava chegando junto com Dioniso. Não consegui prestar muita atenção, porque James já tinha me surrado tanto, que eu acho que estava ficando inconsciente. Eu podia estar com raiva, mas não era nenhum mestre em lutas, então era impossível sair ganhando no combate físico.

-JONGIN! - ouvi meu nome ser chamado bem distante, mas não consegui reconhecer a voz e nem se era real. Minha visão simplesmente escureceu e eu apaguei.


-x-


Acordei um pouco desnorteado e percebi que estava na "enfermaria" do acampamento. Só tinha entrado lá quando o hyung se machucou e... Fui tomado por lembranças. Eu tinha brigado com James e...-Jongin? Acordou? - levei um susto ao ouvir a voz grossa do hyung. Olhei para o lado e D.O estava me encarando com clara preocupação no olhar.

-Hyung...

-Se sente melhor? Quer mais néctar? - ele perguntou apressado e eu neguei.

-Eu estou bem...

-Está bem? Ótimo, porque agora você vai me ouvir. O que te deu na cabeça pra ir contra o JAMES? Você queria morrer? - me repreendeu e eu me encolhi. - James é maior que você e um babaca, ele não se importa em dar golpes baixos e...

-Ele também é maior que você e vocês dois brigaram. - murmurei fazendo bico.

-É diferente. Ele não se importa de machucar e eu também não. - argumentou.

-Por que tenta sempre parecer durão? Eu sei que você não foi brigar com ele apenas por querer, por ser um encrenqueiro ou por gostar de machucar os outros. - retruquei e me sentei. Eu me sentia melhor, só estava desnorteado por ter despertado de um desmaio, fora isso, eu estava bem. - Você é uma pessoa maravilhosa, hyung. Você tem muito amor ao próximo e não é por você ser filho da deusa do amor, é de você. Nós nem éramos tão próximos e você se arrebentou todo por ter me defendido do James. - falei e o vi arregalar os olhos.

-Como você...

-Ele me contou. Por que não me disse antes?

-Pra quê repassar o que aquele idiota fala? - resmungou e eu ri.

-Você não queria me magoar né? - deduzi e ele revirou os olhos, desviando o olhar e dando de ombros. - Obrigado por pensar em mim e ter me defendido, de verdade. - agradeci sincero e peguei a mão dele que repousava na cama que eu estava. - Mas a partir de hoje, tenta contar pra gente o que aconteceu ou tenta ignorar...

-Não consigo ignorar. - me interrompeu. - Por que ele precisa te chamar de carvão? Só por que sua pele tem um tom bronzeado? Você é tão lindo assim, Jongin! Que tanta honra tem em ser pálido? Poxa, não existe essa de cor, todos somos iguais. Seu tom de pele te faz parecer um filho de Apolo, é tão lindo. Por que ele precisa falar que meus irmãos são uns dadeiros só por sermos filhos de Afrodite? Meus irmãos se magoam muito com isso, são todos sensíveis, mas eles seguem em frente. O que há de errado em ter tanto amor pra dar? De todas as formas? Se eles gostam de trocar de namorado/namorada ou não, o que importa é que eles realmente dão todo o amor que tem quando estão com a pessoa. Afrodite e Ares nunca foram só uns pegas, porque eles sempre voltam um pro outro. É muito amor incompreendido. Eu não gosto de ver pessoas zombando de algo que alguém se esforça pra melhorar, agradar ou por algo tão lindo como seu tom de pele. Eu simplesmente não gosto, não aceito e vou continuar batendo de frente com quem quer que venha de graça. - concluiu e eu comecei a rir. - Tá rindo do quê? Quer apanhar também?! - ameaçou irritado, mas sem soltar minha mão.

-É que você começou o discurso de uma forma tão linda, tão pura, plantando a paz no mundo e de repente. - parei de falar e arregalei os olhos. - BUM! Você explodiu. - conclui e ri ainda mais por ele ter se assustado com o meu "BUM!"

-AISH! - praguejou e tirou a mão da minha. - Cansei de você, vai ficar sozinho também! - avisou e ficou de pé.

-Hyung! - chamei e o mesmo se virou. - A partir de hoje, vou aprender a lutar melhor.

-Com quem e pra quê? Já sabemos que você é melhor com a mente. - foi grosso e eu fiz bico.

-Eu ainda não sei com quem, mas eu vou aprender sim! Da próxima vez que alguém falar mal de você ou de qualquer um dos nossos amigos, estarei ao seu lado pra comprar briga. - prometi e o mesmo arregalou os olhos.

-Violência não é legal, eu só faço isso por ser a única forma que conheço de me defender. Num sei se você lembra, mas meu pai é lutador de MMA e eu cresci assistindo as lutas dele. Eu não ataco ninguém por nada, só em legítima defesa. - argumentou com um tom de voz mais baixo e se aproximou.

-Eu sei, hyung. Eu também não gosto de violência, mas pensa no dia de hoje. Eu poderia ter morrido se fosse num embate maior, num acha? Você não vai poder me proteger sempre como fez antes, então preciso saber lutar um pouquinho... Pelo menos até você aparecer e conseguir me salvar. - brinquei e ele riu.

-Vou cobrar pra ser seu super-herói particular hein? - avisou e eu concordei.

-Então... Hyung, você pode me ensinar? Você é o mais indicado. - pedi e o vi revirar os olhos.

-Já vai me dar trabalho...

-Pensa pelo lado positivo.

