Короткий рассказ
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Cadarço desamarrado e riso frouxo

Meu sonho era me apaixonar por um cara que esbarrasse em mim, ou que namorasse comigo de mentira, que fosse o popular, ou um rebelde… Meu meio irmão? Entre outros clichês espalhados por aí, e eu quase vivi cada uma dessas coisas. Digo quase porque, uma pessoa interferiu nisso acidentalmente, vamos começar do começo.

Era natal de 2015 e eu estava saindo da casa dos meus avós em direção a praça, minha avó queria uns pisca-piscas que ela emprestou a vizinha e a mesma não usou, e lá fui eu em plenas oito e meia da noite. Nesse momento eu tinha um imenso crush em alguns rapazes, meu meio irmão Minseok, o popular que esbarrou em mim e pegou as minhas coisas Sehun, o rebelde que me deu uns beijos atrás da quadra Jongin e no meu namorado de mentira Kyungsoo que queria conquistar o Jongin. No momento só avancei mesmo com o meu meio irmão, mais amizade do que qualquer outra coisa… Mas era avanço, ele até disse que me daria um presente especial no natal. Fui até essa vizinha e bati na porta, estava congelando e por isso dei alguns pulinhos até a porta ser aberta, e foi nesse momento que paralisei ao ver um rapaz alto na porta rindo de algo, mas aí parou ao me ver e sorriu.

— No que posso ajudar? — perguntou e eu acabei sorrindo, não só por ele ser lindo e fofo, diferente de todos os outros.

Ele não era padrão e nem tentava ser, ele só tinha algo natural e diferente, que o tornava lindo e eu não sabia o que era. Desci o olhar e notei que ele era normal, as roupas de frio, casaco verde musgo e calça jeans rasgada, meias de patinhos amarelos que não sei porque combinavam com as luvas que ele usava de listras amarelas. Acho que fiquei uma meia hora olhando ele, mas ele não pareceu se importar, só continuou sorrindo e esperando. Até seus fios bagunçados levemente e cacheados meio lisos pareciam normais, mas ainda via algo diferente nele. Crispei os lábios e semicerrei os olhos, decidido a achar uma resposta, mas não achava.

— Quero os pisca-piscas da minha avó. — respondi finalmente e ele assentiu me dando passagem. — Entre.

— Não precisa, eu posso esperar aqui.

— Está frio, entre. — mordi o inferior e ele ainda sorria, então assenti e entrei.

Tudo naquele lugar cheirava a natal, o peru, as frutas, o pinheiro, a lareira e até o perfume. Mas mesmo assim ele parecia completamente destacado, como uma estrela na árvore de natal, e não era pelas roupas, mas por ele em si. Cumprimentei todos ali que eu conhecia, e não levou mais que dois minutos até a Senhora Park e o filho dela Jimin voltarem com os pisca-piscas.

— Meu irmão é lindo, não acha Baekhyun? — olhei para o Jimin confuso e surpreso.

— Irmão? — eles nem sequer eram parecidos.

— Chanyeol é o meu irmão mais velho, vocês tem a mesma idade, mas ele tem uma bolsa em outra cidade. — respondeu e eu olhei para o tal Chanyeol, que sorria docemente, isso explicava porque não o vi, mas eu nem sequer ouvi o nome dele antes. — Ele morava com o papai, mas dessa vez pode vir passar o natal conosco. — o Park mais velho estendeu a mão. — Ah, não maninho, aqui nos curvamos. — disse e o mesmo riu se curvando e eu fiz o mesmo. — Ele é o Baekhyun, nosso vizinho.

— Muito prazer. — disse e ele sorriu ainda mais.

— Muito prazer.

— Agora preciso levar os pisca-piscas para a minha avó, feliz natal! — praticamente voei para fora de lá.

