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Min Yoongi sofria com ansiedade social há mais tempo do que conseguia contar, e isso fazia com que ouvisse diversas idiotices, inclusive que nenhum alfa se interessaria por um ômega como ele. A questão era que Yoongi não fazia questão de ser desejado por um alfa; estava muito bem sozinho. Até conhecer Park Jimin e seu jeito sutil de iniciar um grande amor.


Hayran Kurgu Gruplar/Şarkıcılar 13 yaşın altındaki çocuklar için değil.

#amigo-oculto #alfa-x-omega #omega-yoongi #alfa-jimin #abo #sujim #bts #jimin #yoongi #minimini #minmin #sugamin #suji #2min #2minpjct #Bangtan-Boys-BTS #boyslove #boyxboy #btsfanfic #btsfic #gay #romance-gay #yaoi
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Capítulo único

Escrito por: @LadyofSomething/@RedWidowB

Notas Iniciais: Olá! Bem, essa fic foi betada pelo anjinho Erami/Erami4 e essa capa linda e banner perfeito foram feitos por @gukxcviie <3 muito obrigada, gente! Vocês foram uns amores e eu adorei tudo.

E, para a minha surpresa e delas também, este é meu presente de amigo oculto para @minie_swag e @YinLua, que merecem todo o carinho do mundo <3

Enfim, boa leitura!


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Havia pouquíssimas coisas que Min Yoongi não considerava particularmente assustadoras quando tinha apenas dez anos. Porém, o que definitivamente o assustava era como todos ao seu redor balbuciavam incansavelmente sobre ser ou não um alfa.

Ele sabia que tinha um pai alfa e um ômega. Conhecia muito bem a dinâmica de ter sido gerado na barriga de um deles, enquanto o outro trabalhava e protegia sua família. Já estava ciente que isso era ser um adulto.

O único problema era que ele não queria ser um adulto ainda. Não queria gerar bebês em sua barriga ou ter que defender alguém que não fosse ele e seus brinquedos.

Logo, por que diabos as crianças estavam tão animadas com o teste de DNA? Por que queriam saber desde tão cedo o que diabos seu futuro prometia?

Talvez fosse muita coisa para o pequeno Yoongi lidar. Ou, quem sabe, seus pais tivessem lhe ensinado diferente o conceito dos lobos que regiam o íntimo humano.

A realidade era que tantos pensamentos criaram no Min os primeiros sinais da ansiedade. Ele não dormia com medo do resultado e criava as mais diversas situações hipotéticas em sua cabeça, principalmente sobre ser um beta.

Com toda certeza, ser um beta era o futuro perfeito em sua cabeça juvenil.

Betas não tinham instintos estranhos que ele não entendia, além de nunca ter ouvido sobre betas gerarem bebês em suas barrigas. Eles simplesmente viviam suas vidas em paz, sem se preocupar com muito mais que eles, e Yoongi gostava disso.

Era a realidade perfeita! Seria somente ele e seus pais para sempre. Nenhum alfa para cuidar dele, nenhum ômega para que ele cuidasse. Uma utopia que a criança desejou por duas semanas, até o resultado chegar pela correspondência de sua casa.

Seu pai ômega permitiu que ele não fosse para escola naquele dia, sob a desculpa de ser uma data especial, porém Yoongi não queria que fosse. Preferia apenas mais um dia comum, em que ele poderia continuar sua vida infantil em paz sem se tremer todinho ao imaginar algo em sua barriguinha.

Não foi difícil identificar a resposta no envelope de acordo com as reações de seus pais. O ômega sorriu, olhando-o com ternura, enquanto o alfa apenas apertou os lábios e ofereceu a ele um sinal positivo com o polegar levantado.

Min Yoongi era um ômega. Um daqueles que poderiam receber sementinhas que encheriam sua barriga com um bebê.

Ele quis chorar, mas não o fez.

Seu pai ômega, assim que o alfa os deixou a sós, contou sobre como seu corpo iria mudar em alguns anos, e como ele deveria evitar estar rodeado de alfas, para salvar sua reputação e manter-se seguro. Afinal, ninguém casaria com um ômega impuro.

