Notas inciais
Fanfic escrita para o Desafio Crossover inspirada nos universos de Alice No País das Maravilhas (Lewis Carroll) e Harry Potter (J. K. Rowling).
Era uma tarde quente de verão. O verão mais tranquilo que o mundo presenciava nas últimas décadas, visto que o maior bruxo das trevas de todos os tempos havia sido eliminado. A paz foi reestabelecida e até mesmo os trouxas sentiam que o clima de tensão havia se dissipado.
Luna Lovegood repousava à sombra de uma árvore no quintal de sua casa. Com seus spectrespecs, ela se distraía procurando por zonzóbulos. A loira estava perdida em um devaneio sobre pudim, quando algo lhe chamou a atenção.
Luna avistou um coelho branco. Inicialmente, interessou-se por ele porque tinha a mesma forma de seu patrono. No entanto, achou peculiar o comportamento do animal, o coelho parecia ter pressa, como se fosse humano. A bruxa concluiu que ele só poderia ser um animago. Por nenhum motivo em específico, ela resolveu segui-lo.
A garota percorreu um caminho curto até a orla do riacho perto de sua casa e observou o coelho desaparecer em uma toca. Era um buraco no chão bem maior que qualquer toca de coelho que havia visto. Lovegood ajoelhou-se à entrada do buraco e percebeu que era muito fundo. Ela pôde sentir uma energia muito forte vinda de lá; a bruxa sabia que havia magia ali.
Luna achou que deveria mostrar aquilo ao pai. Porém, no instante em que tomou aquela decisão, a terra abaixo dela cedeu. A garota caiu na imensa escuridão daquele buraco.
Ela despencava velozmente muitos metros em queda-livre, procurando calmamente por sua varinha entre os muitos bolsos da roupa. Objetos diversos subiam enquanto Luna descia cada vez mais. Louças de porcelana, cartas de baralho, bolos, rosas, tudo se misturava como em um furacão. A medida que chegava mais perto do chão, o buraco se enchia gradualmente de luz.
– Aresto Momentum! – Luna ordenou ao encontrar a varinha.
O desespero tomou conta da garota ao ver que o feitiço não havia funcionado. No entanto, no próximo segundo a bruxa deixou de cair e pousou suavemente no chão.
A loira manteve-se em pé naquela posição, tentando decidir se estava em um lugar seguro. Luna pensava que aquilo era, no mínimo, uma pegadinha do animago, caso ele não tivesse más intenções. Ela estava em um espaço vazio, exceto pela mesa com tampo de vidro no centro. Havia um frasco ao lado de uma chave em cima da mesa e um pedaço de bolo junto aos pés do móvel. A única saída do cômodo era por uma pequenina porta à sua frente.
Luna pensou na tentativa falha de executar o feitiço anterior e hesitou. No entanto, era a solução. Fechou os olhos e apontou a varinha para si mesma.
– Diminuendo... – murmurou.
A garota sentiu seu corpo encolher e abriu os olhos. O tampo da mesa agora poderia lhe servir de teto. Animando-se pela magia ter funcionado corretamente desta vez, Luna apontou para a porta e abriu-a executando o feitiço de forma não-verbal.
Um mundo inteiramente novo se revelava para ela. Luna ficou fascinada, aquele lugar seria o paraíso de qualquer magizoologista ou herbologista! Cada pedacinho de planta ou criatura que se descortinava para a garota era completamente autêntico e exótico!
– Bom dia, pequenina! – Uma rosa amarela cumprimentou animadamente a bruxa.
– Bom dia, dona flor! – Luna respondeu com naturalidade.
A loira apontou a varinha para si mesma e executou o feitiço para voltar ao tamanho normal.
– A senhora saberia me dizer onde estamos? – A garota indagou.
– Este é o País das Maravilhas! Seja bem vinda!
– E você sabe como eu posso voltar? – Luna olhou para trás e a porta por onde entrou havia sumido.
– Lamento, mas não sei. Eu estive no mesmo lugar durante toda a minha vida, entende? – A rosa olhou para o próprio caule.
– Claro, obrigada mesmo assim. Tchau, dona flor! – Lovegood sorriu.