-E qual seria? - indagou desconfiado.

-Quando formos em uma missão, eu protejo suas costas e você a minha. - respondi e o vi... Corar?

-Por que eu acho que no final, quem vai proteger alguém aqui sou eu hein? - encenou e me animei.-Então isso significa que você vai sim me ensinar? Ahhhh, hyung, você é o melhor hyung do mundo! - comemorei e o puxei para um abraço.

D.O retribuiu de forma desengonçada e isso me fez perceber que aquilo era uma coisa constrangedora. Resolvi apartar o abraço da melhor maneira que pude e nós dois ficamos corados, então calamos a boca e saímos da "enfermaria".

Claro que depois eu levei um esporro e ouvi o hyung tomar um também, porque aparentemente quem tirou James de cima de mim foi D.O e isso na base de uns socos. Mas enquanto o hyung tomava o esporro dele, depois do meu, percebi que D.O era um apelidinho muito frio para alguém tão acolhedor quanto ele.

-Do KyungSoo, quero que...

-Soo... - murmurei baixinho.

Isso aí! A partir de hoje, chamarei meu hyung de Soo-hyung! Combina mil vezes mais com ele e ainda é mais carinhoso, assim como o dono. O baixinho tinha uma pose de durão e o filho diferentão da deusa do amor, mas depois de tudo o que eu vi e soube, percebi que na verdade ele era um dos seres mais dignos de serem a representação fiel de um filho da deusa do amor.


-x-


- Terceira férias no acampamento -


Fazia um pouco mais de um ano desde que Kyungsoo começou a me ensinar a lutar. Confesso que eu melhorei bastante e que ele não me dava mole, o que me ocasionou em muitas dores e machucados, mas todo o treinamento intensivo me fez virar um grande lutador. Eu estava feliz, porque agora sabia que não tinha mais desculpas para apanhar de ninguém e também porque agora eu podia defender meus amigos de quem fosse.

Infelizmente, não encontrei nenhum deles nas férias e isso só me deixou ainda mais ansioso para voltar ao acampamento. Quando coloquei os pés no lugar, a primeira coisa que fiz foi caçar o Soo-hyung. Nós tínhamos nos aproximado muito e isso me fazia realmente sentir uma saudade muito grande dele.

E mui grande foi minha surpresa ao perceber que o hyung tinha ficado ainda mais lindo do que já era antes. Os cabelos dele estavam pintados de ruivo, seu sorriso estava ainda mais radiante ao cumprimentar Luhan e seus outros irmãos... Soo estava tão lindo...

-Babando pelo seu hyung que não deveria ser hyung por ser mais velho só um dia? - a voz de Sehun me sobressaltou e eu dei um pulo no lugar.

-Que susto! - resmunguei e ele riu. - Como vai? Senti saudades.

-Tenho certeza que sentiu muita. - ele concordou e trocamos um abraço. - Assim como sei que essa "muita" não foi de mim. - concluiu sorrindo arteiro e eu revirei os olhos.

-Aish, não acredito, que saco! - Baekhyun apareceu praguejando e nos interrompendo.

-O que houve? - Sehun e eu perguntamos juntos.

-Uma das irmãs do Xiumin tirou foto do meu Channie. Como elas fazem isso? Pediram minha permissão por acaso? - ele estava realmente indignado.

-E elas precisam pedir? No máximo, teriam que pedir autorização ao Chanyeol-hyung por...

-Cala a boca, Jongin! Cala a boca! Essas gurias têm que me pedir permissão sim! E se elas quiserem fazer algum feitiço pra conquistar meu Channie? - indagou e eu franzi o cenho. Estava entendendo mais nada.

-Você foi o único que não encontrou com ninguém fora daqui né? - Sehun perguntou para mim.

-Vocês se encontraram? - questionei.

-Channie se mudou pro mesmo bairro que eu. - Baekhyun contou sorridente. - Passamos esse tempo todo juntos e agora ele é meu namorado.

-Namorado? - repeti surpreso.

-Algum preconceito? - ele indagou se empertigando todo e eu comecei a rir.

-Nenhum, hyung! - respondi ainda rindo. - É que eu sempre achei o relacionamento de vocês suspeito. Parabéns pelo namoro. - fui sincero e o vi sorrir orgulhoso.

-O relacionamento dele é tão suspeito quanto o seu com o do D.O. - Sehun alfinetou e eu senti minhas bochechas corarem. - Já viu como o D.O tá lindo hoje?

-Ele sempre foi... - murmurei.

-Mas está mais, num acha? - Sehun insistiu e eu o encarei. Ele entendeu que eu queria que ele chegasse logo ao ponto. - Caso não saiba, o que está nítido que não sabe, D.O passou o último mês, antes de vir pra cá, na casa do Hannie. E sabe o motivo?

-Eu deveria saber? - retruquei.

-Ele queria ficar... - pausou como se tentasse lembrar o que queria dizer. - Ah! Lembrei! Ele disse que queria ajudar pra ficar com uma aparência digna de um filho de Afrodite.

-Mas ele é lindo, como...

-Lindo né? - fui interrompido por Baekhyun e Sehun, que sorriram maldoso e eu me arrepiei todo.

-D.O! D.O! - Baekhyun gritou e saiu correndo na direção dos irmãos.

-O JONGIN DISSE QUE VOCÊ É LINDO! - Sehun gritou também e correu logo atrás do Baekhyun.

