maryjqueen Mary J. Queens

Ino era só uma garota do século XXI como qualquer outra: ela gosta de usar o celular, fazer compras pela internet e stalkear o crush, Sasori, nas horas vagas. Depois de ganhar um misterioso anel com a pedra verde-água mais linda que ela já tinha visto, de presente de 21 anos, sua vida muda radicalmente - mesmo! Agora, sem entender como, Ino se vê presa em algum momento muito distante do passado, no meio de uma batalha entre dois clãs: os Uchihas e os Sabaku. Hã, como era mesmo que seu professor de história chamava essa época...?! GaaIno


Hayran Kurgu Sadece 18 yaş üstü için.

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Devam etmekte - Yeni bölüm Her 15 günde bir
okuma zamanı
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Capítulo 1

I

—... Ótimo, é bom ver que vocês estão animados com a Revolução Dos Seis Dias.

Ino ergue os olhos do celular só por um momento, para ver Aoba arrumando os óculos escuros no rosto. Por que esse idiota usava isso na sala de aula, mesmo? Nem estava ensolarado!

Intrigada com a fala dele, Ino aproveita para dar uma olhada na sala de aula. O professor parecia orgulhoso, mas quase toda a sala estava num sono profundo, cochichando, rabiscando na mesa ou no celular, como ela. A única que não tirava os olhos do pobre professor de história era Sakura, que tinha os olhos brilhando com uma empolgação inexplicável. Para o azar de Ino, a garota estava sentada bem do seu lado – e era, hm, sua melhor amiga.

A Yamanaka revira os olhos e volta a teclar para o namorado, que não parava de perguntar o que ela estava fazendo agora.

— Eu sei, eu sei. Os séculos XVII e XVIII são um pouco maçantes. – Aoba vai dizendo, andando de um lado para o outro, como se alguém estivesse realmente muito interessado. – Então eu decidi que, para deixar as coisas mais dinâmicas, vamos ter um seminário. – Protestos audíveis enchem a sala de aula, mas Aoba não parece que vai voltar atrás. Até mesmo Ino levanta os olhos para lhe lançar um olhar fulminante. – Vamos lá, gente, eu até vou deixar que vocês escolham os grupos e os temas, ok? Vamos ter... hm... 4 grupos de 5, dividam-se. – A sala se enche de barulho, mas dessa vez os gritos são de “posso ficar no seu grupo?” e os olhares são cúmplices. Ino não se preocupa, uma vez que é Sakura quem cuida de toda essa parte.

— Ótimo, ótimo. – Aoba diz, poucos minutos depois, quando as conversas deixam de ser sobre os grupos para virarem sobre as fofocas. – As apresentações devem ter pelo menos 10 minutos de duração e eu quero ver bons slides. Nada que nos faça dormir, pelo amor de Deus. Vocês terão 4 semanas, então eu espero ótimos seminários. Agora, vamos aos temas. – Aoba enche a lousa com alguns nomes, mas nesse momento o namorado de Ino manda outra mensagem e ela resolve responder, sabendo que Sakura vai decidir tudo como uma boa líder. – Então, quem quer falar sobre o grande e temido Clã Uchiha?

Sakura quase dá uma cotovelada na cara da amiga ao levantar a mão.

— EU! – Ela grita, sorrindo de orelha a orelha e Ino arqueia as sobrancelhas, tentando não julgá-la muito. Ao perceber que ela é a única que quer o tema e não vai precisar sair na porrada com ninguém, a rosada cora um pouco e coloca uma mecha do cabelo longo para trás. – Eu quero, professor.

— Perfeito, Srta. Haruno. Grupo 3 fica com o Clã Uchiha... – Aoba diz devagar, escrevendo “Grupo 3” embaixo da palavra “Uchiha” e de um desenho de um leque redondo, provavelmente o símbolo do tal clã.

Ino não vai dizer nada, por que está acostumada a só decorar qualquer papelzinho que Sakura lhe entregasse, mas é aí que ela percebe e, assim que Aoba pergunta sobre o próximo tema, ela agarra o braço de Sakura, de olhos arregalados, e diz:

Testuda! Eles não são o centro da Revolução Dos Seis Dias?! – Era tudo o que Ino sabia sobre o antigo Clã Uchiha, mas isso não poderia ser bom. – Você pegou o tema principal?!

Sakura faz um pequeno biquinho.

— Ai, doida, isso dói. – Ela empurra Ino com a outra mão. – Não se preocupa, ok? Eu juro que vou falar boa parte. É que tudo que eu li sobre eles, tipo, acho que virei uma fã. – Sakura murmura de volta, um pouco constrangida. Ino a olha como se ela fosse louca.

— Sério, não dava para você ser fã do, sei lá, One Direction?!

— Estou dizendo, a professora Tamaki só se importa se vai ter salário o suficiente para alimentar todos aqueles gatos. Todo o resto para ela é besteira.

Ino revira os olhos, gesticulando com as mãos enquanto ela e a amiga, Sakura, sobem pela escada rolante. É um pouco perigoso estar usando uma saia tão curta numa escada tão inclinada, mas quem se importa? Um pouco desconfiada, a rosada cruza os braços sobre o peito e balança a cabeça.

— Isso não quer dizer que você pode deixar de estudar para uma prova.

— Ah, é mesmo?

— É mesmo – confirma, com o mesmo tom de voz que a mãe dela gosta de usar. – Falando sério, você não pode estar pensando que ela vai te dar nota de graça.

Ino mostra a língua para a amiga, cruzando seu braço no dela.

— Por que você é tão sem graça, testuda? Uma garota não pode sonhar?

Sakura junta as sobrancelhas para o apelido e dá um leve empurrão na loira, estalando a língua.

— Você é uma idiota, porca. Tô torcendo pra você ficar na matéria dela.

— Agora só está sendo uma péssima amiga – Ino diz, ofendida, e a rosada só pode rir. – Ok, podemos esquecer a faculdade um momento? Meu roteiro é o seguinte: Robbie's, Anne More, a Azuli e depois podemos tomar um sorvete zero lactose.

Sakura faz uma careta, tentando não cair das anabelas quando Ino avista a primeira loja de roupas, Robbie's, e apressa os passos na direção dela. Fazer compras não era exatamente o seu passatempo preferido, então talvez devesse ter ficado em casa. Infelizmente, Sakura já está aqui.

— Sério, se as provas da Tamaki tivessem algo a ver com shoppings ou com as Kardashians, a coitada da Shiho já poderia ter dado adeus à medalha de melhor aluna da sua sala.

Sakura suspira, apoiando o cotovelo no joelho e o queixo na palma da mão, feliz por ter escolhido vir com uma bermuda de pano que lhe permitia se sentar de qualquer forma confortável – inclusive com as pernas bem abertas, obrigada. Ela já tinha revirado o Facebook desde que Ino entrara para o provador com outro vestido, e nem isso fora capaz de matar seu tédio. Era um desses momentos tão, tão tediosos que você poderia ligar para Menma e dizer que, sim, aceitava sair com ele, só para animar um pouco sua vida e...

