História feita para o desafio #bugdomilenio do FNS
Idealmente era para usar a música Toxic, da Britney Spears, e dela eu plotei, mas perdi o controle e então temos uma fic que passou um pouco (não sei dizer quanto) do limite do desafio ^^'
O ar do pequeno confessionário mudou de repente. Sasuke ergueu a cabeça quando o aroma de terra e grama úmida preencheu o ambiente e o fez se lembrar do frescor de sua terra natal comparada à fria Inglaterra. Sentiu seu corpo se arrepiar, uma resposta incomum, mas que supôs ser pelas lembranças antigas. Ajeitou-se sobre o banco estofado, e olhou para as grades trançadas que separavam as duas cabines.
Olhos azuis tão claros e limpos quanto o céu de Roma, olhos fascinantes que, por um momento, pensou já ter visto antes. A capa escura que ele usava não revelava muito sobre seu cabelo ou roupas, e Sasuke apenas pôde contemplar o quanto os olhos e o sorriso do homem do outro lado lhe pareciam… perigosos.
— Perdoe-me, padre, pois eu pequei.
Ameno 1:1
Sasuke se sentou na cama de súbito, o corpo quente, o suor colando a camisa de algodão ao corpo e o fazendo ter certeza do pesadelo que havia tido. Passou as mãos pelo rosto e respirou fundo enquanto o coração batia acelerado. Levantou-se da cama sem a certeza do chão sob seus pés, mas, ainda assim, se arrastou até a pequena tigela com água que estava sob a penteadeira do pequeno quarto da catedral.
Sentia-se febril, como as chamas que haviam incendiado sua casa e matado seus pais como o pesadelo tão bem o recordara. Apertou a toalha contra o rosto e se arrepiou com a brisa fria da noite. A janela aberta permitia-lhe ver o céu escuro da madrugada, e ele amaldiçoou as nuvens que lhe escondiam as estrelas. Caminhou a passos silenciosos até o banheiro, a água com que se banhava estava gelada, mas não queria reclamar, afinal, era do que precisava para acordar e deixar as sombras do passado para trás.
Suspirou, a missa das sete horas seria por sua conta naquele dia, cortesia do cardeal que não havia aprovado sua transferência para a cidade. Secou-se com a toalha fina enquanto refletia o quanto ser afilhado de um cardeal de Roma lhe trazia mais problemas do que vantagens.
Claro, não seria ingrato. Danzou havia sido um homem gentil ao lhe adotar após o terem resgatado da casa em chamas. O Cardeal nunca lhe cobrou nada além de respeito, e havia sido sua escolha seguir os passos dele.
Escolha?
Não… era mais o que esperavam que fizesse. E, quando se perde todos os laços com o passado, quando não se consegue sair da bolha de dor que a ausência de tudo forma, deixa-se que outros tracem seu futuro. Era mais fácil aceitar que Danzou lhe dissesse o que fazer, quem ser, como agir. Por que contestar? Qual o motivo para negar?
Olhou-se no espelho do quarto por algum tempo. A imagem de quando tinha cinco anos estava nítida, o momento quando entrou pelas portas da grande mansão de Danzou, sujo de fuligem, de cinzas, carregado nos braços do médico que gritava instruções sobre a queimadura em seu abdômen. Perdeu a consciência em algum momento quando tentavam limpá-lo e, quando abriu novamente os olhos, já não era Sasuke Uchiha, nada daquele nome lhe pertencia mais. A família estava morta, a casa destruída, só restara… ele. Ele e o futuro que Danzou lhe oferecia.
Vestiu a roupa que lhe deram, comeu do que colocavam em seu prato, aprendeu o que impuseram que lhe tinha que ser ensinado, seguiu as regras ainda que soubesse que algo estava profundamente errado. Aquilo não era viver, era deixar que vivessem sua vida por ele, mas que diferença fazia quando sentia que, assim como sua família, ele também havia morrido no incêndio?
Enrolou o terço negro em sua mão, prendeu-o como já estava habituado a fazer e olhou para a cruz presa na parede sobre sua cama. Irônico que a mesma cruz que a tantos confortava apenas lhe passava uma imensa sensação de vazio, como se o mundo parasse e simplesmente tivesse sua existência apagada.
