Hoje resolvi fazer uma análise autocrítica.
Como muitos outros, alterno momentos de maior suposta produção literária, já que sou um amador nas artes gráficas, a outros de completa ausência, como um recente de 16 meses sem nada escrever.
É estranho isso. De repente vem a febre que me impulsiona a tentar criar algo, como também subitamente essa febre passa, assim como desejamos ardentemente o final desta pandemia terrível, que hoje nos assola.
Dizem que os grandes escritores são estimulados por momentos de agonia e sofrimento. Não me vejo assim. Quando me preocupo em demasia me desconcentro, e nada consigo criar.
Talvez por isso eu seja um aspirante a escritor, bem pouco lido.
Mas, assolado pelas preocupações virais atuais, resolvi atentar para a frequência de publicações que leio, em diferentes espaços, de acordo com a classificação dos textos; lá vai então: poesias, pensamentos, frases, crônicas, contos, em sua grande maioria.
Me pergunto então, o que os frequentadores destes espaços, joias raras em meio à podridão cultural que reina na internet, estão a procurar?
O resgate dos sonhos, ilusões e romantismo perdidos?
A supremacia numérica do conteúdo poético publicado atesta essa afirmação. Muitos poetas são inspirados pela dor e pela decepção em seus relacionamentos terrenos, produzindo pérolas regadas por lágrimas.
Felizmente muitos outros, embora em minoria, são movidos por esperança e fé no futuro, ainda por vir.
Os candidatos a poeta ou poetisa tem como referências: Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Clarice Lispector ou Mario Quintana, entre tantos outros gênios da literatura.
No segundo pelotão, em termos de quantidade, surgem as produções que navegam entre a criação poética e a realidade (pensamentos e frases), críticas e ensaios sobre o cotidiano real em diversos aspectos (crônicas) e ficção de todos os tipos (contos, novelas e romances).
Mas, coexistem também aqueles que pertencem e são escorados pelo cotidiano real, tecendo seus escritos com base em fatos concretos do presente ou passado. Navegam pela política, história, filosofia, etc. Não se intitulam poetas. Talvez aí estejam inseridos os cronistas. Inspiram-se nos mestres, como Rubem Braga, Paulo Mendes Campos, Fernando Sabino e Raquel de Queiroz, só para citar alguns expoentes.
Existem nomes certos e tradicionais, cuja simples produção de um novo texto já o credencia (o texto) a novas leituras. Tipo o que acontece ao escolhermos um filme pela presença de atores consagrados, e não pela temática em si. Natural, já que um bom ator ou escritor carrega consigo um passado de boa reputação naquilo que faz.
O sucesso e a relevância não vem por acaso.
Para finalizar, já que me propus à autocrítica, tenho textos dos quais gosto e foram pouco lidos, sendo que o contrário também é verdadeiro.
Me sinto um tanto quanto frustrado.
A vaidade é sim, um dos sete pecados capitais, a que todos estamos sujeitos.
Mereço ser perdoado.
Tento então responder à pergunta que titula esta reflexão, mas em verdade não tenho a resposta. A gente escreve o que vivencia circunstancialmente. De outra forma não seríamos nós mesmos, e sim uma caricatura à procura de ilusório reconhecimento.
Este texto provavelmente será mais um na galeria dos que pouco interesse despertam.
Assim caminha a humanidade.
Mas fica o registro...
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