zephirat Andre Tornado

É noite de Natal nas montanhas Paozu e o pequeno Son Gohan está a sonhar...


Фанфикшн Аниме/Манга 18+. © Dragon Ball não me pertence. História escrita de fã para fã.

#dragon-ball #Son-Gohan #natal #sonho #Paozu
Короткий рассказ
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Capítulo Único


Era noite de Natal nas montanhas Paozu.


Uma noite calma, fria, silenciosa, aconchegada por um céu negro repleto de estrelas tremeluzentes, recortada pelas silhuetas escuras das serrarias quietas onde os animais se refugiavam nas suas moradas, tocas ou ninhos. No grande vale, coberto pelo lago imenso e profundo os peixes gigantes escondiam-se entre as algas que coroavam os rochedos submarinos. Tudo era quietude, tudo era serenidade. A homenagem natural à noite extraordinária em que se celebrava o mistério divino e a paz.


O mundo e o Universo estavam, verdadeiramente, em paz.


E como era noite alta nas montanhas Paozu, quando também era Natal, a criança dormia no aconchego dos cobertores da sua cama pequena encostada ao canto mais quente do compartimento, cabeça de cabelos negros sobre o travesseiro, respirando entre arquejos pois estava a sonhar, contorcendo-se em espasmos ténues, a mão a arrepanhar o lençol junto ao rosto.


Neste Natal, eu queria…


Ele na realidade nunca tinha querido nada. Nunca tivera desejos por brinquedos impossíveis, nem fizera pedidos estranhos de coisas imaginadas que ainda não tinham sido inventadas, nem exigira a satisfação de um capricho infantil, só porque queria ou porque naquele dia lhe apetecia.


Neste Natal…


Na verdade dos factos, ele avaliava-se com humildade como um menino de boa índole, bem-educado, tímido, que apreciava coisas simples que conseguia descobrir na Natureza, sem exigências absurdas ou manias incomportáveis que pudessem irritar os pais. Pois ele adorava obedecer ao que a sua mãe e o seu pai esperavam dele, embora se fosse aturar nessa questão, haveria de definir uma contradição nessa obediência. A mãe tinha certos planos para ele, o pai tinha outros.


Neste Natal, eu queria…


Então, no meio desses supremos problemas infantis, como continuar a ser um bom menino ao mesmo tempo que mantinha a sua personalidade intacta e genuína, porque ainda que não considerasse contrariar os pais em qualquer matéria que se relacionasse com o seu crescimento e educação também tinha as suas próprias ambições e gostos, os seus próprios objetivos sabiamente delineados na sua alma pequenina, a calmaria muda daquela noite inquietava-o em vez de o sossegar e ele pusera-se a sonhar com o que tinha acontecido um dia antes, quando a mãe o avô tinham resolvido fazer-lhe uma surpresa e levaram-no até a uma cidadezinha próxima onde estava montada uma aldeia natalícia.


As luzes a piscar em múltiplas cores, as grinaldas fofas, a decoração berrante feita de esferas, velas, azevinho, laços e fitas, vermelho e verde em cascata visual, a música alegre, os cogumelos gigantes e a neve a fingir, os bonecos dos animais entre o bosque encantado com os seus olhitos sinceros, deixaram-no maravilhado. Gostava muito de morar nas montanhas Paozu, mas aquele sítio inventado, decorado como uma aldeia minúscula feita de casas pequenas, do tamanho exato para crianças brincarem no seu interior, compartimentos exíguos que emulavam uma moradia campestre e acolhedora onde, em cada sala ocupada por um cadeirão e uma mesa brilhava uma lareira com papel laranja a imitar o fogo, provocara-lhe os sentidos. Os seus olhos acenderam-se, o seu coração pequenino bateu no peito e exclamara entusiasmado:


- Oh! Tão lindo!


Era mesmo bonito, o lugar mais bonito que alguma vez tinha conhecido.