Não rezou. Nunca rezava fora das missas que pregava. Em vez disso, apoiou os braços cruzados no parapeito da janela e inspirou profundamente o ar da madrugada ao senti-lo vir ao seu encontro. Uma pena Londres não ser o que seus sonhos tinham prometido…
Tinha imaginado uma cidade longe do conservadorismo de Roma, mas havia descoberto em pouquíssimo tempo que as cidades partilhavam mais semelhanças que diferenças. A começar pelo incrível desejo de doutrinar tudo e a todos.
— Sasuke? Está acordado?
Olhou para a porta. Havia se esquecido de apagar as luzes do quarto para não chamar a atenção, mas seu consolo era que reconhecia a voz. Abriu a porta e se deparou com Kakashi segurando a usual maleta que a profissão lhe cobrava.
— Alguém doente? — perguntou e abriu passagem para que o médico entrasse.
— Uma das irmãs mandou me chamarem correndo, creio que terão uma missa fúnebre em breve — Kakashi explicou.
Sasuke o viu sentar-se na cadeira em frente à pequena mesa onde sua Bíblia repousava, o suspiro grave indicava o cansaço do médico que tirava o pequeno cantil do sobretudo e deixava o álcool queimar e aquecer seu interior. Kakashi era quase que seu tutor, o responsável por lhe ajudar com qualquer problema que tivesse em Londres. Apreciava o cuidado dele, apreciava ainda mais que ele não era tão mais velho quanto Danzou e o entendia melhor.
Os cabelos grisalhos, apesar dos quarenta anos, estavam arrumados naquela noite, a cicatriz no olho (cortesia de um paciente insano em seus últimos momentos) parecia ser ressaltada pela chama da vela agora que ele retirava o tampão que a cobria. E nem mesmo a cicatriz havia minado o charme do médico, provocava-o com o número de pais que ofereciam suas filhas a ele e a forma encantada que elas o olhavam, esperançosas por um casamento de sucesso.
— O que faz acordado, garoto? Teve outro pesadelo?
— O de sempre — respondeu cansado.
— O Cardeal acha que seus pesadelos são um tipo de tentação — Kakashi tossiu.
— Acredita nele? — Sasuke franziu o cenho.
— Você é o religioso aqui, Sasuke, não eu. Para mim, isso se chama trauma. Para ele, tentação, o demônio querendo te enlouquecer.
— Senti o cheiro de casa ontem, da minha casa — confessou. — Uma lembrança acho, não sei. Não importa. O que faz aqui? Meu quarto não é no caminho da saída. Precisa tratar algo comigo?
— Sempre direto. — Kakashi enfiou a mão no sobretudo e buscou a carta que trazia consigo. — Danzou quer notícias suas. Escreva pro velho e tente dormir. Se precisar, te receito alguma coisa para ajudar com o sono.
Sasuke concordou e esperou Kakashi sair do quarto para abrir a carta, embora soubesse do que se tratava. Sarutobi era sempre muito preciso em suas mensagens, perguntava se havia novidades, como o Cardeal Sarutobi estava e lhe pedia que buscasse uma ou outra informação sobre pessoas de quem nunca havia ouvido falar. Não era diferente daquela vez.
Nara Shikamaru.
Gravou o nome antes de guardar a carta para queimá-la depois da missa e esperou pacientemente para que os sinos da catedral anunciassem o amanhecer.
Ameno 1:2
Era esperado que a atenção estivesse em si enquanto conduzia a missa, era esperado sentir os olhos dos fiéis queimarem suas costas ao se ajoelhar perante o altar, mas o frio no estômago e a súbita sensação de que algo a mais o mantinha sob observação era incomum. Ergueu a hóstia sagrada, o momento da comunhão se aproximava e ele foi o primeiro a sentir o gosto do vinho naquela hora santa.
Abriu os olhos enquanto o agridoce preenchia seu paladar, sentia-se impuro a cada hóstia que levava aos lábios durante as missas, sentia-se um pecador mentiroso que havia aprendido tão bem a mentir que talvez nem o próprio Deus soubesse que não lhe era fiel. Acreditava em sua existência, mas talvez essa era a única lição que os padres e professores do catolicismo haviam conseguido lhe passar.