— E então?

A rosada pisca para a voz de Ino e levanta o rosto, saindo dos pensamentos – ela tinha se imaginado saindo com Menma? Céus – e olhando para a loira. Está usando um vestido verde que combina muito com seus olhos, apesar desses serem azuis. A Yamanaka dá uma voltadinha, mostrando como o tecido é apertado na sua bunda.

— Sasori não vai conseguir dizer não para isso aqui, vai? – ela dá uma reboladinha, rindo. Sakura ri também e aproveita para esticar os braços acima da cabeça, se espreguiçando.

— É seu aniversário ou dia-para-conquistar-o-Sasori? Assim, só para saber. Talvez eu também precise de uma roupa nova para a ocasião.

Ino revira os olhos, ficando de frente de novo e mexendo na franja.

— Você não ouse aparecer na minha festa com sua merda hippie, Sakura, estou falando sério. Eu vou te tirar de lá no chute!

— Ei, eu usava saia longa e faixa dois anos atrás, dá para esquecer isso? – Sakura cruza os braços de novo, vermelha. – E você está linda. – Os olhos azuis de Ino se acendem de alegria. – Podemos ir embora?

Nesse momento o brilho da loira some e ela faz uma careta.

— Só por causa disso, não. Olha, eu quero que você seja sincera, não é só para sairmos daqui.

— Ino, você já provou 15 roupas diferentes. E eu juro, você ficou maravilhosa em todas elas. Nós não podemos pelo menos, sei lá, ir para outra loja? Essa cadeira vai ficar com a marca da minha bunda se ficarmos mais um minuto aqui.

— Que bunda? – Sakura olha feio para ela e Ino dá uma risadinha de canto. – Ok, testuda, só mais um, tá? Se eu não gostar, podemos ir. – Ela segura o rosto da amiga entre as mãos e dá um beijo na testa dela, animada. Sakura continua entediada e quando a cortina se fecha outra vez, seu queixo ainda está apoiado na mão.

Esperando, ela aproveita para passar os olhos pela loja e pela vitrine. Do seu lado esquerdo, há uma vitrine de vidro com alguns manequins, que dá para o outro lado do shopping. Dá para ver as pessoas passando naquele ensolarado começo de tarde – algumas famílias, casais, amigos rindo do último filme em cartaz. Sakura pisca ao perceber um letreiro que não tinha visto antes e inclina a cabeça para o lado. É de um azul profundo e está escrito "Brilhante Aura". Embaixo, letrinhas brancas contornadas por preto dizem "produtos esotéricos e religosos".

— Abriram uma loja esotérica – diz, em voz alta, para Ino ouvir. Poucos segundos depois, a cabeça da loira e seus ombros nus aparecem na cortina. – Estranho, eu nem ouvi sobre a inauguração.

— Eu sabia que aquela gótica da Konan estava com umas bijuterias novas.

Sakura arqueia as sobrancelhas.

— Hã... E o que isso tem a ver?

Ino revira os olhos, como se chamasse a Haruno de idiota.

— Qual é, Sakura, nem você pode negar que ela tem todo esse jeito de bruxa, então deve ter comprado aí, junto com o resto da baboseira dela – Ino abana a mão, quase revelando demais. – Não que eu não ache estiloso todos aqueles piercings e tal, mas eu sou contra matar gatos.

— Ok, você sabe muito bem que essa coisa dela matar gatos foi inventada pelo babaca do Hidan, só por que ela não quis transar com ele.

Ino pensa nisso por um momento, balançando os ombros.

— É, tá, ele é mesmo um babaca.

— E se você realmente acha que isso é uma "baboseira"... – Sakura vai abrindo um sorriso, usando um tom de voz suspeito. – Por que não vai lá e diz na cara dela? Medo de uns feitiços?

Ino junta as sobrancelhas, voltando-se para dentro do provador imediatamente.

— Aí, Sakura, para de usar esse tom de voz sinistro. – A rosada ri, se mexendo na cadeira. – Eu só tenho um pouco de pena da garota, ok? Eu não acho que ninguém deveria ficar lá enchendo o saco dela.

— Justo, eu acho. Mas Konan não é uma bruxa, seja lá o que você quer dizer com isso.

Sakura finalmente consegue arrastar Ino para fora da loja depois de ela se apaixonar por um mini vestido (in-crí-vel) roxo. Até a Haruno precisa concordar que valeu a procura – a roupa caiu tão bem em Ino que é como se fosse desenhado para ela. As duas seguem para a praça de alimentação conversando sobre a faculdade de enfermagem de Sakura, e a de administração da loira, sobre a festa de aniversário Ino, que aconteceria dali uma semana, sobre tudo um pouco e aproveitam um sorvete italiano sem lactose que, apesar de Sakura dizer que não tem gosto algum, termina o seu e pede mais um.

Ino está contando mais uma vez, dessa vez acrescentando os comentários que tinha ouvido de Kim, sobre quando ela e Sasori se esbarraram no metrô – a estudante de música estava junto quando aconteceu. Ela suprime um suspiro ao ver que Sakura não parece estar ouvindo. A Haruno leva lentamente uma colher do sorvete até a boca, olhando para o outro lado. Curiosa, Ino segue o olhar, só para encontrar um letreiro azul.

— Brilhante Aura... – ela lê baixinho, devagar, e olha imediatamente para Sakura. – Ah, não.

Sakura se vira para ola, olhos brilhando.

— Por favor? Por favor! Não pode dizer que não está curiosa.

— Sakura, eu não gosto dessas coisas – Ino corre uma das mãos pelo braço, como se tivesse se arrepiado. – O máximo que eu posso chegar perto é, não sei, signos no jornal. E eu até acho aqueles colares de pedras bem legais, tá? Mas todo o resto é idiota. Você pode ir sozinha se quiser.

— Qual é, estamos nós duas aqui. Por favor, Ino. Eu juro que só quero ver o preço das velas coloridas! Esses lugares sempre têm velas aromatizadas, também, e você ama. – Ino não parece convencida, ainda séria. – Sais de banho! Pense nos sais de banho. Eu te compro qualquer sal de banho que você gostar.

Ino suspira, de repente muito interessada. É verdade que qualquer coisa grátis atraia a jovem universitária, inclusive injeções na testa.

— Tá bom, tá bom. Mas é rápido!

Sakura termina animadamente seu sorvete e, depois de elas terem jogado tudo no lixo, as duas seguem em passos firmes até a loja, do outro lado. É verdade que os passos de Ino são mais hesitantes que os de Sakura, que quase pula até lá; a Haruno era dessas que gostava de fazer simpatias e acender velas para certos casos. Nunca tinha sido um empecilho na amizade delas por que Sakura sabia muito bem como respeitar as escolhas espirituais de Ino, e essa, na maioria das vezes, não perguntava, se metia ou dava opiniões no assunto.

