Já haviam se passado quatro anos e mesmo após todo esse tempo, nada havia diminuído o sentimento de culpa que Byun Baekhyun carregava consigo.
Por pura imprudência de sua parte, havia perdido aquele que mais amava, seu noivo, Park Chanyeol, em um horrível acidente de carro. Baekhyun sabia que não deveria mexer no celular enquanto dirigia, ele sabia que tinha que se concentrar na estrada, ainda mais com o tempo chuvoso. Mas em questão de segundos acabou matando seu amor, aquele que estava consigo desde os seus dezessete anos.
“Se eu tivesse prestado atenção você ainda estaria aqui.”
Era o que se passava pela mente do jovem rapaz de vinte e sete anos. Todos os dias se pegava lembrando dos momentos que passara ao lado do rapaz de sorriso contagiante. Desde às brigas, até as brincadeiras que sempre faziam um com o outro. Eram como almas gêmeas. Lembrava-se de quando acordava ao lado do seu grandão no apartamento em que dividiam, do tempo que passavam deitados na cama abraçados assistindo a um filme quando tinham o dia livre, lembrava-se de quando acordava e sentia o cheiro de café fresquinho que Chanyeol preparava, dos beijos carinhosos que trocavam, das noites quentes que sempre tinham.
Sentia falta das noites em claro que passavam se amando, sentia falta de abraçá-lo, de acordar com um “Bom dia, amor” sussurrado ao pé de seu ouvido, de sentir seu cheiro, sentia falta de conversar sobre bobagens com ele, sentia falta de ouvir a voz rouquinha o chamando de “nanico” enquanto bagunçava seus cabelos e o abraçava apertado, dizendo que o amava. Sentia falta até das broncas que levava dele quando fazia algo errado. Sentia falta de tudo.
E o mais doloroso disso tudo era andar pelo apartamento e não ver o seu grandão ali, saber que não sentiria o calor do seu abraço, que nunca mais ouviria sua voz; Entrar no quarto e olhar o armário com todas as roupas e pertences dele ali, intactas. Se deitar na cama fria sem ter Chanyeol ali, sem sentir seus braços o rodeando para esquentá-lo durante as noites frias e fazê-lo se sentir seguro, sem sentir seu perfume. E tudo por culpa unicamente sua.
E pensando nisso tudo enquanto andava pelas ruas de Seul, Baekhyun acabou parando em frente a uma farmácia e adentrou o estabelecimento. Acabou parando em frente ao balcão de atendimento, observando todos os medicamentos que havia ali.
Ficou olhando mais um pouco, até que uma moça que aparentava ter a mesma idade que ele apareceu perguntando se ele já havia sido atendido, perguntando no que poderia ajudá-lo, ao que ele respondeu “não” à pergunta feita anteriormente.
Baekhyun retirou uma receita médica de dentro do bolso e entregou à moça, que ao ler o nome do medicamento, olhou para Baekhyun com preocupação estampada em seu semblante ao notar a tristeza presente na face do rapaz. Mas sem dizer nada, apenas se virou, indo até a prateleira onde estava o medicamento, colocando em uma cestinha pequena e entregando nas mãos de Baekhyun que se encaminhou para pagar pelo o medicamento e, a senhora que estava no caixa olhou para si da mesma forma que a moça do balcão.
– São seis mil won. – Disse e pegou o dinheiro que o rapaz lhe estendeu – Você está bem, meu filho? – indagou preocupada.
– Sim.
– Tem certeza que precisa deste medicamento?
– Preciso. – Respondeu baixo, desviando o olhar.
– Escute, seja qual for o problema pelo qual está passando, não faça nenhuma besteira. – Disse docemente. – Vejo no seu rosto que pretende usar este medicamento de forma indevida.
Baekhyun nada disse, apenas abaixou a cabeça e permaneceu em silêncio.
– Vai ficar tudo bem, meu filho. – A senhora disse antes de entregar a sacola a Baekhyun, que a pegou e antes de sair do estabelecimento, disse:
– É, vai ficar.
Assim que chegou em seu apartamento, Baekhyun foi direto para o quarto e deixou a sacola em cima da cama, pensativo sobre as palavras da senhora.
Balançou a cabeça e foi em direção ao armário perto da porta do quarto, pegando uma bermuda e cueca e, abrindo a parte das roupas de Chanyeol, pegou uma blusa leve, aproximando o pano do nariz e percebendo que não havia mais o cheiro dele ali. Suspirou triste e foi até ao banheiro para tomar um banho.
Durante o banho tornou a pensar no namorado e sentiu a culpa tomar conta de si novamente, achando injusto ele ter sobrevivido e Chanyeol não. Começou a se questionar:
“Por quê o Yeollie não sobreviveu também?”
“Por quê eu não morri junto?”
“Por quê?”
Ficou ali, se questionando e relembrando o momento do acidente.