E o conceito de impureza ficou muito bem grudado na mente do menino por anos. Ele se recusava a se aproximar de qualquer um alfa, assim como se afastou de seus amigos e amigas com tal resultado no teste, temendo o que poderia acontecer caso os mantivesse por perto.

Até os treze anos, todo o assunto se tornou motivo de nervosismo e instabilidade emocional. Ele temia o primeiro cio e tudo que tornaria definitivamente seu lobo maduro e apto a seu comportamento “natural”.

Seu pai alfa não necessariamente ajudava também, principalmente quando parecia orgulhoso dos dizeres do filho contra sua natureza. As piadas que o mais velho e seus tios faziam, sobre um bom filho ômega permanecer fora das “garras” de um alfa, faziam a cabecinha da criança ficar ainda mais conturbada.

Assim, sua própria classe se tornou gatilho para suas crises de ansiedade. Somente em pensar nas características que sua puberdade traria, até mesmo enjoo sentia.

Dos dez aos quinze, sentiu-se uma bombinha relógio, que a qualquer momento iria explodir a vida tranquila que teve em sua infância.

Entretanto, até ali, nunca explodiu. Seus pais o levaram a diversos médicos, buscando respostas para o atraso em seu corpo, ainda que ele estivesse relativamente satisfeito em nunca ter passado pelo famigerado heat.

Ouviu todas as respostas, fez exames de todos os tipos, até perceberem que o constante estresse em que o garoto se mantinha impedia suas funções hormonais de funcionarem corretamente.

É claro que os pais dele culparam um ao outro, ao mesmo tempo em que cobravam do filho que este se deixasse viver.

A solução que encontraram foi tirar férias em outro lugar, quando desistiram de assumir a culpa ou colocá-la no filho. Deixaram o estresse do menino como resultado do lugar onde viviam e viajaram noventa e três quilômetros até chegar à cidade natal de um deles: Busan.

Apesar de ter acontecido pelos propósitos errados, a viagem realmente ajudou Yoongi. Era sua primeira vez na cidade, e as famosas praias de Busan o encantaram como nenhum outro lugar havia feito. A areia ou o sol não incomodavam tanto, principalmente por tudo ao seu redor tê-lo incomodado muito mais anteriormente.

Pela primeira vez em cinco anos, ele descobriu o que era não pensar constantemente em como tinha medo de ser quem era.

Não foi uma surpresa tão grande quando seu primeiro heat aconteceu. E a forma que seu pai ômega esteve presente, ajudando-o com supressores e tudo o que pudesse ajudá-lo a passar pelas cólicas e sentimentos que não havia experimentado até ali, ajudaram a mudar sua visão sobre o que era realmente amadurecer.

Ao final de seu período fértil, que coincidiu com o final de suas férias, o Min finalmente se sentiu em paz. Ele amava seus pais e agradecia por cada minuto que eles haviam proporcionado a ele naquele período.

Ainda de madrugada, após se despedirem da praia com os últimos mergulhos, eles pegaram a estrada em direção ao seu lar, que os esperava em Daegu. Era apenas uma hora de viagem, e Yoongi não se importou em dormir sentado no banco de passageiro atrás do motorista.

E sob sono pesado, acordou apenas quando o carro deixou de tocar no chão e tudo ao seu redor se tornou confusão.

O carro estava girando, levando seu corpo na mesma velocidade. Os vidros das janelas se despedaçaram, e tons de vermelho sangue se espalharam de forma pegajosa por todo lugar.

Seu corpo estava machucado, mas nada o feriu com tamanha magnitude quanto ter a última imagem de seus pais sendo a morte de ambos.

Com o cinto emperrado e o corpo cheio de dor, Yoongi permaneceu preso à cena por tempo suficiente para mantê-la constantemente em sua memória. Seu sangue misturado ao deles, os corpos sem vida e o carro que poderia ter sido o túmulo da família Min completa.

Foi salvo por motoristas que viram o acidente e que procuraram pelos sobreviventes, e agradeceu a eles infinitamente, pois não tinha forças para gritar, ou sequer tentar sair por si só.

Então, seus quinze anos foram marcados pelo fim de um trauma e o início de outro.