Os dois gritavam a plenos pulmões que eu tinha dito que o Soo-hyung era lindo e que eu sempre o achei lindo e blábláblá. Eles aumentaram muita coisa - embora não deixassem de ser verdade - e eu fiquei parado no mesmo lugar, sentindo até a última gota do meu sangue subir para minhas bochechas. Por que eles eram assim?

Vi quando o Soo levantou a mão para bater neles, mas ao me ver, simplesmente abaixou a mão, sorriu timidamente e abaixou a cabeça. Aquilo mexeu comigo, não posso negar, porém... Seria possível que o hyung pudesse sentir só um pouquinho da adrenalina que eu sentia quando olhava para ele?-JONGIN! - ouvi chamarem meu nome e virei para trás, encontrando Xiumin-hyung vindo em minha direção com braços abertos.

-Hyung, que saudades! - o saudei e nos abraçamos. - Como foi lá fora?

-Muito chato! Encontrei com o Sehun um dia e isso valeu pro restante de toda tortura. - respondeu e nós rimos. - Por que está aqui e não foi falar com nossos outros amigos?

-E-eu tava indo fazer isso agora. - gaguejei um pouco e ele arqueou a sobrancelha, mas deu de ombros e sorriu.

Nos aproximamos dos nossos amigos e eu senti uma vontade imensa de abraçar o Soo, mas me contive. Eu estava sem graça depois de tudo o que falaram e pude perceber que ele também estava. Quando eu tinha reunido coragem o suficiente para abraçá-lo e cumprimentá-lo de uma forma mais correta, Chanyeol chegou gritando que Quíron estava convocando os semideuses para dar boas-vindas. Com um pouco de frustração e certo alívio, segui meus amigos.

Mas não antes de perceber que Xiumin, Soo e eu estávamos de vela para Sehun e Luhan, Baekhyun e Chanyeol. Os 4 andavam de mãos dadas com seu respectivo parceiro e de repente me vi com vontade de segurar a mão do Soo, mesmo que eu não fosse ter coragem para fazer isso e pelo fato de Xiumin-hyung estar no meio de nós dois. Eu estava realmente gostando do Soo?


-x-


A reunião com todos os semideuses terminou e nós fomos obrigados a ir para nossos chalés, afim de que guardássemos nossas coisas e fôssemos treinar. Me senti eufórico quando vi que o Soo seria meu parceiro de luta, porque eu estava realmente com saudades de treinar com ele e de tudo que o envolvesse.

Deuses, Soo tinha virado meu crush?

Enquanto treinávamos, percebi que o Soo estava um pouco menos agressivo e aquilo me deixou confuso. Não que ele fosse agressivo o tempo todo – pelo menos não comigo -, mas ele estava parecendo mais... Delicado?

-Soo? – chamei e o mesmo parou o chute que me daria. – Por que não está lutando direito? Está machucado? – perguntei preocupado.

-Er... Não! – respondeu e abaixou o olhar.

-Eu te fiz alguma coisa? – insisti, já que ele não estava me dando muita atenção desde que nos reencontramos.

-Claro que não! – apressou-se em responder. – Eu só...

-Parece que alguém está virando uma florzinha. – ouvimos a provocação e eu não precisei nem virar para saber que era a praga do James.

-Como é que é? – Soo questionou e se empertigou.

-Isso mesmo que ouviu. Acha que não percebi que você está mais frufru? Aposto que é por causa do carvão...

-OLHA SÓ, VOCÊ CALA A PORRA DESSA BOCA! – meu hyung gritou e imediatamente avançou para atacar James. Eu tentei impedir, já que não queria que ele levasse bronca no primeiro dia no acampamento, mas acabei sendo cortado no meio do caminho. Nós não estávamos lutando apenas corpo-a-corpo, nós usávamos nossas respectivas armas e isso significava dizer que ele estava com os socos ingleses com lâminas.

-Ah... – gemi baixinho ao ver o corte em meu braço direito.

-OMO! – ouvi o arquejar do Soo. – Jo-Jongin... Ai meus deuses, Jongin! Me desculpa, me desculpa! – ele começou a pedir desesperadamente ao perceber que eu tinha me machucado.

-Está tudo bem, hyung, só não liga pro que ele diz e...

-Não! Não está nada bem! – Soo parecia completamente aflito. – Eu acho que tenho néctar, eu vou...-Hyung, eu já disse que está tudo...

-Não tá nada bem. – ele murmurou e saiu correndo para longe de mim.

-Ai, cansei dessa ceninha escrota. – James resmungou e se afastou.

Eu não soube muito bem o que fazer, apenas fiquei parado no mesmo lugar e esperando que o Soo-hyung viesse me encontrar. Esperei durante um tempinho, mas quem veio até mim foi uma irmã grega do meu hyung.

-Jongin, o D.O pediu pra te entregar isso e mandou você beber tudinho até sarar. – ela me entregou o néctar e já iria se afastar, mas a segurei.

-Onde ele está? – perguntei e ela me olhou um pouco relutante. – Por favor, Helena, me diga. – pedi.

-Ele pediu pra não dizer... – ela mordeu o lábio relutante e eu percebi que a mesma estava usando o charme dela para cima de mim. – Ele está no chalé... – cedeu.

-Obrigado. – agradeci e a soltei imediatamente.

Não eram todos os filhos de Afrodite que possuíam o “poder” do charme, os únicos que eu sabia que tinham eram o Luhan e a Helena, então foi realmente chocante me deparar com ela tentando jogar seus poderes para mim. Provavelmente, ela os tinha usado para tentar me desviar do propósito e cumprir com o pedido do irmão, contudo, eu não era de me deixar levar.

