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Era dezenove de outubro. E Shisui sequer se lembrava dessa data que já não fazia sentido em sua vida. Até um anjo, ou melhor, o seu anjo, vir lhe dar o melhor dos presentes: a eternidade de amor.


Hayran Kurgu Anime/Manga Sadece 18 yaş üstü için.

#Shiita #itasui #inkspiredstory #yaoi #Angst #drama
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Único.

A água quente inundava aquele coador de pano revestido em pó de café.

Instantaneamente, o aroma gostoso dos grãos torrados já invadiam as narinas de Shisui, assim como começava a se exalar por toda aquela cozinha.

Uma xícara de porcelana fora preenchida logo em seguida. Suas mãos trêmulas e enrugadas seguravam aquela louça com cuidado, enquanto seus olhos eram fechados e ele se permitia usufruir daqueles minutos de paz e calmaria que sentia durante todas as manhãs do seu dia.

Era bom sentir o aroma do café recém passado. Era ainda melhor quando ele se deparava com um céu azul, limpo, um sol brilhante, os pássaros cantando. Uma paisagem e tanta que se obtinha da pequena janela de sua cozinha, mas nem mesmo o canto mais fervoroso dos pássaros mediante aquele dia ensolarado, enganava os bons olhos do Uchiha que sabia exatamente que em poucos minutos, aquele clima iria virar rapidamente.

E com tais pensamentos, ele não conteve uma risada baixa. A sensação de nostalgia lhe apossou no mesmo segundo e ele se foi obrigado a navegar em suas lembranças passadas, nas lembranças eternizadas e vivas em suas memórias que ele agradecia por sua idade avançada não ter lhe tirado.

— O dia está lindo lá fora! O que acha de enchermos uma cesta com besteiras e irmos para fazer um piquenique?

— Hum... — Shisui abriu um sorriso, se aproximando de seu esposo. Ele abraçou Itachi por trás, com ternura, beijando suavemente aquela nuca despida dos longos fios de cabelo que estavam presos em um coque. — eu iria adorar... Mas vai chover, amor!

— Chover? Shisui! O dia está lindo! Olha esse sol! Não tem uma nuvem... Pare de ser paranóico...

O mais velho riu alto com a indignação alheia. De fato, o céu estava lindo, o sol ardente. Sem sinais de nuvens ou chuvas. Mas céus, Shisui morava no campo a mais de quinze anos, e Itachi havia ido consigo somente após o casamento. Ainda tinha muito o que aprender nos mistérios da natureza.

— Deveria acreditar em mim. Irá chover!

— Se você não quer ir, é só dizer! — bufou baixinho se desvencilhando do mais velho, pegando por conta própria uma cesta, indo até a geladeira na qual ele começou a encher de besteiras. — não vou ficar o dia todo preso em casa, um dia lindo desses! Fique você! Eu vou ir comer meus dangos fora daqui e quem sabe irei nadar no riacho que tem no fim da trilha.

— Não seja teimoso, Itachi! — o humor anterior se transformou em palavras sérias. — vai chover e não é seguro que você vá para a trilha em um temporal!

— Não é seguro ficar mofando dentro de casa quase sempre. Já moramos longe da civilização, quase não tem coisas próximas daqui. Eu quero me divertir, quero aproveitar esse lugar, e se você não vem comigo, eu irei sozinho!

E após dizer aquilo, Itachi fechou a cesta e deixou a casa, batendo a porta, fazendo Shisui bufar pela teimosia.

Ele encarou novamente o céu azulado pela janela, e um sorriso despontou em seus lábios quando notou a grande nuvem carregada se aproximando.

Ele nunca errava.

Ele respirou aliviado. Iria chover antes que Itachi pudesse chegar na trilha, o que o obrigaria a voltar. Sendo assim, o Uchiha mais velho somente colocou uma água para ferver, encheu seu coador de pano com o pó do café e aguardou.

— Teimoso... — sussurrou, tremendamente nostálgico.

Ele deixou sua xícara de porcelana sobre a pia, e caminho devagar até o quarto.