No centro da aldeia havia uma cabana maior do que as demais. O seu telhado em V, com os beirais cobertos de musgo de onde se penduravam bolas, tinha de ser alto pois lá dentro não se passeavam apenas crianças. Noutra sala a fingir, as paredes cobertas de papel desenhado com quadros, portas, janelas, móveis, estava um cadeirão maior do que os demais, o espaldar ricamente decorado como se fosse um trono e, sentado sobre um almofadão encarnado com borlas douradas, estava um velhote de barbas brancas, cabelos encaracolados grisalhos que escondia sob um barrete, de bochechas coradas e uns minúsculos olhos azuis por detrás de uns óculos redondos, tão minúsculos quanto os olhos, que se vestia com um casaco também encarnado debruado a branco que tapava uma barriga grande, apertada por um cinto largo e preto, calças da mesma cor, botas altas da cor do cinto. Era alguém bondoso que sentava as crianças no colo e que ouvia atentamente o que elas tinham para lhe contar. No fim, presenteava-as com uma barra de chocolate e um saquinho transparente com um livro, uma boneca para as meninas, um carrinho para os meninos.


A mãe empurrara-o docemente na direção do velhote dizendo-lhe que era o Papai Noel. Ele fez como as outras crianças e sentou-se no colo do homem simpático que o amparou, pondo a mão grande e quente nas suas costas. Sorriu-lhe com bonomia.


- Então, meu menino… O que queres para este Natal?


Ele atendia pedidos, seria isso? Nunca antes tinha conhecido o Papai Noel. Talvez já tivesse estado numa aldeia natalícia, mas era demasiado pequeno para se recordar. Tinha a impressão de aquela era realmente a primeira vez que conhecia aquele sítio de maravilhas com cheiro a canela, a gengibre e a açúcar.


O homem esperava pela sua resposta. Ele abriu a boca e começou a gaguejar:


- Eu…Eu…


Foi encorajado a prosseguiu pela mãe que lhe disse que contasse tudo ao Papai Noel, vamos, meu filho, o que queres para o Natal?


- Neste Natal, eu queria…


Não se lembrava de nada! Ele nunca quisera nada…


- Neste Natal…


As cores berrantes começaram a diluir-se numa aguarela de verdes e azuis pálidos. O vento estéril soprou, arrastando poeira e ervas arrancadas ao solo degradado. Havia um sol que nunca deixava de brilhar, mas o seu calor era tão mortiço quanto os verdes e os azuis. Não chegava a aquecer a pele dos braços despidos, do rosto.


- Neste Natal, eu queria…


Son Gohan despertou estremunhado. Sentou-se na cama, os cobertores deslizaram e revelaram as pernas esticadas e ligeiramente afastadas, os pequenos músculos bem desenhados sob a pele branca. O sonho estava a dar lugar a um pesadelo, cujo cenário ele conhecera demasiado bem. O planeta Namek. Se não tivesse despertado naquele preciso instante, o Papai Noel iria transformar-se no monstro alvo e esguio, o lagarto humanoide que o atormentara, que matara amigos, que lutara bravamente contra o seu pai. Contra os seus dois pais, seria o mais correto afirmar, o seu pai de verdade, o seu pai do coração.


Saiu da cama. Era noite de Natal. O mundo dormia na serenidade daquela celebração de mistérios, de maravilhas, de belezas, de perfumes doces. Arrastou a cadeira para junto da janela, colocou-a por debaixo das vidraças fechadas. Ajoelhou-se sobre o assento, pousou os cotovelos no parapeito, o queixo sobre as mãos fechadas e deixou-se ficar a cismar com a paisagem cristalizada em reverência que se estendia para além daquela janela, as montanhas Paozu na noite de Natal.


Tinha sete anos, era uma criança cheia de sonhos e de brincadeiras inocentes ainda por inventar, uma criança normal – não fora se ter deparado, desde os seus quatro anos, com o evento extraordinário de ter sido raptado por um tio malvado que vinha do espaço, de ter sido levado pelo inimigo mortal do seu pai que era o rei dos demónios para ser treinado para lutar sem medo porque o seu planeta, a Terra, iria ser invadido por alienígenas guerreiros, os saiyajin, porque era filho do homem mais poderoso do mundo, que se revelou também um saiyajin, ou seja outro alienígena guerreiro, por a batalha que se seguiu ter sido tão sangrenta que para voltarem a ver os amigos tombados em combate ser necessário viajar até um planeta longínquo chamado Namek que descobriram estar a ser aterrorizado pelo autoproclamado imperador do Universo que procurava pelo mesmo que ele e os seus amigos, por ter voltado a lutar nesse planeta como se fosse um adulto, a exibir os seus dotes de grande guerreiro, pois afinal também tinha sangue saiyajin nas veias e era mais outro alienígena guerreiro.


