callmetrouxiane Larissa Gabrielli

Muitas vezes achamos que almas gêmeas precisam ficar juntas. Muitas vezes pensamos que um amor de almas gêmeas nasce do nada. Não temos noção do quão presunçoso isso pode soar. Não temos noção de que limitamos tudo sem nem notar, imagine algo assim.


Hayran Kurgu Gruplar/Şarkıcılar 13 yaşın altındaki çocuklar için değil.

#soulmatesau #yoonmin #min-yoongi #park-jimin #Almas-gemeas #yoonminSoulmates #bangtan-boys #bts
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Saberes.

YOONGI POV

Adentrei o auditório notando como estava cheio e não perdendo tempo em correr meus olhos por todo local procurando uma cadeira vaga acabei notando alguns colegas de trabalho espalhados por ali, comprimentei os que passavam por mim naquele tempo em que eu fiquei procurando um assento vago.

E encontrei, logo caminhando um tanto apressado para ele, já que não queria correr o risco de ficar no fundo de pé para ver a palestra. Era há umas oito fileiras do palco — que estava quase todo arrumado, com os equipamentos necessário e poucas pessoas terminando de mexer nos computadores, provavelmente arrumando os softwares ou algo relacionado a isso —, nos assentos algumas pessoas estavam dialogando descontraídas, provavelmente esperando o horário exato do início da palestra.

Acabei me impressionando ao ver que ainda haviam tantas pessoas que eram interessadas em almas gêmeas, mais precisamente no porquê das mesmas não estavam mais ficando juntas com tanta frequência. Eu estava ali para descobrir o motivo disso obviamente, mas no fundo também estava para descobrir se meu achismo estava certo. Sempre achei que talvez às pessoas pudessem estar desacreditando de todo encanto de uma alma gêmea e isso foi causando certa repreensão nas próprias almas, com isso levando à dificuldade de encontrar sua gêmea e isso só vinha aumentado gradativamente.

Assustei levemente quando as luzes — de ambas laterais e nos fundos — do auditório se apagaram, deixando apenas algumas fileiras do meio e a luz central do palco acesa, vimos um homem saindo de trás do palco com uma cadeira e um microfone em mãos. O mesmo devia ter minha altura — com uma margem de erro de dois centímetros tantos mais alto quanto mais baixo que eu —, possuía fios negros que caíam delicadamente por sua testa dando um leve destaque a sua pele pouco bronzeada. Trajava calças jeans skinny de lavagem clara, um tanto justa com pequenos desfiados espalhados por suas coxas e joelhos, junto de um jaleco q— que lembrava aqueles de professores e médicos — na cor preta, que fazia um pequeno contraste com o fundo branco que nada mais era que sua camisa lisa. Ele estava bonito, na verdade ele era bonito.

Observamos — eu e todo o resto das pessoas ali presentes — ele se sentar e antes mesmo de se apresentar ou indagar algo, passou sua mão livre sobre seus fios, os jogando para trás. O que na minha humilde opinião acabou lhe deixando mais bonito. Suspirou e levantou o microfone na altura de sua boca.

— Bom dia, senhoras e senhores. Sou o professor de história e palestrante Park Jimin, formado em história geral com PhD na história das almas gêmeas, na Seul University — se apresentou logo após ajeitar seu óculos com um sorriso simpático, daqueles que vendedores de lojas lhe dão quando você pisa no local, mas que estranhamente o deixava bem bonito, na verdade.

— Vocês estão aqui obviamente para saber minha teoria estudada sobre o porquê de não encontrarmos almas gêmeas juntas de uns anos para cá e até mesmo demoramos a encontrar à nossa própria… Mas antes, vocês poderiam me dizer se lembram da primeira alma gêmea que se tem registro? — perguntou retoricamente, passando seus olhos por todo o local e consequentemente senti seus olhos passarem por mim rapidamente. — Aparentemente uma coisa parece não ter nada a ver com a outra, mas quando se pensa no que não está registrado nos livros de história, quando se pensa num antes e depois, uma coisa passa sim a ter claramente ligação com a outra.

Relaxei minhas costas no assento, me ajeitando e consequentemente afundando um pouco sobre o mesmo, tendo que mover minha cabeça para ter uma visão um pouco melhor do palco, e novamente o vi passar as mãos pelos fios negros os jogando para trás, logo depois arrumando o óculos em seu nariz, pensei que talvez fossem manias suas, já que em pouco tempo ali já eram duas coisas as quais fazia frequentemente.