O chalé de Afrodite não era tão distante, então logo me vi em frente a ele e fiquei parado. Eu não podia entrar, precisava de permissão, mas... Todos estavam em treinamento...

Olhei para os lados, para os céus e para todos os lugares que poderiam habitar alguém à espreita e vi que não tinha ninguém, então resolvi ser “delinquente” e adentrei o chalé de Afrodite. Se o chalé de Athena era todo arrumado, porém, cheio de livros e tudo que fosse relacionado a estudos e estratégias, o chalé de Afrodite era – sem dúvida – o chalé mais cheiroso, lindo e perfumado que existia naquele acampamento.

Ainda relutante e com medo de ser pego, fui caminhando de vagar e olhando para os lados, até que encontrei um pequeno corpo jogado na cama debaixo de uma beliche e com o travesseiro por cima da cabeça. Eu não precisava ser um gênio para saber que era o hyung que estava ali. Ele estava se sentindo tão culpado assim por ter me machucado? Por que ele ficava todo “frágil” lutando comigo e depois, simplesmente, tinha quase avançado no pescoço do James?

-Hyung? - chamei baixinho e na mesma hora vi seu corpo dar um pulo. Soo sentou na cama com tanta pressa, que esqueceu que tinha uma cama em cima e bateu com a cabeça. - SOO!

-Aish, puta que paril! - ele praguejou voltando a deitar e dessa vez, eu que me aproximei.

-Soo, você está bem? Aqui, bebe. - ofereci o néctar após sentar em sua cama e imediatamente ele focou o olhar em mim.

-Quem tem que tomar é você, olha seu braço! - brigou e empurrou a garrafinha com néctar para mim.

-Tem o suficiente pra nós dois e o néctar não pode ser tomado sem ponderar. - insisti, mas ele negou. - Soo...

-Aish! - ele resmungou e se sentou na cama, com cuidado dessa vez, tomou a garrafinha da minha mão, bebeu um gole e depois praticamente enfiou a garrafa na minha boca e me fez engolir o néctar goela abaixo.

-Pelos deuses, Soo! - arquejei depois de terminar de engolir. - Eu estou bem, o machucado não foi grave.

-Mas não deixa de ser machucado. - argumentou e eu olhei em seus olhos. Era nítido como ele se sentia culpado por ter me ferido.

-Não é nada demais, Soo. - insisti e peguei sua mão. - Não precisa se culpar por me machucar, não foi grave e já vai sarar. - o tranquilizei e vi seu rosto corar, assim como o meu deveria estar.

-Não era minha intenção te fazer mal...

-Eu entendo, até porque, eu também nunca que iria querer te machucar. - confessei e tomei coragem para perguntar o que queria. - Soo, eu fiz algo pra você?

-Por que acha isso? - questionou.

-Porque você não falou muito comigo desde que nos encontramos e também porque você nem se deu ao trabalho de lutar comigo direito, mas quando o James...

-Não tem nada de errado com você, ok? O problema sou eu mesmo. - esclareceu e eu suspirei pesado.

-Aconteceu alguma coisa?

-É que tô cansado de ser todo rude e nem mesmo parecer com um filho de Afrodite. Meus irmãos são lindos e eu...

-O mais lindo de todos. - o cortei e na mesma hora corei, mas não iria voltar atrás do que disse.

Soo ficou me encarando, ainda desacreditado no que eu tinha falado, mas eu permaneci firme e olhando bem fundo dos seus olhos. Notei quando o menor ficou corado e depois conteve um sorriso, o que me fez sorrir abertamente. Eu estava feliz que as coisas entre a gente estivessem boas e principalmente, por saber que o hyung tinha ficado feliz em saber que eu o considerava o mais lindo de todos.

Eu definitivamente me sentia ofegante e eufórico estando apenas na presença dele e por mais que eu nunca tenha sentido nada igual, eu sabia direitinho o que aquilo tudo queria dizer. A flecha do cupido tinha me acertado e a primeira pessoa que olhei foi o Soo, por isso eu me via completamente encantado por ele. Eu gostava do hyung muito mais do que um amigo.

-EI! Jongin, o que você está fazendo aqui? - me sobressaltei com a voz de Anelise, a líder do chalé.

-E-eu...

-Olha, melhor sair antes que meus irmãos cheguem e não dê pra esconder que você invadiu nosso chalé. - ela avisou e eu soltei a mão do Soo, que pareceu relutante em soltá-la.

-Desculpe, não vai acontecer. - e como um flash, saí correndo do chalé mais cheiroso de todos.

Eu não estava fugindo com o rabo entre as pernas por ter sigo pego e sim porque eu finalmente tinha me dado conta do quanto eu gostava do hyung. Eu não deveria ter ultrapassado os limites da amizade. Que saco, Jongin, você só dá bola fora.


-x-


Fazia 4 dias que estávamos no acampamento e o Soo voltou a agir do jeitinho dele. Se alguém o irritasse, lê-se Chanyeol, o hyung batia sem piedade e depois se fazia de durão. Eu fiquei feliz em poder vê-lo agindo como queria, porque eu tinha percebido que ele estava achando que era ruim não seguir o que deveria seguir como filho da deusa do amor. Eu jamais iria querer que o hyung tentasse ser o que ele não queria, todos nós temos o direito de sermos nós mesmos.

