Notas iniciais: Olá, pessoal! Nova história Otayuri aqui. Espero que gostem!
Suas opiniões são sempre bem-vindas!
Eu estava em mais uma manhã do meu terceiro ano na faculdade de literatura. Entediado com o movimento monótono dos corredores, segui para a sala de aula vazia. Havia muito para estudar, nunca tinha me sentido tão sufocado com minha vida acadêmica, eram muitos trabalhos mensais que nem sequer me davam a oportunidade de fazer algo por mim mesmo.
Isso diz muito da pessoa que eu sou atualmente. Meu nome é Yuri Plisetsky, um rapaz muito ocupado. Tenho 19 anos. Entrei para a universidade aos 17 e tão logo adentrei o ensino superior, me perdi completamente como pessoa. Sempre fui muito temperamental, decidido e confiante sobre a vida. Quando havia algo para ser realizado, eu era a pessoa a tomar as rédeas e fazer acontecer. Porém, 2 anos após, esse meu eu já estava adormecido por situações ocorridas no início do curso.
Agora, posso quem sabe usar a expressão “low profile” para me definir. Não conhecia meus calouros, era muito desconfiado das pessoas e só tinha um amigo próximo no qual confiava cegamente. Yuuri Katsuki era meu confidente, braço direito, esquerdo, pernas e tudo mais. Ele era o único que demonstrava se importar de verdade comigo, o único no qual podia me apoiar. Minha relação com outras pessoas da faculdade se resumia a breves conversas no corredor e na sala, e mesmo essas interações eram geralmente sobre assuntos burocráticos da vida acadêmica.
Ao adentrar da tarde, enviei uma mensagem para o meu porquinho favorito pedindo para que ele me encontrasse no lugar de sempre. Recebi um simples, porém poderoso “Não sei porque você continua indo lá! ”. Estremeci de leve ao ler aquilo, mas decidi ignorar pelo momento. Respirei fundo e continuei meu caminho até o prédio do Centro de Ciências Exatas.
Quase todos os dias, percorrendo 2 quilômetros de bicicleta do edifício do Centro de Linguagens e Literatura até o Centro de Ciências Exatas, eu me perguntava por que ainda fazia isso. Eu estava a caminho do Café que eu tanto adorava. Havia diferentes Cafés no meu próprio centro, mas nenhum deles teve a importância que o mesmo para o qual eu me direcionava agora. Passando pelos ipês de diferentes colorações, senti a brisa agradável da primavera no meu rosto ao acelerar na ciclovia. Era o que eu precisava na hora, me sentir livre para pensar e relaxar.
Cheguei no Café e me sentei na bancada de frente a parede e de costas para o restante do espaço. Assim era mais confortável bebericar meu café com leve toque de doce de leite, sem pessoas me observando eu me sentia mais tranquilo comigo mesmo. “O meu eu de 2 anos atrás sentaria exatamente no meio e não teria problema algum em ser o centro das atenções”, pensei comigo mesmo e dei um fraco riso ao perceber que o motivo da minha mudança tinha começado ali mesmo. Até minhas roupas mudaram. Sempre gostei de usar estampas felinas e roupas estilosas, mas agora minhas cores favoritas eram preto e branco. Hoje em particular, eu estava completamente de preto. Uma camiseta preta simples, relativamente justa ao meu corpo, porém sem revelar muito do meu torso, uma calça preta skinny e um coturno preto. Perfeito para quem queria passar desapercebido, porém, bem vestido.
Olhei meu celular em busca de informações sobre o paradeiro do Yuuri e havia recebido uma mensagem dele.
YK - “Chego em 5 minutos”
Eu – “Ok, só não demora muito porque eu tenho que voltar para o jantar”
YK – “Você pede pra eu te encontrar e ainda quer fazer exigências? ;D ”
Eu – “Achei que amigos eram pra isso...”
YK – “Certo. Estou chegando, Yurio”
Um minuto após a última mensagem, ouvi o sino da porta de entrada tocar e me virei, imaginando ser Yuuri a adentrar.
Como eu estava errado.
Eu sabia que ele sempre voltaria àquele lugar. Vivendo sua vida como sempre: de forma livre e irresponsável.
Me virei imediatamente de volta para a bancada, esperando freneticamente que ele não tivesse me visto no ambiente. Como sempre, era de se esperar que tivesse me notado, meus cabelos loiros na altura dos ombros e meus olhos verde-esmeralda são características bem marcantes, e foram parte do que nos aproximou a princípio. Ele me cumprimentou.