Yoongi desenvolveu insônia, ansiedade social e outros diversos problemas que diariamente o impediam de viver uma vida comum na adolescência. Optou por ter homeschooling na casa de uma tia que o abrigou após se tornar órfão, e assim permaneceu isolado mesmo ao decidir qual faculdade faria, uma vez que escolheu fazê-la a distância.

Nem para a sua formatura teve coragem de ir, optando por receber seu diploma pelos correios.

Foram oito anos sem ver seus vizinhos ou fazer questão disso. Não conseguia conversar com sua tia efetivamente e, de forma egoísta, agradecia aos céus por esta nunca ter encontrado um alfa. E, nas poucas vezes em que se deixou ouvi-la falar, tudo o que escutou foi como um alfa poderia ajudá-lo e como era ruim envelhecer sozinho, sem filhotinhos.

Às vezes Yoongi se perguntava se ao menos queria envelhecer. Se merecia tal coisa.

Entretanto, quando seus vinte e três anos chegaram, sua tia não parecia mais tão contente em tê-lo em casa, principalmente quando seus feromônios começaram a ficar mais fortes. Ela não parecia suportar seu cheiro, ou como as variações deste apenas se traduziam em tristeza e nervosismo.

Com seu diploma em mãos e a vontade de não mais incomodá-la, o rapaz saiu de casa em busca de um novo local para morar e um emprego. Já tinha acesso às economias deixadas por seus pais, que permitiam que ele vivesse por, no mínimo, um ano sozinho.

Em sua cabeça, a saída seria simples. Apenas pegaria um Uber e iria até a casa que negociou ainda pela internet. Nada demais, apesar de que provavelmente lhe causaria algum nervosismo.

Entretanto, no momento em que abraçou sua tia na despedida e olhou para o carro desconhecido, percebeu que não seria tão simples assim. Suas pernas ficaram moles e sua respiração começou a acelerar como nunca. Com o coração disparado e muita dificuldade para disfarçar seu cheiro ácido de medo, entrou no carro desconhecido dirigido por um beta.

Foi a primeira vez que andou por vontade própria de carro depois do acidente e, por mais que o motorista fosse educado e animado, nada parecia ajudá-lo a parar de pensar que, a qualquer momento, algo poderia acontecer consigo.

Por sorte, havia escolhido uma casa não tão longe de sua tia. Por azar, estava sozinho ao entrar nela.

As malas em suas mãos não permaneceram por muito tempo ali, pois seu corpo finalmente começou a reagir a todo o estresse passado em um trajeto tão simples. Ele caiu no chão, chorando compulsivamente enquanto abraçava o próprio corpo em busca da calma que sua mente não parecia ter.

As imagens do acidente, as diversas possibilidades de perigo que descartou, o sentimento de solidão… tudo o acertou de uma só vez, machucando-o por dentro e refletindo no estado de completo descontrole que tinha sobre seu corpo.

Ainda não sabia como lidar com aquele tipo de sensação, muito menos havia se preparado realmente para ela, então horas se passaram até finalmente conseguir se levantar e cuidar de si.

Ele era um ômega adulto que precisava começar a viver sua vida independentemente, então teria que lidar com o que era ser a pessoa que era.

Demorou dias para conseguir sair de casa, e se enganava dizendo para si que conseguir lidar com o entregador de comida já era uma evolução.

Não era. Teve certeza disso ao finalmente sair para ir ao mercado. Assim como no primeiro dia sozinho, Yoongi chorou por horas ao chegar das compras, e nem havia comprado tudo o que precisava, pois sentiu que entraria em crise ali mesmo, em frente a diversos desconhecidos.

E assim seguiu sua vida por alguns meses, até ser contatado por uma das empresas para qual havia enviado seu currículo. Não pensou duas vezes antes de aceitar a oferta de emprego, uma vez que um dos seus medos era ficar sem dinheiro e não ter para onde retornar.

A sorte finalmente parecia sorrir para ele, uma vez que o trabalho era executado à distância. Só precisou ir à empresa uma vez, para efetivar sua contratação, e nunca mais foi obrigado a sair do conforto de sua casa.

Dessa forma, sua vida entrou em trilhos que ele não esperava mais chegar. Tinha um emprego e era independente de qualquer um, de uma forma bem similar ao sonho que tinha durante a infância, exceto pela falta de seus pais e a necessidade de tomar supressores a cada seis meses.