Por faltar um pouco menos que 3 dias para completar uma semana que estávamos no acampamento, faríamos uma caça a bandeira no dia seguinte, então Quíron permitiu que nós ficássemos livres durante a noite para conversar. Essa permissão foi um grande alívio, já que estávamos cansados de tanto treino e querendo colocar a conversa em dia.

-Desafio. - ouvi Baekhyun responder a pergunta de "Verdade ou Desafio?".

Era de noite e meus amigos e eu estávamos afastados de onde a maioria dos semideuses estavam, porque queríamos apreciar a natureza e também curtir aquele momento em paz. Não tardou para que ficássemos entediados e Chanyeol propusesse a brincadeira "Verdade ou Desafio?", cujo qual, Baekhyun estava sendo desafiado no momento.

-Desafio você a vir sentar no meu colo e ficar aqui até acabar o jogo. - o maior desafiou e por mais que fosse o autor da ideia, estava tão corado quanto o filho de Hermes.

-Ya! Channie, como vou conseguir participar do jogo se eu estiver no seu colo? - questionou como uma desculpa e eu ri contido.

-Quando parar na gente, se for pra responder, nós dois vamos receber uma pergunta respectivamente e responder, se for pra questionarmos alguém ou termos que fazer desafio, mesma coisa. Ahh você entendeu! - concluiu de qualquer jeito e todos acabaram rindo.

-Tá! - Byun cedeu e foi se sentar no colo do seu namorado, que ficou sorridente, mesmo com o rosto corado.

Eu achava o relacionamento dos hyungs bem fofinho, senti até aquela invejinha branca. Olhei ao redor da roda e vi o Soo sentado de frente para mim. Ele estava olhando para os amigos e por mais que se mantivesse indiferente, consegui perceber uma certa admiração em seu olhar. Ele ainda dizia que não era um filho digno da deusa do amor, mas sempre que via um casal, ficava fitando com os olhos gritando admiração.

-D.O! - ouvi Xiumin-hyung gritar e me sobressaltei, percebendo que o Soo fez o mesmo. - Presta atenção. - o mais velho resmungou e vi ambos se empertigarem para voltar a atenção ao jogo. - Verdade ou Desafio?

-Verdade. - assim que respondeu, todos nós chiamos em animação. Nem sempre pediam verdade, então estávamos animados.

-De quem você gosta do nosso grupo? - Xiumin perguntou e eu prendi a respiração. Sehun e Luhan, assim como Baekhyun e Chanyeol, estavam comprometidos, então só restava o Xiumin e eu...

-Não gosto de nenhum de vocês, eu hein! - respondeu incrédulo.

-Nem de mim, Soo? - perguntei e na mesma hora mordi minha língua.

MAS QUE MERDA, JONGIN! ERA PRA VOCÊ FICAR COM ESSA PERGUNTA NA CABEÇA E NÃO REPRODUZIR! Meus deuses, eu sou um babaca, o Soo vai...

-De você, desgosto menos. - ele respondeu a pergunta que não deveria ter sido feita, mas que me fez simplesmente vibrar com a resposta.

-Oh! Jura? Jura, Soo? - indaguei animado e o vi corar.

-Não tenho porquê mentir. - ele murmurou fazendo biquinho e desviando o olhar.

Foi então que percebi como aquilo era realmente encabulador e resolvi acalmar a euforia que se alastrava pelo meu corpo. Permanecemos brincando por um tempo, mas logo os hyungs começaram a dizer que estavam com sono e isso ocasionou em restando apenas Soo, Sehun e eu, porém, o segundo foi atrás do namorado e isso ocasionou em um momento a sós, constrangedor, entre o Soo e eu.

-Er... Você não está com sono? - perguntei para quebrar o silêncio.

-Gosto de olhar a noite. Não é sempre que temos permissão. - respondeu e deitou no chão.

Não respondi de imediato, porque olhá-lo tão relaxado estava bem melhor. Soo fitava as estrelas e parecia estar tão sereno, que eu desejei ter um celular para registrar aquele momento perante meus olhos. Infelizmente, celular era algo que eu não podia me dar ao luxo, então limitei-me apenas em ficar olhando-o e tentando gravar cada detalhe.

-Por que me olha tanto, Jongin? - a voz grossa e calma me sobressaltou. Corei e pigarreei, procurando arranjar tempo para procurar uma boa justificativa. - Por que, ao invés de me olhar, não deita ao meu lado? - indagou.

-Posso? - perguntei surpreso.

-Estou com frio e te ter ao meu lado, me ajudaria. - respondeu e eu não contive o enorme sorriso que se abriu em meu rosto, assim como não contive minha animação em atender ao pedido dele.

Deitei-me ao lado do Soo e fiquei fitando o céu estrelado durante um tempo, enquanto a brisa se encarregava de me permitir sentir o cheirinho de sabonete de lavanda do mais baixo. Eu queria me aproximar mais, queria poder abraçá-lo, porém, minha vergonha e insegurança não permitiam. Fiquei durante um bom tempo quietinho e curtindo apenas o momento, quando o senti segurar minha mão.

-Quando eu disse que eu desgosto menos de você, não era brincadeira. - ele sussurrou me olhando com bastante intensidade.

Meu coração estava acelerado e eu não conseguia parar de apertar o laço de nossos dedos, pois eu queria estar 100% certo de que era real. Eu queria tanto dizer alguma coisa, mas sempre me atrapalhava com palavras, então eu senti um ímpeto de demonstrar o que eu sentia com atos.