Conforme elas se aproximavam, a loja ia ficando mais clara. Não era tão grande, mas tinha um tamanho bom o suficiente para ninguém se sentir sufocado. Pouco iluminada e esfumaçada, era difícil distinguir as coisas nas prateleiras ou penduradas nas paredes escuras – mesmo estando tão perto. Sakura tinha razão, era esquisito que elas não tivessem visto esse lugar sendo inaugurado, considerando que viviam pelo shopping...

Um passo dentro, após empurrar levemente a única porta, que ficava ao lado de um mostruário de vidro, os pés de Sakura param e Ino segue seu olhar surpreso. Está olhando para o balcão próximo à vitrine. Sobre a madeira escura há alguns porta-quinquilharia cheios de coisas, como chaveiros e cartas, uma caixa registradora e... duas botas de vinil. Na verdade, duas pernas. Uma mulher está inclinada na cadeira atrás do balcão, lendo um livro, e apoia suas pernas sem se importar se algum cliente vai achar esquisito.

Ela usa uma saia negra que cobre o começo das botas, que vão até os joelhos, e um top também negro, que cruza no seu pescoço num decote leve. Dá para ver um pouco da pele de sua barriga, pálida, mas nada muito vulgar. Os braços estão cheios de pulseiras com espinhos e faixas negras. As unhas, azuis escuras, seguram um livro de capa marrom com uma runa desenhada. Ela combina perfeitamente com o ambiente, como se fizesse parte dele, e seus olhos parecem seguir pelas páginas no ritmo da música ambiental que circunda a loja.

Um sino tinha tocado quando elas abriram a porta e a mulher ergue os olhos do livro, entediada.

— Sejam bem-vindos à Brilhan... – Ela deixa de falar, piscando. – Sakura? E... Ino? – Parece ser um esforço para ela se lembrar do nome da loira. Quando tira seus olhos de Sakura e a encara, porém, a Yamanaka precisa limpar a garganta. Ok, definitivamente ela não gostava dos piercings de Konan. Era muito melhor quando a garota tinha só um, embaixo do lábio superior. Seu rosto magro, pálido e bonito agora estava cheio de pedrinhas brilhantes. Nada contra, só não combinava com o gosto pessoal de Ino.

— Konan? – Sakura diz, surpresa. – Você... Trabalha aqui?

A garota sorri, educada. Na verdade, as três se conheciam muito pouco, quando ainda precisavam pegar o transporte público para a faculdade. Konan fazia história na mesma faculdade delas, embora em outro prédio, mas moravam perto e sempre acabavam no mesmo ônibus. Depois que Ino começara a namorar Sai, um garoto que morava perto da faculdade, ela quase sempre dormia com ele e já não voltava para casa com as meninas. Um caso infortúnio de assédio contra Sakura juntou-a com Konan, que acabaram por sempre se sentar perto uma da outra e trocar algumas palavras, a fim de mostrarem que não estavam sozinhas.

Isso já tinha dois anos. Logo Konan conseguira um carro e Sakura também. Agora as três só se cumprimentavam educadamente quando se encontram por aí.

— É, tipo isso. Eu meio que... dormia com o dono e ele precisava de uma caixa-atendente, então, sei lá, tô aqui. – Ela dá de ombros, sorrindo de canto e deixando o livro que lia sobre o balcão. Sakura e Ino riem. – Bem, hã... Fiquem à vontade.

Sakura acena e Ino murmura um "obrigada". É quando pode, realmente, aproveitar o ambiente da loja. O chão é de uma madeira escura e velha, como o balcão, e as paredes são de um cinza tão forte que parece preto. Prateleiras de madeiras separam a loja em três e faixas com runas e palavras em latim, que Ino não pode entender, estão penduradas. Sakura entra no primeiro corredor e Ino a acompanha, piscando os olhos para a fumaça com cheiro de erva-doce – muito provavelmente fruto de diversas velas aromáticas acesas.

A Yamanaka sabe como se sente quando está tentando escolher uma roupa e alguém fica muito em cima, então tenta dar espaço para Sakura, olhando outras coisas. Pode ver algumas esculturas pequenas de mulheres e vasos com formatos engraçados. Estatuetas de fadas e duendes, mais para o alto. Até mesmo alguns quadros estranhos de natureza morta. Logo a rosada está no segundo corredor e Ino se distrai olhando os sais de banho, que achou acima de uma prateleira cheia de pêndulos em diversos formatos. O cheiro de erva-doce a distrai mesmo quando pega um sal de banho de eucalipto e leva até o nariz, tentando provar. Por fim, aproveitando a música orquestral que enche seus ouvidos, Ino decide fazer Sakura pagar um bem baratinho, só para não sair de mãos vazias – é o de jasmim.

Ela continua andando até o fim do corredor, a fim de ir para o segundo pelo final, quando uma prateleira na altura dos seus olhos a faz parar imediatamente: há uma escultura cinza, de duas mãos femininas com longos e magros dedos. As unhas quadradas se destacam por serem mais claras que a "pele". Do começo até o fim, todos os dedos estão cheios de anéis. Cada dedo tem um anel próprio, e ele se repete até que só seja possível ver as unhas, e cada um tem um pequeno papel grudado, indicando seu preço. Ino nunca foi muito de gostar de anéis, mas esses... Todos são delicados e femininos e têm uma pedra brilhante incrustada – alguns, mais de uma. Os da mão direita imitam ouro; os da mão esquerda, prata. O dedo médio da mão esquerda é o que faz Ino abrir a boca em "o".

Seis anéis iguais, de pedras vermelhas, se enfileiram nele; exceto o sétimo, bem no meio. Esse têm três pedras: as das laterais são simples brilhantes, mas a do meio tem o tom de verde-água mais bonito que Ino já vira. A joia não é tão grande e o anel é tão fino quanto uma linha de expressão. Um pouco surpresa de vê-lo no meio de outros diferente, Ino procura nos outros dedos – nenhum deles, porém, tem uma joia verde-água. E nenhum deles tem a do meio de outra cor; todos terminam em número par. Esse anel é filho único.

Relutante, ela ergue a mão, pronta para tocá-lo; a orquestra nos seus ouvidos parece repentinamente mais alta. A fumaça, mais densa, mais cheirosa.

E então, quando Ino está prestes a tocá-lo, tão perto...

— É uma beleza, não é? – Uma voz profunda e feminina faz com que ela recue a mão imediatamente e arregale os olhos, surpresa. Do seu lado, Konan a encara um pouco constrangida. – Ah, me desculpe. Não queria assustá-la.

Tão de perto, ela pode ver que o rosto magro não apresenta nenhuma imperfeição – as falsas olheiras são feitas com maquiagem roxa, que cai sob as maçãs de seu rosto como blush. Ino respira fundo.

— Não, não assustou. Eu estava... Distraída. – Ela lança um olhar para o anel. Por um momento, tinha se perdido na beleza dele. Foi... Esquisito.

Konan também o olha, mas ergue os dedos e toca um dos anéis vermelhos, como se não fosse nada demais.