Embora tivesse crises eventuais e sua ansiedade não escolhesse quando, como ou onde iria infernizá-lo, Yoongi não se sentia incompleto, muito menos precisando de alguém em sua vida. E quando sentiu a necessidade de contato humano, fez amizades online.

É claro que se esconder sob o anonimato da internet tinha seus prós e contras. Ao mesmo tempo em que se divertia com pessoas que provavelmente nunca veria na vida, também lia coisas que preferia nunca ter visto e se perguntava seriamente se existiam pessoas tão ruins ao ponto de acreditarem naquilo.

Viu uma das grandes besteiras no momento em que alguém tocou no tópico ômegas. Mais especificamente nos direitos e deveres de um.

Alguns ômegas mais novos que ele tinham tantas ideias incorretas sobre seus corpos e como eles funcionavam na realidade, além de muitos alfas — que nada tinham a ver com o assunto — falarem coisas terríveis, diminuindo o valor dos citados.

Yoongi, consequentemente, cometeu o grande erro: contou sua história ali. Seu objetivo era encorajar os de sua classe, mostrando a eles que não precisavam de ninguém em suas vidas, independente dos problemas que passassem; recebeu, no lugar, comentários de ódio, e que o fizeram perceber que muitos alfas o achavam defeituoso pela forma que era e reagia.

Não mentiria e diria que aquilo não o machucou. Independente de não sentir falta de alguém em sua vida amorosa, isso não queria dizer que ser considerado defeituoso seria indolor.

Acabou apagando a publicação ao cansar de ler comentários que o machucavam de formas diferentes, afastando-se da rede social.

Ao completar vinte e quatro anos, sua vida se resumia a trabalhar, dormir e comer. Não tinha hobbies além de assistir, esporadicamente, séries e filmes. Dentro de sua profissão, era prestigiado, e muito provavelmente conseguiria se aposentar naquela empresa — caso essa não falisse em algum momento.

Seu único problema era que os dias eram iguais, exceto quando eram apenas ruins.

Não era como se pedisse aos céus que mandassem mudanças, mas também se sentia cada vez mais vazio.

A mudança, sem que ele soubesse, surgiu na primeira semana do ano em que completaria vinte e cinco anos.

As ruas ainda estavam enfeitadas com adornos de Natal, e as sobras de festas do Min se resumiam a um bolo de frutas que havia comprado e três fatias de pizza de pepperoni que provavelmente não prestavam mais. Não era lá um período mágico para ele, se fosse sincero.

Ao baterem em sua porta no dia treze de janeiro, teve mais certeza da falta de magia daqueles dias.

Não tinha pessoas para visitá-lo inesperadamente. E mesmo se tivesse, não ficaria feliz em recebê-las daquela forma.

Yoongi tinha suas formas de lidar com a ansiedade social que o abalava, que consistiam em ter todos os possíveis cenários em sua mente de uma só vez.

Naquele momento, alguém interrompia sua calma e destruía seu método.

Permaneceu calado por instantes, esperando que, quem quer que fosse, desistisse de sua porta.

Não desistiram, e ele teve que respirar fundo antes de abrir sua porta.

Pelo olho mágico, não reconheceu as pessoas. Eram, aparentemente, um casal, e ele conseguia sentir o cheiro de suas classes ainda de dentro. Um alfa e uma ômega.

Pensou que fossem vizinhos novos, ou alguém se perguntando se ele estava vivo, já que não saía de casa fora de seu único dia de compra mensal.

Abriu a porta minimamente, como precaução. Suas mãos já começavam a suar e seu coração batia mais rapidamente.

— Sim? — indagou ainda de dentro de sua casa, segurando a maçaneta com força.

A mulher, que tinha pouco menos que sua altura e cabelos castanhos, sorriu.

— Bom dia! — ela cumprimentou. — Somos seus vizinhos daqui do lado, nos mudamos ontem…

Yoongi relaxou minimamente por ter acertado uma de suas suposições.

— Como não te vimos ontem ou hoje, resolvemos vir por aqui dar um oi! — ela completou, fazendo-o rir internamente.

Pensou que era um pouco de pretensão por parte de desconhecidos. Assumir que alguém precisava de visitas por não sair de casa.