- Oi, Yuri! Você continua vindo aqui, não é mesmo?
- Isso não é da sua conta, é?
- Não. Mas você poderia ser mais gentil com a pessoa que te apresentou o lugar que você tanto ama...
- Tsc! Meu café esfriou. Vou embora.
- Até mais, Yuri. Espero que nos encontremos novamente.
- Eu vou continuar vindo aqui. Nós nos veremos novamente, porém, não pela minha vontade de te ver, que é absolutamente zero.
Era mentira. Eu queria era vê-lo. Queria confrontá-lo. Não para voltar com o nosso relacionamento, e sim para recuperar o ele tomou de mim.
Fui pisando duro até a porta e a abri com toda força da raiva que eu estava tentando conter. Cego pelos meus sentimentos, não percebi que uma pessoa entrava e esbarrei nela com toda a força. Como estava acomodando minha mochila nos ombros ao abrir a porta, infelizmente meu cotovelo se chocou diretamente com o rosto da pessoa, que agora eu percebia com atenção. Era um rapaz de tez morena e olhos escuros, porém, um pouco leitosos, que lembravam um cinza. Seus cabelos eram raspados na baixa circunferência da cabeça, entretanto, relativamente longos em cima. Em segundos eu havia guardado sua imagem em minha mente. Era definitivamente memorável.
- P-por favor, me desculpe!
- Não foi nada! Eu vou ficar bem. Eu acho...
- Eu fui descuidado, é totalmente minha culpa. Se você quiser posso levá-lo ao hospital ou...
- Não acho que seja o caso. Eu garanto que vou ficar bem. Se você quiser pode me pagar um café qualquer tarde dessas, eu estou sempre aqui.
Ele falou de forma tão gentil e com o rosto tão sério que eu não conseguia fazer uma conexão entre o que ele acabara de dizer e o que suas feições demonstravam.
Novamente me desculpei com o rapaz e parti.
Encontrei com Yuuri se encaminhando para o Café e puxei seu braço na direção para a qual eu caminhava.
- O que houve, Yurio? Você parece um pouco transtornado.
- Aconteceu tudo, Porco. Como sempre, as merdas voltam a acontecer e eu sou vítima de alguma fatalidade que me aproxima dele.
- Eu sabia que ele estaria aí. Sempre me pergunto por que você continua a voltar para o Café no qual vocês se conheceram... Gostaria de te dizer palavras de sabedoria como “não faça isso, se você quer se recuperar”, ou “siga com sua vida e deixe o passado para trás”, mas eu sei que você não me ouviria.
- Eu te ouço, Yuuri. Eu juro que sim. Mas eu já perdi uma boa parte de quem eu sou por causa dele, não posso deixar de fazer uma das poucas coisas que ainda me dão prazer nessa vida de merda.
- É verdade! Você não pode abandonar o café, porque o sexo você já abandonou há muito tempo.
Dei um soco de mentira em seu ombro e comecei a rir. Ele estava certo. Sempre estava certo.
Tomamos a condução de volta para o nosso bairro. Yuuri morava perto de mim, o que me compelia a esperar por ele para voltar para casa. Embora eu gostasse de ficar sozinho, a companhia do meu amigo sempre me trazia bons momentos, então, aturar conversas bizarras sobre o relacionamento dele com um dos professores da faculdade (fato que eu reprovava veementemente) era só um detalhe. Ao descer do ônibus, nos despedimos e eu tomei meu caminho de volta para casa. Nos poucos metros restantes até lá, uma imagem me acertou como um raio. O céu estava escuro e nublado no fim de tarde, contradizendo a imagem primaveril que mostrava mais cedo. Lembrei dos olhos do rapaz que eu acertei no Café. Ri comigo mesmo da forma gentil e séria a qual ele me tratou.
Como diria Goethe: “[...] ninguém sabe até onde vão suas forças, uma vez que ainda não as submeteu à prova.”. Eu iria testar minhas forças e precisaria delas para voltar ao meu lugar favorito, afinal, eu tinha um café que não era meu para pagar essa semana.
Notas finais: E então, pessoal? O que acharam? Gostaria muito de saber e espero que fiquem para o próximo capítulo.
Até mais!
Okuduğunuz için teşekkürler!
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