2minpjct 2Min Pjct

Quando Park Jimin convidou seu vizinho estranho e solitário para tomar um café em seu apartamento, o jovem não imaginava que estava dando a um vampiro a permissão que ele precisa para conseguir entrar na casa de uma pessoa. Agora Min Yoongi não quer ir embora e, muito menos, deixar o Park em paz.


Hayran Kurgu Gruplar/Şarkıcılar 13 yaşın altındaki çocuklar için değil.

#vampiro #friends-to-lovers #flufly #yoongi #jimin #bts #vampiros #minmin #minimini #suji #sugamin #yoonmin #2minpjct #2min #Bangtan-Boys-BTS #boyslove #boyxboy #btsfanfic #btsfic #fantasia #gay #romance-gay #sujim #yaoi
16
3.8k GÖRÜNTÜLEME
Tamamlandı
okuma zamanı
AA Paylaş

Gatinhos, convites e medo de vampiro

Escrito por: @dntfarway/@arctcmono


Notas iniciais: oooi, é a annie!!! venho aqui com uma fanfic cheia de boiolice e fofura porque, quando me entregaram o conceito vampiros em mãos, eu pensei: "já tem tanta história sombria com essa temática por aí, por que não fazer algo mais descontraído?" e também eu tenho um PENHASCO por fics fofinhas então....

espacinho do agradecimento pelo carinho da betagem @jupteryoon, que me deixou de coração super quentinho, e pelas capas maravilhosas (@peartae e @tmessi/ThalieMessi), que me deixaram muito feliz ❤❤

espero que amem o yoongi vampirinho tanto quanto eu e boa leitura!



~~

24 de maio, o primeiro convite

Park Jimin conheceu o amor da sua vida quando estava tentando equilibrar duas caixas pesadas, repletas dos seus pertences, em seus braços cansados. Claro, naquele dia, o jovem professor de Educação Física de uma escola primária não sabia que aquela pessoa era o provável amor de sua vida e, sendo bem sincero, ele sequer acreditava que um “amor para vida” existia. Talvez existisse para as demais pessoas, mas não para ele. Existia para o seu melhor amigo, afinal de contas.

Quando Kim Taehyung — seu melhor amigo há quase uma década, companheiro de apartamento e experiências diversas e, definitivamente, a pessoa a quem Jimin iria recorrer se algum dia precisasse esconder um corpo — começou a namorar Jung Hoseok, seu veterano do curso de Ciências Sociais, o Park não podia ter ficado mais feliz. Hoseok era uma pessoa indiscutivelmente maravilhosa, além de amar e cuidar do Kim como ele realmente merecia. Por dois anos, foi completamente satisfatório ver a forma como seu casal de amigos evoluía cada vez mais em seu relacionamento, se tornavam mais confiantes e sinceros um com o outro, e demonstravam sua afeição desde os sorrisos involuntários aos presentes sem motivo. Era bonito. Jimin estava alegre por eles. Até que, de repente, um sentimento incômodo e não bem-vindo começou a se enraizar em seu peito.

O rapaz não sabia dizer com exatidão quando começou a se sentir mal com o namoro dos amigos. Talvez houvesse sido no dia em que combinou com Taehyung de ir ao cinema e o amigo desmarcou de última hora porque precisou fazer outros planos com o namorado; ou quando o Kim sumiu durante um fim de semana inteiro e o fez ficar maluco de preocupação apenas para descobrir, na segunda-feira, que o mais novo e o Jung tinham feito uma viagem não planejada e esqueceram os carregadores dos celulares no apartamento do mais velho; ou quando Hoseok e ele saíram para fazer compras e o hyung o repreendeu quando colocou um amaciante no carrinho.

— O Tae é alérgico a esse cheiro, Jimin-ah. Você esqueceu?