Afinal, quem ia até a casa dos outros assim?

— Sejam bem-vindos ao bairro — resumiu Yoongi, finalmente olhando para a outra pessoa. O alfa.

Por instantes, esqueceu as palavras que estavam em sua garganta.

Não costumava se importar tanto com aparência, ou sequer parava para reparar em alfas fora de suas séries e filmes, no entanto, quase não conseguiu esconder o quanto aquele homem era bonito para ele.

Foi uma reação de segundos: suas sobrancelhas subiram involuntariamente, seu nervosismo se tornou mais denso e sua mão apertou ainda mais a maçaneta.

Porém, em respeito à ômega que o acompanhava — e a si também —, apenas voltou os olhos para ela e continuou a falar:

— Espero que gostem da nova casa.

A mulher sorriu, mostrando que também era bela, apesar de não ser atraente fisicamente para o Min.

— Pensamos em te convidar para comer conosco. Eu não sou a melhor cozinheira, mas…

— Muito obrigado, mas terei que recusar — Yoongi interrompeu com um sorriso polido. — Estou trabalhando.

Odiava mentir, pois sentia muito mais pressão em suas costas. E se ela descobrisse? E se aquilo virasse um conflito? E se ela começasse a odiá-lo? Ele não queria se aproximar, mas também não queria ser odiado.

— Meu Deus! Desculpe — ela pediu, olhando para o alfa ao seu lado. — Bem que você disse mesmo.

O que ele tinha dito?

— Bom, nós te deixaremos em paz, senhor…

— Yoongi — ele disse para ela.

A ômega sorriu mais uma vez.

— Me chamo Wheein, e esse é meu irmão, Park Jimin.

Foi a primeira vez que Park Jimin sorriu para ele. Era um sorriso genuinamente bonito, do tipo que Yoongi passaria dias pensando após ver na TV.

Entretanto, Jimin estava ali, em frente a ele. Não poderia admirar abobalhado ou pausar a imagem.

Apenas sorriu de volta, acenando em despedida independente de não ter terminado a conversa.

— Prazer em conhecê-los — foram suas últimas palavras antes de fechar a porta.

Passou o resto do dia pensando na visita, às vezes se recriminando por ter sido grosseiro, outras se perguntando se aquele tipo de visita era normal, sempre evitando pensar demais sobre o alfa bonito.

Estava bem sozinho. Não precisava de ninguém para bagunçar ainda mais sua vida, muito menos para aguentar a bagunça que esta já era.

Somente em pensar no processo de conhecer uma pessoa nova, conviver e incluí-la em sua vida, fazia-o sentir medo e um pouco de angústia.

Assim, demorou alguns dias para superar a situação com os vizinhos, porque pensava em coisas demais, hipóteses infinitas, ainda que tivesse recebido sorrisos e a impressão de ter pessoas boas morando perto de sua casa.

Teve notícias dos dois novamente quando, enquanto limpava a casa, viu-os jogando vôlei no quintal deles.

Yoongi quis gritar ao ser percebido encarando Jimin, que sorriu e acenou em sua direção.

Aquela janela passou a ficar fechada com maior frequência, principalmente por sempre lembrá-lo de como apenas arregalou os olhos e saiu do alcance de vista deles naquela ocasião.

Jimin passou a ser uma espécie de proibição que ele incumbiu a si. Não pensava, não via, não imaginava.

Até sua porta ser batida novamente, e sua ansiedade disparar com toda força. E se fosse Jimin?

Era.

O vizinho segurava uma vasilha de plástico, cheia do que ele imaginou ser comida, e sorriu bonito, daquele jeitinho que o impressionou na primeira vez, assim que o viu.

— Boa tarde, Yoongi-ssi. — O Park olhou para a vasilha e depois para ele novamente. — Minha irmã e eu chegamos à conclusão que você não gosta muito de visitas… — Respirou fundo antes de continuar: — Mas tínhamos muita comida sobrando, porque não nos acostumamos ainda a cozinhar só para os dois, e, sabe como é, pensamos em trazer pra você.

Jimin falou rápido o suficiente para deixá-lo levemente confuso e profundamente mexido com o tom de timidez que tinha na voz.

