angelawritter Angela Braga

Série de contos que passam na mesma rua com histórias cada vez mais macabras.


#10 içinde Korku Sadece 18 yaş üstü için.

#terror #horror #livro #contos #leitura
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A fofoca

Não era mistério para ninguém que a rua trinta e um possuía dezenas de senhoras cismadas com a vida alheia porém, uma delas se destacava de forma excessiva.

Na casa mais alta e mais disforme da rua, morava bem no topo uma mulher chamada Lúcia, não era mulher de idade avançada mas também não estava em sua mocidade a qual chamava de anos dourados.

Se gabava aos quatro ventos que tinha três filhos estudados, formados e ricos mesmo que a rua inteira duvidasse de suas palavras pois de mentirinhas dona Lúcia entendia muito bem.

Em certa ocasião, a senhora avistou lá dos beirais de sua janela, uma família com um caminhão de mudança entrarem na mansão mais pomposa do bairro, eram ao todo uma mulher cuja aparência não foi notada, um homem alto e bem afeiçoado, duas crianças e um outro homem alto e moreno que somente vira durante aquela noite.

— Será vizinhos novos? — Questionou-se, mas não se demorou a pegar seu velho telefone e ligar para sua vizinha de porta Cassandra.

— Diga minha amiga — atendeu a mulher com voz rouca que fumava seu quarto maço de cigarro.

— Já está sabendo? — Questionou Lúcia.

Os olhos de Dona Cassandra — ou Sandrinha, para os íntimos se arregalaram do outro lado da linha e a mesma negou.

— Vi agora a pouco da minha janela — começou — Algumas pessoas e estavam com caminhão de mudança!

Dona Cassandra se debruçou em sua janela com as luzes do rol desligadas para que ninguém a visse.

— Ah, sim — disse soprando a fumaça — Ouvi alguns comentários sobre eles!

— Que tipo de comentários? — sussurrou curiosa.

— Não dos bons — respondeu dona Cassandra roendo o esmalte do dedo polegar — Me disseram que eles eram péssimos vizinhos na rua vinte e dois!

Dona Lúcia pulou da cadeira, achava aquilo um horror, logo ela devota a igreja, fiel e que nunca havia sido incomodada por vizinhos teria vizinhos endiabrados.

— E ainda digo mais — Continuou Cassandra — Ouvi dizer que tem hábitos muito mal vistos e são terrivelmente barulhentos!

— Se me incomodar — debochou Lúcia — Chamo a polícia, nunca fui incomodada por vizinhos, eles que não venham para nossa rua achar que podem fazer o que querem!

— Está certíssima! — Apoiou Cassandra — Eu faria o mesmo!

Ambas seguiram a conversa por duas horas a fio enquanto seus novos vizinhos levavam seus objetos encaixados para dentro sem imaginar que estavam sendo vigiados.

☆☆

Os novos vizinhos não eram simplesmente qualquer família comum, todos eram sempre rispidos, de aparência mal humorada e mal conversavam com seus vizinhos de porta, com frequência entravam no carro e desapareciam.

Pouco se via seus filhos mas quando o garoto ou a garota surgia de repente, sempre estavam levando um grande cachorro preto robusto — algo que fazia as pessoas se afastarem por receio ao animal.

A matriarca da família nunca era vista, supõe-se que estava sempre nas saídas de carro, nem mesmo o outro homem que os acompanhou na noite anterior foi visto novamente.

Dona Lúcia observava dia e noite a movimentação dos novos vizinhos pendurada na janela como uma uma boneca namoradeira e não se agradava de nada que via.

Uma certa tarde da mesma semana, Dona Lúcia puxou a sua velha cadeira plástica para a calçada trazendo consigo um copo de café que bebericava aos poucos.

Quando a noite foi se aproximando juntou -se com ela na calçada, Lourdes — uma senhora com seus setenta e poucos anos com cabelos brancos como de coco e mesmo já não aguentando se manter ereta, era vaidosa e excessivamente preocupada com a beleza, Maria uma mulher de cinquenta anos cuja sempre se gabava por nunca envelhecer e com ela a sua irmã e também vizinha Giselda que apenas ficava calada e ria das conversas das senhoras.

— Vocês viram que a rua tem gente nova? — Questionou Lourdes.

— Sim! — exclamaram as três em uníssono.

— Um bando de metido a besta! — Falou Maria com seu sotaque arrastado.

O grupo gargalhou.

— Suzana da casa trinta foi visita-los — Falou Giselda — Ofereceu um bolo a eles e aceitaram de bom grado!

— Mentira! — Exclamou Maria.

— Se fosse verdade — comentou Lourdes — Ela teria vindo contar!

— Ouvi dizer muito sobre eles! — Balbuciou Dona Lúcia.