A Bíblia em suas mãos não pesava, apenas um livro com várias páginas e versos bonitos que contavam uma história sangrenta e triste. Seus lábios abriam-se secos para recitar um trecho atrás do outro, umedecia-os, mas era incapaz de fazer com que a boca contasse a verdade que desejava que todos soubessem. Chegou a se perguntar o que aconteceria caso se declarasse um herege, caso confessasse que a cruz nada lhe significava a não ser um desperdício de madeira em um símbolo sem valor, mas a vontade de revelar tal fato ao mundo morria fácil, como se nem mesmo isso fizesse parte do que realmente almejava para si.
O que queria então?
Ofereceu a hóstia para o próximo da fila, ouviu o sagrado “amém” e deixou que ele ecoasse em seu cérebro como um disco arranhado.
Mergulhou a próxima no vinho e se virou à fila.
— Corpo e sangue de Cristo — falou, claro, a voz limpa, a encenação perfeita.
O homem deu um passo para frente, e Sasuke paralisou ao observá-lo. Os olhos azuis o observavam com tamanha intensidade que não chegou a duvidar que havia sido ele o causador da estranha sensação durante sua missa. O cabelo loiro estava arrumado, as vestes de bom corte, de tecidos caros, apresentavam-lhe um homem importante, um homem de presença que fazia até mesmo que se esquecesse por um momento de onde estava e por que.
Ofereceu a hóstia, a atenção convergida no mover lento e gracioso do outro, que se inclinou, as mãos segurando as de Sasuke para levar a hóstia aos lábios e deixar que raspassem de leve nos dedos do padre enquanto fechava os olhos.
Sasuke prendeu a respiração, havia um certo magnetismo do qual não conseguia desviar e que só foi quebrado quando o homem o soltou, a postura arrumada, o olhar penetrante antes de sorrir de canto e se retirar.
Foi como se a temperatura caísse, como se a catedral voltasse a ter luz, e Sasuke percebesse que tinha se focado tanto no outro homem que havia apagado da visão tudo que não fossem eles dois. Demorou para desistir de procurá-lo entre os inúmero fiéis, voltou a oferecer as hóstias, mas podia afirmar que alguma coisa havia mudado. A fina película que mantinha seu mundo protegido, íntegro, no caminho que lhe haviam traçado, apresentava uma rachadura pequena e discreta ao centro. Era pequena, sim, mas Sasuke a contemplava como a mais bela obra de arte, como o centro de um buraco negro que o atraía e que tinha curiosidade de conhecer e ver o que aconteceria se transformasse a rachadura em milhares e incontáveis pedaços de vidro quebrado ao seu redor.
Ameno 1:3
Os sinos tocavam agora alto. Enquanto observava os olhos azuis do outro lado do confessionário, Sasuke respirava fundo ao se lembrar do ocorrido pela manhã. Seus dedos formigaram, como se ainda mantivessem registrado o calor do toque nem tão sutil dos lábios do homem que o observava pelas grades.
— Não vai perguntar o meu pecado, padre?
Sasuke piscou, enfim desperto. O correto seria sentar-se de frente para a porta, olhar para frente e não através da divisão, ouvir, aconselhar e guiar. Mas não se sentia no confessionário, o cheiro úmido de terra trazia a fragrância de flores, e ele tinha quase certeza de que aquilo pertencia às suas mais antigas memórias.
— Quem é você? — perguntou, cedendo à curiosidade.
— Eu? — Ele sorriu, e Sasuke observou o curvar dos lábios como se analisasse uma pintura cara. O sorriso era verdadeiro, ao menos parecia ser, era espontâneo, como se esperasse por aquela pergunta e estivesse feliz por ouvi-la. — Me chamo Naruto, Sasuke.
Não conhecia o nome. Então por que aquele olhar tão intenso o capturava com tanta facilidade e fazia com que se sentisse bem? Percebeu a ansiedade no outro, encarando-o com expectativa enquanto sabia que era analisado. Limpou a garganta e baixou o olhar por achar-se tolo agindo daquela forma. Tinha uma missão a cumprir por Sarutobi, precisava terminar logo aquela confissão.
— E qual foi o seu pecado?
— Eu me apaixonei, padre — Naruto respondeu, e Sasuke o viu apoiar a lateral do rosto contra a divisão do confessionário enquanto dedilhava a grade despretensiosamente.
— Apaixonar-se não é um pecado quando acontece entre os puros de coração seguindo as leis de Deus.