Era muita informação de uma só vez, em uma só fala, mas Yoongi conseguiu entender.

Era muita consideração da parte deles.

Pela primeira vez, abriu sua porta o suficiente para que alguém visse o interior de sua casa e, consequentemente, a ele. Deu um passo à frente, sentindo suas pernas tremerem de nervosismo.

Tentou colocar em sua cabeça que era apenas Jimin, seu vizinho. Que não havia perigo, pois só ia pegar a vasilha e agradecer decentemente.

Não deixou de perceber como Jimin o encarou dos pés à cabeça, com os olhos um pouco arregalados.

Estava muito feio? Suas roupas estavam muito velhas?

Suas mãos tremiam um pouco ao estendê-las em direção ao rapaz para pegar o pote com comida.

— Eu agradeço — falou com o sorriso menos nervoso que conseguiu dar.

O outro olhou em seus olhos e começou a enrubescer. Antes que pudesse ficar corado o suficiente — para Yoongi apreciar —, abaixou o rosto e colocou a comida nas mãos do vizinho.

— Desculpe o incômodo, Yoongi-ssi.

O ômega se sentiu mal pela forma que o rapaz parecia amedrontado, apesar de gostar do fato de este não forçar aproximação — o que era muito bom, em seu caso.

Curvou-se em agradecimento, segurando o riso ao sentir o cheirinho de nervosismo que vinha do outro.

Jimin tinha odor cítrico, com toques de carvalho mesclados. Se seus cabelos fossem laranjas — no lugar de rosas —, o Min poderia compará-lo a uma tangerina.

E ele amava tangerinas.

Desta maneira, apesar de não ter ficado tanto tempo na companhia do outro, ou dado qualquer indício de aproximação, Yoongi se deixou levar pelo calorzinho que sentiu em seu íntimo após aquele dia.

A comida estava deliciosa e parecia ainda mais apetitosa sempre que lembrava que provavelmente havia sido feita com muito carinho.

Carinho familiar, que há tanto tempo não sentia.

Aquela não foi a última vasilha de comida que recebeu dos Parks, muito menos a última visita cheia de pedidos de desculpa do alfa.

Às vezes, Yoongi sentia como se estivesse passando pelo cortejo, e da melhor forma possível: sendo alimentado.

É claro que a ideia não passava das barreiras de suas hipóteses e paranoias. Uma parte de si, a que puxou de seu pai alfa, repetia que alfas não cozinhavam, e isso já bastava para entender que aqueles pratos elaborados e petiscos não eram presentes de Jimin.

Foram algumas semanas recebendo as refeições, que algumas vezes eram mais de uma vez por dia, até Jimin finalmente tomar coragem de dizer algo além dos cumprimentos e pedidos de desculpas.

— Posso perguntar uma coisa, Yoongi-ssi? — perguntou o rapaz.

Yoongi abaixou a cabeça, segurando o potinho que havia acabado de receber.

— Claro… — respondeu baixinho.

Jimin espalhava seu cheiro por todo canto sem nem ao menos perceber. Estava nervoso, e o ômega passou a se sentir igual.

— Você aceitaria ser meu amigo? — indagou, entrelaçando os próprios dedos.

Yoongi abraçou a vasilha contra seu peito e encarou o rapaz por instantes.

A pergunta desceu com gosto agridoce. Ela provava que Jimin definitivamente não estava o cortejando, assim como mostrava que, em algum nível, tinha a afeição do rapaz.

Antes de se sentir ou parecer decepcionado, colocou na cabeça que Jimin não precisava sentir qualquer coisa por ele. Ele era apenas um ômega que deu errado e que não precisava de um alfa.

Sorriu para o outro, pois o nervosismo que sentia com Jimin era outro. Não era apenas aquele que o fazia desistir de sair de casa.

— Claro! — repetiu a resposta, só que com tom mais alto.

O cheiro cítrico se tornou sinal de alegria, enquanto os toques de baunilha em seu cheiro de ômega se misturavam a ele, menos doce do que o normal.

Afinal, Yoongi conseguia enganar seu cérebro parcialmente, mas não ao seu lobo.

Tentou não focar nesse fato, ou em qualquer coisa que o desanimasse. Era a primeira amizade que fazia em anos. Aquilo o alegrou de verdade.