◾◾◾
"Estavam indo para a casa dos pais de Baekhyun passar o final de semana lá, já que a senhora Byun, havia ligado para o filho uma semana antes, o intimando a ir, alegando que ele e o genro nunca iam visitá-los. Baekhyun falou com Chanyeol, que concordou em ir para Bucheon.
Na semana seguinte, acordaram bem cedo, pegaram as mochilas com roupas, objetos de higiene e tudo mais o que precisassem e entraram no carro, pegando a estrada logo em seguida, com Baekhyun ao volante.
Enquanto Baekhyun dirigia, seu celular começou a tocar, mas logo parou. Pediria para Chanyeol pegar o aparelho, mas quando olhou para o lado, o maior estava dormindo tão sereno que ficou com pena de acordá-lo, então se esticou um pouco e pegou o celular no porta luvas, vendo que era uma chamada de sua mãe, percebendo também que havia uma mensagem de seu irmão perguntando se já estavam chegando.
Pensando em como eles deveriam estar preocupados, Baekhyun resolveu retornar a ligação de sua mãe. Enquanto se distraiu, mexendo no celular, não percebeu que estava perto de uma curva e, com o tempo chuvoso e a pista molhada, acabou perdendo o controle, derrapando e capotando com o veículo.
Foi tudo muito rápido.
Em um momento estava ligando para sua mãe, enquanto olhava de relance para Chanyeol, em outro, só sentiu o impacto de sua testa contra o volante e apagou.
Foi desesperador acordar com um monte de luzes a sua volta e olhar para o lado e ver Chanyeol ainda desacordado.
– Y-yeollie... – Chamou com a voz fraca e esticou o braço para tocar no rosto do amado. Acabando por se assustar ao sentir a pele fria, se desesperando mais ainda ao que ele não reagia. – A-acorda Yeollie... Por f-favor! – A essa altura já chorava de desespero e se sentia ainda mais fraco.
Só se lembra de ter apagado novamente e quando acordou, assustado, percebeu que estava em um quarto de hospital, com sua mãe sentada na poltrona ao lado da sua cama, dormindo.
– M-m-mãe...
Na mesma hora a mulher acordou.
– Filho! Você finalmente acordou! – Uma lágrima de felicidade escorreu pelo rosto da mulher enquanto ela andava em sua direção.
– Por quanto tempo eu dormi? – Perguntou com a voz ainda fraca.
– Dois dias, meu amor. – Respondeu acariciando os cabelos do filho.
– C-cadê... Cadê o C-chanyeol? – Perguntou, vendo a mulher se retesar.
– Eu vou chamar o médico, querido.
– M-mãe!
Pela reação de sua mãe, Baekhyun percebeu que tinha algo de errado e sua teoria só se confirmou quando viu o médico entrar pela porta, junto de seu pai, seu irmão e o senhor e senhora Park, que sempre fora alegre e estava com um sorriso no rosto igual ao filho, estava com a tristeza estampada em sua face.
– Como se sente, senhor Baekhyun? – Perguntou o médico, caminhando até o Byun, o analisando. – Sente dor?
– S-sim, na cabeça. E esse gesso no meu braço está incomodando. – Apontou – Cadê o Chanyeol?
Nessa hora, Baekhyun pôde ver a senhora Park escondendo o rosto no peito do marido, que estava abatido, com jeito de quem havia chorado muito.
– FALEM LOGO! CADÊ O CHANYEOL? – Baekhyun já chorava.
– Senhor Byun, o senhor precisa ser forte. O senhor Park não resistiu. Quando o resgate chegou, ele já estava morto.
E, ali, o mundo de Baekhyun desabou."
◾◾◾
Não soube dizer exatamente quando o primeiro soluço escapou por entre seus lábios, as lágrimas se misturando com a água e descendo ralo abaixo. Se encolheu no canto do box e ficou ali por um bom tempo, pondo para fora toda a sua dor e sofrimento, não amenizando em nada o que sentia.
–Eu sinto tanto a sua falta Yeollie...
Depois de certo tempo, fechou o chuveiro, pegou a toalha e se secou, olhando no espelho o seu reflexo. Desde o ocorrido vinha se alimentando muito mal, então não se assustava ao ver ali o resultado, a magreza excessiva. Totalmente diferente de como era antes. Mas realmente já não era o mesmo. Não era mais o Baekhyun animado e sorridente de sempre, visto que não tinha mais motivos para ser assim, já que a única pessoa que o fazia se sentir feliz e era dona de todos os seus sorrisos estava morta.
“Por minha culpa.”
Pôs a roupa que havia pego e saiu do banheiro ainda com os cabelos pingando água.
Sentou na cama e olhou para a cômoda ao lado, focando sua visão no porta retrato que continha uma foto sua com Chanyeol, tirada um mês antes do trágico acidente.