— Cada anel desses tem um significado. As joias servem como um imã de circunstâncias; eles têm nomes e histórias. O vermelho, por exemplo, atrai o amor. Seu nome é Sol da Meia-Noite. O azul, Primeira Manhã de Dezembro, paz – explica, rapidamente. Então vira a mão direita para Ino, onde um anel dourado com pedra amarela se faz presente em seu dedo anelar. – O amarelo, O Hino da Virtude, sucesso. – E sorri.

Ino sorri de volta, embora não consiga esconder a descrença nos olhos.

— Não é um pouco clichê? A escolha das cores.

Konan ri, dando de ombros.

— Talvez. Mas mesmo que você não acredite que eles realmente atraem algo, não pode negar que são bonitos. – Ela pisca um olho para Ino e franze os lábios. A loira dá mais uma olhada no anel verde-água, o único, e, sem tirar os olhos dele, diz:

— E o verde?

Konan passa a língua sob o lábio inferior, juntando as sobrancelhas.

— Ah, esse é interessante. Gêmeo da Sorte. Vê, como a pedra parece formar um trevo de quatro folhas? – Ino controla a vontade de dizer que só se assemelha a um trevo de quatro folhas por que Konan tinha dito e simplesmente balança a cabeça. Quando vê os olhos da garota gótica, porém, eles estão estreitos e suspeitos. Ela encara os lados de forma teatral, se certificando de que não havia mais ninguém próximo delas, se inclina como quem diz um segredo e conta, num sussurro:

"Pela manhã, acordará

Sobre um profundo véu verdejante

As lágrimas cobrirão seu rosto

E velas serão acesas em seu nome

Pela tarde, correrá

Entre as sombras das montanhas

Escondido nas grutas

Perdido entre as águas da lagoa

Mas, se à noite nascer o Sol,

Feito será.

O gêmeo o encontrará.

Como deve ser.

Seus pés não terão que correr

Nem seus olhos terão que chorar

Nem dor haverá

Como deve ser.

E suas lágrimas serão ouro

Como o sangue será prata

E o suor florescerá

Como deve ser.

E então, pela manhã

Acordará sobre plumas e areia

A água cobrirá seu rosto

Mas as velas já terão se apagado."

Ino encolhe os ombros, sem saber muito bem o que dizer quando Konan finalmente termina sua poesia.

— Decorou tudo isso? – sussurra, sentindo-se um pouco tola logo depois de falar.

— Acho que é meu trabalho... – Ela têm um sorriso, mas não tira os olhos do anel. Ino também volta a olhá-lo. – Foi a única coisa que veio com eles. Histórias.

— Hã... Que lindo! Bem poético, né, o poema... – elogia, sem nada melhor para falar. Konan concorda com um som da garganta. Então Ino franze os lábios. – Mas por que gêmeo?

Konan tem a mesma expressão de confusão, mas separa os lábios para contar. Não é sua voz que Ino ouve, porém.

— Ei, Ino, olha só esses brincos de pen... – Sakura se cala ao ver as duas garotas juntas. Na sua mão, há um par de brincos de penas longas e escuras. Ela sorri. – Que bonito, você está perturbando a Konan? – A de cabelos azuis ri e Ino olha para a amiga ofendida, se aproximando dela.

— Haha, que engraçadinha. Se você quer saber, eu estava convidando Konan para minha festa.

— Estava? – Konan pergunta, sorrindo de canto. Ela agora está de lado para a escultura de mãos. A loira não pode evitar olhar o anel mais uma vez, antes de sentir as bochechas vermelhas, e encarar a mulher com o queixo erguido e um sorriso convidativo.

— Sim, antes de a testuda chegar. Konan, você gostaria de ir para minha festa de aniversário? É dia 23, no meu prédio.

Konan sorri, como se fosse dizer sim, mas então junta as sobrancelhas e franze os lábios.

— É dia de lua cheia – comenta, mas o seu tom de voz não revela nada.

Ino olha divertida para Sakura, que parece tão confusa quanto ela e mexe os ombros, dizendo que não sabia. A Yamanaka não contém uma piadinha, então.

— O quê, você tem medo de lobisomens? – E ri.

Infelizmente, sua risada ecoa pela loja de uma maneira bizarra com a música, pois é a única das garotas que está rindo. Sakura parece um pouco constrangida e, só quando o riso de Ino vai diminuindo pela vergonha, é que Konan sorri de canto e balança a cabeça com certa graça, caminhando com suas botas até o balcão.

— Não, é claro que não.

E, sob o olhar atento das duas garotas, ela volta a ler como se nada tivesse acontecido.

Quando Ino a olha, Sakura dá de ombros e ergue os brincos.

— Então, não são lindos? Acho que se eu prender meu cabelo assim, dá para usar na sua festa. Combinam com o cropped que eu separei.

— São, são sim – Ino diz, distraída. Ela olha além do ombro para Konan, que não tira os olhos do livro, e depois para Sakura, murmurando: — Sakura, podemos ir?

Percebendo o tom de súplica da amiga, a Haruno suspira e coloca os brincos dentro de uma pequena cestinha que encheu de coisas. Ela pega o sal de banho que Ino ainda segura na mão esquerda, coloca dentro da cestinha e acena com a cabeça positivamente. As duas seguem para o balcão onde, rapidamente, Konan faz a conta sem comentar sobre nada que Sakura pegou. Mesmo assim, elas se encaram educadamente e Ino, por sua vez, encara a porta, louca para sair. Sua última fala tinha sido mesmo constrangedora.

Quando tudo está dentro de uma sacola, sua boca se move automaticamente:

— Espero que possa vir.

Konan pisca, um pouco surpresa, e sorri. Os piercings em seu rosto parecem mais brilhantes dessa forma. Ela balança a cabeça, como quem diz sim, e Ino e Sakura deixam a fumaça e a música obscura para trás. Ino não sabe dizer bem o porquê, porém, mas mesmo quando ela e Sakura atravessam o estacionamento em direção ao carro azul marinho que pertence à loira, sente que se esqueceu de algo.

— Ino, você... – Sakura entra no quarto, só para se deparar com a loira enrolada numa toalha branca e encarando o celular com o cenho franzido. – O que você tá fazendo?! Ai meu Deus, você nem se maquiou ainda. Ino, a festa é daqui 2 horas. Tem como vestir pelo menos uma calcinha?!

Ino joga o celular na poltrona, que fica em frente à cama, e esconde o rosto no travesseiro que estava debaixo dos peitos. Ela sacode as pernas violentamente, sob o olhar de pânico de Sakura, que só consegue desviar os olhos da amiga para botar a cabeça para fora da porta e dar mais uma olhada na decoração que faltava por no salão de festa, do qual tinha acabado de sair – quando raios esse Buffet vai chegar?! Tudo já estava deixando-a estressada.

— Eu não quero mais festa! – Ino grita, abafada pelo travesseiro. Imediatamente Sakura a encara de olhos arregalados, quase perdendo o ar.

— Você, o quê?!

— Não quero mais festa nenhuma! – Ino ergue o rosto do travesseiro e Sakura pode ver como está vermelho. – Pode mandar mensagem naquele grupo da festa desmarcando tudo. Mas tira a Shiho antes. E o Hidan. Por mim eles podem perder a viagem. – E volta a se esconder no travesseiro.