Talvez houvesse sido em todas as semanas que Taehyung passava dias sem aparecer no apartamento que dividiam porque preferia ficar com o namorado ou, muito provavelmente, no dia em que Jimin voltou mais cedo do que esperado para casa e encontrou o casal na cozinha, conversando sobre morarem juntos. Era justo, não era? Eles tinham um relacionamento saudável e invejável de quase três anos, passavam a maior parte do tempo grudados e, quando não estavam, sempre procuravam saber um do outro ou manter um contato contínuo. Jimin sabia que seu melhor amigo ansiava por dar aquele próximo passo importante em seu namoro. Também sabia que a única coisa que mantinha o Kim hesitante era ele próprio.

Por um minuto egoísta e que Jimin gostaria de deletar da sua mente para todo o sempre, ficou satisfeito em saber que ele era a razão para Taehyung não seguir em frente com a decisão porque tinha medo de magoá-lo e não queria deixá-lo sozinho. No entanto, o Park entendeu que aquele sentimento ruim, aquela vozinha venenosa em seu ouvido, era um lembrete de que não se encaixava mais naquela dinâmica forçada de trio que formavam. Ele não fazia mais parte. A vida seguiu em frente, mudou, e ele continuou tentando se prender aos resquícios das coisas que não existiam mais. Estava na hora de evoluir e amadurecer também.

Seu primeiro passo foi a mudança. Decidiu tomar a iniciativa e deu ao melhor amigo o espaço que ele precisou naqueles últimos três anos. Saiu do apartamento que dividiam, encontrando uma nova moradia em um condomínio familiar próximo à escola onde lecionava. E, talvez, o destino tivesse resolvido recompensar o Park por sua coragem em dar um passo adiante, porque foi enquanto descarregava as caixas com seus pertences do carro que pegaram emprestado de Hoseok e ajudava Taehyung a carregá-las até o seu novo lar, que Jimin o encontrou pela primeira vez.

O professor e seu amigo tinham acabado de alcançar o andar onde estava localizado o seu novo apartamento quando ele apareceu. O primeiro sinal de vida que o mais velho da dupla recebeu do provável amor de sua vida foi uma voz. Uma voz baixa, arrastada e calma, perguntando:

— Vocês precisam de ajuda?

Jimin precisou esticar o pescoço para que pudesse enxergá-lo por cima das caixas que carregava em mãos. Quando, enfim, conseguiu vê-lo, franziu as sobrancelhas, confuso. Se algum dia precisasse contar aos seus netos como tinha conhecido a sua outra metade, precisaria assumir que sua primeira impressão havia sido estranheza.

O rapaz estava parado há alguns passos de Taehyung, em pé de frente para a porta de um dos primeiros apartamentos da fileira que ocupava o andar, e segurava um gato siamês em seus braços. Vestia um conjunto de roupas incomum — calça moletom, camisa de mangas longas e as mechas de um cabelo loiro acobreado escapavam sob o bucket hat em sua cabeça — para uma tarde de verão em Seul e, talvez, houvesse sido esse o fator que chamou a atenção do Park no estranho, ou seus olhos castanhos amendoados e pequenos, observando-os quase tão atentamente quanto os orbes felinos do bichano em seus braços.

Era fofo, Jimin pensou.

— Hum, eu acho que… — Taehyung buscou o olhar do melhor amigo, tentando arrumar uma resposta para a oferta. — Não precisa. Nós estamos bem.

— Não é incômodo. Aposto que vai ser mais rápido. — O estranho sorriu, gentil. — Você é o novo morador do último apartamento? Ouvi a senhora Jang falando algo sobre alguém estar se mudando para cá.

— Ah, sim. Mas é meu amigo quem está de mudança — o Kim respondeu, ainda guiando a conversa, e apontou para Jimin, que retribuiu o aceno do seu novo vizinho com uma leve reverência.

— Prazer, meu nome é Yoongi. Eu moro nesse apartamento. — O jovem apontou para a porta do apartamento em que estavam parados em frente. — Espero que goste de morar aqui.

— O-obrigado — Jimin agradeceu, tímido.

— Vem, deixa eu te ajudar. Isso parece pesado — Yoongi se ofereceu mais uma vez, caminhando na direção de Taehyung para livrá-lo do peso das caixas.