— Segundo o que está registrado, há alguns séculos atrás mais precisamente no século XV, em Sagres, Portugal. Aconteceu a história conhecida inicialmente como se fosse algo mágico, algo como um milagre de alguma divindade, o primeiro registro de almas gêmeas que temos na face da Terra. Foi estudado um século depois, apenas para tirarmos a limpo e concretizarmos esse momento histórico, pois não haviam dúvidas de que realmente existiam e existem almas gêmeas… Foram encontrados ao decorrer dos anos, pouco mais de cinco escritos sobre essa mesma ocasião espalhados por Portugal, todos praticamente a mesma coisa porém, descritos de formas diferentes, sobre duas jovens camponesas que frequentavam o mesmo campo onde ficava o relógio de Sol, mas em horários diferentes e quando uma se atrasou, por algum motivo desconhecido, elas acabaram se esbarrando e foi aí que à ‘magia do relógio’ aconteceu — ditou se levantando, caminhou até a ponta esquerda do palco enquanto completou. — A magia que falam até hoje na história popular, nada mais era do que: o primeiro contato visual direto das duas jovens, o primeiro contato visual das moças, o primeiro contanto das almas… e dizem que naquela época todo mundo que estava por perto ou no relógio pode sentir algo referente à isso. Está registrado que durante essa troca de olhares, todos presentes se arrepiaram e com isso ditaram que era magia. E depois as jovens souberam que estavam destinadas à ficarem juntas, se apaixonarem, amarem, e escondido de todos iniciaram um romance… — suspirou caminhando até a outra ponta do palco, novamente passando suas mãos por seus fios os jogando para trás antes de continuar. — Todos nós temos conhecimento só até aqui na história. Nós não sabemos ao certo do futuro que era claramente incerto das duas jovens, não sabemos se sofreram preconceito por estarem juntas ou se continuaram suas vidas normalmente. Apenas sabemos que ficaram juntas independente de tudo, certo?

Assim como fez quando chegou à primeira ponta do palco, parou e tentou analisar cada pessoa presente ali logo depois que indagou aquela pergunta, não demorando em voltar a andar para o centro sentando de volta na cadeira, se ajeitando cruzando suas pernas.

— E não sei vocês mas desde que pude entender essa história direito, me vi pensando no antes dessas moças. Se elas já tinham um alguém, se tinham sonhos futuros, como ou se viviam tranquilamente com seus pais. Como eram suas vidas antes disso tudo acontecer, e inconsciente fui pensando isso de todas almas gêmeas que já existiram até aqui — pausou sua fala para beber um pouco d'Água, e ao pensar sobre notei que nunca tive curiosidade sobre essa parte da história, na verdade, nunca nem pensei sobre isso, mas agora, olhando bem a curiosidade que o senhor Park ditou ter, aguçou minha própria.

— Há mais ou menos uns doze anos atrás, um pouco antes de eu entrar na faculdade, notei como almas gêmeas juntas estava sendo algo raro de se ver, e fui atrás do porquê daquilo estar acontecendo me enfiando em livros e mais livros, não encontrando absolutamente nada. Ao invés de aprender sobre isso estudando, fui ter ideia do quê era, em casa, em um final de semana — ditou com um ar nostálgico, suspirando antes de continuar. — Minha tia, estava passando uns dias de férias em casa, na época em Busan, e em uma de suas idas à praia ela encontrou sua alma gêmea, me lembro perfeitamente de como ela estava confusa e triste ao nos dizer aquilo. E logicamente fiquei intrigado, afinal, qual o motivo da minha tia ter ficado amuada em encontrar sua alma gêmea? — ele começara a gesticular enquanto falava, com um sorriso fraco em seus lábios grossos. — Depois de uns dias, fui conversar com ela ver o que a angustiava daquele modo, e para minha surpresa, ela disse algo que abriu meus olhos e fez eu ver que na verdade, todas as dúvidas que eu tinha eram mais simples de se entender do que eu imaginava.

— Primeiro ela me contou superficialmente como foi, preferindo não entrar em muitos detalhes. Disse apenas que foi a coisa mais intensa que foi capaz de sentir vida, uma ligação muito única que aconteceu assim que eles se olharam diretamente nos olhos. Porém ela me disse que depois de toda essa coisa “boa” ela se sentiu estranha e triste. Ela me explicou o porquê de ter se sentido triste com algo assim, me disse que teria que fazer uma escolha e qualquer que fosse essa escolha, segundo ela,

iria ter uma consequência a se arcar em seu futuro — ele fez uma pequena pausa e eu só me questionava como alguém ficaria triste ao encontrar sua alma gêmea, ou melhor, desde quando existiam opções ou escolhas? Era sua gêmea bem na sua frente, seu verdadeiro amor… Mas antes que pudesse chegar a alguma conclusão, fui interrompido de meus devaneios quando o moreno prosseguiu. — Minha tia tinha que escolher entre sua alma gêmea ou ser egoísta. E bom, ela fez a escolha mais sensata, a segunda opção.