Eu temia ter mais um crush, e dessa vez em alguém que morava sabe se lá onde, logo quando eu iria provavelmente aprofundar meu relacionamento com o Minseok. Corri como nunca e deixei os pisca-piscas com a minha avó, mas acabei encontrando o Minseok no quarto aos beijos com o Sehun, foi como um tiro certeiro no meu coração. Para melhorar ou piorar, Kyungsoo mandou uma mensagem dizendo que o Jongin finalmente o notou e que eles fugiram sabe se lá pra onde pra passar o natal, mas eu só conseguia pensar em uma coisa. Corri para fora de lá sentindo os olhos cheios d’água, Sehun e Minseok tinham me dado esperanças ou pelo menos achei que sim, e vê-los juntos foi uma traição, não os culpava, eles não sabiam dos meus sentimentos… Mas um dia eu iria contar, quando eu achasse que fosse a hora certeza. Estava congelando e começou a nevar, mas eu não me importei, apenas fiquei sentado no jardim encarando a rua branquinha.

— Eu tenho autismo, asperger. — disse uma voz do meu lado de repente e eu me assustei, logo virando o rosto e notando ser o Chanyeol. — Notei a forma que me olhou, estava curioso e desconfiado que eu tinha algo diferente, mas não sabia o que. — disse e sorriu, apenas franzi o cenho sem nem ao menos saber o que ele estava falando.

— O que é isso? Doença? — ele negou com a cabeça.

— Uma síndrome, mas cada pessoa é de um jeito, apesar de termos características semelhantes. — respondeu e olhou a neve caindo, e um floco caiu na ponta do nariz dele. — Eu falo que a minha me torna um pouco curioso, já que eu pesquiso sobre tudo e sempre estou estudando.

— Famoso nerd. — ele riu.

— Mas é bem mais complexo do que essa explicação. — parei um pouco para pensar, logo me lembrando de uma série que eu ouvi o Minseok comentar.

— Aquele Good Doctor não fala sobre isso?

— Ele deixa estereotipado… Não gosto. — assenti.

— Mas fora isso, nada demais?

— Exato. — e acabei sorrindo, mesmo sem saber o porque, ele apenas me fazia querer sorrir. — Viu? Não sou nenhum alien.

— Desculpa, é que… Eu só sou muito observador, talvez um pouco crítico. — ele apenas sorriu. — Mas você parece ser legal.

— Obrigado, você também parece ser, apesar de ser um gatinho assustado. — o olhei confuso. — Nunca vi alguém fugir tão rápido antes. — eu ri e ele riu também.

Ele era bem inteligente, parecia a própria internet, mas não era arrogante e sim aberto a ensinar sobre tudo. Além de que era legal, divertido e de riso frouxo. Conversamos sobre absolutamente tudo e eu sequer notei as horas passando, e o frio por conta da neve. E como era curioso e queria saber mais sobre a síndrome, ele me explicou tudo e eu me sentia uma criança curiosa, o achei peculiar, no bom sentido, já que ele não era clichê como todos os outros. Me senti um pouco culpado por tê-lo julgado no primeiro momento, e mais ainda por ter fugido, mas logo passou quando ele me levou para dentro. Minha família inteira estava lá como esperado e logo todos os olhares seguiram para o Chanyeol, e eu notei que ninguém mais notou algo a mais nele, só eu.

Depois desse natal, eu nem pensei em outros crushes, e o Chanyeol voltou para sabe se lá onde. Meses se passaram e logo eu estava no segundo ano do ensino médio, e para a minha surpresa, ele estava na minha sala, até me belisquei pra ter certeza de que o que eu via era real e ele riu, me fazendo rir também. E claro, ele estava com os cadarços desamarrados. Durante esse tempo, Jongin e Kyungsoo sumiram no mundo, Sehun e Minseok assumiram namoro e eu fiquei no meu canto as férias todas jogando videogame, sentindo saudade do grandalhão de riso frouxo e cérebro colossal. Não deixei o Jimin em paz um segundo sequer, o enchendo de perguntas sobre o irmão, mas ele não conviveu tanto com ele para me dar o que eu queria, nem sequer sabia se ele era hetero. Sentamos lado a lado, e ele simplesmente não disse uma palavra sequer, até o intervalo.