— É, ai ele vãos acabar transando na portaria do seu prédio, ótima ideia – Sakura revira os olhos, sentindo-se zangada. Ainda bem que o conjunto de saia e cropped verde que comprou não a apertam demais, se não estaria tendo um ataque de pânico agora mesmo. Nunca mais ajudaria Ino a organizar nada! – Quer me contar o que tá rolando?

Sem responder, Ino aponta para a poltrona onde seu Iphone foi jogado. Sakura junta toda a paciência do mundo para andar até lá, sentar-se e desbloquear o celular com a senha já conhecida. O aparelho liga no Facebook, aberto na foto de uma garota morena fazendo selfie. Tem um jardim bonito atrás, mas nada que interesse pessoalmente a Haruno, que levanta os olhos sem entender – Ino não tinha curtido.

— Hã... Você está com ciúmes do jardim? – brinca, aproveitando para dar uma olhada nos comentários. A foto é de pelo menos 8 meses atrás.

Ino ergue o rosto zangado do travesseiro.

— Argh, testuda, por que você tem que ser tão lerda?! – Ino ralha e Sakura lhe manda o melhor olhar de "ei, eu vou realmente cancelar sua festa". – Sasori deu amei nessa foto. E em outras cinco de dois anos atrás!

Sakura abre a boca em "o", arqueando as sobrancelhas. Ah, bem.

— Ai, Ino, o que isso quer dizer hoje em dia? Sabe, talvez ela nem tenha ligado. E ela nem é tão bonita assi – Sakura deixa de falar, pois chegou em uma foto da garota de biquíni; a localização diz "Caribe". Sakura controla um assovio. – Ok, ela é bonitinha. Mas amiga, você é... hã... Top. Lindona mesmo.

Ino lança um olhar atravessado e Sakura ri amarelo, bloqueando o celular.

— É, tá. Mas o Sasori mal curte minhas fotos, nem no Insta!

Sakura revira os olhos para o drama, até que algo chama sua atenção.

— Pera aí, como você ficou sabendo o que ele curtiu dela...? – Sakura pergunta, se aproximando para sentar-se do lado dela na cama. Ino deixa de mexer as pernas e a rosada cruza os braços. – Ino...

— Ai, tá bom, tá bom, talvez eu tenha stalkeado ele – murmura, botando só os olhos para fora do travesseiro. Sakura arqueia a sobrancelha direita. – Argh. Talvez eu tenha stalkeado demais.

A Haruno mexe a cabeça em desaprovação.

— Tô falando, garota, você precisa parar de segui-lo. Ou isso, ou tratamento de choque. – Ino a encara confusa, mas Sakura acabou de abrir a configuração de bloqueio do celular. A loira suspira pelo nariz.

— Qual é, Sakura, você não vai conseguir mudar minha senha, eu... Puta que pariu, testuda maldita, devolve agora! Quando você cadastrou sua digital no MEU Iphone?! – Ino se levanta imediatamente, tentando alcançar o telefone que, meio sentada, meio deitada, Sakura ergue bem acima da cabeça. Ino coloca os dois joelhos um de cada lado do quadril da amiga, xingando todos os palavrões que consegue.

— 1, não é IPHONE, é celular – Sakura diz, tentando fugir da loira. Felizmente ela sempre tinha sido mais forte e, com um empurrão, Ino está de barriga na cama. – E 2, você vai se arrumar agora e ficar bem feliz com uma cervejinha ou eu vou cancelar a festa toda, mandar o Buffet para minha casa e ficar com seu celular pelo resto do fim de semana.

Brava, Ino ergue o olhar na direção de Sakura, como se dissesse que ela não pode estar falando sério. Mas Sakura está extremamente séria, sim. A loira bufa.

— Essa bosta foi cara, então eu chamo do que eu quiser. Agora sai do quarto e vai me buscar a cerveja, faz favor?

O drama de Ino não durou mais do que alguns minutos depois que o salão de festas, bem decorado, se encheu de gente. As duas amigas tinham feito questão de convidar quantas pessoas pudessem, compraram bebida o suficiente para umas 15 ressacas, a playlist do dj tinha muita música pop e eletrônica e todos que não queriam dançar podiam se sentar nas mesas mais afastadas e comer à vontade.

Nesse momento, com uma caneca – a estampa diz "KONOHA UNIVERSITY" – cheia de não-sei-o-quê levantada acima da cabeça, Ino rebolava com o joelho de Sakura quase entre suas pernas. A rosada, em conjunto de cropped verde, maquiagem leve, os dois brincos de pena que tinha comprado e cabelo desarrumado, fechava os olhos e levava o quadril o mais embaixo que conseguia. Ino não se lembrava de ter se sentido tão bem em semanas; seu vestido era curto, decotado nas costas e mostrava tudo o que ela passava horas na academia para aperfeiçoar. O cabelo loiro e liso estava solto, como ela costumava usar poucas vezes, e caía até sua cintura – a maquiagem, por sua vez, já não era a mesma de horas atrás, mas boa parte ainda se mantinha intacta.

Quando o refrão da música finalmente acabou e as pessoas aplaudiam o DJ, Ino se curvou e disse para Sakura que iria buscar mais um pouco de bebida. Servindo-se de algo alcoólico com frutas no meio, Ino pensava em como tinha sorte de seus pais serem tão mão-aberta. Os pais de Sakura regulariam qualquer gasto que elas pensassem em fazer, mas a Yamanaka tinha sido sempre a garotinha do papai. Ok, ela estagiava, mas nunca que seu salário do estágio ia dar para todas essas coisas.

— Se importa? – Uma voz murmura perto do seu ouvido, alto e próximo o suficiente para ser ouvida além da música. Ino se vira de surpresa, só para constatar que ele estava com o queixo quase colado em sua bochecha. Um copo vermelho de plástico estendido quase na altura dos seus lábios.

Já bêbada, Ino sorri e o serve devagar.

— Sasori. Não achei que viria – responde de volta, agradecendo que a mesa estivesse num lugar estratégico, onde conversas podiam rolar sem gritaria.

O ruivo, já um pouco suado e cheirando meio entre cerveja e desodorante masculino, sorri de canto, olhos castanhos grudados nos dela.

— Você me convidou pessoalmente.

— E você não pôde recusar...

— Por que eu recusaria estar em uma festa com você? – ele responde contra seu ouvido de novo, bebendo um pouco do líquido. Seus olhos descem do pescoço de Ino para sua barriga e a barra do vestido, que termina na metade das coxas. As coisas já estão rodando para ela um pouco, mas não é o suficiente para se atrapalhar quando balança a cabeça do modo mais sexy que consegue.

— Eu sei! Foi o que eu disse para tonta da Sakura – diz, sorrindo meio boba. Franze o cenho quando vê a expressão bem humorada de Sasori. Hã... ele não deveria saber que ela estava falando sobre ele com a amiga, não. – Quer dizer... – Ino bebe um pouco, se atrapalhando. – Está gostando?