Pegou o objeto nas mãos e focou na foto: Os dois deitados na cama, abraçados e sorrindo. Lembrava-se exatamente do dia em que haviam tirado aquela foto.
◾◾◾
“Fazia um friozinho agradável naquela manhã de sábado. Os dois haviam acabado de acordar e aproveitaram que não trabalhariam naquele dia para ficarem abraçados trocando carícias.
– Bom dia, amor. – Chanyeol disse dando um beijinho no nariz do Byun que o olhava.
– Bom dia, Yeollie. – Retribuiu o beijinho, porém, nos lábios.
– O que vamos fazer hoje? – Acariciou os fios escuros do parceiro.
– Que tal ficarmos aqui agarradinhos, dando uns beijinhos? Está frio e estou com preguiça de fazer algo. – Fez bico.
Chanyeol apenas riu e concordou, selando o bico do Byun e o trazendo para mais perto de si, afundando o nariz nas madeixas cheirosas.
– Yeollie? – levantou o rosto para olhar o maior.
– Hum?
– Um dia nós vamos formar a nossa família?
– Claro que vamos, meu amor. – Sorriu – E foi bom você ter tocado nesse assunto, tenho uma surpresa para você.
Se levantou da cama e foi até o armário do casal, abriu uma gaveta e tirou algo de lá, que Baekhyun, que já estava até sentado na beirada da cama para prestar atenção, não conseguiu identificar o que era. Apenas franziu o cenho quando o maior se virou, escondendo as mãos atrás das costas enquanto andava até a cama.
– O que você está escondendo aí? – Perguntou curioso.
Chanyeol então pôs as mãos para frente revelando uma caixinha vermelha de veludo, fazendo Baekhyun arregalar os olhos, olhando fixamente para a caixinha enquanto o maior a abria e revelava o par de alianças douradas que ali haviam.
– Byun Baekhyun... – se ajoelhou em frente ao menor – Você aceita passar o resto da sua vida comigo, na riqueza e na pobreza, na saúde e na doença, até que a morte nos separe?
– É claro que eu aceito! – Abraçou Chanyeol e o beijou – Seremos o casal mais feliz desse mundo e formaremos uma família linda. – Deu o sorriso mais lindo que o outro já viu.
– Vamos sim, meu amor. – Retribuiu o sorriso, secando as lágrimas do parceiro – Já vai decidindo aí se quer adotar um menino ou uma menina. – Riu.
– Pode ser os dois?
– Pode sim, tudo o que o futuro senhor Park quiser. – Sorriu e selou os lábios do noivo – Agora, vamos eternizar esse momento com uma foto.
Esticou o braço e pegou em cima da cômoda o seu celular, pondo logo na câmera e se deitando com o menor, o puxando para perto e posicionando o celular para tirar a foto.
– Diga ‘xis'!
– Xiiiis!"
◾◾◾
E, infelizmente, a morte os separou...
Mal percebeu que já estava chorando novamente, só se deu conta quando viu as lágrimas pingando no porta retrato. Levou as mãos até os olhos para tentar inutilmente secá-los e se levantou, pondo o porta retrato sobre a cama e focou a visão na sacola com o remédio.
Foi até a cozinha, parou em frente ao garrafeiro, pegou uma garrafa de whisky, o favorito de Chanyeol e voltou para o quarto. Sentou na cama, pegou a sacola e tirou o vidrinho com os comprimidos de dentro; Abriu a garrafa de whisky e bebeu, sentindo a garganta arder. Abriu o vidro, pôs uma grande quantidade de comprimidos para dormir na mão e pôs na boca, bebendo novamente o whisky e ingerindo o restante dos comprimidos.
Se levantou novamente e se abaixou em frente a cômoda ao lado da cama, abriu a segunda gaveta e tirou de lá um bloco de notas e uma caneta. Escrevendo com letras tortas uma pequena carta de despedida para os pais e o irmão.
Após terminar, arrancou a folha que havia escrito, jogou o bloco e a caneta no chão e pôs a folha em cima da cômoda. Deitou na cama, pegou o porta retrato e o abraçou; Fechou os olhos, sentido as lágrimas escorrerem, enquanto cantarolava baixinho Picture Perfect do Escape the Fate, uma das bandas que Chanyeol costumava gostar.
Pouco a pouco, a vida ia se esvaindo do corpo de Baekhyun. Começou a sentir seu corpo amolecer, sentia seu coração batendo devagar, enquanto sentia seu corpo ficando gelado e sua visão ficar turva, até que ouviu uma voz. Aquela voz...
“ – Baekhyun?”
– Yeollie...
E com um sorriso no rosto, Baekhyun deu seu último suspiro.
“Mamãe, papai e Beom...
Não fiquem tristes, eu vou estar com o Yeollie agora.
Eu amo vocês.
– Baekhyun.”
No fim, o que a morte separou, acabou juntando novamente.
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