Kısa Hikaye
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O que eu faço?

Notas iniciais:

Ô meu deus... isso aqui era pra ser uma outra one engraçadinha, mas a ideia acabou se estendendo além do meu controle e agora vai ter que ser assim kk

É a minha primeira história com foco colegial, então estou explorando águas desconhecidas, mas essa eu juro que vai ser pequena mesmo, entre 3 a 5 capítulos no máximo. Muito diálogo, muitas palavras, muitas cenas, melhor dividir isso aí.

Tomara que vocês gostem e me acompanhem em mais essa aventura <3

(E se gostarem não esqueçam de clicar na estrelinha e deixar um comentário)

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Sabe aquelas coisas em que já existe uma grande chance de dar errado desde o começo, por isso você evita mais do que tudo? Como apresentar um trabalho que você não estudou o suficiente, pedir a palavra no meio de uma aula chata ou falar com a garota mais popular da escola?

Eu realmente evitava mais do que tudo. E graças a isso eu estava prestes a terminar mais um ano escolar completamente a salvo de grandes expectativas.

Isso mesmo, mais um ano sem grupinhos rindo da minha cara, sem empurrões nos armários do corredor ou depredações imorais na minha carteira. Mas isso porque era fácil.

Era fácil fingir que era engraçado quando amarravam as alças da minha mochila nas pernas da cadeira 32 vezes, era fácil dizer sim pra todo pedido de troca de turno na limpeza da sala. Era fácil até ignorar os chutes na minha mochila enquanto eu passava pelo corredor do ônibus em direção a porta.

Talvez "fácil" não é a palavra certa, mas sim "melhor".

- Aê, Metal! Vê se não esquece da lição de matemática pra segunda-feira! - Yurui chamou, do banco que estava sentado, inabalado por estar gritando suas trapaças pra todo mundo ouvir.

Lá do fundão consegui escutar Iwabe batendo na lataria, puto.

- Vai te catar, moleque folgado! Como é que tu quer deixar de ser burro copiando tudo o que os professores pedem?!

- De burrice tu entende né, repetente? - ele debochou de volta, estourando uma bola de chiclete.

Uma coisa sobre o Yurui é que não bastasse ser um saco por si só você ainda tinha que lidar com a mascação horrorosa dele. O cara sozinho deve sustentar a equipe odontológica da cidade.

E claro que o ploc ploc de chiclete era mais uma coisa que deixava o Iwabe puto.

- Eu ainda vou te fazer engolir esse chiclete pelo...

- Ei vocês dois! - o motorista chamou pelo espelho retrovisor - Não me façam ter que ir aí!

Eu apenas ri amarelo, acenei para o velho no volante e desci aquela escada como se minha vida dependesse disso.

- Haaha.. Até mais senhor Tazuna!

O ônibus escolar arrancou, levando a confusão embora. Olhei pra mochila com a marca do solado de um tênis barato qualquer e suspirei, ajeitando o peso no ombro antes de começar a caminhar em direção à minha casa.

Existiam 3 regras básicas para todo estudante que gostaria de passar pelo inferno do ensino médio da maneira mais tranquila possível: não infrinja regras da escola, não fale se não falarem com você e, aconteça o que acontecer, não entre em brigas.

E existia um motivo pelo qual as três regras falavam exatamente da mesma coisa.

Pode me chamar de paranoico, mas eu prefiro morrer do que chamar atenção. E por que chamaria? Minha vida nem é tão interessante assim.

E eu até tava indo bem, até então estava indo muito bem. Só que isso não é sobre mim. Bom, é e não é.

Porque é sobre o meu pai.

- Cheguei. - soltei um muxoxo, fechando a porta atrás de mim. Dentro de casa havia um cheiro forte de queimado. - Pai?

Silêncio.

Alarmado, joguei minhas coisas no chão da sala mesmo e corri que nem um idiota até a fonte do incêndio, já tendo uma ideia do que poderia ser.

Não deu outra, virei a esquina da cozinha e lá estava ele, de pé, completamente avoado olhando para uma parede enquanto a panela, já preta, fumaçava em cima do fogão.

- Pai! - chamei de novo, mais alto. Foi só aí que ele me viu, se assustou com tudo e arremessou a panela pra dentro da pia.

Desde que me conheço por gente, somos só eu e meu pai. Aniversário, dia dos pais, natal, ano novo... Eu nunca senti falta de nada porque esse sempre foi o meu normal. Mais do que o normal, sempre foi o meu especial.

Quando eu era criança ele era o meu herói só pelo fato de ser meu pai, mas só quando fui crescendo que fui sendo capaz de perceber o quanto Rock Lee realmente é um cara incrível.

E eu sempre fiquei muito feliz por todos dizerem o quanto somos parecidos, apesar de ter certeza que não. Óbvio que o par de sobrancelhas e toda a herança genética é inconfundível, mas também era só isso. Exclusivamente isso.

Existia um abismo enorme entre a gente.