Sasori bebe antes de responder e o olhar dela corre pela camisa cinza, dois botões abertos, e o jeans que ele está usando. E as botas de couro. Ah, ela realmente tinha uma queda por ruivos, Kim K. a ajudasse. Ele sorri e, misteriosamente, uma das mãos dele está na sua cintura quando responde:

— Adorando.

As mãos de Sasori não se restringem à cintura modelada de Ino por muito tempo. Logo elas estão em seu quadril, em suas coxas, em seu cabelo e em sua bunda, apertando tudo o que pode e puxando a garota para si com muita vontade. A loira, por sua vez, tenta se equilibrar no salto com só uma das pernas, pois a outra circula o tronco dele com uma vontade imensa que ela não tinha sentido em nenhum dos seus encontros casuais.

Estava acontecendo. Estava beijando e provando a esplêndida boca de Sasori Akasuna, seu crush de alguns meses. Tinha um gosto forte de álcool e é verdade que eles estavam bêbados o suficiente para ela sentir muita língua e muita saliva em muitos lugares – mas quem liga?! Uma das mãos dela escorrega para dentro da camisa dele, dedilhando a barriga magra com as unhas e jogando o pescoço para trás quando ele resolve beijar a pele sensível da área e o começo do decote.

Ino só se dá conta do que ela está acontecendo, de verdade, quando sente a ereção dele contra sua coxa e uma das mãos deixa de apertar sua bunda para brincar com o elástico do seu fio-dental. Okaaay, eles não podiam fazer isso aqui, perto da mesa. Se algum dos seus sentidos ainda estavam a favor dela, jurava que tinha visto pessoas tentado pegar algo para comer e beber e se afastando com risinhos suspeitos quando viam o que estava acontecendo.

Tentando se concentrar, ela ignora os "cara, como você é gostosa" que saem da boca dele e sussurra para eles irem para outro lugar. Ela deixava algumas camisinhas em alguma gaveta, tinha certeza, então eles só precisariam achar. É verdade que ela tomava anticoncepcional, mas nunca se sabe o que esses caras andam fazendo.

Ino finalmente consegue arrancar Sasori do salão de festa – ele está abraçando-a por trás e beijando seu pescoço – e, próximos ao estacionamento, fazem o caminho até o elevador. Já deve ser 21hrs e a festa está no pico; ela sabe que eles não podem demorar muito, mas, quando ele aproveita uma pilastra para encostá-la e colar seu corpo no dela, não consegue dizer não.

Sentido o baixo-ventre queimando, Ino desvia da boca e da língua dele e apoia a cabeça no seu ombro, abraçando-o e sussurrando em seu ouvido:

— Você tem uma camisinha?

Sasori solta um ruído baixo que deve significar "sim" e Ino aproveita para deslizar as mãos até o bolso detrás dos jeans dele. Nessa hora o ruivo já está beijando seus seios e os apertando com as duas mãos. No momento em que ela abre os olhos para procurar melhor na carteira, que já achou, um só poste de luz e a colorida iluminação que sai do salão são seus únicos aliados – não é o suficiente para fazer com que ela não se assuste.

Num grito abafado, a carteira escorrega da sua mão para o chão e Sasori para os movimentos imediatamente.

— M-Me desculpe, eu não queria... – a garota, a poucos passos deles, tenta dizer. Seu rosto parece vermelho e tão assustado quanto o de Ino. – Merda, que vergonha.

Quando Ino tinha aberto os olhos, Konan tinha aparecido como que da fumaça; do nada. E suas íris azuis se encontraram com as alaranjadas dela. Fora o suficiente para o coração da loira acelerar. Sasori, ofegante e confuso, não tira as mãos do quadril de Ino ao se virar.

— Hã... Estamos meio ocupados aqui, então...

— Não – Ino diz, a voz um pouco falha. Merda, eles estavam tão expostos. Qualquer carro que chegasse ou pessoa que saísse ou entrasse do salão, como deveria ser o caso da garota, poderia vê-los. Ela leva uma mão até a testa, sentindo uma estranha dor de cabeça. – Sasori, você pode me pegar uma bebida?

O garoto olha da menina para Ino, perdido. Ele franze o cenho.

— Qual é, Ino, nós estávamos quase... – murmura, apertando entre o quadril e a bunda dela, como que para animá-la. A loira só arqueia as sobrancelhas para ele, séria.

— Sasori? Uma bebida. – Seu tom de voz é daqueles que não deixa dúvidas. Ele a solta quase que automaticamente, murmurando um palavrão e se virando depois de pegar a carteira do chão.

Ino não consegue deixar de passar as mãos no rosto, pensando no que quase tinha feito. Se o síndico soubesse disso, ela receberia uma bela de uma multa. Apesar do horário, ainda havia crianças no prédio, né.

— Me desculpe.

Surpresa de ouvir a voz novamente, Ino se vira na direção da garota, que não foi embora. A luz da lua, o farfalhar colorido e a do poste são as únicas coisas que a iluminam brevemente; ela está usando um vestido negro, simples, de alcinhas e que chega até suas canelas. O vestido parece ter sido feito para garotas magras, mas os seios dela não são exatamente modestos, o que deixa o caimento menos sofisticado que deveria. No cordão preto que usa no pescoço, uma pedra roxa está pendurada e a maquiagem deixa-a com uma aparência doente. O cabelo está penteado para trás, levemente vampiresco.

Ino balança a cabeça, se desencostando da pilastra e tentando arrumar o vestido. Felizmente o batom matte era difícil de sair de sua boca.

— Você veio – murmura, jogando o cabelo para trás. – E não tem problema, não dava pra, tipo, transar aqui, né.

— Dar, dá. Mas eu, pessoalmente, me desanimaria com os telespectadores – Konan sorri de canto para Ino. – Eu vim. Acho que estou um pouco atrasada, mas... Senti que deveria estar aqui.

— Bem, obrigada. Vem, deixa eu te levar pro salão. Não vai tocar nada que você vá gostar, mas se curtir comer e beber, a festa tá ótima também. – E, sem perguntar, sentindo-se mais composta, Ino cruza o braço com o da outra. Está louca para dizer para Sakura trazer o bolo, cantar parabéns e subir para o apartamento com Sasori; só não quer ser grossa com Konan e dizer para ela se apressar. Apesar de estar bêbada e excitada, ainda é uma pessoa muito bem educada, ok?

Konan, porém, não se deixa ser levada. Ela se vira para Ino.

— Espera. Eu trouxe um presente. – E ergue o braço, mostrando uma pequena sacola de papelão negra, com duas letras grifadas: B.A. Brilhante Aura. Ino tenta não fazer uma careta. – Antigamente se acreditava que espíritos malignos vinham roubar a alma do aniversariante, por isso sempre usavam amuletos de proteção. Então imaginei que algo do tipo seria apropriado.

Konan entrega a sacola para ela e, tentando sorrir, Ino agradece. Ela está prestes a dizer que vai guarda com os outros, para abrir mais tarde, mas Konan a olha com tanta expectativa que, sem nem perceber, Ino já está abrindo.