– De nada, menina! – A planta acenou com uma de suas folhas.
Luna seguiu em frente, caminhando pela floresta. O País das Maravilhas fazia com que a garota se sentisse confortável. Tudo lá era tão diferente, aquilo lhe trazia uma sensação tão boa!
A bruxa se deparou com um riacho cortando seu caminho. No entanto, o rio não era feito de água, mas de chá. Mesmo assim, o conto dos irmãos Peverell veio imediatamente à sua memória. Como o trio, Luna pensou em conjurar uma ponte para atravessá-lo; no entanto, uma corrente de gelatina saiu de sua varinha ao dizer o feitiço. Tentou novamente e acabou criando bolhas. Outra tentativa gerou fogo. Luna ficou bastante intrigada, sua magia nunca havia se comportado assim.
– Wingardium Leviosa! – Ela experimentou com uma folha em formato de minhoca. Ao invés de flutuar graciosamente, a folha ascendeu velozmente ao céu até que Luna a perdesse de vista.
Tentar aparatar lhe pareceu imprudente, logo a bruxa teve uma outra ideia de como atravessar o rio de chá. Iria tentar um outro feitiço, mas desta vez de forma não-verbal, visto que assim havia funcionado na porta.
Luna tomou alguma distância do riacho, para que o feitiço não ricocheteasse nela caso desse errado. Apontou a varinha para o rio e concentrou-se no feitiço “Duro”. Nada de estranho havia acontecido desta vez, então ela retornou à beira do rio.
Em um trecho que ia de uma margem à outra do rio, a superfície do chá havia formado um caminho que parecia envidraçado. Aos lados e abaixo daquele caminho, o riacho corria normalmente.
Luna testou a segurança daquele caminho jogando uma pedra na superfície enrijecida; não houve nenhum dano. Cautelosamente, um pé após o outro, a garota atravessou o riacho sem problemas.
– É efeito deste lugar, o País das Maravilhas torna minha magia instável. – A bruxa concluiu, falando sozinha distraidamente. – Se eu encontrar aquele animago, talvez ele possa me ajudar a lidar com isso e me dizer o caminho de volta.
A garota continuou a se embrenhar pela floresta. Chegou até mesmo a se esquecer momentaneamente de que estava buscando uma saída, pois tudo lá era extraordinariamente belo.
Dado um momento, Luna encontrou uma clareira onde haviam dois sujeitos bastante peculiares discutindo. Um deles era um homem com uma cartola esquisita que a loira adorou e o outro era uma lebre falante, ambos praticamente aos berros.
– É ela!
– Eu já disse que não é!
– Mas poderia ser se não fosse!
– Não concordo com você!
– Então concordamos em discordar!
Subitamente, o homem de cartola pareceu notar a presença da Lovegood. No entanto, ela não parecia ser quem pensava que fosse.
– Alice! – Ele foi até a garota.
– Não é Alice! – A lebre bateu o pé.
– Me chamo Luna Lovegood. – A bruxa estendeu sua mão. – Lamento, mas não sou quem você procura.
– É uma impostora, eu disse! – O animal insistiu. – Fingiu que era Alice para que pudesse vir até aqui!
– De modo algum! Nem sei de quem vocês tanto falam! A única Alice que eu conheço é uma garota que foi minha colega em Hogwarts, e ela nunca esteve aqui, que eu saiba. – Luna retrucou.
– Então como você entrou aqui? – O homem inquiriu desta vez.
– Seguindo o animago. – Ela disse com simplicidade. – Aliás, eu não sabia que animagos podiam falar enquanto estão em sua forma animal... – a loira analisou a lebre.
– Seguiu quem? – O homem parecia confuso.
– Que gritaria é essa aí? – O coelho que havia chamado a atenção de Luna reapareceu.
– Você! Você é um bruxo, não é? – A garota perguntou.
– Senhorita! – O coelho encarou-a horrorizado. – Jamais ouse me acusar novamente de bruxaria!
– O que? – Luna é quem estava confusa agora.
– Impostora! Veio para nos matar! – A lebre gritou.