Seguindo ao próprio armário, Shisui buscou por suas galochas, nas quais ele calçou devagar e em seguida, ele vestiu uma capa de chuva.

A mão de pele fina, sensível e manchada, se agarrou a uma bengala que estava escorada na cama.

Ele se dirigiu para fora de sua casa, mas antes, pegou uma cesta vazia para colher algumas frutas já maduras o suficiente, antes que as mesmas caíssem dos pés e estragassem.

Então...

— Se você disser que me avisou, eu vou bater em você! — o mais jovem disse irritado, correndo até a varanda da casa, onde Shisui aguardava por ele com uma toalha em mãos.

A chuva havia chegado de um jeito bastante forte, e sequer permitiu que Itachi ficasse mais do que dez minutos fora.

A cesta de guloseimas fora deixada sobre uma cadeira de balanço, e então, ele se entregou aos cuidados de Shisui, este que abria a toalha seca e quentinha para envolver o corpo molhado e trêmulo pela chuva fria.

— Teimoso! Espero que me escute de agora em diante...

— Cale a...

E antes que pudesse mandar o mais velho se calar por estar se sentindo tremendamente ridículo, ele teve seus lábios calados por um beijo apaixonado, um beijo gostoso que não demorou a ser correspondido pelo próprio rapaz, que rapidamente esqueceu sua frustração pela chuva que lhe impediu de seus planos.

— Eu amo muito você, senhor teimoso!

Shisui terminava de encher sua cesta com as frutas. E ele agora retornava a sua casa, afundado sua bengala e suas galochas naquela terra molhada pela chuva que já caia.

Ele deixou a cesta sobre a cadeira de balanço. Retirou a capa de chuva e a colocou no gancho pregado a parede da varanda. Ele estava prestes a entrar em sua casa com quelas botas sujas, mas parou quando mais uma lembrança lhe invadiu a mente.

EU VOU MATAR VOCÊ, SHISUI! EU ACABEI DE PASSAR PANO EM TODO O CHÃO E VOCÊ.. E VOCÊ...

O mais velho sorriu sem graça enquanto coçava a nuca. Ele havia andado até a metade da sala em direção a cozinha com suas galochas sujas de terra. E agora, ele notava perfeitamente as suas pegadas por todo o piso recém limpo.

— Dê meia volta.. deixe essas botas do lado de fora ou eu vou joga-las na lareira! SHISUI! SHI-

E mais uma vez, aquela boquinha mau humorada foi calada com um beijo. E mais uma vez, ele esqueceu sua irritação, se entregando imediatamente ao beijo ardente que o homem de sua vida lhe entregava com extrema paixão.

— Me desculpe... Eu vou recompensar você por isso! — sussurrou contra os lábios do mais novo. — Eu te amo, Itachi!

As galochas sujas foram deixadas na varanda e Shisui entrou descalço em sua casa.

Seu sorriso ainda se mantinha nos lábios pela lembrança. Mas já não era o mesmo sorriso que existia com frequência a três anos atrás. O sorriso que fazia seus músculos faciais doerem vez ou outra devido o quanto ele ria, sorria e gargalhava de sua convivência com Itachi.

— Eu sinto a sua falta...

O sussurro ecoou naquela casa vazia. Ele olhou de soslaio um retrato de Itachi que estava sobre a estante da sala. Seus dedos automaticamente acariciaram o vidro que guardava aquela bela foto de seu amado.

E quando se deu por si, os olhos já estavam inundados em uma generosa quantia de lágrimas.

Lágrimas de amor, de carinho, de gratidão, mas em grande excesso, de uma saudade absurda e dolorida. Uma saudade de algo que sabemos que não irá voltar.

Me perdoa? Por ter sujado a sala toda? — pediu docilmente com um biquinho nos lábios, não contendo o sorriso quando recebeu o olhar mais carinhoso de Itachi.

Ter sujado a sala? Quando é que você vez isso mesmo?

Shisui riu se jogando novamente sobre o corpo alheio. Ele devorou aqueles lábios com todo seu amor, enquanto as pernas de Itachi se afastavam devagar para lhe receber melhor entre elas.

