balfeanorian Bárbara Oliveira

O deus Jaguar reencarna no corpo de uma rebelde assassinada pelos seus próprios parceiros em uma emboscada brutal. De passado violento e cheio de marcas sombrias, Serena está aprisionada na forma de uma fera gigante a luz do sol e tomando sua verdadeira forma humana apenas sob a luz da lua, ela agora deverá confrontar os seus pecados passados para ter a sua forma completa como uma deusa do sol.


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El Jaguar- Lembranças da Aurora de um Tempo

O circo chega na cidade, colorindo o marrom escuro seco da cidade baiana fictícia, A bailarina dança diante dos trailers, o mágico enche as ruas de bolhas de sabão, os acrobatas pulam como macacos pelos muros e Amadis leva seu grande elefante domado e seus pavões e patos. Depois da alegria vem o medo do cangaço, que invade e ameaça a cidade com uma jaula retorcida carregando uma gigante besta.

-Quem vem lá se não é Amadeus, o rei do cangaço-disse o encherido.

-Mande chamar aquele conhecido como fala mansa, o tal Amadis domador das feras.

Amadis é chamado, e então obrigado a aceitar a besta fera de Amadeus. O povo temeroso fazem dez vezes o sinal da cruz e imploram pela retirada da besta. Amadeus ignora a covardia do povo que por um momento pareceu temer mais o monstro enjaulado que a fúria do cangaço.

Assim parte Amadeus depois de meter balas e facadas na volante, deixar mais de vinte feridos nas ruas e esfaqueado o velho palhaço Mordechai que só queria impedir a permanência daquele animal no circo.

Dias depois...

Amadis tenta a todo o custo domar o Jaguar gigante e violento que recebeu de Amadeus, porém o animal quase tira a sua vida e de seus ajudantes nas falhas tentativas. As pessoas do interior onde o Circo estava parado começavam a protestar contra a manutenção daquela besta no circo, e para ajudar, Aiken Elliot impede um chicoteamento em plena praça pública criando insatisfação dos maiorais da cidade, um evento marcante é incompreensível numa sociedade escravista, por ali passava um ex-escravo viajante, muito esperto, mas bem mal humorado, ouviu ele o menino chamar por Zumbi entre as chibatadas, o senhor do mais famoso quilombo, ele viu um jovem de roupa engraçada se desmanchar de sua face caricata para segurar o chicote do benfeitor, então riu de sua tolice, fazer isso na frente de tantos causou uma comoção geral, o julgaram por ser um mero protestante e um libertino circense. Mais tarde o alforriado veste sua máscara e parte para desmanchar mais uma senzala, o falso Zumbi ataca novamente. Só que um pouco antes disso o circo estava sendo ameaçado e Amadis se vê obrigado a tentar domar a besta Fera de uma vez, ele solta o Jaguar de sua cela e se põe em risco daquela forma.

O Jaguar não cede às tentativas de Amadis e avança para estraçalha-lo com suas garras monstruosas, contudo Aiken Elliot se põe na frente de Amadis antes que fosse tarde, o animal para diante da coragem do jovem mágico, e se vê preso numa forte hipnose ao o encarar diretamente. Nesse instante ele é abatido por um gigante Ziraldo, e Aiken cheio de raiva pela vida do seu mestre posta em risco, manda que sacrifiquem a besta, nesse instante, mesmo gravemente ferido pelas garras do animal, Amadis o defende e impede sua execução. O Jaguar, em seu íntimo, sentiu-se tocado por uma magia profunda, quando sua alma ainda que suja foi prezada por alguém? Na verdade, quando a própria se importou com alguém além dela mesma?

Lembranças de uma aurora passada tomam seus pensamentos...

Há cinco anos atrás, Amélia a bailarina fugiu do Circo Oz na calada da noite com apenas uma mala e um violino em mãos, ele tinha motivos profundos para aquela atitude tão ousada. Correu e pulou no último trem do dia.