Ergui meu tronco com rapidez e olhei o Soo abaixo de mim. Ele estava ainda mais lindo. Nossos olhares se encontraram e eu me vi preso neles, então, como se algo me empurrasse ou me puxasse na direção dele, meu corpo se inclinou para baixo e quando vi, o estava beijando.

Não foi um beijo demorado, na verdade, passou longe disso, contudo, senti claramente como seus lábios eram macios e convidativos. Mas minha coragem súbita não durou muito tempo e logo me vi interrompendo nosso contato, levantando de supetão e saindo correndo para bem longe do Soo.

Meus deuses, eu beijei o Soo! Estava tão feliz, que só me dei conta da burrada de ter fugido, quando deitei na minha cama do chalé de Athena. Eu sou um burro.

-X-

Acordei atrasado no dia seguinte, uma vez que, eu demorei muito para conseguir pegar no sono. Fiquei a noite inteira repassando o que tinha rolado e simplesmente imaginava várias cenas que poderiam ter acontecido se eu tivesse ficado. 50% eram acontecimentos bons e 50% ruins.

Por eu ter acordado atrasado, descobri que a divisão da caça a bandeira era mais uma vez ao lado dos meus amigos e contra o Soo e Luhan. Por eu ser um estrategista, montei um esquema com Xiumin e os demais, mesmo que meu coração estivesse quase saindo pela boca por estar tão perto do Soo. Eu não sabia como agir, socorro!

Xiumin-hyung e eu nos embrenhamos pela floresta e eu tentava, de coração, agir como se nada estivesse me deixando atônito. Infelizmente, ou felizmente, a razão do meu estado de espírito estar perturbada parou na minha frente. O Soo estava tentando interceptar o Xiumin.

-Soo? - chamei meio incerto. Ele podia ter me barrado, por que foi barrar o hyung? - Soo, por que não está se preocupando comigo no jogo? - questionei cabisbaixo.

-Eu deveria? - ele retornou e virou para mim. - Você fugiu ontem. - e seu tom magoado foi facilmente percebido por mim, enquanto Xiumin se afastava para continuar sua jornada. Não era minha intenção distrair o Soo, eu realmente queria conversar com ele.

-Desculpa, Soo. - pedi cabisbaixo e senti seu perfume de rosas. - Eu percebi como fui burro quando deitei minha cabeça no travesseiro. - fui sincero.

-Mas eu quero saber o significado de ter me beijado e saído depois. Eu não te beijei, foi você que...

-Eu sei, eu sei. - suspirei com pesar. - Eu que agi, só que justamente por eu ter agido, que eu fiquei sem graça e saí correndo. Fiquei com medo de você ter me achado abusado ou sei lá. Desculpa, Soo, eu não pensei muito bem quando eu fugi. - confessei e o vi se aproximar.

-Você está se desculpando pelo o que, exatamente? - indagou me olhando bem fixamente. Suas orbes estavam totalmente focadas nas minhas.

-Como assim? - perguntei confuso. Algo no Soo estava me deixando um pouco desnorteado.

Entenda, eu já ficava meio estranho quando estava perto dele, porque sabe como é né? Minha paixão respirando o mesmo ar que eu. Só que, naquele momento, era mais estranho que o normal. Ele parecia muito mais belo do que eu lembrava que fosse, seu tom de voz estava cativante demais e seu cheiro...

-Você está se desculpando por ter fugido ou por ter me beijado? - seu tom de voz, tão suave quanto o cheiro de rosas que ele tinha naquele momento, me despertou do torpor para me jogar em outro. Soo estava tão próximo.

-Estou... Me desculpando por ter fugido. - murmurei depois de um tempo.

-E quanto ao beijo?

-Não me arrependo e gostaria de fazer de novo se você quiser. - WHAT?! JONGIN, O QUE VOCÊ ESTÁ FALANDO?!

-Então eu que vou agir, porque não quero você fugindo de novo. - ele sussurrou e logo senti sua mão direita na minha nuca me puxando um pouco mais para baixo.

Foram questões de segundos até os lábios carnudos tocarem os meus. De alguma forma, a sensação parecia mil vezes melhor do que na noite anterior. Tudo o que eu lembrava, parecia não fazer jus ao que realmente era a realidade.

Não sei se foram meus hormônios, se eu era um predador encubado ou o que, eu simplesmente coloquei minha mão direita na cintura do Soo, o puxei para mais perto de mim e me inclinei mais, tentando reproduzir o que via em filmes, para poder aprofundar o ósculo.

Minha alegria foi sem igual ao perceber que o Soo estava se entregando ao beijo assim como eu. Nunca, nunquinha, em meus sonhos mais pecaminosos para adolescentes, eu teria imaginado que estaríamos desse jeito naquele momento. Por mais real que tudo fosse tê-lo em meus braços, estar nos seus, e ter nossos lábios se tocando... Era como se estivéssemos em outro mundo, como se eu estivéssemos em um sonho.

Infelizmente, nosso ar se fez necessário e nós precisamos nos afastar. O problema do beijo, era o pós-beijo. O rosto do Soo estava completamente vermelhinho e eu sentia o meu tão quente, que eu soube que estava igual um pimentão.

-Er... Jongin? - ele quebrou o silêncio constrangedor, mesmo que sua voz ainda fosse vacilante e ele estivesse constrangido também. - Eu posso apagar da memória a sua burrada, se você me deixar ganhar hoje.

