Olá, seres humanos, aqui estou eu com uma lindíssima IwaOi feita para a maravilhosa Alice Alamo (feliz aniversário, meu amorzinho). Haikyuu e os personagens aqui inseridos não me pertencem, devidos créditos a Haruichi Furudate. Capa feita pela linda @erincarmel, anjo sem falhas.
Espero que gostem!!!
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O arrepio tomou a nuca quando os dedos tocaram seus braços. Estava frio. E os lábios foram mordidos quando um sopro de vento bateu contra seu corpo. Estava frio. O rosto tremeu, talvez pelas lágrimas que banhavam a face pálida, talvez fosse a forma como o olhar estava concentrado em si. Estava frio. Quis gritar, ah, se quis! Quis fugir, fazer com que sua mente parasse de rodopiar e fazer com que ele fosse embora. “Vá embora”, sua cabeça gritava em súplica.
Estava frio, mas nunca antes quis tanto que ele o acolhesse em seus braços. Nunca antes quis tanto fugir e ao mesmo tempo ficar, mas se fosse ficar, que fosse para sempre!
O celular tocou antes mesmo que pudesse pegar o papel amassado no chão, jogado treze vezes à parede como tentativa de relaxamento. Mordeu o lábio, balançando a cabeça negativamente em indecisão. Atender ou não atender, eis a questão? Mas de nada adiantaria Hamlet naquela hora se não pudesse decidir.
Ele sabia quem era, o porquê estava ligando e a quantidade de xingamentos receberia quando ou se atendesse. Não estava pronto para isso, não estava pronto para nada. O manuscrito deitava sobre a mesa, preguiçoso, sem a mínima esperança de sair dali tão cedo. Oikawa nunca quis tanto rasgá-lo. Nunca quis tanto jogar tudo pela janela e falar "dane-se" ao mundo lá fora. Não precisava dele, de ninguém. Mas não podia, não mesmo, ainda tinha contas a pagar.
Deuses, estava cansado! Cansado demais para qualquer coisa. Não sabia quando havia sido a última vez que saíra de casa, era realmente desesperador.
Suspirou resignado antes de levantar para pegar o aparelho sobre a escrivaninha. Oikawa não queria olhar, não queria, porém olhou e quando o fez, as pálpebras abriram de tal forma que quase sentiu os globos caírem das órbitas. O universo realmente não gostava de si, era certo.
― Abre a porta ― falou a pessoa do outro lado da linha. Tooru mordeu o lábio em receio. Já podia ver sua morte quando a campainha tocou duas vezes seguidas. ― Vamos, Oikawa, abre logo essa porta.
O pomo-de-adão subiu e desceu com as batidas incessantes, o coração estava ansioso, correndo até Marte ou qualquer um dos outros planetas do sistema solar. Talvez pudesse se refugiar em Plutão, ninguém o encontraria ali. Mordeu o lábio com força, finalizando a chamada em desistência. Os pés moveram-se sozinhos, mesmo que o corpo quisesse ficar estático e realmente ficou quando os dedos tocaram a maçaneta.
A primeira coisa que viu foram os punhos fechados ante ao peito com o braços cruzados, depois a careta irritada ou preocupada ou constipada, não sabia. Ele não carregava a habitual expressão serena no rosto, o que queria dizer que estava muito, muito fodido. Esperou os gritos, xingamentos, qualquer coisa, mas o que recebeu foi um abraço apertado. Apertado demais.
― Suga ― sussurrou sem ar. ― Você tá me sufocando.
Aquilo o fez apertá-lo ainda mais, talvez fosse uma espécie de punição pelos últimos… o que? Dias? Semanas? Meses? Já não sabia, estava há tanto tempo tentando evitá-lo que não sabia ao certo quanto era. Koushi afrouxou o abraço, deixando que a cabeça caísse em seu ombro, o que deu espaço para que Tooru retribuísse seu carinho de forma singela. Os dedos foram até os cabelos platinados e os lábios até sua testa, tentando pedir perdão de forma silenciosa, devia bastar.
― Você é um vadio sem coração ― ele falou. ― Sabe o quanto estivemos preocupados?
Oikawa suspirou sem saber o que falar. Estava evitando aquela situação com tudo o que tinha, não queria mais isso para sua listinha de frustrações daquele dia.
― Desculpe. ― Continuou abraçando-o, enquanto o levava para dentro do apartamento vagarosamente. ― De verdade, desculpe, não queria que você se preocupasse. Agora, vem cá, senta e a gente conversa, certo?
Suga assentiu, socando o ombro do amigo com leveza.