Ali no vagão de trem, ela releu a carta que escreveu confessando seus sentimentos, mas que não obteve resposta e por isso fugiu, para que nunca mais visse o rosto de sua figura romântica. Ela pegou no sono quando sentiu o piso molhado, e vendo que a poça formada era de sangue foi ela ver mais a fundo no vagão, lá estava Serena como a capitã do primeiro esquadrão do cangaço, ferida após ter fugido de uma luta. Amélia cuida dos ferimentos de Serena e assim que ela melhora questiona o fato de estar vestida de cangaceira. Serena confessa que desertou de seu posto para procurar seu avô a quem soube do paradeiro depois de anos. Amélia sorri e diz que a acompanharia nessa busca até que Serena melhorasse de seus ferimentos. As duas viajam até a cidade onde Serena soube que seu avô estaria, até lá elas se tornam amigas e Amélia ensina um pouco sobre dança e se impressiona com o fato de Serena também saber tocar violino.

A verdade é que o avô ( por parte de mãe) de Serena era escravo de um coronel protegido por Amadeus, seu tio. O coronel exigiu um preço pelo seu avô, mas o que tinha Serena depois de desertar do cangaço? Amélia tinha a pele escura como a do seu avô, um negro por outro poderia ser um bom preço, ainda mais alguém talentosa como Amélia, foi o que pensou Serena.

Um dia Amélia e Serena entram no bar da cidade, por ironia o coronel também estava lá com alguns de seus capatazes, ao ver a ex capitã do cangaço ele não perde a oportunidade de tentar humilhá-la. Serena orgulhosa, não cede às provocações e agride os homens do Coronel, o mesmo furioso mandou que agarrasse Amélia e ameaça tirar a vida de seu avô. Levada pelo orgulho e pela teimosia, Serena diz que a jovem nas mãos do capataz seria o preço pela liberdade de seu avô. Assim ela trai Amélia e a entrega para ser escrava. Quando a enviam até seu avô, Serena descobre que ele já era morto faz anos. Tomada de raiva ela sequer olha para trás, nem mesmo para resgatar sua amiga, a única que teve na vida e tinha traído daquela forma, graças ao seu preconceito idiota e seu ego inflável.

Tomado pelas recordações dolorosas, o Jaguar desperta em um circo tomado pelas chamas, parece que alguns insatisfeitos com a atitude de Aiken Elliot, ao impedir que um escravo fosse açoitado em praça pública, fez com que alguns peixes grandes preferirem ver o circo pegar fogo. Amadis luta para tentar salvar seus amigos das chamas e depois ele tenta salvar os animais, mas seu corpo não suporta as chamas e desmaia, o Jaguar liberto de sua cela até correria para a liberdade não visse o corpo do homem que mais cedo salvara sua vida.

A salvos, o Jaguar marcha para o matagal mais distante da cidade vizinha e desmaia ao lado de Amadis ainda desacordado. Um pouco antes do sol se pôr o Jaguar encontra uma cachoeira para matar a sua sede. Amadis desperta de seu desmaio e ainda confuso procura a água cristalina para molhar a goela. Ela refletia os últimos raios de sol que brilhava na pelagem amarelada da fera pintada, a beber sua porção de água no meio do rio, em cima duma pedra de limo, a lua surge em seguida dando um banho lunar no majestoso animal. Amadis viu surgir daquele brilho noturno a figura de uma mulher, ele lavou o olhos e deu outra olhada, ali estava uma mulher o encarando com majestade.

Seus cabelos negros como o ébano, seus lábios rosados como o amanhecer num dia de Primavera, seu corpo atlético e longo como o de uma gazela e marcado por cicatrizes, as marcas de uma vida de luta e violência, e em seu olhar Amarelado, percebe-se uma personalidade distante e indiferente, pois esse não é sombrio e nem sóbrio, nem apaixonado nem frio, era uma corrente ligada a sua curiosidade, encará-la é como percorrer uma estrada deserta. Descreveu mais tarde o domador em seus sonetos secretos.

Amadis não acredita no que vê e tenta se aproximar dela, mas ela nem percebe sua singela presença, atenta olha seu reflexo na água, vê seus cabelos totalmente cortados, seu rosto inteiramente marcado por cicatrizes de cortes profundos, sua blusa marcada com furos de bala, do puro linho branco ao vermelho do seu sangue, no meio do peito estava o rasgo de um facão, marcado ali para matar, ele via que ainda estavam gravados nela a cena da violenta emboscada armada por Amadeus e seus próprios companheiros. Neste momento seus olhos amarelos se iluminam como fogo em fúria, fúria destinada a um só ser, e que acabou descarregada no que tinha de súbito tocado o seu ombro.