Traduzindo por palavras mais simples, era uma normalíssima criança saiyajin que, entre brincadeiras e a escola, combatia ao lado do pai e dos amigos do pai para pacificar o planeta onde morava, a Terra, e por acrescento o resto do Universo.


Soltou um suspiro. Não desgostava dessa vida, não se sentia menos menino por ser também um saiyajin, mas com essa classificação e responsabilidade vinha também um preço, pois tudo pressupunha uma compensação, isso era lei universal e incontestada.


Lembrou-se do Papai Noel, da pergunta que este lhe fizera na aldeia natalícia e que ele não tinha conseguido responder. Lembrou-se de como ficara tímido, de como se sentira vulnerável. Não tinha dado nenhuma resposta, mas recebera a sua barra de chocolate e o seu saco com o livro e o carrinho, até tivera direito a uma festa nos cabelos negros que começavam, rebeldes, a crescer.


E o que queria ele realmente para o Natal?


Sorriu. Ele sabia muito bem o que queria para o Natal, mas duvidava que o Papai Noel, aquele velhote simpático que morava na casa maior da aldeia natalícia da cidadezinha próxima, lhe pudesse dar esse presente.


Depois da luta épica que opusera o imperador do Universo que se chamava Freeza ao seu pai, Son Goku, o planeta Namek explodira e transformara-se em destroços incaracterísticos nas profundezas do espaço sideral. Essa explosão catastrófica assassinara apenas um Freeza derrotado, não matara mais ninguém felizmente, pois no planeta já não estava ninguém, os poucos namequianos, ele próprio e os seus amigos, mais o príncipe dos saiyajin, mas isso tinha sido um percalço que eles não tinham podido controlar, já tinham sido transportados de forma mágica por Porunga para a Terra, com o auxílio das esferas do dragão. Nesse então julgaram que Son Goku, o seu pai, também tinha falecido e ele chorara de tristeza. Ficara infeliz com o desaparecimento do pai, apesar de o seu outro pai, Piccolo, o pai do coração, ter procurado desde logo consolá-lo.


Mas depois descobriram que Son Goku tinha conseguido sobreviver e que não queria que as esferas do dragão e Porunga, que tinha sido invocado para corrigir os derradeiros males provocados por Freeza, o levassem para a Terra, queria ir pelos seus próprios meios, numa nave a viajar pelas funduras do Cosmos, entre as estrelas, aproveitando o tempo para se restabelecer e para se tornar ainda mais forte. Son Gohan sorriu orgulhoso, admirava a resiliência do pai, de como ele perseguia incansável os seus objetivos e como se mantinha o homem mais forte do mundo, rodeado de amigos, admirado por adversários que viam nele um exemplo.


Ele sabia muito bem o que queria pelo Natal… Queria que o seu pai estivesse ali com ele, queria que ele não estivesse longe, algures a viajar pelo espaço negro, fazendo flexões e levantando pesos numa qualquer nave que encontrara milagrosamente em Namek antes da explosão final, suando e sorrindo por estar a treinar, a imaginar as futuras lutas que demonstrariam todo aquele poder adquirido.


Ele sabia muitíssimo bem o que queria pelo Natal…


E claro que o Papai Noel não poderia dar-lhe isso. Como conseguiria o velhote simpático ir até ao espaço para trazer Son Goku? Só se tivesse uma nave… E se ele realizava os desejos das crianças, quem realizava os desejos do Papai Noel?


Dois toques na vidraça da janela fizeram Son Gohan levantar o queixo das mãos e olhar para cima. Os joelhos sobre a cadeira tremeram, todo o seu corpo estremeceu com aquele calafrio de felicidade. Pôs-se de pé sobre o assento da cadeira, colou o nariz ao vidro para ver melhor. Estava escuro lá fora, mas ele reconheceu o visitante. Haveria de reconhecê-lo sempre, primeiro com o coração, depois com o ki, por fim com a visão e com o olfato.


Do lado de fora, na noite de Natal nas montanhas Paozu, suspenso e a oscilar no ar devagar estava…


- ‘Tousan!! – gritou alegremente.


Alcançou o trinco, abriu a janela de par em par, atravessou o parapeito e atirou-se para os braços do seu pai de verdade.


- ‘Tousan, tu chegaste!


Son Goku riu-se.


- Feliz Natal, Gohan-kun!