Naruto riu, baixo, um riso rouco e melodioso que fez Sasuke curioso para espiá-lo pelo canto de olho. A pele de Naruto era bronzeada, ele possuía marcas no rosto, cicatrizes finas que acentuavam seus traços, o cabelo loiro agora aparecia fora da capa, e os olhos azuis brilhavam como se embriagados na própria felicidade.
— Me apaixonei por alguém que não posso ter, padre.
— E por que não?
— Porque não sou digno dessa pessoa — Naruto respondeu, e Sasuke olhou para a divisória.
Naruto mantinha os olhos nele, a cabeça apoiada ainda na grade, mas os olhos presos em Sasuke como se não ousasse desviá-los nem por um segundo sequer.
— Por que não se acha digno? Fez algo que justifique tal pensamento?
— Fiz… — Naruto balançou a cabeça. — Fiz muitas coisas, Sasuke, a maioria delas você com certeza não aprovaria. E por isso sei que não sou digno. Sou um pecador e… acredito que meu maior problema, padre, seja não me arrepender de meus crimes, seja amar cada pecado que venho te confessar…
Sasuke não percebeu quando havia se sentado de frente para Naruto, muito menos quando havia começado a seguir o dedilhar dele pela grade como se o movimento fosse hipnótico.
— Se apaixonar não é um pecado, Naruto — repetiu, mas não sabia se quem falava era ele ou o padre que deveria ser. — O que você fez para se achar indigno desse sentimento?
Naruto sorriu melancólico, os olhos azuis encararam o chão antes de subirem lentamente pela divisória e se perderem nas joias negras que eram os de Sasuke. Ele era bonito… mesmo naquela roupa infame de padre. O cabelo e os olhos escuros contrastavam com a pele branca numa delicadeza que o mármore que enfeitava as esculturas daquela catedral não podiam mimetizar. Os lábios rubros de Sasuke mantinham-se entreabertos, ouvia a respiração controlada e profunda dele, podia imaginar o ar entrando pela boca e enchendo-lhe os pulmões, podia imaginar muita coisa com aquela proximidade ridícula que a divisória lhe impunha, mas se obrigou a ficar apenas na solitária imaginação ao responder:
— Amo alguém que pertence a outro — respondeu, verdadeiro e dolorido.
— Ela é casada?
— Não ainda — Naruto respondeu, e Sasuke o viu franzir o cenho. — Quer dizer… posso dizer que sim, é uma espécie de casamento. Mas que não foi da vontade dessa pessoa… ela nunca escolheria esse caminho, ela me escolheria, se tivesse a chance de fazê-lo.
— Foi escolha dos pais?
— Do Pai e do tutor — Naruto respondeu frustrado. — Mas eu a encontrei, porque ela veio até mim, porque é o destino dela ficar ao meu lado.
— Mas ela ainda é casada — Sasuke o lembrou, e Naruto sorriu com os olhos fechados antes de se sentar de frente para ele e apoiar as mãos na grade.
— E é por isso que sou um pecador, padre. Não entende? — ele sussurrou, a voz doce e baixa trazendo Sasuke para mais perto da divisória sem que ele notasse até Naruto lhe sorrir. — Eu vou roubar essa pessoa para mim, vou livrá-la desses votos falsos, vou tê-la de volta, dar a ela a chance de escolher… E então, padre, qual a minha penitência por pensamentos tão vis?
Sasuke não sabia. As palavras de Naruto não lhe soavam erradas em nada, e a mente estava tão bem flutuando no conforto daquela atmosfera que desejava ficar ali, mesmo calado, apenas desfrutando a paz que o espaço pequeno do confessionário com Naruto lhe oferecia. Engoliu em seco, piscou e se afastou da grade quando sentiu os dedos de Naruto tocarem os seus pelas aberturas da grade.
Se recompôs e limpou a garganta, olhos presos na madeira à frente, mãos sobre o colo apertando o terço com uma força que nunca tinha usado. Fechou os olhos para se concentrar, apagar o som da respiração da Naruto, limpar o aroma de flores que só podia ser coisa da sua cabeça, esvaziar a mente e recolocar as rédeas no coração que não entendia o que estava acontecendo.
— Reze e peça a Deus que ilumine seus pensamentos e guie suas ações — sussurrou. — Dois “Pai nosso” devem bastar para clarear sua mente.