Era Amadis, com um certo medo perguntando se ela estava bem.

Ela segura tão forte o pulso dele que fez Amadis gritar de dor e neste grito, ela volta a si vendo quem verdadeiramente está na sua frente. Ela apenas diz para que ele fique ali parado a espera de alguém que o resgate, vira-lhe as costas e de seu modo expele um gentil adeus. Quem sabe ela tenha ouvido um obrigado sincero antes de correr na velocidade de um trem para alcançar uma antiga presa. Ela percebia aos poucos sua força e poder emergirem na luz do luar.

Amadeus despreocupado debruça-se no bote amarrado perto do rio em que passara a tarde pescando. Sob as constelações e apenas com seus corvos de testemunha, ele sentiu uma pena pousar em seu ombro e num milésimo de segundo uma afiada garra rasgava a áspera pele de sua garganta, um arranhão fino e delicado que fez escorrer pouquíssimas gotas de sangue. Um sussurro direto no seu ouvido o fez se arrepiar até a espinha. A voz que disse “eu retornei do inferno”, era incrivelmente calma, tão precisa como fino corte de suas garras. Ele olha para trás e vê olhos amarelos acesos em fúria. De uma forma estranha, num corte de cena ligeiro, o maldito pareceu confortável naquela situação.

-Como se sente agora? Sendo a presa engaiolada? Um pouco mais fundo e te corto as tripas.

-Calma… ainda não viu, olho de gato… Chegue um pouco mais perto e entenderá que nunca estou sozinho… Serena. Aliás nem você está mais só, veja a companhia que te arranjei. Gente de circo, que abre as restrevelas para tudo, lá que é teu lugar, para quem não passa de piada. Eu deixei uma carcaça morta na beira do rio, e o que vejo aqui não passa de um espectro.

-Nem espectro, nem atração de circo, sou apenas aquela que você nunca pode suportar, porque não pode me vencer, nem me matar, uma alma que nem na segunda vida você pode eliminar, e ainda que haja uma segunda morte, ela não virá de você… Amadeus.

-Me escute, e diga outra vez, quem está no controle e acima de você. Que tu não passa de soldada, e como tal, faz conforme minha vontade, e como tal alimenta o meu tédio. Não te mandei lá pra dançar. Quero que você com seu faro, siga cada passo daquele povo, veja cada atividade e passe elas. Amadis nunca foi flor que se cheire e não é usando roupa apertada que ele me engana. Veja Serena, ao amanhecer você é outra vez uma fera e por ele deverá ser domada.

-O que te faz imaginar tanta asneira?

-Veja bem, se não me falha a memória o nome de uma moça… Amélia foi o seu nome, estou certo?

-E eu com isso?- indaga a Jaguar já aperriada.

-A moça que tu vendeu como escrava e que antes pareceu ser sua amiga, pois saiba que ela antes foi bailarina do mesmo circo que te enviei. Sabe Serena... eu ouvi daquele ancião conselheiro… que sua prisão seria o seu passado… e que tu devia prestar contas do que fez nele, só assim tu poderia se libertar da forma de Jaguar- ri Amadeus- eu sou o seu passado e também quem você já matou ou feriu… também, fico pensando o tamanho das tuas penitência mulher- ri Amadeus ainda mais seco e alto.

- Seu filho duma…

- Pois eu acho bom vossa mercê voltar para aquele circo de quinta, se quiser se redimir, salvando aquela infeliz da senzala. Só o Carniceiro sabe onde ela tá, mas espere com paciência... visse! Ele não é menino de ter pressa.

-O que acha que ganha com isso cascavel velha?

- Por hoje é só, Jaguar- ri Amadeus.

Serena se limita a não dar mais atenção ao velho cínico e retorna a caminho do Oz.

7 марта 2019 г. 5:44 0 Отчет Добавить Подписаться
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Об авторе

Bárbara Oliveira A leitura que deveria ser apenas mais uma fuga do tédio constante, tornou-se uma paixão ardente. Posso dizer que tive o mesmo problema com os filmes e animes que mantenho como lemas para qualquer coisa na vida. Talvez uma geek desde quando Timão, Pumba e Simba eram os meus únicos amigos na infância aos dias solitários lendo Marchado de Assis e Jane Austen. Agora tento escrever os meus pensamentos sem medo de ser feliz.

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