kalinebogard Kaline Bogard

Aburame Shino é um dos últimos grandes mestres que ainda caminham sobre a terra. Ele assistiu eventos históricos memoráveis, acompanhou a humanidade atingir o auge e decair nas mãos de demônios. E sempre se manteve neutro na guerra. Um dia, quando seu território é profanado por invasores, Shino descobre que a ousadia serviu como camuflagem para algo que jamais sonhou encontrar. Dodecaedro.


Фанфикшн Аниме/Манга 13+.

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Quando um Ômega chama

Não uma testemunha, não um expectador,
mas a prova de tudo o que aconteceu


Aburame Shino não saberia nomear o que sentia enquanto avançava para o limiar de sua propriedade. Quanto tempo se passou desde que experimentou algo além da indiferença que consumia seus dias? Décadas? Com certeza. Talvez um século ou mais.

O bastante para atiçar sua curiosidade e tirá-lo de dentro da mansão em que vivia, fazê-lo caminhar pelo campo a se perder de vista, dispensando até mesmo a companhia de servos. Não havia necessidade.

Só havia o aborrecimento.

Livrar-se de pragas era sempre incômodo.

Um incômodo que desaparecera no decorrer dos anos, afinal; a maior praga de todas estava ocupada lutando pela sobrevivência. A humanidade agonizava, perigosamente perto da extinção graças aos inimigos sobrenaturais que inundaram a terra quando o inferno abriu seus portões.

Shino já acompanhava a derrocada dos homens muito antes que ela sequer começasse. Já caminhava por aquelas planícies, camuflado nas sombras, pouco interessado no desfecho final, pois não era algo que o afetasse.

Humanidade ou demais criaturas das trevas; ambos, a essa altura, já o entendiam como neutro e imparcial na guerra. Pior ainda, o sabiam alguém a quem não desafiar. Um dos últimos grandes mestres, tão poderoso que nem orlas centenárias de demônios arriscavam pisar em seu território.

E, mesmo assim, ali estava ele indo eliminar as pragas que ousaram desrespeitar a paz em que vivia.

Saiu da Mansão ao raiar do sol. Ao contrário do que diziam as lendas, a luz do dia não o afetava, não causava o menor achaque. Vampiros, os puro-sangue como ele, eram basicamente imbatíveis. Sem falhas, sem pontos fracos, exceto por uma única fraqueza...

Que não vinha ao caso ali.

Escolheu caminhar como há muito não fazia. Abriu mão de cavalgar o belo alazão, um dentre tantos que teve naquilo que chamava de vida, e andou por si só. Atravessou o campo florido, reflexo da primavera que perdurava naquele terreno encantado; passou pelo riacho que dividia a propriedade em duas margens. Chegou à floresta que funcionava como alerta e barreira, circulando a leste e norte, até encontrar-se com o paredão de rocha natural, alvo do interesse de Aburame Shino.

O muro de pedra seguia como um guardião gigante e intransponível. Abraçava suas terras como sentinela que nunca adormece e foi um dos motivos pelo qual escolheu erguer sua casa ali, tendo a proteção natural que seguia por milhas a oeste.

A noite caia quando chegou ao muro rochoso. Assim era seu domínio, grande como um feudo, embora abrigasse apenas a ele e uns poucos serviçais.

Os olhos de acuidade sobrenatural venceram a barreira dos óculos de sol, medida que usava para ajudar a controlar seu poder sombrio, e analisaram o terreno por entre as árvores. Encontrou fácil o rastro de pegadas. Não apenas de uma ou duas pessoas. Havia no mínimo quatro invasores.

Quatro temerários desconhecidos que estavam vivendo em suas terras. Usufruindo de suas posses sem permissão.

A ira veio e a controlou.

Não era bom se irritar. Não depois de mais de um século envolto em pura indiferença. Precisava reconhecer a coragem daqueles humanos, claro. Macularam sua morada mesmo sabendo que ali vivia um dos grandes mestres de um mundo pós apocalíptico, capaz de elimina-los com menos do que um estalar de dedos.

Coragem e insensatez, gêmeas que vivem de mãos dadas e guiam a um único desfecho imaginável.

Seguiu o rastro de pegadas sem pressa. Eram de tamanhos bem diferentes. Talvez pertencessem a adultos e crianças, sem dúvidas.

Crianças.

Prometeu-se mostrar indulgência e eliminar os pequeninos sem grande sofrimento. Por mais frio que fosse seu coração, algo de humanitário o fazia ser mais suave com crianças, aqueles seres tomados de inocência, ainda protegidos da maldade mundana.

Assim chegou à entrada de uma caverna. As pegadas iam e vinham da passagem escurecida, prova de que elegeram aquele lugar para fazer de abrigo. Shino deduziu que moravam ali as escondidas, certamente desde que sentiu a profanação de suas barreiras magicas, algumas noites atrás.

Pragas. Verdadeiras pragas.

Sem perder mais tempo entrou na caverna.

Estava escuro, mas os olhos enxergavam perfeitamente bem. Era uma das dádivas de sua espécie. Então sentiu o cheiro.

— Maldição.

Não era cheiro humano. Era algo pior: shifters. A espécie que se proliferava quase em igual número ao da raça humana, que também lutava contra a extinção, alvo do ataque de demônios tanto quanto os rivais.

Shifters eram mais fortes, rápidos e longives do que humanos. Pra Shino não fazia a menor diferença.