Minha reação foi soltar um riso frouxo um tanto quanto alto, que indevidamente havia sido audível o quê fez com que a atenção das pessoas próximas, me olhassem. Oras, como ele falava que além da pessoa ficar triste após encontrar sua alma gêmea, ela tinha de fazer escolhas e a mais sensata destas era ser egoísta? Era inacreditável! Uma pessoa se sentiria completa com sua alma gêmea, logicamente iria amá-la e querer ficar junto para construir uma família, um lar, assim como em todo relato histórico. Começava a pensar que talvez eu devesse ter ido aproveitar melhor essa ‘folga’ mas não, eu não podia desperdiçar uma palestra tão conhecida e tão bem falada pelo país como essa — na verdade, não é todo mês que meu setor bate a maior meta e ganha um ingresso para algo como um agrado.

O moreno no palco iria retomar sua fala, porém minha língua estava coçando para eu dizer algo, por mais sem educação — e infantil — que fosse, já que ele mal havia começado a falar e o certo era eu esperá-lo chegar pelo menos até o meio do assunto. Mas eu estava completamente indignado com ele insinuando que o motivo pelo qual as almas gêmeas não estarem juntas, fosse o egoísmo das pessoas, quando na verdade eu tinha certeza que 90% das pessoas não seriam ruins a esse ponto.

— Ela escolheu se-

— Ela realmente escolheu ser egoísta ao invés de ficar com alguém que lhe fora destinado? — perguntei em alto e bom som o interrompendo, vendo quase todas as cabeças existentes naquele auditório se virarem em minha direção. — Olha, me desculpe mas as pessoas no geral não podem ser tão ruins assim. Sua tia e mais algumas pessoas desistirem de suas almas gêmeas por puro egoísmo, é bem provável. Mas agora, você insinuar que mais da metade da população mundial fez isso, é algo errado. Você não pode taxar todo mundo de egoísta.

Um silêncio tomou conta do auditório, e quase todos os olhares que estavam em mim estavam surpresos, estupefatos, incrédulos, menos os do moreno em cima do palco. Desde o momento em que o interrompi e ele me achou de fato ali no meio seu olhar era calmo e havia até mesmo um sorriso em seus grossos lábios. Não sabia dizer se era únicamente simpatia forçada por ele não poder ser mal educado ou se ele realmente estava calmo mesmo com aquilo.

— Não senhor, não é bem assim. Me deixe explicar melhor, usando outras palavras — ditou de forma calma, alargando seu sorriso como se realmente apreciasse aquela interrupção, me ajeitei na cadeira dobrando uma de minhas pernas em cima do assento para logo depois sentar em cima, tendo uma visão melhor do palco e consequentemente do palestrante. — O egoísmo tem sim haver com tudo isso, mas não afeta nenhuma das duas pessoas de forma negativa. Ser egoísta nem sempre significa ser ou fazer algo ruim — ajeitou novamente seu cabelo passando sua mão por seus fios e durante a palestra à cada frase ele mexia em seus cabelos, aquilo realmente devia ser uma de suas manias. cansado de ter que mover minha cabeça para vê-lo, ergui minimamente meu corpo dobrando uma de minhas pernas no assento para me apoiar sobre ela tendo uma visão melhor de tudo, inclusive de sua face.

— O senhor, na verdade deve ter interpretado errado a forma como eu disse, mas mesmo assim não lhe tiro o direito de achar meu estudo errado. Mesmo que eu ainda não tenha começado a fa-

Ele estava procurando também um ângulo melhor para — eu acho — dar um fim aquele diálogo continuando sua palestra, e quando me ergui seus olhos me acharam. Quando nossos olhares se cruzaram causando em nós uma enorme surpresa, ele parou sua sentença abruptamente. Com nossos olhares conectados uma enchente de sensações me atingiu fazendo um tremor percorrer meu corpo — notei que talvez pudesse tê-lo visto tremer também —, e algo estranhamente grande dentro de mim se agitou de tal modo que pude sentir meus olhos lacrimejarem. Eu sabia o quê era esse algo, eu tinha total noção do que seria mas meu Eu estava perplexo demais para tomar alguma decisão — se é que realmente havia alguma a ser tomada.