— Que assim seja então…
Ameno 1:4
“Pai nosso que estais no céu. Santificado seja o vosso nome. Venha a nós o Vosso Reino. Seja feita a vossa vontade, assim na terra como no Céu”.
Sasuke apertou o lençol ao despertar de repente. Girou na cama e escondeu o rosto no travesseiro enquanto sentia o corpo se recuperar do susto do pesadelo. O coração ainda batia depressa, assustado pela forma quase real como parecia sentir a dor causada pelas chamas a queimarem seu corpo.
“O pão nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”.
Lambeu os lábios secos, os olhos arregalados e úmidos pelas lágrimas buscaram a jarra de água sobre a pequena escrivaninha, e ele se levantou tropeçando nos papéis que tinha espalhado pelo chão na noite anterior. Estava mais uma vez febril, podia sentir. Estaria doente? Seria um azar sem igual se sim. Encheu o copo de vidro, bebeu longos goles, tossindo ao engasgar pela pressa. Respirou fundo, e o vento gelado pareceu ouvir seu silencioso pedido e entrar pela janela para envolver seu corpo.
Deixou o copo de lado e caminhou até a janela. O céu parecia o de Roma naquela noite. Sem nuvens, limpo, com mais estrelas do que Sasuke achava ser possível na poluída Inglaterra. Fechou os olhos e deixou uma expressão de alívio transparecer quando o frescor da noite o atingiu. Seu quarto ficava no primeiro andar da imensa catedral, a janela dava para o nada, então não teve argumento que o impedisse de se sentar no parapeito com as pernas para o lado de fora.
Respirou fundo, passou as mãos pelo rosto e pelo cabelo úmido, sentiu o coração queimar de repente e arfou surpreso e embriagado com o toque estranho em sua pele. Abriu os olhos a tempo de reconhecer os olhos azuis que se fechavam antes de os lábios quentes tocarem os seus. A boca faminta devorava a sua sem lhe dar tempo para compreender como ou por que, as mãos apertaram com força suas coxas antes de abri-las para que seu corpo recebesse o de Naruto, sentisse o calor que emanava dele, respirasse o aroma úmido e viciante que parecia acompanhá-lo.
Dedilhou-lhe a face, sentiu as cicatrizes que lhe enfeitavam o rosto, e permitiu que a língua dele envolvesse a sua e o conduzisse no beijo. O calor não mais o incomodava, a febre parecia subir, mas a esqueceu enquanto correspondia ao beijo na mais completa vontade de arrancar de Naruto o alívio de que precisava.
A boca dele se arrastou pelo seu rosto em luxúria, as respirações arfantes e o corpo em brasa. Os lábios de Naruto tocaram sua orelha em sua sorriso que fez Sasuke fechar os olhos ao se arrepiar.
— E não nos deixei cair em tentação, mas livrai-nos do mal. Amém.
Sasuke apertou o lençol ao despertar de repente. Girou na cama e escondeu o rosto no travesseiro enquanto sentia o corpo assimilar o sonho. O coração ainda batia depressa, assustado pela forma quase real como agora parecia sentir outro tipo de chama incendiando seu corpo. Sentou-se e olhou para a janela, fechada dessa vez. Tocou os lábios, quase na esperança de que aquilo o ajudasse a reafirmar de que nada tinha sido real, mas, embora o gosto de Naruto não estivesse em sua boca, a voz debochada e excitada sussurrando em seu ouvido parecia ainda presente, como uma lembrança sólida. Levantou-se, ignorando o corpo trêmulo e as sensações desconfortáveis da excitação. Abriu a janela com mais força que o esperado e respirou com alívio ao se deparar com o céu nublado e o sol quase a nascer. Olhou por sobre o ombro a cruz sobre a cama e balançou a cabeça em negação ao sussurrar em tom de súplica:
— Mas livrai-nos do mal… Amém.
Спасибо за чтение!
Alice nos traz uma visão intensa do que é a vida dentro de uma catedral, cercado por uma redoma de vidro que tem o intuito de nos proteger das tentações. Mas o que a gente faz quando a tentação atravessa essa película, só lendo essa obra maravilhosa e de narrativa excepcional pra saber! Indico!
Muito boa, narrativa envolvente, te prende como se fosse uma teia de aranha, mas na qual você se vê feliz de estar presa, uma teia da qual você desfruta cada linha, cada traçado, cada caminho. Na qual você espera ansiosamente para ser de uma vez devorado!
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