-Como? - indaguei incrédulo. A gente acabou de se beijar e ele tava pedindo pra ganhar o quê?

-Me deixa ganhar a caça a bandeira. - pediu e eu comecei a rir de nervoso.

-Você me beijou pra poder ganhar? Me distrair e ganhar? - indaguei me sentindo um pouco idiota por ter fantasiado tanto.

-Não! - ele deu um grito e eu me assustei, já que ele raramente falava alto. - Só que eu tô nervoso, cacete! Eu nunca usei meu poder desse jeito e tô tentando fugir disso.

-Poder? - repeti confuso.

-Aish, Jongin! Eu posso ganhar? Se eu ganhar, vou esquecer que você fugiu ontem e ainda vou te explicar tudinho que aconteceu. Prometo. - ele insistiu e eu dei de ombros.

Eu tava pouco me lixando para a caça a bandeira, eu ainda estava em êxtase do que tinha acontecido e também, extremamente confuso por não saber exatamente o que tinha acontecido. Só que eu nem tive muito tempo para pensar, o Soo simplesmente pegou minha mão direita, entrelaçou nossos dedos e saiu me puxando para a direção de onde sabíamos que estaria a bandeira do meu time.

Eu o ajudei a ganhar, recebi um selinho em troca, mais um sorriso de coração e uma promessa de que iríamos nos encontrar de noite para que as coisas começassem a fazer sentido para mim. Sehun me xingou bastante por termos perdido, mas acabou nem se preocupando muito com isso, porque o Xiumin-hyung estava desaparecido.

Por conta de tanta confusão não consegui ver mais o Soo, principalmente porque eu sabia que o Xiumin-hyung estava escondendo algo. Claro que esse fato não foi o único a ser o responsável por me afastar do Soo. Como o meu time foi perdedor, ficamos uma boa parte do dia cumprindo tarefas no acampamento.

Eu estava bastante exausto quando terminei a escravidão e depois que entrei debaixo do chuveiro, tinha decidido que não iria mais sair dali. A água quente batendo nos meus músculos rígidos..."Se eu ganhar, vou esquecer que você fugiu ontem e ainda vou te explicar tudinho que aconteceu. Prometo" a voz de Soo soou no meu ouvido e eu me arrepiei todo. Eu estava extremamente cansado, mas o Soo estava me esperando onde jogamos verdade ou desafio, não é? Eu precisava descobrir o que de fato aquele filho de Afrodite pensava.

Jogando todo o meu cansaço de lado, saí do banheiro às pressas, coloquei uma roupa qualquer e corri para fora do chalé o mais silenciosamente que eu consegui. Não podia ter ninguém me seguindo.

Por eu ter ficado muito agitado, corri até o ponto de encontro e me deparei, imediatamente, com o Soo deitado na grama. Como um bom tolo apaixonado que eu era, fiquei admirando-o um tempão ao invés de anunciar minha presença.

-Fico muito feliz que você só tenha olhos pra mim. - a voz calma e grossa do Soo veio até mim através da brisa leve que nos rodeava. Me sobressaltei por saber que ele tinha total consciência da minha presença ali, mas não pude deixar de ficar feliz com isso e com o que ele disse.

-Soo, você me faz ficar confuso. - fui sincero e me aproximei dele. - Eu pensei que fosse retribuído, mas depois...

-Jongin, você conhece o poder do Luhan e da Helena? - ele me cortou e, mesmo deitado, olhou para mim. Eu estava de pé e isso fazia com que eu tivesse que ficar com a cabeça baixa, então vendo que ele não levantaria, resolvi sentar.

-Se refere ao charme? - perguntei confuso.

-Sim, sim. O charme nada mais é do que, numa maneira bem rude de dizer, um flerte. Só que é um flerte certeiro, que não força o portador do charme estar interessado na pessoa, na verdade, ele força a outra pessoa a ficar interessada no portador de charme. Essa merda tá confusa, mas basicamente é o que aconteceu com você na floresta. - ele explicou e se sentou, ficando com o rosto bem próximo do meu. - Luhan e Helena eram os únicos filhos de Afrodite, da atualidade, que tinham esse poder. Só que... Enquanto eu passava um tempo com o Luhan, descobri que eles não eram os únicos...

-Então isso explica porque te achei diferente na floresta... - murmurei.

-Sim. O charme que joguei em você fez com que você me enxergasse com olhos muito encantados e até mesmo fosse sincero comigo. Eu não queria ter feito isso, mas eu estava magoado por ontem e também... Confuso. Eu não sabia o que pensar direito. - desabafou e olhou para o céu. - Eu gosto de você. Na verdade, passei a gostar de você na segunda semana que nos conhecemos, o que é uma loucura se pensarmos bem, já que éramos bem mais crianças que agora. - riu e eu acabei sorrindo, mesmo que achasse que fosse morrer por culpa da adrenalina que percorria meu corpo. - Quando nos encontramos fora do acampamento, eu fiquei realmente feliz. Eu não sei exatamente o que me cativou em você, só sei que nunca senti vontade de me tornar mais... Mais... Delicado? Sexy? Fofo? Atraente? Não sei, eu só sei que meti na minha cabeça que precisava me tornar mais digno de minha mãe pra conseguir te fazer me olhar com outros olhos. Eu fiquei muito feliz quando você disse que gostava do meu jeitinho e acho que foi naquele momento que tive certeza que sou apaixonado por você. Eu tomei coragem ontem e quando você tomou também, foi como se meu mundo fizesse sentido, mas depois...