— Desde quando está por aqui? — ele riu e mordeu um pedaço do sanduíche, e notei que ele era organizado, lembrei de quando ele explicou sobre confundirem autismo e TOC.

— Alguns dias, pedi para o meu pai me transferir. — respondeu e eu sentei ao lado dele, e mordi um pedaço do kit kat.

Tinhamos algo em comum, barulhos nos incomodavam, então eu evitava comer coisas barulhentas perto dele e ele fazia o mesmo. Nos entreolhamos por um tempo, ele ainda tinha essa sensação de algo a mais, e acho que ele sentiu o mesmo comigo, beirando a curiosidade e nós rimos.

— Não me deixe soft assim. — disse ele e eu ri confuso.

— O que eu fiz?

— Só foi você. — e eu ri de novo, até notar que estava com a boca toda suja.

— Por acaso isso é adorável? — apontei para a minha boca e ele concordou com a cabeça, ele estava completamente limpo.

— Muito. — neguei com a cabeça, ele que estava adorável sorrindo com os olhinhos brilhando enquanto me observava.

— Você que é adorável, e nada mais importa. — disse e limpei a boca com o guardanapo, ele negou com a cabeça.

E depois disso não dissemos mais nada, não por falta de assunto, mas porque eu me distrai o observando enquanto ele terminava de comer. Depois disso ele notou que eu o observava e eu apenas dei uma piscadela, porque queria vê-lo sorrir de novo, era meu novo vício.

Conforme os dias foram passando, nos tornamos mais próximos, ele me ajudava na escola e em troca eu fazia desenhos e poesias pra ele, nada que eu considerava bom, mas ele dizia que tudo o que eu fazia ficava perfeito. Eu só sentia vontade de fazer e fazia, só abria meu coração e desenhava ou escrevia o que me lembrava ele, e isso todos os dias, se tornou rotina. Até que um dia, depois da aula de inglês, ele me deu um papel e seguiu direto para o laboratório para a aula de química. Justo nesse dia o Minseok e o Sehun brigaram e eu tive que consolar o Minseok, quase aconteceu um beijo e eu parei antes que ele se arrependesse, antes eu gostava dele, mas agora eu só o via como meu meio irmão… E o Sehun não merecia isso. Felizmente ele entendeu e até me elogiou dizendo que amadureci, talvez tenha sido por causa do Chanyeol. De qualquer forma, eu estava distraído demais e fui pego de surpresa pelo papel. Nem sequer tive tempo de ir atrás dele, então apenas abri o papel.

“Você é adorável como uma criança,

tão lindo quanto quanto a primavera,

peço desculpas por não conseguir ser tão bom quanto você nas poesias,

mas queria retribuir as belas obras de artes que me deu,

e que me fizeram sorrir tanto.”

Sorri achando adorável, e guardei o papel indo para a sala de química, mas fui barrado pelo monitor que disse que eu estava atrasado e eu tive que ir para a direção. Fiquei muito bravo, mas fui e encontrei o Minseok ali balançando as perninhas.

— O que aprontou, irmãozinho? — perguntou ele, parecia mais novo se fosse visto sem que soubessem sua verdadeira idade, mas ele era bem mais velho que eu.

— Me distrai e não cheguei a tempo na sala. — respondi e sorri olhando para ele, que sorriu de volta. — E você?

— Briguei com um idiota que insinuou coisas ruins sobre o meu namorado. — respondeu e nesse momento vi que ele e o Sehun se entenderam.

— Existem outras maneiras de se defender alguém.

— Não quando ele te tira do sério.

— É fácil te tirar do sério. — eu ri mas ele apenas me fuzilou.

