aluada Jaquelie Souveral

"Refletir sobre o que é real, não é uma tarefa fácil. " Dentro do prédio antigo e mofado do orfanato Flamingos, encontram-se cinco jovens com esperanças arrasadas, devaneios sobre a realidade, turbulências e paixões dramáticas. A história é narrada por Amélia, uma dos cinco adolescentes que residem no local. A história se passa em 1985 e conta com questionamentos e reflexões sobre a realidade dentro de cada jovem.


Романтика Романтическое ожидание 13+.

#romance #drama #adolescencia
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Parte I: O assustador silêncio da realidade

Refletir sobre o que é real, não é uma tarefa fácil. Sempre que passeio pelos gélidos lagos dos meus pensamentos reais, a dispersão me atinge, trazendo mundos irreais, cores imaginárias, fofas nuvens de algodão e então, eu mergulho em uma banheira quentinha na parte mais confortável dos meus pensamentos e logo o frio se esvai por completo. Encontro-me em uma prisão aberta, com escolhas limitadas e olhares sombrios. Queria fielmente acreditar que chegarei no próximo inverno, mas acredito que eu seja devorada por devaneios antes.

O orfanato Flamengos, fica em Norwich, no Reino Unido e é nesse prédio antigo e mofado, que eu e mais cinco adolescentes, se encontram sem esperanças de encontrar uma casa aconchegante, com lareira e sonhos cobertos de açúcar, preparados por uma doce mulher, a quem você talvez possa chamar de mãe. Os bebês são os que são adotados e mais solicitados aqui, logo em seguida temos as crianças, a maioria consegue uma adoção segura e quase nunca voltam e então, finalmente, os adolescentes, sempre que uma criança tem o azar de chegar na pré-adolescência aqui, ela definha junto com as paredes altas, frias e cinzentas, desse interminável labirinto de lamentações, até completar dezoito anos e então, é jogada junto as mazelas sociais e esquecida.

Com sete anos, eu me vi em frente da enorme porta de mogno do Flamengos. Eu tinha uma mãe e um pai, mas meus pais pareciam não me ter. Lembro-me do medo e das minhas mãos frias naquela noite, fui deixada como um saco de batatas na entrada, não lembro de quem me deixou lá e me esqueceu, estava totalmente confusa e perdida nos embaraços dos fios arrepiados na minha nuca.

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Elijah repetia incansavelmente palavras que, segundo ele, convenceriam-me a sair do salão para absorver alguns raios de sol.

- Amélia, o sol clama pela sua presença lá fora, os passarinhos querem ouvir a sua doce voz tagarelando coisas sem sentido...lá lá lá. - Dizia ele em um tom abusado, cantarolando no final da frase, pra dar emoção no que tentava me convencer.

- Poupe-me das suas tagarelices, sabe muito bem que a Senhorita Grenda não nos deixaria colocar a ponta do nariz para fora do salão.

- Ela nem vai saber, deve estar torturando o Julian nesse exato momento.

- É, realmente. Julian deve estar urrando naquele cubículo que ela chama de "sala de correção", então, se não quiser ser o próximo a passar por lá, sugiro que se aquiete.

Grenda Windlent era a supervisora do Flamengos, uma mulher corpulenta, alta e que cheirava a queijo. Ela adorava "corrigir" as crianças que não seguissem suas intermináveis regras e dizia que isso traria disciplina para dentro de nossas vidas. Julian, um dos cinco, foi pego fora da cama depois do horário de dormir, combinou com Ravena de se encontrarem no jardim dos fundos, mas foi incapaz de planejar sua fuga e acabou trombando com Grenda quando se espremia para passar pelo buraco na sala da caldeira. Ravena era mais esperta, saíra do quarto meia hora antes, pois sabia que Grenda escovava os dentes exatamente às 23h, quando ouviu os gritos agudos em forma de xingamento da caldeira, imaginou que Julian tinha sido pego e esperou até que eles cessassem, pra sair de trás do grande carvalho do jardim dos fundos.

- Se você não quer sentir os raios solares comigo, vou atrás da Sarah, certamente ela não dirá não. - Disse Elijah, tentando usar do meu desapego a Sarah, para me convencer a sair.

- Pois vá. Depois não venha me encher, se por acaso, ela te entregar a Senhorita Grenda. - Disse eu, lembrando das inúmeras vezes em que Sarah me dedurou por roubar livros da biblioteca ou por estar falando sozinha no parapeito da janela.

Somos cinco, todos fomos deixados de lado e parecíamos não ser suficientes para receber o amor de alguém, então tentávamos amar uns aos outro. Elijah estava perto de completar dezesseis anos, ele foi deixado pelo padrasto aos cinco anos na mesma porta de mogno, quando a mãe morreu de febre, possuía cabelos negros e compridos, era alto e um tanto magricelo, mas fazia os dias frios ficarem quentinhos, com seu jeito abobalhado e seu total desrespeito por regras, seja ela quais fossem. Ravena tinha quinze anos, longos cabelos loiros e radiantes, era dona de um sorriso de dar inveja e seus olhos azuis refletiam a esperança de sair fora do alcance das frias paredes cinzentas, fora deixada ainda bebê, mas infelizmente, fez parte do um porcento dos bebês que não são adotados aqui, ela não tem nenhum conhecimento de suas origens, mas o Padre Frederich - Flamingos é comandado pelo Padre Frederich, um homem velhinho e com um coração enorme -, diz que ela foi trazida por um marinheiro que a achou em um barril. Julian tinha dezesseis, sua pele preta perfeita, os cabelos desengrenhados e sua boca muito bem desenhada, faziam com que todo meu mundo fervilhasse, lembro do dia em que ele chegou, estava com hematomas pelo corpo e chorava muito, a mulher que o deixara chorava muito também e dizia que não tinha mais condições de criar o menino, pois sofria na mão do marido. Sarah foi deixada pela tia aos sete anos, nunca disseram o motivo e pareciam não ligar pro abandono sem sentido que ocorrera ali, era uma menina que possuía cabelos ruivos bufantes e uma grosseria gratuita, com seus olhos esverdeados que julgavam cada passo que eu desse e por último, mas não menos importante, Amélia - eu, só para deixar claro. Escondida atrás de cabelos castanhos avermelhados e uma magreza descomunal, encontro-me presa em mim mesma, questionando o que pode ou não ser real, se é possível que tenha algo palpável e estruturado, que me faça acreditar que o real, pode ser melhor que o imaginário.

11 апреля 2020 г. 21:06 0 Отчет Добавить Подписаться
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