O Park quis rir das palavras do seu novo conhecido. Taehyung sustentava as caixas mais pesadas justamente porque tinha um porte maior e mais força — coisa a qual o seu amigo não assumiria nem sob ameaça —, e Yoongi, por sua vez, possuía a mesma estatura do professor, sendo um pouco mais franzino e aparentando ser ainda menor sob as roupas grandes que usava. O Kim tentou apontar o fato gentilmente, usando como desculpa que não queria interromper o passeio do rapaz com seu gatinho, mas o vizinho admitiu que o animal não era seu, e sim um dos felinos que vivia na praça do condomínio — uma que tinham visto entre o estacionamento e o bloco onde o apartamento de Jimin ficava — e havia o trazido para casa para tratar um pequeno machucado em sua patinha. Naquele instante, estava em seu caminho para devolvê-lo aos seus amigos.

Aquilo, somado aos sorrisos gentis e voz serena de Yoongi, foi o suficiente para comprar Taehyung e logo ele abandonou as caixas que tinha em mãos no chão, aceitando o gatinho tranquilo em seus braços para que pudesse deixá-lo na praça em seu caminho para pegar as últimas malas de Jimin. Esse encarava o novo conhecido erguer as caixas com uma facilidade intrigante e desviar os olhos doces em sua direção, esperando por um comando.

Aquele primeiro encontro não se estendeu além. O loiro o acompanhou até a entrada da sua nova casa e deixou as caixas descansando próximo a porta, sem se atrever a avançar para o interior do apartamento, antes de entregar ao outro um sorriso acolhedor e desejar-lhe um bom dia. Quando Taehyung retornou, contou ter encontrado o vizinho no caminho e afirmou que Jimin deveria tentar investir em uma amizade porque Yoongi parecia ser uma boa pessoa. O mais velho concordava, mas não teve chances de colocar quaisquer planos em prática porque não esbarrou mais com o jovem e não teve coragem de bater na porta de seu apartamento.

Quando o viu novamente, fazia uma semana desde o dia da sua mudança e estava voltando do trabalho em um fim de tarde. Ao encontrá-lo pela segunda vez, Jimin notou que talvez o rapaz fosse um pouquinho mais estranho do que sua primeira impressão o fez perceber. Não um estranho ruim, entretanto. Como alguém sentado na sombra de uma das árvores que ocupavam a praça do condomínio, cercado por um trio de gatinhos e conversando com esses poderia ser um estranho ruim? Para o Park, era adorável. Por isso, acenou de volta quando seu olhar encontrou o de Yoongi e esse o presenteou com um tchauzinho.

Os encontros continuaram por quase um mês. Quase todos os dias, Jimin encontrava seu vizinho ocupando a sombra de uma árvore, distraído com os gatinhos que habitavam o local ou concentrado em alguma atividade como um livro ou um sketchbook que parecia manter consigo constantemente. Os dois trocavam sorrisos e acenos, mas nunca se aproximavam para trocar palavras. Yoongi também estava sempre sozinho. Jimin costumava ver outros moradores caminhando pela praça com seus cachorros ou brincando com seus filhos quando saía para trabalhar, mas na volta, no horário que Yoongi geralmente estava no local, não havia ninguém, apenas seu estranho vizinho loiro e os amiguinhos felinos dele.

O jovem professor teve a oportunidade de saciar sua curiosidade com o fato durante uma confraternização dos moradores do seu bloco e o vizinho para arrecadar fundos para reformar os canteiros da querida pracinha. O jantar acontecia no apartamento de uma das síndicas do condomínio e o novo morador foi capaz de reconhecer alguns dos habitantes do lugar, pessoas com as quais esbarrava corriqueiramente. Contudo, a figura mais recorrente do seu dia a dia não estava em nenhuma parte do local — e Jimin o tinha procurado mais de uma vez.

— Namjoon-ssi, o Yoongi-ssi não vai vir? Sabe, aquele rapaz loirinho que mora no primeiro apartamento do nosso andar. — Jimin abordou o seu vizinho mais próximo, um rapaz amigável que sempre saía para caminhar no mesmo horário que o Park ia para o trabalho e os dois trocavam bate-papos banais, quando reparou que, se Yoongi fosse comparecer à reunião, ele já teria aparecido àquela altura do campeonato.

