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Pani

Suas garras riscaram as paredes e um som agudo saiu de lá de dentro, quase como um piano desafinado, mas reverberado ao limite. As pontas das unhas dela se convergiam em triângulos disformes e seus braços procuravam por espaço naquele quarto escuro, sem achar nenhum, se debatendo nas paredes, forçando saída (ou talvez entrada).

Mais do que escuro, aquele lugar era quente e úmido. Ficou ofegante quando abriu os olhos e se percebeu debruçada nos próprios joelhos, cercada de paredes grossas que se estreitavam até o teto, perdida e sem roupas no nada. As paredes pareciam ser à prova de som, porque o único barulho que ouvia era aquele eco de riscar paredes trrrrrr, trrrr,

trrrrr… e mais nada.

Até esse momento, o choque e o desamparo eram as emoções mais fortes, aquele impulso primitivo, quase de lobo selvagem, que ferveu seu sangue e dilatou suas pupilas, pequenos postigos pretos somando ao ambiente. Essa irracionalidade de primeiro contato se transformou em medo, e esse deu lugar ao pânico, que era uma soma de todos os anteriores. Procurando na superfície e no fundo da consciência, viu uma garotinha de mãos dadas com uma coisa com dentes que saltavam da boca, como os de uma morsa. Essa coisa também usava uma coroa que parecia ser de papel, e era disso que ela se lembrava.

Ela sabia quem era a garotinha, mas não lembrava de seu nome. Da coisa coroada, lembrava tudo. Seu nome era pani, e a lembrança a confortou por um momento.

Ainda em transe e saindo daquela teia de coisas que já passaram, sentiu o calor fulminando sua pele de novo, mas dessa vez pareceu pior. Não havia mais umidade, só dor, pura e cristalina, abrindo buracos na pele e cuspindo sangue seu sangue como vulcões naquele lugar que parecia mais apertado agora. Também podia sentir cheiro de podridão, folhas em decomposição e carne estragada (seria ela mesma?) ocupando espaço no pouco ar daquele vazio, e isso revirou suas tripas e seu estômago de cabeça para baixo, fazendo com que vomitasse nos próprios pés.

Ameaçou botar tudo para fora de novo, mas sua garganta fechou e o ar parou de entrar. O pânico, brotando de dentro dela, saindo debaixo, começou a voltar. Conseguia sentir ele abrindo caminho, rasgando-a para fora, chorando, com medo. Ela também começou a chorar, se debatendo com mais força nas paredes, e, pela primeira vez em anos, gritou.

O grito primeiro saiu como uma coisinha triste, pequena e frágil, mas começou a crescer (como a coisa que já havia passado um braço para fora) com violência, um som de pedra raspando em metal, áspero e doloroso.

Tudo começou a fluir, a desaparecer. As paredes tremeram e jogaram ela para o lado, fazendo a coisa gritar, um choro de bebê que acabou de ter a primeira ideia de como era lá fora. Ela viu a garotinha, metade dela, repousando numa árvore de tronco espesso e marcado. Viu pani em um dos galhos acima, com a outra metade (a de cima) presa nos dentes de morsa. Quando percebeu que não estava sozinho, lançou-lhe um olhar voluptuoso, esferas pretas cheias de malícia.

O que você está olhando? e começou a se contorcer para a terra batida, como uma aranha gigante, em sua direção. A garotinha ainda estava lá, as duas partes nos mesmos lugares.

Antes que pani chegasse, a parede rachou. A luz inundou o lugar e a coisa, agora totalmente parida, sorriu.

24 Ağustos 2021 14:56 0 Rapor Yerleştirmek Hikayeyi takip edin
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