O nível de confiança, as habilidades físicas, o traquejo social, a inclinação para liderança... Acho que não me lembro de uma única situação que ele não tenha sido o centro das atenções. Talvez nem sempre pelos motivos desejados mas, fosse bom ou ruim, Rock Lee tinha essa coragem para explodir na sua cara sem dar a mínima pra nada e eu não conseguia nem imaginar como seria a sensação.

E ele nem sequer tentava, ele simplesmente era assim. Era assim até demais.

Ou, era isso o que eu pensava...

Tudo começou em uma noite chuvosa, logo após uma reunião de pais e mestres da escola. Sim, igual nos filmes de terror, porque eu me lembro de tanto ter ficado apavorado quando o telefone vibrou e o carro simplesmente subiu no meio-fio quando estávamos voltando pra casa.

Podia ser uma bobagem qualquer e meu pai riu fazendo piada do quanto estava desatento e soltando algum ditado sobre o perigo de dirigir em temporal, mas foi estranho. Não foi nada do que ele disse em potencial, mas eu sabia que estava estranho.

Eu entrei em pânico por pensar que o professor havia dito alguma coisa ruim sobre mim, mas eu não ia perguntar então só me restava esperar.

A bronca nunca veio até hoje, mas aquela barbeiragem foi de uma reação atípica ao começo de tudo.

Perder, quebrar, esquecer... Desde derrubar e chutar as chaves de casa pra dentro de um bueiro até ir trabalhar de chinelos e ter q voltar no meio do caminho pra calçar os sapatos.

E não só isso. Agora dia sim dia não eu o encontrava suspirando pela casa ou simplesmente sonhando acordado enquanto a panqueca pegava fogo na frigideira.

De quem tinha a precisão de um artista marcial, meu pai de repente estava com a coordenação motora de um cavalo com parkison.

Se perguntassem alguma coisa ele ria e desconversava, e continuava tropeçando pelos cantos como se houvessem batentes invisíveis espalhados pelo chão.

Não era normal e eu estava assustado. Então pensei em pedir socorro pra maior autoridade que eu conhecia que podia fazer alguma coisa: Gai-sensei.

Mas o sensei era quase um eremita velho que não usava celular pra nada. Nada mesmo! Eu abro a conversa de whatsapp e ainda hoje a mensagem de feliz aniversário que enviei não foi visualizada, e já fazem 4 meses desde o aniversário dele.

Eu não tenho a menor ideia de como se comunicar através de sinal de fumaça, mas eu sabia que conseguiria falar com Gai se ligasse para o Kakashi-sensei, e foi com esse pensamento em mente que busquei o celular do meu pai um dia desses enquanto estava carregando. Eu juro que foi.

Desbloqueei a tela, mas antes mesmo que pudesse entrar na agenda de contatos, as notificações de mensagem não-lidas saltaram direto na minha cara. Não dava pra ver a foto de contato, só o nome, mas infelizmente deu pra ver boa parte do conteúdo. Um conteúdo claramente particular.

Joguei de volta no lugar, como se tivesse sido eletrocutado pelo negócio. Quase tremendo de vergonha por ter descoberto demais, mas com todas as clarezas subitamente chegando até mim.

Uma vez eu ouvi num podcast de um neurologista famoso que, quando uma pessoa se apaixona é como se entrasse em um estado de demência temporária que dura entre 12 a 24 meses.

Eu nunca me apaixonei na vida, mas já tinha visto filmes e lido livros o suficiente para entender que você fica burro, vira besta. Mas eu também pensei q tudo isso fosse licença poética para gerar humor.

Até porque ou era isso ou um princípio de alzheimer que, em um homem super saudável de trinta e poucos, fazia menos sentido ainda.

Meu pai estava temporariamente burro e besta.

Naquele dia eu decidi que não iria mais aporrinhar sobre isso, até porque não era da minha conta e a curiosidade acabou de traumatizar o gato.

Meu pai nunca chegou a comentar nada sobre o assunto, mas aqui, empurrando a janela da cozinha para deixar sair a fumaça depois do que deveria ser o terceiro incêndio acidental da semana, eu estou começando a pensar que não tenho como esperar de 12 a 24 meses.

[...]

- Caramba, Metal, sem querer ofender mas... Seu pai já não é grandinho? - Iwabe reclamou, pendurado no rack. - Isso aqui não é um mangá shoujo, sabia?

Esticado no chão, Denki me olhava compadecido pela história que eu acabei de contar, mas não conseguia disfarçar muito bem a vontade de rir. Os dois eram meus melhores amigos, o que é a parte boa e também a parte ruim.

Vez ou outra a gente se encontrava no box* no fim da rua pra passar o tempo e gastar energia. Já que eu costumo vir aqui com o papai toda noite, mandei mensagem e convoquei uma reunião de emergência.

Esse assunto era grande demais pra resolver por whatsapp e delicado demais para contar na escola... por aqui se a gente ficasse quietinho num canto enrolando dava pra passar despercebido entre os gritos dos treinadores e o barulho de coisa pesada batendo no chão.

O box não era muito diferente de um playground de gente grande, de toda forma.

- Ta vendo essa blusa aqui? - puxei o tecido da minha própria camiseta, apontado a evidência - De que cor você acha que ela é?