― Babaca ― ele disse, com um sorriso debochado na face. ― Você é um babaca desgraçado, sabe disso. Eu não acredito que eu tive que vir aqui tantas vezes e ser ignorado só pra você me atender com essa cara de bunda.
― Pensei que ficaria contente em ver minha digníssima pessoa.
― Contente? Eu quero te dar um soco! Você não teve nem a decência de ir nos visitar.
― Miyagi é longe.
― Não é desculpa… Não moro em Miyagi faz eras e me mudei há duas semanas, moro há três quadras daqui e você devia saber disso! Eu mandei uma mensagem, você não viu? ― Ele arregalou os olhos. ― Meu Deus, você ignorou até a minha mensagem!
Oikawa suspirou pesadamente, soltando Suga e caminhando até a cozinha em uma calma estranha demais para Koushi. Tooru não queria conversar, não queria ter que explicar o seu plano infalível de ignorar a todos até que ninguém lembrasse dele e o deixasse quieto, sozinho, em paz.
― Vou fazer café, você quer? ― A voz era alta o suficiente para que apenas ele escutasse.
― Pare de fugir do assunto, Oikawa. Eu não caio nessa, tudo bem? ― Engoliu em seco. ― Eu só quero que fale comigo, okay? Não precisa se forçar a nada, não quero que me conte seus segredos malucos, mas não me ignore. Eu sou seu amigo, você não entende? Todos nós somos.
Oikawa suspirou, ligando a cafeteira elétrica com rapidez. Demorou algum tempo até que ele realmente encarasse o amigo com um sorriso no rosto. Suga tinha uma expressão séria, não o culpou.
― Eu já disse, Kou-chan, você não precisa se preocupar. ― Riu. ― Eu vou te contar tudo, mas espere, certo? Tenho que me organizar primeiro.
Suga balançou a cabeça em negação, mas não pôde não retribuir o sorriso que havia recebido. Só lhe restava confiar em Tooru. Confiar, ele faria um esforço.
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As pontas dos dedos tocaram-lhe a face com cuidado ao mesmo tempo que os olhos castanhos se fecharam, ela segurava seu rosto como se fosse algo frágil, como se pudesse quebrá-lo caso não tivesse o devido cuidado. O rosto inexpressivo contrariava a suavidade existente ali, era um cenário totalmente diferente dos que Iwaizumi vinha vivenciando nos últimos tempos. Vencido, ele havia sido vencido por aquela garotinha, notar aquilo fez com que os cantos dos lábios retorcessem em um sorriso sereno.
A sensação confortável deixou seu rosto a partir do momento que ela desistiu de acariciá-lo. As mãos penderam sobre as pernas cobertas pelo tecido fino enquanto a cabeça caia sobre o travesseiro confortável, ela devia estar cansada. Hajime suspirou com certo pesar, sabendo que o horário de visita já estava acabando, parecia estar ficando cada vez mais curto.
― Eu tenho que ir ― ele sussurrou.
― Já? ― ela respondeu.
― Sim, o tempo está acabando, desculpe, virei aqui de novo depois. Mas tenho que ir agora, tudo bem?
― Promete que volta? ― O tom doce declarava nada além de que ele havia sido derrotado, novamente.
― Eu volto, Cecília. ― Sorriu ao anuir com a cabeça. ― Sempre volto.
Nenhuma palavra de despedida foi usada, nada que remetesse a um adeus foi deferido. Apenas um beijo rápido sobre a testa da garota na tentativa de passar um “até logo” sem jeito. Ele voltaria, sim, voltaria. Só pedia a Deus que ela estivesse lá para vê-lo de novo.
Com uma batida frenética na porta, a mulher de trajes brancos entrou no quarto com um sorriso largo no rosto, Iwaizumi não se deu o trabalho de olhá-la por muito tempo, não precisava daquilo para saber que era hora de partir. Por isso, quando a viu abrir a boca, assentiu sem deixá-la falar e apenas saiu pela porta sem olhar para trás.
O celular vibrou ao notificar a chegada da mensagem que não queria ler. Não devia ler, nem mesmo responder, nada. Só que seu cérebro era teimoso demais, curioso demais, e essa foi a razão pela qual ele deixou que o polegar deslizasse sobre a tela para abrir um dos pouquíssimo aplicativos que ainda restavam ali. O conteúdo do que foi mandado não o surpreendeu, afinal já esperava. Lambeu os lábios ao perceber a coisa mais óbvia possível....
O diabo estava cobrando sua alma e não poderia fugir daquela vez.
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