O engraçado era que o pai não vestia o seu habitual dogi alaranjado, estava vestido como o Papai Noel, com um gorro e um fato encarnados, o casaco cingido na cintura por um cinto negro, botas da mesma cor.


- Vamos dar uma volta. Sobe para as minhas costas.


- Mas, ‘tousan… Não queres ver a ‘kaasan?


Son Goku piscou o olho ao filho. Colocou um dedo sobre os lábios que se torciam num sorriso travesso.


- Chiu, Gohan-kun. Não vais querer acordar a Chichi. É noite de Natal.


Ele pulou para as costas do pai e os dois deram início ao voo sobre as montanhas. Gohan nunca se tinha sentido tão contente, arrebatado por uma felicidade inigualável e quente, estava radiante por o seu pai ter regressado e logo na noite de Natal. Agradeceu mentalmente ao velhote simpático. Mesmo que não lhe tivesse contado o seu desejo, o Papai Noel tinha conseguido entendê-lo e conseguira fazer a enorme surpresa, mesmo sem uma nave, de trazer o seu pai de volta.


As risadas de Son Gohan eram como os sinos pequenos presos nos telhados das casas da aldeia natalícia, que tocavam melodias singelas e puras. Lançou os braços ao alto, agarrou-se ao corpo do pai com as suas pernas pequenas e musculadas enquanto este dava piruetas e ria-se com ele.


Não estava frio, pelo contrário. Era uma noite aconchegante, mágica, que brilhava num cintilar próprio entre as sombras matizadas de prata, nos silêncios quebrados pelo voo sibilante de Son Goku, pelo riso inocente de Son Gohan.


Uma mão carinhosa passou pelos seus cabelos.


- Gohan-kun?


Ele levantou a cabeça dos braços que estavam sobre o tampo da mesa. Os joelhos gelados e dobrados no assento estalaram quando ele se mexeu para verificar quem falava com ele. Tinha adormecido ali. Pestanejou para afastar a sonolência, olhou para a janela. A alvorada, o sol nascia, a noite de Natal nas montanhas Paozu tinha terminado. Descobriu a mãe a sorrir-lhe.


- Gohan-kun, o que estás a fazer aqui?


Ele fixou o verdejante prado que conseguia ver da sua janela, os pássaros que voavam e piavam em algazarra entre as árvores. Moveu a boca para chamar pelo pai, mas depois compreendeu que muito provavelmente sonhara, que Son Goku nunca tinha estado com ele naquela noite, que continuava na sua viagem pelo espaço, longe dele e da sua casa.


- Dormiste na mesa?


- Não – mentiu ele. – Vim ver os pássaros… E acho que voltei a adormecer.


Chichi disse-lhe:


- Vá, veste-te e depois vem comer. Temos presentes para abrir. Acho que o Papai Noel passou esta noite pelas montanhas Paozu e deixou-te umas surpresas junto da lareira.


- Hai, ‘kaasan! – concordou Son Gohan saltando da cadeira, os joelhos a estalar outra vez.


Já imaginava os presentes, costumavam ser semelhantes de um ano para o outro, de um Natal para o outro, os embrulhos meticulosamente empilhados junto à meia grande que pendurara na lareira, junto à enorme coroa de troncos entrançados enfeitada por um laçarote. Livros, roupa nova para estrear no ano novo, um brinquedo de madeira imaginado pelo avô Gyumao – muito provavelmente feito por este.


Não estava desiludido, pelo contrário. Vestiu-se depressa, desceu entusiasmado as escadas, aterrou na mesa e atacou a comida que a mãe tinha preparado e que era sempre deliciosa, espreitando o monte de caixas envolvidas em papel colorido que esperavam por ele ao pé da lareira.


O Papai Noel tinha efetivamente passado pelas montanhas Paozu, lembrou-se Son Gohan. E não fora só para deixar os livros, a roupa nova e o brinquedo de madeira do avô Gyumao. Fora também para lhe fazer a maior surpresa todas, o que ele mais queria naquele Natal. O seu pai, Son Goku.


E teve a certeza, nesse instante, de que nunca chegara a sonhar. Que tudo tinha acontecido, que ele tinha mesmo voado e rido encavalitado nas costas do pai, na noite de Natal nas montanhas Paozu.

22 декабря 2018 г. 0:04 0 Отчет Добавить Подписаться
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Andre Tornado Gosto de escrever, gosto de ler e com uma boa história viajo por mil mundos.

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