— Min Yoongi? — Namjoon questionou para confirmar. O acastanhado assentiu. — Ah, ele não participa das confraternizações do prédio.

Jimin franziu as sobrancelhas, estranhando o fato. Yoongi aparentava ser doce e carismático demais para ser alguém tão afastado dos seus vizinhos. No entanto, antes que perguntasse a Namjoon o porquê, foram interrompidos por outro dos moradores aproximando-se e mudando o tópico da conversa.

Aquela noite, quando voltou para casa, o Park parou em frente a porta do loiro. Ficou tentado a bater e perguntar ao outro por que ele não tinha aparecido na confraternização, mas acabou por desistir e continuar seu caminho para o próprio apartamento. Não era do seu interesse que o gentil e bonitinho rapaz, que o recebia com acenos e sorrisos todos os dias e o ajudara com sua mudança, passasse tardes sozinhos em uma praça vazia e não participasse de atividades sociais com as pessoas que cercavam seu cotidiano. Não era problema seu que Min Yoongi fosse tão sozinho.

No entanto, isso não impediu Jimin de se aproximar no dia seguinte. Passou toda a manhã e tarde antecipando seu retorno para casa, construindo e reconstruindo seu convite, e soltou um suspiro aliviado quando atravessou o gramado até o seu bloco e encontrou Yoongi sentado em um dos bancos da praça.

O Min tinha um guarda-chuva apoiado em seu ombro, o qual fazia uma sombra sobre seu corpo, e as mãos estavam ocupadas acariciando o mesmo gatinho siamês que carregava em seu colo no dia em que se conheceram. Ao se aproximar, Jimin também reparou que o moletom rosa que o rapaz usava fazia um forte contraste com sua pele clarinha, deixando-a ainda mais pálida — ou talvez, ela sempre tivesse sido e o professor não reparara mais cedo.

— Oi, Jimin-ssi. Como vai? — Yoongi o reparou antes que o Park pudesse dizer alguma coisa e o cumprimentou com um sorriso simpático.

Jimin, por sua vez, franziu o cenho.

— Como você sabe meu nome? — A pergunta veio antes que pudesse impedir. Não se lembrava de ter se apresentado para o vizinho alguma vez naquele último mês.

— Eu ouvi você dizendo para o Namjoon — o Min respondeu, dando de ombros. — Você saiu cedo do trabalho hoje? Normalmente aparece mais tarde.

— Ahn, foi. Isso. — Jimin assentiu, meio perdido. A perspicácia do rapaz havia o pego desprevenido e, de repente, seu plano de aproximação parecia idiota. Quer dizer, quem era ele para pensar que podia ser algum tipo de ceifador da solidão alheia? — Po-por que você está com esse guarda-chuva? — Resolveu mudar o rumo da sua abordagem, envergonhado demais para seguir com seu convite.

— Ah, o sol estava forte. — Yoongi deu de ombros.

Jimin, inconscientemente, ergueu o olhar para o amontoado de nuvens branquinhas sobre suas cabeças, estranhando as palavras do Min. Havia chovido um pouco pela manhã e, naquele momento, o céu não poderia estar mais limpo. Antes que pudesse brincar com o fato para tentar aliviar o clima embaraçoso entre os dois, a voz do loiro o interrompeu, perguntando:

— Como foi a festa ontem?

— Foi legal. Eu achei que te encontraria lá — o Park soltou, corando logo a seguir com a confissão inocente.

Yoongi abriu um sorriso fofo.

— Você me procurou? — deduziu, sem vergonha. Jimin xingou-se internamente, mas confirmou com um aceno de cabeça. Não havia como negar, de qualquer forma.

— É que… Hum, além do Namjoon-ssi, você é o único vizinho que parece ter minha idade e… — tentou se justificar e foi cortado por uma risadinha fraca do outro rapaz, que sacudiu seus ombros e desenhou ruguinhas nos cantos dos olhos.

— Você tem quantos anos? Eu tenho vinte e sete — o Min informou.