Saudade era o sentimento mais vívido em mim, como se eu estivesse matando a saudade de algo que nunca deveria ter saído de meu lado. Era exatamente isso o que minha alma exalava, uma saudade que parecia estar ali a tantos anos adormecida, eu sentia como se ela estivesse chorando de tanta felicidade e com isso consequentemente algumas — pouquíssimas, mas existentes — lágrimas escaparam de meus olhos e eu não conseguia me mover de tão impressionado que estava para limpa-lás, apenas deixei as escorrer por minhas bochechas e era completamente estranho, pois nunca havia sentido algo forte desse modo ou tamanha saudade de nada nem ninguém. Uma felicidade incomum tomou conta do meu ser — mas era algo confuso pois não era Eu sentindo aquilo —, junto de uma sensação boa como se algo à acolhesse, como se com toda aquela agitação uma calmaria estivesse por tudo.

Em meio aquilo tudo eu senti um toque, como se mãos tocassem as minhas e aquilo me atingiu como uma carga elétrica, o toque era mínimo, porém ainda sim perceptível. Notei o senhor Park desviar pela primeira vez nossos olhos para olhar suas mãos. Ele também estava sentindo e estava tão pasmo e emocionado como eu, nossas almas estavam se tocando, elas estavam dado às mãos e isso era tão estranho — pois eu pelo menos, sentia como se existissem dois eu, e minha alma que estava dormindo até agora acordou e tem sentimentos e desejos próprios.

Meus olhos seguiam cada movimento do palestrante, e era estranho vê-los fechando suas mãos em punho e não sentir nada. E como se fosse combinado — quando por dois milésimos as almas interromperam o contato “corporal” — nossos olhares se cruzaram ao mesmo tempo que senti um algo maior que não soube classificar o que era.

Sentia como se esse algo em mim estivesse completo e fosse explodir a qualquer momento, uma euforia gigantesca se apossou de cada centímetro de meu corpo. E minha alma estava praticamente em êxtase, fazendo meu corpo que ainda inconsciente era comandado por ela, tremelicar levemente porque elas estavam se abraçando e consequentemente se conectando. Fazendo tudo o que senti até agora se duplicar, era tudo intenso demais, à felicidade que sentia, à euforia e o sentimento de saudade eram demais que, inconscientemente acabei me perdendo em meio à tudo aquilo não notando quando as almas se soltaram, por estar anestesiado demais.

Eu não sabia dizer como ou quando todo aquele combo de emoções se dissipou, apenas tive consciência de que em toda aquela troca de sentimentos meu corpo — físico — foi controlado por algo e eu soube que esse algo era logicamente minha alma, que aparentemente havia encontrado sua gêmea. Não sei se como na história as pessoas presentes naquele auditório também se arrepiaram ou sentiram algo, só sei que eu ainda me encontrava perplexo, meu coração estava batendo extremamente rápido podendo facilmente confundir toda aquela euforia com uma arritmia cardíaca, meus pulmões expulsavam o ar numa velocidade incrível, como se tivesse feito o maior esforço físico de minha vida, me dando conta que eu mais arfava e soltava ar de forma asperada do que de fato expirava.

Pisquei ainda atordoado quando ele pigarreou no microfone, parecendo não saber ao certo como continuar. Olhei ao redor e as pessoas estavam do mesmo jeito sendo assim, ninguém havia percebido absolutamente nada. Então, o que para nós tinha acontecido em minutos quase horas não se passaram de míseros segundos, fazendo apenas nós dois notarmos. Ele pigarreou novamente antes de recomeçar a falar.

— Hn… O senhor poderia me esperar perto do palco antes de ir embora? — indagou incerto, ainda parecia atordoado mas estava se acalmando mais rápido que eu. — Quero ouvir o que tem a dizer sobre isso, preciso escutar sua opinião — completou esperando uma resposta, me forcei a pigarrear levei minhas mãos ao meu rosto limpando todo resquício de lágrimas que ainda existia ali, e consegui falar um “claro, senhor Park” audível, vendo-o assentir e logo prosseguir. — Então, continuando de onde estávamos. As pessoas não são e nunca foram…

Eu escutava vagamente ele voltando a falar e explicar sobre, sabia que se escutasse tanto minhas duvidas, teimosia e agora nervosismo iriam se findar. Mas eu só conseguia pensar em como aquilo não daria certo, como aquilo veio em péssima hora, eu só conseguia pensar que eu nunca deveria ter sido tão curioso sobre isso e ter vindo a essa palestra ou nunca ter aberto minha boca ao ficar indignado sobre o egoísmo, esse que agora eu tinha uma vaga ideia de seu verdadeiro significado. Era decerto, infantil mas eu não conseguia controlar, eu só pensava em uma única pessoa e me sentia culpado por não ter tido toda essa intensidade com ela, porque por mais que não tenha sido Eu a sentir toda saudade, alegria e todos aqueles outros sentimentos, me parecia errado não ter sido com ele.

