fernando-camargo1554138998 Fernando Camargo

A música alta, então o Guilherme me pegou pelo braço, mal conversamos e já estávamos íntimos, rindo e transbordando felicidade. Eu não sabia dançar, mas ele foi insistente. Tirei o seu boné e toquei em seu cabelo. Aos poucos eu o senti chegar mais perto de mim e não deu outra, começamos a nos beijar ali, na frente de todos. Para espanto geral dois meninos, Ricardo e Guilherme estavam se amando, se entregando de corpo e alma um para o outro.


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Amor de meninos

Acordei com ele dormindo ao meu lado. Com o lençol jogado no chão e nossas pernas entrelaçadas uma na outra. A noite foi boa, inesquecível e surpreendente. Conheci o Guilherme em uma festa da faculdade. De cara ele me chamou a atenção, não somente pelo sorriso grande de dentes brancos, mas sim pelo seu jeito de ser. Era o tipo de homem que eu sempre sonhei. Educado, divertido e inteligente. Nesse dia eu estava acompanhado por uma amiga, mas não ficamos um perto do outro durante a festa, nos afastamos um pouco.

O Guilherme estava ali, de calça e camiseta, com boné na cabeça e um copo na mão. Comecei a olhar para ele. Disfarcei em seguida quando percebi que ele me olhava também. Meu coração disparou. Nunca imaginei que o menino mais bonito do mundo estava ali, há poucos metros de mim, mas e a coragem de ir até ele, de dizer oi, ou convidar pra conversar? Eu tremia muito. Resolvi me sentar e beber algo, pedi um refrigerante e fiquei encostado no balcão. Um gole, dois goles, três goles. Foi então que eu senti uma mão em meu ombro, era o Guilherme. Lentamente eu me virei, e ao fazer isso meu mundo girou, um filme passou pela cabeça e coisas boas vieram à tona. O cara que eu era afim havia muito tempo estava ali na minha frente, a centímetros de mim.

- Oi? – Sua voz era linda, rouca e perfeita. – Tudo bem com você? – Ele perguntou. E como não poderia de estar?

- Sim, estou bem... – O que eu poderia dizer naquela hora? O que eu poderia fazer? O certo era permanecer calado e aprecia-lo por inteiro.

Ele estava ali de frente para mim, de copo na mão.

- Posso sentar? – Ele pediu apontando para um banquinho vazio.

Fiz um sinal discreto respondendo que sim e ele sentou-se. Foram segundos de silêncio e minutos de troca de olhares, e uma vida para pegarmos na mão um do outro. A mão do Guilherme era quente e confortável, a minha era gelada e trêmula, a sensação sentida por mim era de nervoso. A festa continuava com tudo, jovens reunidos, rindo e dançando, beijando e sendo felizes. Vi de relance minha amiga aos beijos com um menino, ela parecia estar feliz com aquilo.

A música alta, então o Guilherme me pegou pelo braço, mal conversamos e já estávamos íntimos, rindo e transbordando felicidade. Eu não sabia dançar, mas ele foi insistente. Tirei o seu boné e toquei em seu cabelo. Aos poucos eu o senti chegar mais perto de mim e não deu outra, começamos a nos beijar ali, na frente de todos. Para espanto geral dois meninos, Ricardo e Guilherme estavam se amando, se entregando de corpo e alma um para o outro.

Foram anos de muita felicidade, reciprocidade, carinho e respeito. Até que um dia o Guilherme acordou se queixando de dores nas costas. Inicialmente não demos muita atenção, o que foi um erro muito grave de nós dois, mas depois fomos à busca de ajuda médica, mas era muito tarde. Após uma bateria de exames foi constato um tumor em estado avançado, o homem da minha vida estava doente e tinha poucos meses de vida e isso me entristeceu.

Foi duro ver o Guilherme sumir a cada dia. Vê-lo emagrecer e evaporar dentro de suas roupas foi um golpe muito grande. Estava em casa e ele no hospital. O telefone tocou, o coração disparou e eu atendi, era do hospital. Peguei o carro e parti em direção ao hospital. Ao chegar lá senti o clima pesado, fui ao quarto onde ele estava e o vi. Seu rosto estava sem cor; ele mal conseguia esboçar um sorriso. “Lembro-me dele me dizer um ‘OI” numa voz fraquinha que ia apagando-se aos poucos. Meu Guilherme, o menino que eu conhecera em uma festa da faculdade estava morrendo.

Foi ruim ficar sem ele. Foi péssimo acordar, virar na cama e não poder sentir mais a perna dele enroscada na minha. Levantei-me e fui pra janela. De longe avistei dois meninos jovens de mãos dadas e recordei o quanto foi difícil pra gente se aceitar e para eu principalmente me assumir. Reverencio esses meninos de hoje que não sentem vergonha em ser aquilo que são independentes do pensamento retrógrado de muitos por aí. No meu tempo, era vergonhoso.

Fecho a janela e volto pra cama, deito e direciono meus olhos para o teto, o rosto do Guilherme surge em minha mente e ao invés de chorar eu dou um sorriso, o homem da minha vida estava para sempre dentro de mim.

28 апреля 2019 г. 16:33 0 Отчет Добавить Подписаться
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Об авторе

Fernando Camargo Escrevo desde os oito anos de idade, culpa da professora de português. De tanto gostar de fazer isso (escrever), resolvi estudar jornalismo. Formado, atualmente eu passo meus dias a criar personagens e novas histórias.

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