— Por que se distraiu?

— Me deram uma poesia muito fofa. — ele sorriu maliciosamente e eu só revirei os olhos. — YA!

E então a diretora nos chamou para entrar.

Só levamos uma advertência, eramos bons alunos e ela nos liberou, Minseok estava no terceiro ano mas as vezes agia como se estivesse na quinta série, apenas porque se enfurecia fácil. Nos despedimos e seguimos para nossas salas, e logo o Chanyeol me olhou preocupado, mas eu sorri mostrando que estava tudo bem.

E no meio da aula de coreano, no dia seguinte, eu percebi que sentia algo por ele. Demorou, mas percebi e fiquei paralisado. A professora estava lendo um poema, e no mesmo instante lembrei do Chanyeol, fiquei vermelho feito um tomate e ele sorriu como sempre e eu nem precisava dizer o que ele pensou. Mesmo assim, esperei a aula acabar e todos saírem, o Park incluso e fui falar com a professora.

— Com licença, professora? — a mesma organizou os papéis e tirou o óculos, me olhando sorridente como sempre.

— Diga.

— Pode me tirar uma dúvida, mas não é sobre a aula. — ela assentiu ainda sorrindo.

— É sobre a pessoa que gosta, certo? Notei como estava enquanto lia o poema. — olhei surpreso e ela riu. — Você não é muito bom disfarçando.

— Bom, sim. — cocei a nuca sentindo calor, quando ficava com muita vergonha eu pegava fogo.

— Vá em frente.

— Você acha que a pessoa gosta de mim? — perguntei e ela me olhou confusa, até que eu mostrei o bilhete e ela leu atentamente.

— Conheço essa letra… E sim, ele gosta. — respondeu rindo. — Durante a aula ele sempre tira um tempo pra te observar e inventa desculpas pra ficar perto, nunca percebeu? — neguei com a cabeça. — Ele é uma boa pessoa, e vocês são fofos juntos. — sorri timidamente. — Invista, sem medo.

— Obrigado, professora. — e corri até o pátio.

Estava tão incrédulo e feliz, apenas sorria, durante esses meses eu o conheci e me encantei por quem ele era, sem expectativas, esteriótipos, clichês, apenas aconteceu naturalmente. Parei ao vê-lo na mesa de sempre, me esperando enquanto comia o sanduíche e eu acenei a distância. Durante tanto tempo eu sonhei tanto com amor, o idealizei e criei mil teorias, me apaixonei por mil crushes e esqueci do amor real, mas felizmente ele me ensinou isso. Através da amizade, da maturidade, da leveza, da confiança, da sinceridade. Sentei a mesa e disse sem rodeios, o pegando de surpresa e o deixando sorridentemente vermelho:

— Eu te amo, Chanyeol.

Assim como eu amava clichês e romances perfeitos, eu amava o perfeito imperfeito Chanyeol.

— Amo você, Baekhyun.

E eu descobri naquela tarde que ele me amava mesmo sendo imperfeitamente imperfeito, assim como amava estudar sobre tudo, e algo me dizia que eu era a matéria favorita dele, assim como ele era o meu não clichê favorito.

— Quer? — estendeu o sanduíche e eu mordi um pedaço, para bom entendedor meia palavra bastava.

Chanyeol tinha acabado de permitir que eu entrasse no mundo dele, oficialmente, porque eu nunca o vi dividir a comida com ninguém, o que significava que eu era especial. E mais uma vez me vi apaixonado por ele, mesmo continuando a deixar o cadarço desamarrado e ser tão organizado no resto, e ser tão adorável!

6 мая 2020 г. 3:12 0 Отчет Добавить Подписаться
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𝕤𝕞𝕚𝕝𝕖 𝕠𝕟 𝕞𝕪 𝕗𝕒𝕔𝕖 ⁹⁹ Gosto de escrever, ouvir música e apreciar fanarts. ♥

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