– Permitam-me interferir, por obséquio. – Uma espécie de pássaro se manifestou. – É nítido que a senhorita nunca esteve no País das Maravilhas, portanto, não compreende nossas leis.
– Exatamente. – A bruxa confirmou.
– E a mim também parece bastante óbvio que a intenção dela não é usurpar o dever de Alice; e da mesma forma, estou certo de que a senhorita Lovegood não desejava caluniá-lo. – A ave voltou-se para o coelho.
– Acho que deveríamos dar a ela uma oportunidade para se explicar. – O homem da cartola opinou.
Todos de repente encararam a loira. Ela havia se tornado o centro dos olhares, mas aquilo não a intimidava.
– Obrigada. – Luna sorriu para o homem de cartola. – Eu cheguei até aqui através de uma toca de coelho, pois eu achei que ele fosse um bruxo. – Ela indicou o animal. – E dizer isto não é ofensa. Eu não devo revelar isto para a maioria das pessoas lá em cima, mas eu sou uma bruxa.
– Não deve dizer isso aqui também, é maluquice! – O coelho apressou-se em interrompê-la.
– Tudo bem... – a garota se chateou. Equivocou-se ao pensar que aquele lugar era perfeito e inexistiriam tais ideias tão fechadas... – Como eu faço para voltar?
– Você deve descobrir primeiro o porquê de estar aqui. – O pássaro explicou. – Todos aqueles que entram no País das Maravilhas sem prévio conhecimento de nossa existência tem uma missão a cumprir aqui. É uma das regras da física deste lugar.
– Fascinante! – Luna acompanhava com interesse aquelas palavras.
– Capturem a bruxa! – Uma voz soou a uns metros de distância deles.
Dezenas de soldados de uniforme vermelho surgiram de vários pontos, investindo com fúria na direção do curioso grupo que havia se formado na clareira.
– Corram! – O coelho foi o primeiro a fugir; logo em seguida, os outros foram cada um para um lado.
Entretanto, Luna não fugiu. Ela havia aprendido a sempre ficar e lutar.
– Incarcerous! – O feitiço não funcionou. – Incarcifors! – A bruxa transformou uma árvore em jaula, prendendo alguns daqueles homens lá dentro.
Luna escalou uma árvore para ter uma visão melhor de toda a situação. Uma dúzia de soldados vinha em sua direção.
– Bombarda! – Ela explodiu o chão um pouco à frente dos militares como forma de aviso. No entanto, os destroços do feitiço tornaram-se como balaços voando em todas as direções. A loira se desequilibrou e quase caiu da árvore ao desviar de um que vinha em sua direção.
Após esse efeito inesperado, a bruxa decidiu que não iria utilizar nenhum feitiço diretamente nos soldados. Apesar de eles estarem perseguindo-a, Luna não queria que nada sério acontecesse a eles por falta de controle da magia.
Este breve momento de distração foi suficiente para alguns dos soldados chegarem até Lovegood. Porém, ela já sabia o que fazer.
– Oppugno! – Todos os gravetos e pedras ao redor da garota pareceram ganhar vida e começaram a perseguir os militares.
Luna provocou outra explosão como a primeira e obteve os mesmos resultados. Desta vez, como estava preparada para o ricochete do feitiço, conseguiu conjurar uma proteção contra os destroços errantes.
– Recuar! – A loira escutou novamente a voz do líder dos militares. Do seu posto, observou-os se afastarem.
A bruxa desceu da árvore e voltou para o centro da clareira.
– Eles já se foram? – Luna poderia jurar que acabara de escutar uma pedra falar.
– Sim, já se foram todos. – Ela respondeu, mesmo estranhando aquilo.
– Ufa! – A lebre saiu de dentro da pedra.
– Você quase nos matou! – O coelho surgiu de um buraco.
– Não seja ingrato, foi ela quem nos salvou! – A voz do homem da cartola vinha até ela de algum canto da floresta.
– Então estamos todos bem? – A garota analisava a situação.
– Onde está o Dodô? – O coelho procurava.
– Ele foi levado pelo exército da rainha... – um sorriso flutuante informou.
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