Paixão é como nós de cadarços. Alguns são frouxos e perigosos, se desfazem no correr de pernas brincalhonas, fazendo-as estatelarem no chão. Outros são cegos, não deixarão que tirem o sapato tão facilmente. Há um terceiro; laços borboletas, firmes mas delicados; perfeitos para serem removidos ao final de uma brincadeira. Bom, de qualquer jeito, a paixão sempre se desfez, pois pés também precisam descansar pelados.
Esses versos são trágicos pelo fim, mas belos pelo durante; neste, tudo daria certo, até a chegada daquele. São versos que um dia tiveram peso e que hoje não são totalmente apáticos. São cicatrizes expostas ao frio, sulcos em madeira feitos por apaixonados. São garrafas vazias e caras e bem adornadas que servem como decoração, se sua ressaca for um tanto esquecida.
Na pior das hipóteses, são troféus que merecem morada no sótão, junto com todas as bagulheiras sem sentido. Mas, antes de tudo, são troféus de um escritor que, claro, não se contentaria em guardar uma boa obra, mesmo depois de tudo arruinado.
Esses versos podem ser para você, quem lê, ou podem ser para quem ainda não leu, ou nunca lerá; mas com certeza não deve ter sido para aquelas por quem me apaixonei.
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