Eu sabia e sentia diariamente que o amava, tinha a certeza que era tão puro, forte e intenso como um amor de almas gêmeas, mas será que o senhor Park iria entender? Eu não o queria, tinha toda certeza e convicção disso como eu jamais tive na vida, mas não tinha a certeza que ele também não queria. Tudo bem, ele havia defendido muito bem e com uma sinceridade imensa as almas gêmeas que decidiam ser egoístas — embora eu tenha o interrompido logo no começo — mas eu não tinha certeza de que ele iria seguir isso.

E como em um estalo aleatório — não tão aleatório assim — em minha mente, percebi que de uma forma ou outra eu seria o egoísta. Restava só eu “escolher” qual dos dois eu não deveria ser, pois ele mudaria completamente minha vida.

Por mais que sentisse que se prestasse o mínimo de atenção nessa palestra eu não estivesse tão nervoso, minha mente voltava ao momento e eu me sentia culpado, me sentia sem saída, escutava senhor o Park falar, falar, falar e falar mas não o ouvia um nada. Tanto que nem percebi quando o moreno encerrou a palestra, apenas percebi por notar estar atrapalhando as pessoas de minha fileira que se levantaram querendo ir embora, me levantei logo fazendo uma leva reverência como um pedido de desculpas e caminhei em direção ao palco, mais precisamente o canto esquerdo onde se

encontrava a escada.

Um pouco antes de chegar ao palco de fato, pude ver o palestrante conversando com algumas pessoas que desceram para para tirar suas dúvidas ou apenas elogiar. Vi os dois rapazes que estavam mais cedo no palco se aproximarem para falar algo com o moreno fazendo com que aquele grupo de pessoas se despedisse e subisse até a saída. E antes mesmo de eu voltar a andar para chegar até o moreno, ambos os três notaram minha presença e me cumprimentaram com acenos e sorrisos fechados, pude escutar senhor Park falando algo como ‘no máximo em uma hora estou de volta, não se preocupem’, e em seguida caminhar até onde eu ainda estava.

— Sou Park Jimin, prazer em conhecê-lo, senhor… — indagou querendo que nos apresentássemos devidamente um ao outro, não demorando a estender calmamente sua mão, a qual apanhei ao mesmo tempo que o respondia.

— Sou Min Yoongi, senhor Park. O prazer foi meu. Hn… Sua palestra foi muito interessante, meus parabéns. — respondi ainda um tanto nervoso, ganhando um sorrisinho de quem acha graça na situação do moreno.

— Oh! Muito obrigado, fico muito feliz de ter escutado isso — começou a caminhar escada acima, fazendo sinal para o seguir antes de continuar. — Conheço um lugar aqui do lado que vende o melhor café do mundo, poderíamos ir para lá conversar e esclarecer as coisas.

Não tinha necessidade de uma resposta verbal, então apenas assenti o seguindo para fora do auditório e em cinco minutos estávamos na cafeteria que além de perto — ficava a cinco ou seis estabelecimentos de distância — era muito aconchegante. Havia mesas laterais as quais eram mais discretas, onde escolhemos sentar para termos um tanto mais de privacidade que se fôssemos sentar nas de mais espalhadas; às paredes eram de um tom creme quase caramelo que contrastavam bastante com o balcão de madeira rústica que ficava ao fundo do local, criando certa harmonia realmente aconchegante ali. Era de fato um lugar aconchegante.

Ficamos em um silêncio um tanto constrangedor até fazermos nossos pedidos: um expresso sem açúcar para mim, e um americano gelado para ele. E ainda em silêncio recebemos nossos pedidos, e eu analisava novamente o local esperando meu café esfriar um pouco, diferente do Park que apenas começou à tomar seu café gelado em pequenos goles.

Nesse meio tempo pensei em Jeongguk, ele iria amar vir em um local como esse, ele tinha certa queda por locais assim e constatei que o traria aqui quando bebi um pouco de meu café. Eram realmente incrível, o gosto do café era mais forte, mais concentrado deixando um amargo incrivelmente bom na boca, não contive um suspiro de aprovação fazendo a atenção do outro se fixar em mim.

— Eu não disse, Yoongi-ssi? Eles realmente tem o melhor café da Coréia do Sul! O frequente mais, você mora aqui pode desfrutar dessas delícias todos os dias — exclamou quebrando o silêncio com um pequeno sorriso no rosto, sugando pelo canudo um pouco mais de seu café antes de continuar. — Bom, agora sobre o que aconteceu na palestra. Yoongi-ssi, por mais errado que você demonstrou achar, eu não interpreto dessa maneira, eu não vejo mal, e irei ser egoísta nesse caso. Nós não teremos nada, e não precisa ficar nervoso, eu não quero e nem irei lhe cobrar algo. Assim como você, eu não quero algo assim.