Dessa vez eles realmente me olharam como se eu fosse doido.

- ... Rosa?

- É branca, Iwabe! Branca!

- É rosa, Metal. - Denki confirmou.

- Meu pai confundiu o suco de uva com o desinfetante e deixou a roupa de molho no suco! A roupa branca! - expliquei no tom mais baixo que conseguia. Dessa vez os dois riram de verdade e senti o rosto esquentar. - Não tem graça!

- Claro que tem! O suco de uva fica na cozinha, e a roupa suja na lavanderia...

- Eu sei! - cortei - É isso que to dizendo. Não faz sentido nenhum.

- Mas se meter assim na vida do seu pai... - Denki ponderou, ele pelo menos tentava não ser tão escrachado quanto o outro - Não sei se é uma boa ideia.

- Não é se meter, "se meter". Eu só queria achar uma forma de ajudar...

Os dois nem se olharam antes de falar ao mesmo tempo:

- É "se meter".

Iwabe pulou de onde estava pendurado e estralou o pescoço.

- Por que você não fala com ele? - perguntou - É melhor que ficar bancando o detetive.

- Você não conhece o meu pai? - Apontei lá pro outro lado do box de onde dava pra ver e escutar ele discutindo com o tio Neji sobre qualquer coisa que obviamente não dava pra fazer mas ele teimava que sim.

Com "espírito", com "sangue quente", com "vontade e determinação". Sempre dá pra fazer. Se ainda não deu é porque você não tem vontade o suficiente, não se esforçou o suficiente.

O problema é que nem tudo é uma questão de vontade e as vezes você só tá enganando a si mesmo, passando por cima de alguma coisa que você não tem controle só pra sorrir e dizer q tá tudo bem, quando obviamente não tá tudo bem.

Sério mesmo, você não conhece ele??

- Mas daí ele não pode se virar sozinho? - claro que Iwabe sabia do que eu tava falando, por isso não retrucou - Quer dizer... o quão difícil pode ser?

E eu podia até dizer que foi o Iwabe que jogou a praga, mas ultimamente estava sendo rotina. Eu ainda nem tinha tirado a atenção deles quando ouvimos a voz da tia Tenten.

- Lee... LEE!

Assim... A gente costuma vir aqui toda noite porque meu pai compete nos Opens* junto com a equipe dele, a Tenten e o Neji.

Eles são amigos desde criança e participam dos campeonatos a muitos anos, o que significa que levantam muito peso. Tipo... Muito peso. Deveria ter uns 280 libras naquela barra nas costas dele. Não é brincadeira.

Eu aprendi que isso era perigoso, por isso você tem que fazer sua série acompanhado de outra pessoa que soubesse como agir e te ajudasse no menor sinal de falha*.

Era por isso que a Tenten havia puxado a barra das costas dele e aquele bagulho monstruoso tinha feito um estrondo no piso acolchoado.

Quando corremos na direção deles, papai ainda estava caído no chão enquanto a tia ralhava por ele ser imprudente.

- Caramba! Se não consegue levantar solte a barra! Você sabe disso!

Mas ele consegue. 280 era muito mas ainda não era o RM*, isso eu sabia, ele consegue ir além.

- Papai, você tá bem? Se machucou? - Perguntei, tentando me fazer presente, mas ele continuava deitado, respirando pesado e olhando pra lugar nenhum.

Parecia bem mas não parecia também.

Tia Tenten suspirou forte quando não houve um rebate na discussão.

- Mas o que há com você, heim?

Eis a pergunta de um milhão de dólares. E o que ele diz éé:

- Eu... não sei. - bem desanimado.

Eu já estava começando a ficar zangado. E, pelo visto, o Neji também... ele era a parte mais silenciosa do time, mas também a mais mordaz.

- Se você não vai ligar, então esqueça isso. Pare de palhaçada e preste atenção no que está fazendo.

- Ligar? - Tenten ergueu as sobrancelhas - Pra quem?

Quase que minha orelha aumentou um tanto de tamanho depois dessa, mas papai saiu cortando a curiosidade de todo mundo levantando em um pulo.

- Pra ninguém! - quase que gritou - Vamos continuar!

E os três foram retomar as anilhas do suporte com a Tenten reclamando que não acreditava que eles tinham um segredo que estava de fora e algum momento deu um chute em alguém que falou "meia noite te conto".

Iwabe e Denki não disseram nada, só olharam pra mim com uma cara espantada, entendendo o que eu estava querendo dizer.

Isso tava começando a ficar perigoso.

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Notas finais:

Box: É o apelido carinhoso para o local dos treinos de crossfit.

Open: é uma competição online da CrossFit. A maior competição online do mundo.

RM: Repetição máxima; o máximo de carga com a qual consegue executar "x" número de repetições de um exercício. É o peso máximo q você consegue erguer até o músculo falhar e você cair no chão.

10 Mart 2022 18:23 0 Rapor Yerleştirmek Hikayeyi takip edin
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Devam edecek...

Yazarla tanışın

Políbio Manieri Being alive...

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