E nos primeiros meses, Yoongi desconfiava que Jimin sabia qual era seu problema, já que o alfa nunca passava dos limites.

Inicialmente, nem ao menos insistia em conversar demais com o Min, parecendo saber exatamente o ponto em que ele se sentiria sobrecarregado. O Park não forçava assuntos difíceis, ou perguntava sobre coisas que claramente qualquer um sentiria curiosidade sobre uma pessoa que vivia sozinha e nunca saía de casa.

Aos poucos, enquanto quebrava as primeiras barreiras de muitas que Yoongi possuía, Jimin se tornou alguém que não o fazia temer a aproximação.

É claro que o ômega precisava controlar os pensamentos em vários momentos. Não deveria imaginar a textura dos lábios grossos, como queria acariciar os cabelos rosas que pareciam tão macios, ou o pior, como seriam seus filhotinhos com o outro.

Imaginou de qualquer forma, várias vezes.

Porém, em contrapartida, Jimin também trazia um sentimento distinto, que ele imaginava que em algum momento sentiria: o medo de perdê-lo.

As únicas pessoas que amou estavam mortas, e a sensação de solidão estava sempre ali, ao seu redor. Logo, se tinha o vizinho se transformando em alguém especial, a apreensão em deixar de tê-lo batia no fundo de sua mente sempre que o via sair de sua casa ou simplesmente não responder uma mensagem.

Sabia que não era uma forma correta ou saudável de se relacionar com alguém, independentemente do tipo de relação. Estava completamente ciente de que, se se apegasse ao rapaz daquela forma, talvez não fosse conveniente mantê-lo por perto.

Entretanto, Yoongi queria continuar. Queria ter alguém com quem se importasse e que correspondesse às suas vontades.

Pensou em procurar ajuda, mas a única pessoa que tinha era Jimin. Nem Wheein era tão próxima assim para que ele lhe contasse sobre como se sentia sobre o irmão da mulher.

Assim, em uma tarde de sábado em que o alfa estava deitado em seu tapete da sala, disse:

— Eu tenho medo de perder você.

Não foi um tom tristonho, nem alto. Apenas contou, como se fosse uma das explicações que dava sobre seu emprego ou rotina.

Os cabelos rosas bagunçados de Jimin combinaram com a expressão confusa em seu rosto. Cada pontinha arrepiada poderia formar um ponto de interrogação facilmente.

— Como assim? — inquiriu o Park.

— Medo de você ir embora e eu ficar sozinho de novo — explicou, movimentando as mãos, como se o assunto fosse apenas mais um.

Era seu mecanismo de defesa: transformar situações estressantes em menos do que realmente eram. Jimin não sabia disso até aquele momento.

— Por que eu iria embora? — Levantou-se do chão e sentou ao lado do ômega no sofá.

— Porque todos vão, Jimin.

Lágrimas involuntárias caíram de Yoongi, e não havia mais volta. Não quando os olhos de Jimin perguntavam tanto de uma só vez.

Contou a ele tudo sobre seus pais. Todas as suas dores do passado, das perdas, do amor que nunca mais sentiu.

Com muita insegurança, contou também sobre seus problemas com seu lobo. Não contou sobre a situação em sua rede social, nem sobre como tinha certeza que era apenas um ômega que morreria sozinho. Essa parte não condizia à conversa.

Ao final, o Park também chorava ao seu lado, comovido pela história.

— Yoon, eu nunca irei te abandonar — disse ao segurar os ombros do amigo. — Mas você precisa de acompanhamento profissional, precisa se curar.

— Eu não estou louco… — afirmou Yoongi em sussurro.

— Você não está louco — Jimin repetiu. — Você só é alguém que já sofreu demais e merece se cuidar, tentar superar o que te machuca tanto.

Yoongi o abraçou e não soltou mais.

Naquela noite, Jimin não foi embora, e eles dormiram daquela forma, no sofá de sua casa.

Pela manhã, os carinhos em seu rosto foram seu despertador, juntamente à quentura da pele do amigo.

Os olhos de Jimin não desviaram dos seus em momento algum, e ele soube que estava seguro ali, nos braços de um alfa. Era diferente de tudo que um dia acreditou sobre a classe do rapaz, diferente do medo e nojo que sentiu por tantos anos sobre aquele tipo de lobo.