— Hã... Obrigada, Konan. Não precisava, sei que não nos falamos muito, então... – Ino se cala ao terminar de abrir. Seus lábios franzem. É como se estivesse na loja novamente, pois o cheiro de erva-doce enche seu nariz e seus olhos parecem nebulosos. Seu estômago se embrulha de um jeito bom. – Ah. Eu... Uau.

Konan sorri de canto.

— Eu percebi sua expressão quando o viu.

A loira pendura a sacola no pulso, um pouco confusa entre olhar a garota na sua frente e o presente. Embalado por um tecido de veludo, estava escondido o anel com a pedra verde-água. O Gêmeo da Sorte. É um estranho sentimento de ter encontrado algo perdido, embora Ino nunca tenha usado anéis por muito tempo. Ela quase o escorrega pelo dedo anelar, quando, delicadamente, Konan a para colocando a mão sobre a sua.

— Não. Ele deve ficar no dedo médio. Foi como veio – murmura, colocando-o no dedo certo, na mão esquerda. Mesmo assim, suas mãos não saem das de Ino. Poucos segundos depois, a loira ergue lentamente o olhar, percebendo como Konan não tira os olhos do anel, como se esperasse algo acontecer, agora que ele está sobre uma mão verdadeira.

O vento frio da noite finalmente parece se lembrar de que o vestido de Ino é muito curto, pois bate diretamente em seus ombros e entre as coxas. Ela se encolhe um pouco.

— Tudo bem? – sussurra, juntando as sobrancelhas. Konan volta a olhá-la, piscando confusa. Devagar, tira as mãos da sua.

— Tudo. Tudo. Agora você está protegida. Feliz aniversário.

Ino não acredita muito na primeira frase, mas, feliz pelo anel, sorri gentilmente.

— Obrigada pelo presente, Konan. Eu adorei. – A garota acena positivamente com a cabeça; parece ser o seu "de nada". – Podemos ir para o salão agora?

— Vai na frente. Eu vou num momento.

Ino fica confusa, sem entender o que ela poderia querer fazer sozinha, porém acha melhor não questionar. O salão é logo ali, afinal. Se Konan sentir vontade, pode ir a qualquer momento. Talvez ela só quisesse tomar um ar antes de ficar por algum tempo em um lugar confinado; tinha mesmo uma ou outra pessoa ali fora, fumando ou aproveitando a brisa. A loira concorda num aceno e, agradecendo mais uma vez o anel, resolve voltar e procurar Sakura.

Se ela tivesse olhado para trás, perceberia que Konan estava indo embora.

— Não achei Sasori em lugar nenhum – Ino murmura, cruzando os braços. Sakura, que estava levando uma lata de cerveja até a boca, para e a olha de canto, piscando e desviando os olhos logo depois.

— Hã... Mesmo?

— Mesmo. – Ino confirma, olhando devagar para Sakura, que volta a beber, e arqueando a sobrancelha. – Ok, que tom de voz é esse?

— Tô bêbada.

— É, tá, acredito. – A loira revira os olhos. – O que foi, Sakura?

A Haruno suspira e encosta-se à mesa. Ino tinha um pouco de bolo no canto dos lábios, o que faz com que a amiga passe um papel para ela. Depois de elas terem cantado parabéns e o relógio bater 23hrs30min, o som do DJ diminuiu consideravelmente e a maioria das pessoas já tinha se despedido de Ino. Era a desvantagem de usar o salão do condomínio. Ino não tinha nem visto Sasori entre os que saíram, nem entre os que estavam ali, dançando meio zonzos e conversando animadamente nas mesas; era o momento certo para os casais.

— Talvez eu tenha visto o Sasori com alguém... – sussurra, virando o resto da cerveja.

Ino não pôde conter o olhar de decepção, mas balança a cabeça logo depois, quando Sakura esfrega seu braço como que para dar apoio.

— Quer saber? Deixa para lá. É meu aniversário. Eu não preciso disso – diz, balançando os ombros. Seus saltos estão matando seus pés, porém ela sorri para mais uma felicitação de aniversário e, depois de acenar para a pessoa, passa o cabelo para frente. O movimento faz com que veja sua mão próxima ao queixo e ela encara o anel que tinha ganhado de presente. Sakura, que estava esperando que ela terminasse o pensamento, arqueia a sobrancelha. – É, eu estou protegida. Algo assim. Se ele só queria transar comigo, então talvez a perda não tenha sido minha.

— Eu concordo plenamente. Foi ele quem perdeu, amiga. – Sakura diz, muito solidária, e Ino recebe um beijo na têmpora. – Por que não procuramos a Kim? Algo me diz que ela se perdeu no caminho do banheiro.

— Isso é tão a cara dela.

— Não é?

Antes de o último convidado sair, depois que Ino pousou para um milhão de fotos no espelho e selfies, Sakura a ajudou a subir com os presentes, enquanto elas riam e tentavam não cair no elevador. Ino estava um pouco mais alta que Sakura, que ainda tentava manter a compostura, mesmo depois de ter sido pega aos beijos com dois rapazes diferentes em menos de meia hora. Ino deixou as caixas que carregava sobre o sofá; nem Kim tinha ficado com elas para ajudar, que grande amiga!

Ela se senta ao lado das caixas, jogando os saltos para o alto e relaxando. Sakura ainda está rindo.

— Você acha que eles gostaram? – Ino pergunta, baixinho, penteando o cabelo. Está se sentindo um pouco pegajosa e oleosa, mas também com preguiça demais para ir para a ducha. – Eu amei. Apesar de tudo.

Sakura coloca as mãos na cintura.

— Ei, eu estava participando da organização! É claro que eles amaram.

Ino ri de canto, deitando-se de lado no sofá. Ah, cara, isso é confortável. Ela poderia dormir agora mesmo.

— Valeu, testuda.

A rosada balança a cabeça de um lado para o outro, os brincos de penas seguindo-a quando faz isso. O acessório lembra Ino de Konan. Isso a faz piscar por um momento.

— De nada, porquinha. Se você gostou, eu estou feliz. – As duas trocam sorriso e Sakura se aproxima, sentando-se na mesa de centro. – Eu ainda não te dei seu presente. – Ela alcança uma caixinha que Ino quem tinha carregado, mas que era tão pequenina que se camuflava entre as outras. A loira arqueia a sobrancelha, se endireitando e puxando o laço vermelho.

Ownt, você é um amor, testuda. Pena que é só no meu aniversário. – Sakura mostra a língua e as duas riem. Quando Ino termina de abrir, ela sorri e dá uma gargalhada para trás. – Um cartão-presente?! Sério? Minha melhor amiga não sabe o que comprar para mim?

— Epa, pera aí. Eu sei o que comprar para você, maaaas, eu também sei que você a-m-a a emoção de fazer compras. Então estou te dando a oportunidade. De nada. – Sakura faz uma falsa reverência e Ino deixa a caixinha de lado para passar os braços pelo pescoço da amiga e trazê-la para perto num abraço apertado que derruba as duas. – Feliz aniversário, Ino.