Mais uma vez, o jovem professor foi pego de surpresa. Sendo sincero, acreditava fielmente que o outro rapaz era mais novo que ele. Yoongi parecia ser mais novo do que todas as pessoas que tinha conhecido no condomínio até o momento.

— Vinte e cinco — respondeu.

— Legal. Você quer me chamar de hyung? — O loiro ergueu o olhar na sua direção, encarando-o debaixo com os orbes cintilantes. Parecia muito com o gatinho que mantinha em seu colo.

— Eu posso? — Jimin questionou e ganhou um aceno positivo em resposta. Antes que sua vergonha falasse alto mais uma vez, aproveitou o embalo da conversa e deu voz às palavras que ensaiava desde a manhã: — Hyung, você quer tomar alguma coisa no meu apartamento? Eu tenho cerveja. Se você não gostar, posso fazer um café para gente ou…

— Você está me convidando para entrar na sua casa? — Algo no tom de Yoongi fez Jimin erguer o olhar do chão, onde estava focando para reunir coragem e encarar o mais velho.

As íris castanhas do loiro esbanjavam surpresa e assombro. Ele tinha deixado o guarda-chuva pender um pouco para fora do seu ombro e o gatinho à sua frente, que estava até então absorto nos carinhos que recebia, pulou para fora do banco ao perceber que o rapaz não estava mais lhe dando atenção.

— Se você quiser — o acastanhado adicionou, inseguro com a reação que tinha recebido. Por que o Min parecia tão assustado?

Yoongi levantou em um pulo, ainda encarando o mais novo com os olhos arregalados e cheios de apreensão, e voltou a questionar, como se quisesse ter certeza que não estava alucinando o momento:

— Eu posso mesmo entrar no seu apartamento?

Quando Jimin respondeu, ele não imaginava que estava dando a um vampiro — criaturas que sabia existir em meio a sociedade e que seus pais sempre o avisaram para evitar, se pudesse — a permissão que esse precisava para conseguir entrar na casa de uma pessoa:

— Claro que pode, hyung.

E foi nesse momento que seu pesadelo começou.

(x)

25 de maio, o primeiro autoconvite

Vampiros existiam no mundo desde que a humanidade conseguia se lembrar. As crianças aprendiam sobre eles nas aulas de História, que narravam as atrocidades do seu passado, e Biologia, que explicava a estrutura do seu organismo incomum. Jimin se recordava de todos os capítulos existentes em seus livros didáticos, sobre o terror que a espécie costumava espalhar nos tempos antigos e como havia sido sua evolução até os tempos atuais. Hoje em dia, vampiros transitavam na sociedade tranquilamente, mas toda a carga histórica do seu passado sanguinolento ainda fazia com que as pessoas os olhassem com desconfiança ou os evitasse. Jimin sabia disso. Cresceu ouvindo seus pais alertando-o sobre os cuidados que deveria ter caso encontrasse um deles.

Quando amadureceu, o Park percebeu que muito do que aprendeu na escola e ouviu os adultos dizerem era problemático e preconceituoso. No entanto, como nunca teve contato com a outra espécie, não via motivos para pensar muito sobre o assunto. Era só não reproduzir o que havia aprendido dos pais quando se visse frente a frente com um vampiro. Jimin podia ser uma pessoa sensata e madura.

Ao menos, era o que achava.

Aquele era um dia em que o professor estava de bom-humor. Primeiro: era sexta-feira, motivo suficiente para acordar com um sorriso no rosto. Segundo: o aluno que enchia sua paciência havia faltado aula — e não era como se o Park estivesse desejando mal a uma criança, ele só estava feliz por ter menos alunos para ministrar. Terceiro (e não menos importante): as horas que passou com Min Yoongi, no dia anterior, tinham sido divertidas e completamente satisfatórias.

Fazia um tempo que Jimin não se sentia tão bem na companhia de alguém. Ainda havia os sentimentos impertinentes de solidão e inveja sempre que estava com Taehyung e Hoseok, e ele não se sentia confortável em meio aos outros discentes mais velhos que atuavam na escola em que trabalhava. Além disso, não era como se ele tivesse muito tempo para procurar por novas amizades. Min Yoongi havia surgido como um presente dos céus para o seu eu carente e sozinho. O Park só não esperava que fosse um belo presente de grego.