Me surpreendi com seu modo sincero e direto, eu havia ficado em silêncio até agora pois, não sabia como falar sobre não querer nem tentar algo com ele mesmo sendo minha alma gêmea, e ele disse com todas as palavras diretamente e com toda a calma do mundo, ainda por cima deduziu que eu não queria — o que deveria ter sido fácil já que eu nunca consegui controlar meu humor, vontades e até mesmo pensamentos, demonstrando absolutamente tudo por minha expressão facial.

— Oh! Eu, eu, é hn… — pigarreei para tentar continuar com mais racionalidade, rindo sem graça de meu embaraço inicial antes de continuar. — Antes de tudo, me desculpe por ter interrompido sua palestra daquele modo, eu devia ter esperado você no mínimo ter chegado em alguma conclusão. Eu apenas interpretei errado, levei para um lado do qual eu já não concordo ser o certo — ele murmurou um “não teve problema algum” e eu prossegui. — Eu fico feliz por isso, eu realmente não quero algo assim. Isso não entra em nenhuma parte de algum plano meu para o futuro, na verdade, muito pelo contrário. Isso destruiria todo o mesmo.

— Bom, eu pensei que talvez devesse lhe explicar o porquê de não ser ruim esse egoísmo, mas vejo que o senhor entendeu por si só, Yoongi-ssi — eu iria o interromper mais uma vez naquele dia, falar que adoraria que ele me falasse pois não prestei a devida atenção na palestra, porém ele não me deu chances continuando. — Eu realmente entendo, apenas queria que você entendesse sobre as almas no geral e não apenas nessas situações. E você tem alguém, certo? Por isso entendeu por si próprio onde o egoísmo entraria, e seria bem-vindo numa situação assim.

— Tenho sim, mas antes de falarmos disso e nos conhecermos um pouco mais, pois saiba que mesmo que não iremos dar continuidade romanticamente falando, poderíamos ser amigos. Eu realmente quero ter sua amizade — seria mentira se eu falasse ao contrário e felizmente ele assentiu concordando, esperando eu completar. — O senhor poderia me explicar melhor sobre as almas? Eu realmente quero muito saber, mesmo já tendo entendido sobre o egoísmo, não entendi sobre o resto.

Ele sorriu terminando seu café — me fazendo lembrar que ainda não havia acabado o meu, que por divindade ainda estava quente — e logo pedindo um outro acompanhado de um muffin de amoras. E antes mesmo do pedido chegar ele começou.

— Às vezes eu penso que a alma de cada pessoa foi escolhida aleatoriamente, como se no fundo não tivesse um real motivo para ela ir para um corpo específico — por mais que ele falasse olhando diretamente para mim, eu não havia ficado sem graça com isso, pois assim como sua expressão, seu olhar exalava muita calma. — Pois olhe bem, nada é como os contos populares relataram e até hoje relatam. Não é como se tivéssemos uma conexão grande ao ponto de lembrarmos de quando ela encontrou sua gêmea em outras vidas, outros corpos… Nós não sabemos das coisas que nossa alma presenciou de seu hospedeiro anterior, sendo assim, nossa única ligação com ela é unicamente a que construímos com o tempo, e ela nunca se despertaria de fato sem encontrar sua gêmea e nem isso é mais considerado um grande problema.

Ele parou para buscar seu café esquecido e sugar um grande gole pelo canudo e dar uma mordida em seu muffin, mastigando rápido para logo o engolir.

— Deixe me explicar melhor… As almas têm uma ligação com nosso corpo sim, porém desde sempre uma alma nunca interferiu na vida de um de seus corpos, lhe dando o livre arbítrio de escolher o que quisesse de sua vida. Entretanto, não entendendo isso, não sabendo decifrar o que eram todos aqueles sentimentos de quando às almas se encontram, elas definiram como amor. Sendo assim, no passado as pessoas se obrigavam a viver com sua alma gêmea indiretamente — passou suas mãos por entre seus cabelos mais uma vez, dando outra grande mordida em seu muffin. — Eles não fizeram errado, por maldade ou algo do tipo, eles apenas acharam melhor, acharam bonito as almas gêmeas juntas e de fato sempre foi uma coisa muito bonita, poética…

“Mas diferente do que se pensavam e se pensam até hoje, as pessoas não conhecem sua alma gêmea já possuindo todo aquele amor lindo e puro um com o outro, não. Como eu disse anteriormente, a alma não se dá e nem se sente no direito de comandar o corpo e embora ela seja destinada à outra, desde os primórdios por assim dizer, isso não impede com que os corpos não se sintam atraídos, evoluam os sentimentos e amem outras pessoas… Mas se às pessoas decidem ficar com sua alma gêmea, o amor de corpos passados que está ali dentro da alma guardado sem interferir em nada, aparece quando o amor nasce de forma genuína entre as pessoas. E isso acontecia em quase todas as vezes já que para um amor florecer basta conhecer e querer, e aí sim, o amor das almas se faz presente e intensifica tudo. Intensifica ao ponto de parecer mágica, ao ponto de encantar… mas não torna e nunca tornou ninguém dependente de ninguém, esse mesmo amor poderia nascer entre duas pessoas opostas, esse mesmo amor poderia ser unilateral… O coração não pensa e nem tem algo para seguir”.