— Obrigada, Sakura. O que eu faria sem você?

— Encheria o saco da Kim. Ou da Fuu. – Ino revira os olhos, mesmo sorrindo. Sakura se levanta, passando a mão para arrumar a saia verde. – Vou terminar de trazer os presentes aqui para cima e entregar a chave para o zelador. Por que não vai tomar um banho? Você deve estar cansada.

Ino pisca lentamente, cansada, mas faz um biquinho de agradecimento, sentindo-se mole no sofá.

— Tá bom, mamãe.

— Haha, vai sonhando. – Sakura diz, bem humorada, mas a sua voz já está distante e ela some quando abre e sai pela porta da sala de estar, fechando-a atrás de si.

Agora Ino está sozinha no apartamento. A sua vontade é de dormir no sofá mesmo, mas ela se esforça para se levantar e, descalça, resolve ir para o banheiro e tomar a ducha da qual Sakura tinha falado. Ela estava suada, mas o clima estava frio o suficiente para já sonhar com um banho quentinho, que encheria o banheiro de vapor.

Ela só se certifica de pegar o celular antes e dar uma olhada nas mensagens. Alguns amigos, que não puderam vir na festa, mandaram mensagens de parabéns em seu whatsapp. Sua mãe pergunta se ela está bem e seu pai enviou um gif cafona de flores – uma mensagem de boa noite que Ino tenta responder sem rir. Pelo menos ele era fofo. Ela bloqueia o celular e dá uma olhada nas horas. 23hrs50min. 10 minutos para a meia noite.

Ino deixa o Iphone sobre o rack da TV, junto do cartão-presente, e, atravessando a pequena cozinha americana, indo para o corredor, está próxima da porta do banheiro – é a última. Antes, ela precisa passar pela porta do seu quarto. Em passos lentos, aproveitando só a luz da lâmpada da sala, a única acesa, Ino atravessa o corredor, o banheiro em seu olhar zonzo.

Seus pés param de repente. A porta do seu quarto está entre aberta. O cheiro de canela queimada enche o seu nariz de um jeito enjoativo. Logo depois, erva-doce sufoca sua garganta. Ino sente a boca seca de repente. Que cheiro é esse? Ela não acendeu nenhuma vela aromática. Se o seu quarto liberava qualquer cheiro, deveria ser dos seus cremes e perfumes – entretanto, nenhum deles tinha um odor tão doce e forte como esse.

In de ochtend word je wakker

Op een diepe groene sluier

De tranen zullen je gezicht bedekken

En kaarsen zullen op uw naam worden aangestoken

Ino sente o estômago embrulhar. Uma voz suave como o vento flutuava para fora da porta do seu quarto. Era difícil dizer se era feminina ou masculina; era impossível entender o que se dizia. Ino nunca fora supersticiosa e o álcool sempre a ajudou a criar coragem: fantasmas não têm voz, fantasmas não sussurram – havia alguém em seu quarto. Talvez um último convidado da festa? O cheiro se tona mais impetuoso e muito mais convidativo quando, devagar, ela pousa a mão sobre a madeira da porta e a empurra.

In de middag,

Tussen de schaduwen van de bergen

Verborgen in de grotten

Verloren in de wateren van de lagune

Delicadamente, num rangido que ela nunca tinha ouvido, a porta se abre e revela o quarto, sempre em tons de rosa e roxo, sob o brilho do luar, que entra pela janela aberta. As cortinas se movem como se o vento as levasse, mas, quando se aproxima, um arrepio nas suas costas, Ino não sente vento algum. O seu quarto está vazio e não parece que alguém esteve ali recentemente. O cheiro a cerca como uma névoa, abraçando-a como se estivesse viva. Seus pés parecem flutuar e Ino se sente nauseada.

Maar als 's nachts de zon opkomt,

Klaar zal zijn.

De tweeling zal het vinden.

Zoals het zou moeten zijn.

Em vão, olhando os lados, Ino procura o dono ou dona dessa voz que murmura no pé do seu ouvido. Nada encontra. As paredes de seu quarto brilham, porém Ino não tem vontade de tocá-las. Sua mão esquerda está pesada. Tão pesada. É quando ela percebe: a voz vem da janela, ondulando com as cortinas. Como é possível? Ela mora tão alto, tão alto. Sentindo medo pela primeira vez desde que estivera sozinha no apartamento, Ino alcança o batente da janela e o segura, procurando com os olhos. A única coisa que encontra é a lua cheia, cintilando sem nuvens. Um arrepio percorre seus braços.

Je voeten hoeven niet te rennen

Zelfs je ogen hoeven niet te huilen.

Geen pijn zal zijn

Zoals het zou moeten zijn.

En je tranen zullen goud zijn

Hoe het bloed zilver zal zijn

En het zweet zal bloeien

Zoals het zou moeten zijn.

Devagar, os sussurros aumentam. Ino pode dizer que há algo de muito errado nisso, até que seu nariz deixa de sentir o cheiro tão bom que a rodava e seus olhos tornam-se tão nevoentos que a lua parece sumir. Ela pisca, tentando voltar à razão, mas algo em seu peito diz que é tarde demais. Um doloroso corte percorre seu dedo até o cotovelo e, como se tomasse um choque, Ino geme de dor, trazendo a mão trêmula para a altura dos seus olhos. Não há sangue ou ferimento, mas ela sentiu, sentiu uma lâmina cortando-a, embora sua pele esteja intacta. A única coisa diferente é a pedra do anel que, inexplicavelmente, se acende como uma lamparina verde. O brilho aumenta e a lâmina parece atravessar o cotovelo de Ino para o peito, para o seu coração. Num grito de agonia, o seu braço despenca para o lado e ela curva o corpo para trás, não vendo mais nada além da escuridão. Não sentindo cheiro algum. Todos os seus sentidos parecem ter sido roubados, levados de si para um lugar muito, muito distante. A única coisa que sobra é sua audição... ou a voz está falando dentro de sua cabeça?

É difícil dizer. É difícil fazer qualquer coisa. Num segundo, ela despenca. Talvez, pela janela. Talvez, só para o chão do seu quarto – quem sabe para a cama. Seja onde for, Ino não sente nada; nem dor da calçada fria que a espera da janela do seu quarto, nem a maciez do seu colchão contra a espinha. Mas ela cai, definitivamente cai, pois sua barriga sofre aqueles pequenos arrepios de antecipação, como quando você está na parte mais alta da roda gigante e parece que ela irá quebrar e desabar para o lado.

A escuridão, de repente, torna-se verde. Verde água.

En dan, in de ochtend

Word wakker met veren en zand

Water zal je gezicht bedekken.

Maar de kaarsen zullen weg zijn.

26 Şubat 2018 13:36 0 Rapor Yerleştirmek Hikayeyi takip edin
2
Sonraki bölümü okuyun Capítulo 2

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Hey! Hala var 4 bu hikayede kalan bölümler.
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