O mais velho havia saído durante a tarde daquele dia. Havia ido até a civilização. Ele havia ido até lá de bicicleta no tempo fechado, somente para comprar uma bandeja de dangos para Itachi. Moravam distante demais da cidade, e com isso, o Uchiha de cabelos longos precisou manter seu vício ao tentar fazer seus próprios bolinhos. Mas, como o próprio dizia, nada de comparava aos dangos da barraquinha do centro da cidade.

E aproveitando que já estava por lá, Shisui comprou muitas outras besteiras comestíveis para seu amado, assim como um belo buquê de rosas vermelhas, pois ele adorava mimar Itachi com flores mesmo sem um motivo específico. Ele adorava ouvir aquela voz grave sempre repetir o mesmo "sempre que você me dá flores, eu me lembro do dia em que me pediu em casamento. Você me faz reviver o melhor dia da minha vida constantemente, obrigado por ser você!".

A mesa de centro da sala havia sido afastada. A lareira acesa, as almofadas jogadas no chão junto com um lençol vermelho de cetim. Shisui havia acendido velas aromáticas pelo cômodo, deixado o buquê junto com a cesta de doces. Tudo isso enquanto um Itachi emburrado estava trancado no quarto por seu marido ter saído repentinamente naquele dia no qual ele imaginou que ficariam atoa, juntinhos.

Mas quando foi chamado até o cômodo, toda sua birra evaporou. E ele amou Shisui por cada minuto que revestia aquele fim de tarde até o anoitecer.

Onde o fogo da lareira e das velas eram as únicas luzes que refletiam seus corpos suados e em constante movimento.

Onde os estalos das lenhas se queimando se misturavam com o som dos gemidos, dos corpos fortes se chocando com força enquanto o prazer inundava seus corpos.

Assim como aquela sala, inundada pelo cheiro doce das velas, das rosas e do sexo, ou melhor, do amor, porque eles já não sabiam o que era somente fazer sexo. Afinal, quando o amor transcende as possíveis barreiras de um limite para se amar, nada é superficial, nada é mecânico e rotina. Tudo se resume a uma palavra: amor.

E com os corpos jogados naquele tapete, emaranhados naquele lençol vermelho, Itachi comia seus últimos dangos enquanto Shisui se mantinha deitado e atento a si.

O apreciando... O analisando... O amando em silêncio, somente com seus olhos.

— Por que você me olha tanto... — sussurrou levemente tímido, lambendo os lábios melados do caramelo de seus doces.

— Porque eu amo olhar o meu amor. Acho que é o tempo mais bem gasto da minha vida.

— Porque eu te amo, Tachi...

Ele murmurou enquanto encarava o céu chuvoso. Pois ele tinha certeza de que era exatamente ali, que seu amado estava. Não existia uma outra possibilidade. Não poderia existir um lugar que não fosse o próprio céu para Itachi estar.

E após lavar todas aquelas frutas e guarda-las, Shisui se deitou em seu próprio sofá.

Somente aqueles minutos fora colhendo os frutos das árvores já havia cansado seu corpo de quase oitenta anos. Céus, ele estava cansado demais e exausto demais, mas ainda assim, se considerava o homem mais forte do mundo.

Porque somente pessoas fortes são capazes de viver quando o sinônimo da razão de suas vidas vão embora para sempre.

— Eu amo você...

Sussurrou uma última vez, antes de pegar em um sono ali mesmo.

Um sono gostoso, do qual ele não queria acordar.

Céus, ele olhava para si próprio e seu corpo era novo novamente. Sua mãos não estavam enrugadas e ao encarar seu próprio reflexo no riacho, ele notou que seu rosto era ao mesmo de quando jovem, os seus cabelos estavam pretos e não grisalhos, e sua pele lisa e livre de manchas que o tempo causou.

— Hum.. eu senti saudades..

Aquela voz...

Shisui sentiu seu coração disparar e ele rapidamente se virou em direção a ela.