Ele falava de modo tão belo, era incrível como tudo tinha um porquê e ele ditando e contando sobre, era algo impressionante. E um alívio tão grande se apossou de mim, foi algo como se eu entendesse, agradecesse e apreciasse minha alma e todas no geral. Era verdade, você não sentia vontade de ir atrás de sua gêmea, ela nunca bloqueou um lindo sentimento por terceiros de florecer. Ela sempre foi compreensível e correta.

— Então, por decidirmos não ficarmos juntos, não nos conhecermos… nossas almas não irão se opor contra isso? — era tão respeitoso, tão… eu não tenho nem um adjetivo para falar sobre, mas penso que isso é e sempre foi o certo. Eu apenas ficava incrivelmente encantado.

— Exatamente assim. Nossas almas assim como todas as outras, respeitam nossos corpos, nossas próprias escolhas e emoções acima de tudo. Aconteceu já, casos de pessoas que vinham me perguntar o porquê de sua alma gêmea ser de um sexo que ela não se atrai, se no final era para ela mudar de opção sexual e que de fato sua opção sexual era errada… E obviamente não, mas as pessoas ainda têm certa dificuldade de lidar com esse livre arbítrio de modo geral — me olhou dessa vez com um ar divertido, me fazendo arquear uma sobrancelha antes dele continuar. — Mas, você tem um alguém claramente, me diga: namora ou casado?

— Ah, eu tenho um noivo — respondi sorrindo tímido e extremamente feliz por estar falando aquilo em voz alta, era tão bom dizer que eu estava realmente noivo, e era tão bom dizer que estava noivo de Jeongguk. — Ele estava ansioso para que eu fosse hoje na palestra, até mesmo combinamos de ir juntos mas não deu muito certo, pois os ingressos já haviam se esgotados. Até tentei ver se algum dos meus colegas de trabalho não viria, já que ganhei meu ingresso graças ao meu trabalho, porém aparentemente todos querem ver sua palestra — sorri confortável. — Jeongguk iria adorar lhe conhecer, Jimin-ssi.

— Oh! Eu tenho certeza que vou adorar conhecê-lo também, se não for muito invasivo pode anotar meu número, assim podemos sair em casais — sorriu fazendo seus olhos virarem meias luas. — Desculpe a intromissão, mas vocês vão realmente se casar fora da Coréia ou será algo simbólico? — ele indagou parecendo genuinamente feliz e curioso já que não era legalmente possível nos casarmos aqui. — Yoongi-ssi veio com o serviço para a palestra, trabalha na área de história também?

— Eu adoraria, Jimin-ssi… O senhor tem alguém também? É casado? — ditei lhe entregando o celular para ele anotar seu número, me entregando rapidamente. — Na verdade, eu trabalho em uma editora, sou tradutor e editor de livros. O setor onde trabalho fechou o mês batendo uma meta incrivelmente alta, com isso ganhamos esse agrado — lhe expliquei calmo, tomando um gole de meu café que estava morno.

— Você apenas traduz os livros, nunca escreveu ou pensou em escreve algo? Você tem cara de escritor, Yoongi-ssi. Ah, e respondendo à sua pergunta, eu namoro, há doze anos… — eu sorri com sua pergunta era para nos conhecermos e o moreno estava realmente curioso quanto a mim, o mesmo soltou um riso nasalado antes de completar. — Somos praticamente casados. Moramos juntos, trabalhamos juntos, viajamos juntos… — riu divertido. — Ainda bem que somos compreensivos e amorosos um com o outro, porque olha, não sei se iria aguentar passar tanto tempo assim com alguém se esse alguém não fosse Namjoon hyung. Assim como Jeongguk-ssi, tenho certeza que o hyung iria adorar conhecer vocês — seus olhos brilharam ao tocar no nome do praticamente marido, era encantador e lindo de se ver.

