Todos os seus amigos sabiam. A família desconfiava, mas não podia afirmar se era verdade ou não. Seu país, seus fãs; esses não. Esses não poderiam saber.
Viktor Nikiforov era gay. Patinador artístico famoso, com legiões de fãs em seu país e no mundo. Viktor Nikiforov era russo, e ser russo implicava muitas dificuldades, e uma delas era se assumir para o mundo. As pessoas, às vezes, não se atentavam a esse detalhe, mas, na Rússia, o preconceito contra homossexuais era enorme, quem já havia estado lá sabia o quão horrível era.
Viktor amava um homem, Yuuri Katsuki. Um japonês baixinho, meigo e adorável. Yuuri Katsuki também o amava e, juntos, viviam esse amor escondido. Quando se confessaram e começaram a namorar, Yuuri quis contar para os amigos e família, ele não se importava com o que iriam pensar. Já havia se aceitado e se amava da mesma forma. Por que não dividir essa felicidade com quem lhe era importante? Mas não foi assim.
Viktor pediu para que Yuuri não contasse nada a ninguém. Yuuri se chateou, mas tentou entender, afinal, Viktor tinha medo. Medo que não o aceitassem, medo do desprezo. E Yuuri entendia.
O tempo passou, e os dois permaneceram juntos. A cada dia que passava, amavam-se mais. Passaram a viver juntos quando anunciaram a parceria na patinação, Viktor como seu técnico e instrutor. Como desculpa, disseram que “ficar próximos, facilitará o processo”.
Dentro de seu ninho de amor, eles eram eles mesmos. Amavam-se, beijavam-se, acariciavam-se sempre que possível. Era uma rotina gostosa, e Viktor logo se acostumou. No início, Yuuri também gostou, mas as coisas mudaram.
Quando estavam com outras pessoas, eram apenas instrutor e aluno, mas nem sempre Yuuri conseguia disfarçar seus sentimentos. Às vezes, olhava Viktor de maneira diferente e o tocava de forma que apenas um casal faria. Viktor não se importava, mas a mídia sim.
Foi então que começou. O inferno se instaurou quando um paparazzi flagrou os dois abraçados. As fotos foram publicadas em várias revistas de fofoca pela Rússia e pelo mundo, os fãs foram à loucura. Alguns apoiavam, outros mostravam desprezo. A família de Viktor o colocou contra a parede, e ele negou. Negou que amava Yuuri e disse ser hétero. Além disso, seus patrocinadores avisaram que, se acontecesse novamente, teria o contrato rescindido.
Yuuri se afastou por um tempo até que a poeira abaixasse. Isso o magoava, demais, mas ele entendia e, por amor, aguentava; por amor, ainda lutava. Mas não se pode lutar por dois, não é?
Alguns dias se passaram, as coisas pareciam estar calmas. Dentro de casa, eles continuavam sendo somente eles. Adoravam-se no sofá, com direito a juras de amor por parte de Viktore beijos molhados cheios de paixão por parte de Yuuri.
Mas tudo que é bom, dura pouco, dizem. Uma foto de Viktor conversando com uma mulher desconhecida viralizou, vários sites e canais de fofocas da TV já comentavam sobre o suposto affair. E Viktor não negou, isso magoou Yuuri.
Tiveram uma briga séria, Yuuri chorou, derramou-se e implorou para que Viktor desmentisse tudo aquilo. Contudo, Viktor continuou dizendo que não podia, aquilo havia sido um pedido dos patrocinadores, ele não poderia negar, era sua carreira em jogo. Um silêncio reinou no recinto.
Yuuri foi até o quarto e se trancou, Viktor bateu na porta e pediu para que ele abrisse. Meia hora se passou e nada de ele sair, Viktor já se preocupava com o silêncio por parte do amado. Então, a porta foi destrancada, e um Yuuri de olhos inchados e vermelhos saiu. Com malas cheias de roupas e arrumado. Viktor estancou no lugar, era como se sua vida parasse naquele momento, como se estivesse perdendo tudo.
— Não posso continuar vivendo assim, Viktor — Yuuri disse com tristeza, a postura curvada e os lábios sendo mordidos mostravam que ele estava tentando ser forte.
— Yuuri, por favor — Viktor pediu, já se desesperando. Foi em sua direção e segurou suas mãos. — As coisas vão mudar, eu prometo! — E mais uma promessa de mudança era feita.
— Não, elas não vão — Katsuki respondeu, e era como se ele carregasse o peso do mundo nos ombros. — Você nunca vai assumir nosso amor para o mundo, e eu vou continuar a ser apenas seu aluno. As coisas não vão mudar.
Viktor sabia, sabia que ele estava certo. E isso doía. Sabia que tinha medo de mudar, sua carreira sempre havia sido seu sonho. Não sabia se estava pronto para perdê-lo agora mas sabia que precisava fazer algo, só que ainda não se sentia pronto.
— Eu sempre luto por nosso amor, Viktor. Sempre relevei. Relevava por amor a você, relevava porque entendo como deve ser difícil para você. Mas não dá mais. Isso está me machucando, Viktor. — Yuuri lhe lançou um olhar magoado e suplicante. — Por favor, lute por nós, só dessa vez — ele tentou uma última vez, sim, ele tentou.
— Eu… — Viktor não conseguiu... Não olhando para aqueles olhos. Ele sabia que não cumpriria aquilo que estava prestes a dizer, mas não suportava a ideia de perder tudo, não suportava a ideia de ficar sem Yuuri. Porém não tinha coragem. — Eu... por favor… — as palavras foram soltas, para tristeza de Yuuri.
— Eu amo você, Viktor. — Yuuri lhe deu um leve beijo nos lábios e se virou de costas, não aguentaria se manter firme se o olhasse agora. — Eu te amo tanto que me sinto esmagado. — Ele sentiu o coração quebrar à medida que se afastava do homem que amava e se aproximava da porta. — Eu amo você, mas amo mais a mim, e, se eu continuar aqui, assim, não sobrará nada de mim, nem mesmo para amar você — disse e, quando não ouviu resposta, partiu.
Viktor ficou.
Olhando para a porta.
Com sentimentos sufocados, palavras que não ditas, um coração que batia descompassado e dolorido.
Viktor o deixou partir.
Yuuri se foi.
E Viktor ficou.
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