“Ninguém é igual a ninguém. Todo ser humano é um estranho ímpar.”
Carlos Drummond de Andrade
Bram é como gostava de ser chamado o menino acamado (acamado é quem está doente de cama) Abraham. Ele sofreu de uma doença séria até os oito anos e durante este tempo, sua dedicada mãe, a senhora Stoker, além de contos de fadas, lhe contava estórias de fantasmas. Ah, o menino gostava!
Bram Stoker nasceu em 1847 em Dublin, capital da Irlanda e acabou por se tornar muito menos famoso do que sua criação, o Drácula. A Irlanda é um país do norte da Europa que situado em uma ilha.
Na Irlanda fala-se duas línguas, o Irlandês e o Inglês. Quando tinha 16 anos Bram Stoker entrou para a Universidade de Dublin e escreveu seu primeiro ensaio(1). Era um brilhante estudante e quando se graduou (se formou na Universidade) foi trabalhar no Castelo de Dublin como funcionário público (aquele que trabalha para o governo), do mesmo jeito que havia feito seu pai. Bram Stoker adorava o mundo do teatro e passou a escrever contos e peças para teatro. Um dia Stocker resolveu escrever seu primeiro conto de terror, o “The Chain of the Destiny” (A corrente do destino), que foi publicado no periódico (jornal) Shamrock em 1875.
Stoker tinha uma inclinação por leituras de horror. Ele já havia lido o livro de horror “Camille” de Sheridan Le Fanu e o conto “O Vampiro” de John Polidori quando resolveu escrever “Drácula”. Ou seja, os vampiros “já existiam” muito antes de Bram Stoker, o que não existia antes era este vampiro charmoso, elegante, sedutor, que enfeitiçava todas as mulheres chamado Drácula.
É importante mencionar aqui que a Irlanda é um país frio, onde chove muito e cheio de falésias(2) em sua costa com o mar. Na época em que o Bram Stoker criou sua personagem “Drácula”, não havia ainda luz elétrica. A iluminação das ruas e casas naquela época era feita à gás, o que concedia uma atmosfera sinistra (assustadora) à qualquer ambiente. Portanto todo aquele clima frio, frequentemente chuvoso e pouca luz favorecia a imaginação de fantasmas e discussões sobre sobrenatural(3) entre os europeus especialmente do norte da Europa.
À Stoker veio a calhar(4) o conhecimento sobre a existência de um nobre muito cruel que viveu no século XV, ou seja, nos anos de 1400, na Transilvânia, uma região da Romênia. Este nobre havia sido um príncipe de nome Vlad e era conhecido por Vlad Tepes, que na língua romena significa Vlad, “o empalador”. Empalador é como se chama quem praticava a empalação. E o que é isso? É um método monstruoso de matar alguém perfurando o ânus da vítima com uma estaca de madeira.
A Romênia é um país que fica na parte oriental da Europa e seu nome vem exatamente do Império Romano. A capital da Romênia é Bucareste.
Antes de ganhar o apelido de Tepes, Vlad era chamado de Drácula por causa de seu pai. O pai de Vlad Tepes, também chamado Vlad, fazia parte da Ordem dos Dragões e era conhecido por Vlad Dracul, já que “Dracul” significa dragão na língua romena. A “Ordem dos Dragões” era um grupo secreto que tinha por objetivo lutar contra os inimigos dos cristãos. A Ordem dos Dragões tinha o apoio do imperador de Roma.
Vlad Dracul, o pai, passou a chamar o filho de Vlad Drácula, que quer dizer, Vlad o “filho do dragão”, o “dragãozinho”. Vlad Drácula teve mais tarde seu apelido trocado para Vlad Tepes, depois que ganhou a fama de empalador.
A Transilvânia naquela época era uma região de sérios conflitos, porque estava situada entre o Império Romano, que acreditava em Jesus Cristo como profeta, e o Império Otomano, que tinha Maomé por profeta. Apesar de “tão fiéis aos dizeres de seus profetas”, cristãos e mulçumanos (aqueles que seguem os ensinamentos de Maomé) procuravam convencer uns aos outros, à força e à matança, a aderir (se juntar) a religião deles próprios. Ou seja, enquanto os turcos pressionavam os governantes da Transilvânia a se tornarem mulçumanos, os governantes cristãos ordenavam que o povo da região defendesse sua fé à qualquer custo, inclusive fazendo guerra. Era uma época horrível e completamente sem paz para quem morava na Transilvânia.