-Eu fugi. - balbuciei e ele concordou. - Soo, me desculpa. Eu...

-Tudo bem, eu entendi que você ficou... Assustado. Além de sermos semideuses, ainda seríamos gay e asiáticos metidos em um mundo cheio de preconceitos... Eu sei que...

-Soo. - o cortei, já que sabia que ele iria começar a fazer um discurso imensamente longo. - Se eu tivesse preocupado com preconceitos, eu nem mesmo teria alimentado meus sentimentos por você.

-Então você realmente sente algo por mim? Digo, algo a mais que amizade? - questionou com os olhos refletindo o brilho das estrelas. Poxa... Por que ele era tão lindo?

-Eu poderia ter sentido algo a mais, só que depois de ter lavado tanta louça suja, porque te deixei ganhar na caça... - não consegui terminar de falar, porque meus lábios foram silenciados pelos do Soo. Eu nem me dei ao trabalho de afastá-lo para ficar tagarelando, apenas fiz nosso ósculo se tornar ainda mais real. Eu gostava de como a junção de nossas bocas ficavam, eu gostava dos sentimentos passados através do nosso beijo, eu gostava de tudo nele. Eu gostava tanto do Soo.

Ficamos uma boa parte da madrugada trocando carinhos, conversas e usufruindo da presença um do outro. Soo me contou que só pediu para ganhar da caça a bandeira, porque o espírito vingativo dele ainda existia e ele queria me fazer pagar por tê-lo deixado tão inseguro.

E eu nunca me senti tão feliz por finalmente poder demonstrar o que eu sentia por ele sem ter que me reprimir. Claro que não contamos imediatamente para nossos amigos, porque queríamos confirmar se realmente daríamos seguimento a um namoro e nem foi grande a nossa surpresa ao perceber que nós éramos o par perfeito do outro.

Contamos para nossos amigos, que estávamos namorando, um pouco antes das caçadoras de Ártemis chegarem até o acampamento. Xiumin-hyung ficou bastante estranho, mas depois ele nos apresentou para uma das caçadoras e disse ser amigo dela. Dae era bem legal e bonita, infelizmente ela era muda, mas mesmo assim conseguia se comunicar com a gente e ser nossa amiga.

Fazia 3 anos que eu tinha entrado no acampamento, que eu tinha descoberto o que eu era e encontrado o meu primeiro amor. Eu ficaria ainda mais feliz quando fosse em uma missão, porque esse era o desejo de quase todo semideus, mas infelizmente quando a oportunidade surgiu, o Soo resolveu que queria ir junto.

-Mas Soo...

-Jongin, sejamos sinceros, você só não quer que eu vá por me considerar filho de uma deusa fraca...

-NÃO! - protestei imediatamente e o vi cruzar os braços, enquanto me encarava de maneira cética.

-Então não entendo a razão por não querer que eu vá. - ele retrucou e eu segurei suas mãos nas minhas.

-Quando eu quis aprender a lutar, foi porque eu queria ser capaz de te proteger também e... - pausei e olhei para o chão. - Fico com medo de não ser capaz disso.

-Jongin, eu não sou alguém que vai esperar o super-herói chegar pra me salvar. - ele argumentou e eu concordei. Senti seus dedos segurarem meu queixo e erguer minha cabeça. - Faço mais o estilo daquele que chega pra ser o super-herói. - brincou e me deu um selinho. Foi impossível não sorrir.

-Então vamos fazer assim: eu colo nas suas costas e você na minha, desse jeito ambos podem se proteger. - sugeri e imediatamente recebi um abraço.

-Adorei a ideia, afinal, confio plenamente em suas habilidades.

-Claro, foi você que as criou. - retruquei e ele riu, me abraçando ainda mais forte.

-Exatamente, então amanhã vamos ter nossa primeira vez em uma missão e ainda por cima, vamos estar juntos. Não vou permitir que nada te aconteça e você não permite que nada me aconteça também. - murmurou e eu fiz carinho em seus cabelos.

-Fechado. - concordei e acabamos rindo.

Antes de voltarmos a andar para irmos dormir em nossos chalés, paramos para namorar um pouco. Beijar aqueles lábios, sem sombra de dúvida, me daria força suficiente para aguentar qualquer harpia que viesse para cima de mim. As mulheres galinhas que aguardassem, porque o casal Jongin e Soo estavam chegando para detoná-las ao lado do nosso amigo Xiumin. Eu definitivamente darei o meu melhor e sei que o Soo também. Nós iríamos voltar para casa salvos e depois trocarmos muitos carinhos como fazíamos agora.

-Eu sou mega apaixonado por você, jagi. – sussurrei; em coreano; entre seus lábios e o vi sorrir.

Aquele apelido era simplesmente significativo para nós dois e nosso tratamento mais íntimo. Talvez nós realmente fôssemos um casalzinho bem clichê, um casal bem digno do gosto da deusa do amor. Fazer o que né? Quando o cupido acerta a flecha, não adianta lutar, o negócio é ceder.

E eu estava caidinho de amor por Do Kyungsoo, o ruivinho filho de Afrodite.


Notas:

Dangos, vou colocar o link da fic que originou essa aqui, mas nem precisam ler, só se quiserem. O segredo da caçadora: https://getinkspired.com/pt/story/72332/o-segredo-da-cacadora/


09 Haziran 2019 15:49 0 Rapor Yerleştirmek Hikayeyi takip edin
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Son

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