Era Itachi. Com um belo sorriso nos lábios, um olhar tão sereno e tranquilo.

Ele estava belo, tão belo, ele parecia um anjo, e Shisui não duvidaria se ele realmente fosse um.

Roupas claras, o cabelo solto, uma áurea tão clara, uma luz tão forte e boa em torno de si, que fazia Shisui se sentir abraçado e acolhido a metros de distância.

—Eu também senti saudades suas... Eu pensei em você o dia todo hoje!

— Eu sei! E você iria entrar de galochas sujas em casa, de novo!

Shisui gargalhou ao ouvir aquilo.

Será que nem mesmo após a morte Itachi deixaria de ser tão perfeccionista?

— Fazia tempo que eu não sonhava com você, Tachi... Eu senti tanto a sua falta. O que veio fazer aqui?

— Você se esqueceu? Oh... Lembrar do sexo o senhor lembra. Mas do próprio aniversário....

Shisui arregalou os olhos. Ele buscou as datas em sua mente e ali estava.

Era dezenove de outubro. Ele completava setenta e oito anos no dia de hoje. E ele sequer se lembrava.

— Você se esqueceu, não é?

— Dezenove de outubro se tornou um dia como qualquer outro depois que você partiu. Não é a mesma coisa. Era você a primeira pessoa a me dar parabéns. A fazer festas surpresas, a tirar mil fotos e expor elas com palavras tão maravilhosas... Qual o sentido de comemorar mais um ano de vida sem a minha vida por perto para desfrutar comigo?

Itachi tombou levemente a cabeça para o lado e sorriu.

Ele caminhou em passos lentos, se aproximou de Shisui, e o abraçou.

Era um abraço tão reconfortante, tão necessário, tão preciso.

Ele apertou Itachi com força contra si, enquanto inundava o ombro de seu amado com as próprias lágrimas.

— Senti falta do seu abraço. Do seu cheiro. Do seu carinho. Eu amo você Itachi... Não deveria ter sido assim!

— A vida é um mistério e não faz sentido na maior parte das vezes... Mas ela não acaba quando morremos. E eu, sempre estive com você.

— Você poderia aparecer sempre em meus sonhos... Eu não iria desejar acordar mais. — ele riu baixinho limpando as lágrimas. — sonhar com você é bom.. mas é triste saber que vou acorda e você não estará mais ali. Que só veio me desejar feliz aniversário.

— Na verdade... Eu vim buscar você, Sui! — o mais jovem acariciou aquele rosto molhado e sorriu. — isso não é um sonho, meu amor. Essa é sua vida... Que está apenas começando... Sua carne ficou, mas seu espírito ainda vive.

Shisui arregalou minimamente os olhos.

Um susto momentâneo se instalou em todo o seu ser. Porém, um alívio ainda maior tomou conta de si.

Ele havia tido uma longa vida.

Ele havia morado a vida toda em um lugar que tanto amava, cercado e rodeado da natureza.

Ele havia compartilhado décadas de sua vivência ao lado do homem de sua vida.

E sofreu a cada ano em que já não tinha mais Itachi consigo. Mas ainda assim, ele não havia desistido.

Ele lutou dia após dia, cumprindo suas obrigações e responsabilidades.

Ele havia cumprido com tudo. Seu corpo já estava exausto, sua carne gasta, seu coração fraco.

Mas o seu espírito novo, jovial, belo e cheio de energia.

Sua hora havia chegado naturalmente. E ele havia conseguido sobreviver sem Itachi até seu último suspiro.

E no final das contas, havia válido a pena. Pois nem mesmo a morte havia sido capaz de separar duas almas que se amavam além da vida.

— Vamos? — Itachi indagou esticando sua mão a ele.

— Com você... Eu vou para qualquer lugar! — ele sorriu de forma larga e segurou a mão de Itachi com firmeza. — Eu te amo, Itachi!

— Eu também amo você, Shisui. Feliz aniversário.

Fim.

18 Mart 2022 02:57 0 Rapor Yerleştirmek Hikayeyi takip edin
1
Son

Yazarla tanışın

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