— Eu escrevo alguns poemas, mas nada que um dia eu ou a editora aceite publicar — expliquei calmamente. — Ah, e se vocês passam juntos tanto tempo, pelo menos ninguém fica com saudade de ninguém. Chamou ele de hyung é mais velho que você, aproposito, quantos anos tem Jimin-ssi? — indaguei logo depois sentindo meu celular vibrar em meu bolso, vi que era uma mensagem de Jeon me perguntando se iria demorar muito, pois o mesmo estava ansioso para que eu contasse sobre a palestra. Respondi que não demoraria para chegar, que quando lhe contasse sobre a palestra ele ficaria encantado e que tinha algumas novidades um tanto exóticas para lhe contar, e para não perder o costume falei que lhe amava antes de me despedir.

Pigarreei notando o loiro a minha frente olhando para mim com um sorriso divertido, com um ar de: “eu sei o que você está fazendo aí”, antes de me responder.

— Tenho trinta e sete, Jonnie tem trinta e oito e você quantos anos tem, Yoongi-ssi? Diria que você é até mais novo que eu com esse rostinho de bebê, ainda mais sorrindo apaixonado para o celular como estava — ele riu me arrancando um riso mais alto e um tanto sem graça de volta. — Se o senhor tiver algum compromisso, ou mesmo se for apenas encontrar seu noivo não precisamos alongar a conversa, viu? Tudo o que deveríamos esclarecer, já foi esclarecido, já nos apresentamos um ao outro e até mesmo trocamos nossos números, para quem sabe encontros futuros. Obviamente, quando e se o senhor junto de seu noivo quiserem podemos marcar outro encontro, assim eu lhe apresento o Nam e você me apresenta o Jeongguk-ssi.

Novamente o senhor Park me surpreendeu dizendo aquilo, realmente eu já via que teríamos uma bela amizade. Não escondi o sorriso em meu rosto tentando ser o mais doce e sincero possível com o — que descobri ser — mais novo logo assentindo antes de lhe responder.

— Ah, mesmo com essa carinha de recém-nascido sou seu hyung e o de Namjoon-ssi, também. Tenho trinta e nove anos, Jeongguk é mais novo que eu e mais novo que você também, ele tem trinta e cinco, o verdadeiro neném é ele — antes de completar minha fala dou o último gole no meu café, eu realmente irei vir aqui mais vezes e levarei Jeongguk comigo. — O Gukie está me esperando ansioso para eu lhe contar como foi a palestra, e se não se incomoda eu irei ir. Também estou bastante ansioso para contar o que aconteceu hoje, eu vou indo — respondi já tirando minha carteira do bolso. — Eu realmente aprendi muito com você hoje, Jimin-ah, muito obrigado pela paciência e compreensão. De verdade, foi uma das manhãs mais produtivas e informativas que eu tive. Espero que possamos realmente sermos bons amigos.

— Ah, Yoongi hyung, me ligue para conseguirmos nos encontrar novamente, mas dessa vez com nossos quase cônjuges, não se esqueça ou eu mesmo ligarei para marcar — indagou divertido, me fazendo soltar um riso baixo, ele realmente era uma boa pessoa. — E por favor, não se esqueça que ser egoísta nem sempre é uma coisa ruim e que sua alma sempre soube e entendeu, que nada pode ser escrito com antecedência. Nem mesmo aquilo que acham premeditado…

Terminei de me despedir, concordando brevemente com tudo o que ele disse e murmurando um ‘tchau, Jimin-ah’ e um sorriso sincero antes de lhe dar as costas. E assim que saí do café, fui andando devagar até um ponto de ônibus próximo dali. Sentindo um sentimento de orgulho se fazer presente em meu coração, mas esse não era um sentimento meu de fato. Sorri sozinho ao constatar isso, porque em um estalo eu sabia e sentia que minha alma estava orgulhosa de minha decisão.

Senti meu celular vibrar no bolso com uma mensagem que aqueceu meu coração. Podia não ser minha alma gêmea, mas era o ser que mais amo é confio nessa vida me respondendo que também me amava e estaria ansioso me esperando. Senti alegria e paz, sendo esses sentimentos meus e de minha alma.

Ela sabia que se não fosse essa talvez seria na próxima, na próxima da próxima ou na próxima da próxima da próxima vida, sempre se esbarrando cedo ou tarde.

Ela sabia encontraria sua gêmea e se fosse da vontade das pessoas que as hospedam, reviveria esse amor tão bonito e intenso, de forma recíproca. Amor esse que eu e Jimin escolhemos não viver. 

02 Temmuz 2018 19:44 0 Rapor Yerleştirmek Hikayeyi takip edin
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Son

Yazarla tanışın

Larissa Gabrielli Eu sou cinza. Amo absolutamente todos os shipps dentro do Bangtan, eu vejo intera��o e amor exalando em todos os sete. otp's: Yoonmin, 2seok, Hopekook, Minjoon e Vmin.

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