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Ligar o computador, arrumar a câmera..

A rotina de todas as noites, tudo por ela.

A quanto tempo essa situação me tira do sério? Não sabia ao certo; um mês, dois ou três? Não me importo muito, só queria vê-la.

Suprir a saudade que sinto, o desejo desenfreado de relembrar o quanto tocá-la era meu paraíso e perdição; a cada olhar, beijo mandado ou provocação, meu pensamento voa em nossos momentos a sós em que eu a adorava como uma deusa.

Sou acometido pelo pecado da luxúria quando a voz doce invade meus ouvidos e relembro de suas unhas em minhas costas, seu timbre baixo pedindo por mais, querendo que eu vá mais fundo, mais rápido…

Ela ofega, suspira e acaricia o próprio pescoço; sei que também sente o mesmo, amaldiçoo a nossa distância e o quanto fui um otário de não ter aproveitado mais.

Reclamo comigo mesmo por não ter percebido o óbvio, ter sido tão tolo de imaginar que tudo isso era apenas sexo.

Nunca foi, nunca será.

Desde sua partida tentei encontrar outros corpos, outras pessoas, procurei o sabor da boca dela e me frustrei por não encontrar, praguejei contra os deuses pela ironia de ter sido deixado pela primeira vez.

Não sei como começar um relato apaixonado e muito menos, explicar a Hinata que as coisas são diferentes; maldito seja você, Naruto Uzumaki, por ser um cego pelo orgulho de achar é insubstituível. Você não é, mas ela…

Conversamos banalidades, gosto de ouvir sobre o dia agitado e a faculdade que ama cursar, odeio pessoas que não conheço por tê-la perto e abro um sorriso falso de simpatia, eu que adoraria estar ali e não eles.

Fecho os dedos sobre o lençol quando vejo uma blusa sendo jogada para o lado, meus olhos ficam fixos no decote discreto, na boca ainda marcada pelo batom vermelho; presto atenção nos lábios abrindo e fechando, e assim, meus pensamentos me traem.

Pego a água ao lado, bebo um longo gole e ela ri, porque ainda que não diga, sabe que me tem na palma de sua mão. Hinata segura seu cabelo no alto, prende em um rabo de cavalo e eu suspiro pesado, contenho a salivação da minha boca pela vontade de marcar seu o pescoço em todos os cantos possíveis.

- Tudo bem, Naruto?

Ela sorria, dizia meu nome pausadamente e fingia uma inocência que não tem. Ah, merda...claro eu não estou bem, porque enlouqueço um pouco mais a cada ligação.

Minha insanidade aumenta a cada segundo, me abomino por não conseguir uma conversa decente sem que a minha mente me leve até Hinata nua e onde não existe distância.

Um mísero resquício meu de racionalidade quer perguntar o que estamos fazendo, o que será de nós além de um desejo carnal, porém, não consigo.

Enquanto a regata branca vai sendo tirada, esqueço do meu nome e onde estou, apago toda confusão de dentro de mim e o desejo aumenta gradativamente a cada frase suja que ela me diz. Dou lugar a minha vontade de tê-la, procuro um alívio solitário, a provoco como sei que gosta, falo coisas que jamais pensei que teria coragem de dizer em circunstâncias como essa.

Me entrego de corpo e alma, tento não fechar os olhos pelo tamanho prazer que sou acometido porque quero olhá-la se contorcer, gemer baixo e chamar meu nome.

Sinto meu ego aumentando por ser o responsável do seu deleite, me estimulo imaginando suas mãos e boca e fantasio a sua presença.

Alcanço meu próprio ápice quando a escuto gozar, vou acalmando a minha respiração aos poucos e caindo em si, a ausência começa a incomodar de novo, meu quarto parece vazio e minha cama fria.

Vejo que ela sorri, agradece pela chamada e desliga sem me deixar falar o que quero. Novamente, a solidão me encontra, minha cabeça parece girar em frases e palavras que não disse, me xingo por ser tão covarde mais uma vez.

E mesmo assim, sei que quando Hinata tiver vontade, vou atender; falar do meu dia e escutar o seu, mostrar que estou disponível para agradá-la como pedir e desligar mais uma vez, sentindo saudades e contando os dias para finalmente a distância se findar. Desligo meu notebook, tomo um banho, fumo um cigarro e peço um pouco de coragem para falar o que preciso.

Fecho meus olhos, sinto meu corpo relaxando e meu sono vem. Sonharei com ela mais uma vez e agradeço por pelo menos ali, Hinata estar ao meu lado.