As três mulheres viraram a cabeça em sua direção já curiosas com as notícias que viriam.

— Mas longe de mim, fazer fofoca! — Exclamou.

— Ah mulher — Disse Maria com sotaque arrastado — Você sabe que aqui estamos entre amigas e isso não seria fofoca, não vamos contar a ninguém!

— Não sou de concordar com ninguém — Dona Lourdes começou a falar — Mas vou ser obrigada está vez, estamos quase em família aqui!

Giselda riu de forma irônica, mas seu gesto foi repreendido com um olhar de sua irmã.

— Se vocês insistem, não é? — Falou Lúcia já se preparando para contar — Fiquei sabendo que eles mexem com o belzebu, tem objetos na casa para louvar ao diabo, chifres, cabeça de bode...

Os olhos das mulheres se arregalaram e algumas levavam as mãos a boca como forma de conter o susto.

— E tem mais — continuou — São todos criminosos, soube que até cometeram assassinato e vieram para cá fugidos de São Paulo!

Giselda arqueou a sobrancelha.

— Deixe de dizer asneira — falou Giselda — Como que você vai saber da vida de outra pessoa que nem sequer convive conosco?

Dona Lúcia levou aquelas palavras como ofensa.

— E você defendendo eles com certeza já é causo de magia negra! — respondeu.

Giselda revirou os olhos, calçou os chinelos e deixou as mulheres na calçada sem nem sequer olhar o rosto frívolo e rude de sua irmã.

De fato, todos sabiam que dona Lúcia exagerava ao contar suas fofocas pois envolvia mentiras cabulosas, também não era por completo uma mulher de bom coração e ela lembrará muito bem da época que houve um certo causo na pacata rua onde a culpa da tragédia foi da velha mentirosa porém ninguém se deu conta.

A moça se culpou por pensar mal de uma velha senhora que não tem noção de suas faculdades mentais, porém toda essa culpa se tornou ódio e Giselda pensou para si mesma que "Todo ser humano deve pagar o mal que faz para o outro" e que mesmo sendo apenas uma idosa, Dona Lúcia um dia já havia sido jovem e todas suas maldades feitas pela língua deviam ser pagas e que iria ser conivente com as mentiras da velha senhora.

☆☆

Não demorou muito tempo para as fofocas contadas por Lucia corressem a rua inteira, os novos vizinhos mal saiam a rua e quando os viam, seus semblantes eram de tristeza e vergonha por conta dos boatos que ja haviam chegado a seus ouvidos.

Nem mesmo seus filhos saiam mais de casa.

— Se a carapuça serviu! — disse Dona Lúcia quando soube que suas mentiras haviam virado uma verdade absoluta dentro das casas dos vizinhos mas, ainda não satisfeita a velha senhora decidiu que aquilo não era ainda o suficiente, ao ir a sua igreja no domingo a noite a qual era devota de todo o ser, a mulher convenceu seu pastor que deveriam fazer uma grande evangelização.

— Para expulsar todos os demônios que invadem nossas casas — comentou — E mais, vamos fazer o culto bem em frente à casa deles!

Seu pastor ludibriado pelas palavras de Lúcia decidiu portanto que haveria o culto.

As duas semanas que correram até o dia do culto foram calmas e tranquilas para Lúcia, a mulher roia as unhas de ansiedade e havia espalhado para todos que finalmente suas vidas ficariam livres do diabo que morava ao lado de seus parentes e amados vizinhos porém quando faltava apenas um dia, uma enorme chuva caiu do céu e com ela uma tristeza, não para Dona Lúcia que estava sempre radiante claro mas, sim para seus novos vizinhos que enterraram seu pequeno bebê de apenas três meses cujo qual fora uma dor eterna enquanto viveram.

Enquanto acontecia o sepultamento da pobre criança, Dona Lúcia tratou mais uma vez de se unir com suas amigas de porta e espalhar mais boatos.

— Eu soube que a criança não morreu naturalmente! — disse.

— O que te contaram, mulher? — Questionou Maria horrorizada.

— Disseram lá do hospital — começou — Que a criança chegou la morta e mutilada!

— Que horror! — murmurou Cassandra tragando o cigarro.

— O mundo não é mais o mesmo! — exclamou Lourdes com lágrimas nos olhos.

— E tem mais — sussurrou — A pessoa que me disse me confirmou que foi sacrifício ao "coisa" ruim!

Maria limpou as lágrimas que rolavam do rosto pois a mesma já havia perdido um filho e mal gostava de saber sobre crianças, quem dirá com tanta maldade.

— Mas venha cá — questionou Giselda — Quem foi que te contou?