Agora ouvia os sons. Vozes. Algum riso. Suspirou. Pobres criaturas, mal sabiam o quão perto estava o fim.

A caverna fez uma breve curva para a esquerda e deu vazão a uma espécie de câmera natural: um espaço ovalar e amplo, com teto mais baixo do que o corredor até então, ainda que alto o bastante para Shino entrar ali sem precisar reclinar as costas.

Naquela toca subterrânea fora acesa uma pequena fogueira. Ao redor dela três filhotes se aqueciam, dois pequenos machos e uma fêmea. A menina cabeceava de sono, apesar de não ser noite avançada. Um dos meninos ria baixinho de algo, enquanto o outro parecia entediado.

Ao fundo alguns cobertores se tornaram improvisados colchoes, uma grande mochila estava apoiada na parede de pedra. Sobre o fogo, uma velha e amaçada panela de alumínio cozinhava algo mais denso do que água. Parecia ser sopa, mas não despertou interesse de Shino. Seu plano era acabar logo a desagradável tarefa de extermínio e voltar para a paz da mansão.

Já saciou a curiosidade. Deu uma boa olhada nos insolentes que invadiram seu território. Agora podia retornar à calmaria em que mergulhara por escolha própria.

Ou foi o que pensou.

Pois o aroma o atingiu. O cheiro... não daquelas crianças, mas que as envolvia, as impregnava como um manto.

— Dodecaedro... — sussurrou sem que pudesse evitar.

Isso denunciou sua presença. Os filhotes olharam em sua direção, o pequeno Beta de cabelos loiros agindo mais rápido que os outros ao pôr-se de pé em uma postura defensiva. O outro Beta o imitou, pareciam preocupados com a companheira fêmea.

Um vampiro puro sangue é sinônimo de poder inigualável. Sentidos ampliados, força incalculável. Cada pequeno detalhe que se somava e resultava na máquina de matar perfeita. Nem o projetil disparado de uma arma de fogo poderia surpreendê-lo. Se esquivaria sem dificuldades.

Graças a isso intuiu o ataque traiçoeiro, nítida intenção agressiva precedendo o ato. Sentiu mais do que qualquer coisa, a pedra descrever um arco veloz no ar e o atingir na têmpora, vinda do corredor que ligava a câmera ao exterior. Acertou perto o bastante para quase derrubar os óculos de sol, mas sequer arranhou a pele de alabastro.

— Afaste-se deles! — a ordem veio num tom agressivo, selvagem. E pontuado de medo.

Shino virou-se lentamente naquela direção e encarou o quarto shifter. Um adulto, ou algo perto disso, um jovem que parecia ter entre quinze e dezesseis anos. Um ômega. De rebeldes cabeços castanhos, curtos e repicados. Os olhos eram de íris singular, mais próximos da herança animal do que humana. Triângulos gêmeos marcavam as faces em vermelho.

Ali estava a fonte daquele aroma que capturou envolvendo os filhotes.

Depois de todos aqueles séculos...

Quando se acreditou livre do fardo destinado à sua raça...

Shino o encontrava.

Dodecaedro.

O garoto tinha outra pedra na mão. E a ergueu depressa na intenção de atacar o vampiro novamente. Dentro da câmara alguém chorava, muito certamente a garotinha. Mas isso não importava, não realmente.

As engrenagens que começaram a girar quando Aburame Shino foi lançado no inferno daquela maldição finalmente se encaixaram. Ele atravessou eras, testemunhou a raça humana florescer e alcançar seu auge. Foi mais do que uma silenciosa testemunha. Foi menos do que um dos atores que encenam o drama no palco da evolução.

Shino era a testemunha, a prova de tudo o que aconteceu. Um dos pouquíssimos que continuavam vivos após o Advento Final, nome dado ao dia em que o mal vomitou seus demônios no mundo externo e clamou a terra como o sexto inferno.

Entendeu porque se incomodou tanto com a invasão. Porque precisou verificar com os próprios olhos ao invés de enviar um dos serviçais. O chamado da Fortuna era forte demais para negá-lo ou driblá-lo.

O começo sempre atrai o fim.

Alpha sempre clama o Ômega.

Vampiros representam as trevas, o sombrio, a morte. Dodecaedros eram festejados como Flores da Vida.

Shino desviou fácil do segundo ataque. Apenas moveu a cabeça de leve para o lado, e a pedra desenhou uma parábola invisível no ar e atingiu o solo sem grandes efeitos.

Precisava pensar no que aquele encontro representava. E no significaria dali para frente. Silenciosamente convocou as sombras. Era um Lasombra, Clã de vampiros que manipulava as trevas como uma ferramenta de ataque e defesa.

A escuridão inundou a caverna, tal qual a onda incontrolável de um maremoto. Foi violento e indefensável, conquanto não mortal. Obliterou qualquer resquício de luz no local, enrolando-se nos shifters como uma mortalha que roubou-lhes a consciência.

Durou menos de um segundo. Então evaporou-se e tudo voltou ao que era antes. Exceto pelos quatro invasores sorrateiros, agora caídos ao chão, vencidos pelo ataque silente do vampiro ancestral. Sem sentidos e indefesos. Ou era o que parecia, afinal, Aburame Shino era um dos monstros mais poderosos que ainda caminhava pela face da Terra. E totalmente incapaz de ferir uma daquelas pessoas.

Dodecaedro.

27 июля 2019 г. 16:43 0 Отчет Добавить Подписаться
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