Ele tinha acabado de sair de um banho relaxante de quase vinte minutos e colocado roupas frescas e limpas, pronto para ir caçar alguma coisa para comer, quando seu corpo congelou no meio do corredor do quarto para sala ao ouvir o som da entrada sendo destravada e a porta abrindo.

O acastanhado levou um minuto inteiro para reagir. Primeiramente, imaginou que pudesse ser Taehyung, uma vez que o amigo sabia a senha do seu apartamento, mas se lembrou que o Kim havia dito algo sobre uma palestra que assistiria na universidade naquela noite. Talvez fosse Hoseok? Não seria surpresa nenhuma se ele tivesse conseguido a senha com o namorado. Entretanto, era óbvio que o mais velho acompanharia Taehyung em seu compromisso, o que só poderia significar que havia um estranho invadindo sua casa e, provavelmente, tentaria matá-lo.

Jimin agarrou o vaso de um cacto, que tinha no armário do corredor, assim que o pensamento se formou. Duvidava muito que a pequena planta fosse fazer algum estrago no invasor, mas talvez lhe comprasse tempo para fugir e pedir por ajuda. Yoongi estava em casa naquela hora, não era? Ele tinha que estar.

Determinado a conseguir o auxílio do seu hyung, o Park respirou fundo e caminhou cuidadosamente até a sala, preparando-se para correr assim que a oportunidade surgisse. O que ele não esperava era encontrar o próprio Yoongi parado próximo à estante de sapatos da entrada com a sacola da loja de conveniências que havia no outro quarteirão, próxima ao condomínio, em mãos.

— Ya! O que diabos você está fazendo aqui, hyung? Eu quase morri de susto! — Jimin exprimiu seu nervosismo assim que se deu conta que estava seguro e não havia ninguém tentando matá-lo em plena sexta-feira à noite.

— Ah, oi, Jimin-ah. Eu vi que você tinha chegado e… — Yoongi começou, inocente, mas acabou sendo cortado pela confusão do mais novo:

— Como você conseguiu entrar? Desde quando sabe a minha senha?

O loiro tombou a cabeça levemente para o lado, incerto. O professor recusou-se a achá-lo fofo naquele momento, encarando-o com seus olhos amendoados pequenos e vestido em um suéter tricotado duas vezes maior que seu corpo franzino, porque estava ocupado demais irritado com a invasão em seu apartamento.

— Eu vi quando você colocou ontem — o mais velho respondeu, baixo e inseguro.

Jimin continuou encarando, ainda mais perplexo. Lembrava-se que Yoongi estava há vários passos de distância quando digitou a senha no dia anterior, porque ainda estava nervoso sobre entrar na residência do novo amigo. Ao menos que o Min tivesse uma visão muito boa, o mais novo não conseguia entender como ele teria conseguido enxergar os números digitados com uma rapidez costumeira.

— Você viu? — o Park questionou, intrigado. Recebeu um aceno positivo do loiro, que apenas acentuou a sua raiva. — Você viu a minha senha e achou que seria uma ótima ideia invadir o meu apartamento? É isso?

Yoongi encolheu os ombros.

— Você disse que eu podia entrar — sussurrou.

O acastanhado passou a mão livre pelo rosto e encarou seu vizinho com os olhos que gritavam pura incredulidade. Será possível que ele não podia ter amizade com uma pessoa decente?

— Isso foi ontem! Você não pode entrar na casa dos outros assim, sem mais nem menos! — exclamou, irritado. Não conseguia acreditar que estava ensinando regras básicas de convivência para alguém que tinha vivido dois anos a mais que ele.

— Mas você… — O Min parou no meio da frase, dando-se conta de algo repentinamente. Quando retornou sua atenção para o outro rapaz, a expressão sempre gentil estava cabisbaixa. — Você não sabe, não é?

Jimin franziu as sobrancelhas.

— O quê?

— Você não sabe por que eles não me convidam para as festas, né? — o loiro reformulou a pergunta.