Dona Lúcia arregalou os olhos alarmada, o rosto redondo e rechonchudo avermelhou-se e um suor frio tomando conta do seu corpo.

— Não posso falar quem me disse — respondeu — Não quero confusão com ninguém!

No dia seguinte, nas vésperas do culto toda a fofoca já havia se espelhado pela rua e chegado aos ouvidos do pastor que já preparará todo seu texto, os fiéis começaram a chegar.

No meio da noite, a música já entoava alto e todos os vizinhos se incomodavam, o pastor gritava palavras em outra língua não identificada e os fiéis o seguiam com gritos e murmúrios, foi quando um homem alto, de roupas escuras, olheiras profundas e cabelo longos negros caídos sobre os ombros saiu pelo enorme portão de ferro da mansão.

O mesmo se dirigiu até o pastor e tocou o seu ombro, o homem que berrava alto abriu os olhos e se deparou com a feição assustadora do rapaz.

O silêncio reinou de repente.

— Eu gostaria de pedir por gentileza — Disse o homem — Se vocês poderiam diminuir o volume do som pois eu e minha família estamos de luto!

Então, dali do meio da multidão surge dona Lúcia subindo ao palco e tomando o microfone em sua mão:

— Aqui está o herege — berrou — Aqui está ele que ofereceu o filho ao diabo!

A multidão gritou.

— Senhora, por favor — pediu o rapaz com voz engasgada e lágrimas nos olhos — Eu somente peço para que o barulho seja diminuído pois minha família está passando por uma fase difícil!

— Mentiroso — ela gritou — Herege!

Saindo do portão, uma mulher também de cabelos escuros, pele morena e olheiras profundos acenou para o rapaz, era sua esposa.

O pastor retirou o microfone das mãos de Dona Lúcia.

— Está noite meus irmãos — Berrou — Nós vamos tirar o mal desse mundo!

A multidão gritava em alvoroço.

— Está noite vamos mandar o diabo de volta para o inferno! — gritou novamente.

Nesse mesmo instante a multidão foi envolvida em uma névoa densa e escura, algo parecia ter perturbado a mente de cada um pois em um impulso violento invadiram a grandiosa mansão, nem mesmo dona Lúcia entenderá o que havia acontecido e correu desesperada para sua casa.

Dentro do casebre, as paredes, a sala, a cozinha, até mesmo o quarto do bebê foi envolto em vermelho carmesim, todos os vizinhos saíram a rua e apavarodos com os gritos.

No outro dia de manhã, sangue fresco escorria dos umbrais da casa, o cheiro de carne podre atraiu diversos animais e nem mesmo a polícia conseguiu recuperar os corpos por inteiro, O velho João que morava na casa cento e dois e que jurava que vira de tudo nessa vida, descreveu a cena com lágrimas nos olhos.

Haviam dedos decorados e pernas no chão da sala, cabeças foram arremessadas da janela e nem o pobre cachorro havia sido perdoado das atrocidades, na casa foram encontradas bíblias e livros religiosos, algo que estava mantendo a família unida depois da perda de dois de seus bebês recém nascidos.

No mesmo dia, Dona Cassandra foi a casa de Lúcia, bateu na porta várias vezes mas não foi atendida, então chamou seu filho mais velho que relutante ajudou sua mãe arrombando a porta.

Dona Lúcia, foi encontrada em seu quarto vítima de suicídio se enforcando com sua própria língua.



15 Aralık 2022 04:37 6 Rapor Yerleştirmek Hikayeyi takip edin
20
Sonraki bölümü okuyun O casamento

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İleti!
AC A.F.F. Croft Carter
Hey, olá! Gostei muito desse conto, e sua narrativa é ótima! Até!
December 24, 2023, 21:43
Cléuves Souza Cléuves Souza
Ler essa história me lembrou da minha antiga rua, as vizinhas em círculo dando conta da vida dos outros moradores rsrsr
October 05, 2023, 12:26
Giovanni Turim Giovanni Turim
Apreciando a narrativa, seguirei lendo.
December 30, 2022, 19:28

  • Angela Braga Angela Braga
    Oiii, fico muito muito feliz de ter você por aqui e muito grata por seguir adiante, sua presença para mim é muito importante ♥️♥️♥️♥️ Espero que goste e aprecie, e também que contribua com suas críticas construtivas e experiência. Muito obrigada ♥️ December 31, 2022, 16:18
Pedro Givaldo Menezes de Oliveira Pedro Givaldo Menezes de Oliveira
Uau, eu amei a história.
December 29, 2022, 15:30

  • Angela Braga Angela Braga
    Fico muito feliz que tenha gostado e muito grata por você estar aqui ♥️ Espero te ver mais e mais vezes ♥️♥️ December 31, 2022, 16:19
~

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