Vlad Drácula se tornou então príncipe da Valáquia, uma região da Transilvânia e foi capaz de expulsar os turcos e mais tarde os húngaros da Valáquia. Por isso ele é, por muitos romenos, lembrado como um herói. A realidade é que Vlad Drácula é conhecido por ter sido um homem muito, muito, muito mau e ninguém que despresa a vida humana, que comete as atroscidades que Vlad Drácula cometeu, pode ser mencionado (citado) como herói. Até mesmo a gente de seu povoado tinha muito medo dele.
O verdadeiro Drácula da Transilvânia tinha prazer em ver suas vítimas sofrendo na hora da morte. Elaborava engenhocas mortíferas para torturar pessoas até morrerem. Matava inclusive mulheres e crianças sem qualquer piedade e assistia com gosto às terríveis execuções (mortes). Matava por divertimento. O tão querido Drácula de Bram Stoker é bonzinho se comparado com o violento sanguinário do Drácula de verdade. Afinal, o que são umas marquinhas no pescoço por causa de umas mordidinhas feitas por um vampiro bem vestido de capa preta, bem educado, culto, encantador e que ainda promete “vida eterna”?
Depois de Drácula, Stoker nunca mais escreveria outro conto que fizesse tamanho sucesso. Bram Stoker morreu em Londres, em 1912.
Dez anos depois de sua morte, estréia o primeiro filme baseado no seu romance Drácula, o Nosferato.
Hoje em dia o castelo do Drácula é um museu que contém artes da Idade Média e é certamente um dos lugares mais visitados na Romênia. Antes que você se pergunte, a resposta é “Não”; a recepção do museu não distribui alho aos visitantes.
O Drácula de verdade, o da Romênia, dizem que morreu de maneira cruel na mão dos turcos. O Drácula de mentira vive muito bem até hoje em diversos livros, filmes e na nossa imaginação.
Outros fatos importantes ou curiosos do mesmo ano em que nasceu Stoker:
- Nasce Afonso Penna, político brasileiro.
- Nasce Alexander Graham Bell, cientista, inventor do telefone e fundador da companhia telefônica Bell.
- Nasce Thomas Edison, grande cientista e inventor da lâmpada incandescente.
- Surgem os primeiros bailes de máscaras no carnaval de Recife.
Curiosidades:
1 - Quando o Drácula de Bram Stoker foi criado, o Frankenstein de Mary Shelley já existia. O Frankenstein é de 1820.
2 – Possivelmente os dois atores que melhor interpretaram o Drácula no cinema foram Bela Lugosi (1882 - 1956), um ator húngaro naturalizado americano que interpretou o Drácula pela primeira vez em 1931 e Christopher Lee, um ator inglês que nasceu em 1922 e ainda vive.
Notas:
1 – Ensaio: Texto literário breve, expondo idéias, críticas ou pensamentos morais ou filosóficos acerca de qualquer tema.
2 – Falésia: É uma forma geografica litoral caracterizada por um encontro abrupto da terra com o mar.
3 – Sobrenatural: É tudo aquilo que a ciência ainda não conseguiu explicar.
4 – Veio a calhar: Expressão antiga adotada desde a época onde não havia tantos portos para os navios atracarem. Os navios então procuravam um local onde pudessem ancorar com segurança. Um local suficientemente fundo para um navio ancorar se chamava calha. Ou um navio calhava (o que era bom) ou encalhava (o que era ruim). Portanto quando dizemos, “O acontecimento veio à calhar” isso quer dizer que o acontecimento foi oportuno e trouxe boas consequências.
5 - Carlos Drummond de Andrade: foi um poeta, contista e cronista brasileiro, nascido na cidade de Itabira em Minas Gerais. Alguns dos mais populares poemas escritos por Drummond são “No meio do caminho” e “José”.
Teste seu conhecimento:
1 - Quem criou o conde Drácula?
1. O inglês Charles Dickens;
2. O irlandês James Joyce;
3. O irlandês Bram Stoker;
2 – Quantas e quais são as línguas faladas na Irlanda?
1. Duas, o irlandês e o inglês;
2. Duas, o irlandês e o francês;
3. Duas, o inglês e o alemão;
3 – Quem foi criado antes, o monstro Frankenstein ou o vampiro Conde Drácula?
1. O Frankenstein;
2. Os dois foram criados na mesma época;
3. O vampiro Conde Drácula;
4 – Quem escreveu Frankenstein?
1. Um escritor irlandês chamado Bram Stoker;
2. Uma escritora inglesa chamada Mary Shelley;
3. Um escritor irlandês chamado Oscar Wilde;
5 – Quem inventou a lâmpada e quando?
1. O inglês George Stephenson em 1825;
2. O inglês Henry Mill em 1714;
3. O americano Thomas Edison em 1847;
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