— Não convidam? — O professor estranhou. — Eu achava que você não ia porque não…

— Eles não me convidam porque não querem dar a um vampiro permissão para entrar nas suas casas — Yoongi o cortou e, pela primeira vez, sua voz soava impaciente.

O mais novo levou algum tempo para compreender o que seu vizinho estava dizendo. Quando o fez, todos os avisos da sua infância surgiram em sua mente, brilhando como letreiros neon. Reviveu as aulas de História, na qual os fatos assustadores o faziam ter pesadelos à noite e correr para cama dos pais, e relembrou características aprendidas nas aulas de Biologia, as quais se encaixavam perfeitamente em todos os detalhes que o intrigavam em Min Yoongi. Força sobre-humana para carregar caixas maiores que seu corpo esguio, visão e audição aguçadas, pele pálida e sensível ao sol — por isso, todas as suas roupas grandes, chapéus e guarda-chuvas para se proteger.

Foi assim que a Bella se sentiu quando juntou os pontinhos e desvendou a verdade sobre o Edward?, o jovem se pegou pensando enquanto ainda encarava o seu vizinho vampiro, sem saber o que dizer.

— Vam… O quê? — Foi o que saiu da sua boca, minutos constrangedores depois.

— Você nunca conheceu um? — Yoongi deduziu, e o mais novo o respondeu acenando negativamente com a cabeça. — Vampiros precisam da permissão dos donos das casas para que possam entrar nelas, por isso eu nunca sou convidado para as confraternizações do prédio.

Jimin sabia que deveria se sentir mal e revoltado pelo mais velho, sabia que precisava ser a pessoa sensata que sempre acreditou ser. Entretanto, naquele minuto, só conseguia pensar nas histórias sobre vampiros que tinham seduzido e sumido com crianças, as quais ouviu inúmeras vezes quando era mais novo. Ele só conseguia pensar que toda a gentileza e carisma de Min Yoongi eram fruto do charme perigoso e traiçoeiro da sua espécie. Ele só conseguia ser a pessoa errada.

— Você pode ir embora, Yoongi-ssi? — pediu, a voz fria e rude. — Nós conversamos depois. Eu estou cansado e quero ficar sozinho.

A desculpa esfarrapada não foi comprada. O mais novo assistiu os ombros do hyung caírem, o olhar baixar e suas feições delicadas formarem uma expressão que teve a mesma sensação que um soco na boca do estômago para o Park.

— Tudo bem, Jimin-ah — o Min concordou, cabisbaixo. Colocou a sacola que tinha em mãos no chão, entre os dois, antes de dizer: — Aqui. Eu comprei pra você jantar. Boa noite.

O acastanhado esperou o outro deixar o apartamento para apanhar a sacola e jogá-la na pia da cozinha, sem nem se dar o trabalho de abri-la para averiguar do que se tratava. Frustrado, limitou-se a comer o último pedaço de uma pizza que havia comprado dois dias atrás, trocou a senha da entrada e trancou-se no seu quarto, esperando esquecer os acontecimentos embaraçosos da noite.

Na manhã seguinte, quando seus olhos encontraram a sacola abandonada na cozinha, Jimin voltou a sentir aquele estranho e incômodo gosto amargo em seu paladar, que não o deixou pelo resto da semana.


~~


Notas finais: alguém mais quer dar uns tabefes no jimin por ter sido malvado com o yoongi? fico triste demais nessa cena pelo amooor meu filhinho não merece isso :(( mas no próximo capítulo talvez as coisas se acertem.... risos

01 Ekim 2021 19:39 1 Rapor Yerleştirmek Hikayeyi takip edin
3
Sonraki bölümü okuyun Desculpas, desenhos e filmes de vampiro

Yorum yap

İleti!
Bella Felix Bella Felix
Yoongi, mais um vampiro incompreendido nesse mundo (T - T)
October 12, 2021, 02:44
~

Okumaktan zevk alıyor musun?

Hey! Hala var 3 bu hikayede kalan bölümler.
Okumaya devam etmek için lütfen kaydolun veya giriş yapın. Bedava!