E noites como aquela se repetiram, principalmente quando começou a terapia algum tempo depois. O Park estava ali para abraçá-lo ao final de cada uma e sussurrar brincadeiras em seus ouvidos até o sono alcançá-los.

Era sua nova rotina, até o dia em que Jimin não apareceu.

Ele não tinha coragem de ir até a casa ao lado. Não ainda. Então esperou notícias sozinho, de dentro de seu lar.

Foram três dias de terror em sua mente.

Ao mesmo tempo em que não acreditava que havia acontecido algo com o amigo e Wheein não tinha o avisado, a parte traiçoeira de sua imaginação, que surgia em seus picos de estresse, sussurrava que ele não era tão importante assim para saber, ou que Jimin estava bem, só havia encontrado coisa — ou ômega — melhor.

Jimin entrou às pressas em sua casa no terceiro dia, após ter acesso a ela.

Abraçou Yoongi com tanta força, respirando fundo contra o pescoço do ômega, contra sua glândula de cheiro.

Involuntariamente, um marcou o outro com seu cheiro.

Não se largaram até Jimin segurar as laterais do rosto do ômega.

— Desculpe — pediu, encostando suas testas. — Eu… não pude vir antes.

Seu nariz tocou no de Yoongi, e ele sentiu seu coração disparar.

— Por quê? — questionou baixinho.

Rut.

O coração do ômega continuou batendo rápido, mas por motivo diferente.

— Você passou com alguém? — Yoongi esperou o pior.

— Não. Não há outro ômega que eu queira, Yoon.

Seus olhos se encontraram, e a respiração de Jimin se misturou à sua.

— Você…

— Gosto de você. E eu sei que você gosta de mim.

Yoongi se sentiu tonto, principalmente ao perceber o quanto seus cheiros estavam misturados e fortes.

— Mas eu não quero ser sua única luz, Yoon. Você deveria ser a sua luz. E eu estarei aqui, ao seu lado, até que você a encontre em você.

Abraçando-o com força, Yoongi respirou fundo e deitou seu rosto contra o pescoço do alfa.

— Promete? — sussurrou.

— Prometo.

E Jimin cumpriu a promessa, permanecendo ao seu lado nos momentos mais difíceis, quando teve que encarar seus pesadelos, e nos mais fáceis e bons também, em que ele se sentia feliz.

Yoongi, contradizendo o esperado, acreditou que Jimin ainda estaria ali por ele depois de tanto tempo procurando seu bem. Ele tinha confiança nas palavras do alfa, ainda que sua mente tentasse sabotá-lo constantemente.

No momento certo, passaram a trilhar seus destinos em mesma velocidade e direção, de mãos dadas e seguros.

Por mais que a gravidez ainda fosse um tabu para o ômega, ele conseguia se imaginar construindo uma família com Jimin. Afinal, depois de tanto tempo fugindo de tudo e todos, havia encontrado não um motivo para ficar, mas alguém que o guiou a fazer de si mesmo a própria casa.

Dessa forma, apesar de o medo nunca o deixar completamente, sabia que tinha forças para combatê-lo, mas que também não havia problema em ter uma mão para segurar quando fosse difícil demais.

Yoongi era finalmente a própria luz, e Jimin era a promessa que nunca permitiu que seu brilho se apagasse.

~~~~


Notas Finais: Assim como disse algumas vezes, esse não é o presente ideal para essas duas pessoas incríveis, mas que são tão legais que aceitaram esse trocinho mesmo assim.

Muito obrigada por sempre serem tão empenhadas em fazer o melhor pelo projeto e por todes que estão nele, e obrigada por terem me dado a chance de conhecê-las, mesmo o pouquinho que seja. Vocês são uns amores, e me sinto muito feliz por ter tido a chance de entregar para vocês qualquer sinalzinho da minha grande consideração e carinho que sinto pelas duas.

E ainda que o presente seja apenas para as duas doçuras, agradeço demais as outras pessoas do amigo oculto pelo apoio e palavras de conforto. Vocês são docinhos e guardarei com muito carinho a memória da nossa call de revelação não tão reveladora assim kk <3

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