pcyooda Park Yooda

Baeksoo | drama | tw tristeza (?) | tw depressão Sehnsucht (s. alemão): 1. "anseio" ou "desejo", ou em um sentido mais amplo de um tipo de "falta intensa". 2. estado emocional profundo semelhante à saudade. 3. desejo de ter algo de volta. 4. doença do capricho doloroso. Byun Baekhyun já não sabia mais o que sentir. Desde quando a sua vida havia virado de cabeça para baixo, seu casamento passou a ser resumido a frieza e distanciamento. A culpa por terem interferido em um destino que não lhes pertencia pesava no ombro dos dois como se o mundo inteiro tivesse despencado em cima deles. Dois corações despedaçados lutavam para se remendar, no meio de tanta dor. Seria o amor ainda capaz de fazer tudo valer a pena?


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#baeksoo #exo #do-kyungsoo #byun-baekhyun #romance #drama #tragédia
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Elend


Elend
 (s. adj. adv. alemão): 1. miséria, pobreza, esqualidez. 2. parecer mal, aparência horrível, pavoroso. 3. de quebrar o coração, causar terror, causar tristeza.


2018


A tela branca do computador fazia seus olhos arderem. Era tão límpido e brilhante que parecia um insulto a Baekhyun.

Ele costumava ser assim também.

Limpo e brilhante como a maldita tela do computador. Mas agora tudo parecia preto, cinza e escuro. Tudo era escuro. Tudo era sujo. Exatamente o oposto de quem um dia ele foi. Exatamente o oposto para onde olhava, no momento, sem esperança alguma.

Não tinha mais conhecimento do que era o amor. Seu mundo havia se fechado para a única coisa que ainda lhe fazia um pouco de sentido: seu trabalho. Baekhyun trabalhava, trabalhava e trabalhava novamente. Durante as 24 horas do dia. Durante os trinta dias que compunha o mês. Durante os 525600 minutos do ano. Era tudo o que fazia. Era o tudo o que enxergava. Nada mais lhe distraia a mente como o trabalho, nada mais lhe trazia mais alegria do que entregar as coisas no prazo. Sentia que pelo menos alguma coisa na sua vida era certa quando mantia suas metas, que pelo menos não cometeria mais erros do que já havia cometido.

O loiro estava começando a tradução de mais um deles: livros de auto ajuda em alemão. Pois é. A ironia também parecia ser uma coisa bem recorrente na sua vida.

Já fazia algum tempo que lidava com esse tipo de tradução. O que era um pesadelo para o seu conhecimento seletivo de alemão: é uma língua com criatividade para palavras.

Muitas dos sentimentos que o coração humano carrega eram descritos com apenas uma palavra, que poderia virar uma frase inteira em coreano ou qualquer outro idioma. Haviam muitas palavras intraduzíveis. Muitas em que ele tinha que adaptar. Mas de todas aquelas que transpassava entre as línguas, Sehnsucht era a que mais lhe descrevia naquele momento: o sentimento profundo de falta misturado com anseio. Não chegava a ser uma saudade, ou nem mesmo melancolia. Estudiosos diziam que era perto do desespero. Como se você desejasse profundamente por ter algo de volta ao ponto da ansiedade.

Era diferente e muito difícil de traduzir para outras línguas do mundo o que aquilo significava. 

Mas não para Baekhyun.

Ele sabia muito bem o que era Sehnsucht.

Sentia isso diariamente durante todos os dois últimos anos de sua vida. Era como se fosse o único sentimento que apossasse de seu coração: uma tremenda falta do que um dia ele teve antes.

Seu marido também estava assim, sabia disso. Baekhyun não era burro ou cego. Nenhum dos dois haviam superado o que havia acontecido e suspeitava que isso nunca ia mudar. Provavelmente levaria até o fim da sua vida. Esperava que não levasse o fim do seu casamento, mas suspeitava que seria inevitável.

De certa forma, Baekhyun se sentia culpado por roubar a felicidade de Kyungsoo assim. Sabia plenamente que ele poderia ser feliz com outros caras, talvez até voltar a ser como era antes.

Isso acabava com ele. O loiro tinha certeza disso. Ter que fingir estar bem em virtude dele. Ter que fingir seguir em frente quando tudo o que queriam era voltar para trás e mudar as coisas. Aquilo lhe matava. E estava matando Baekhyun também.

Mas o que ainda nunca havia tido coragem de perguntar, era se ele também tinha que fingir que ainda o amava. Isso era a coisa mais importante que nunca mais foi discutida entre os dois. Apenas esquecida. Apagada. Trancafiada no fundo do baú a sete chaves. Não fazia a mínima ideia do que Kyungsoo sentia. Seu iceberg estava virando o Monte Everest — como o pico mais frio do mundo inteiro.

Todas as noites, Baekhyun lhe esperava chegar do restaurante o qual estava trabalhando no momento — fazia pouco tempo que seu marido havia trocado de área —, e as vezes jantavam juntos. Em silêncio. Byun não perguntava como o seu dia havia sido, ele não perguntava se seu projeto estava indo bem. Kyungsoo apenas lhe olhava. Fazia muito isso, na verdade. Parecia que só de olhar para si, seu marido conseguia enxergar tudo. Ou talvez não enxergasse nada. Talvez fosse apenas a vontade de Baekhyun que ele fizesse isso. Estava desesperado para que pudesse vê-lo de verdade, pois ele mesmo já não conseguia se ver mais. Sentia-se apenas como uma casca, andando por aí sem qualquer esperança de viver.

Hoje não foi diferente, no entanto. 

Assim que o relógio bateu as 22h30, o carro estacionou na garagem. Kyungsoo iria estacionar, esperar por quase dez minutos inteiros, então entraria em casa. Estaria com provavelmente seu jantar na mão direita, e a bolsa que usava no ombro esquerdo. 

Antes, ele sempre tinha algum tipo de bebida ou alguma sobremesa. Normalmente uma sobremesa, pois gostavam de sobremesas. Era algo que sempre foi um gosto em comum entre eles. Baekhyun iria até ele na porta para tentar ajudá-lo com seus pertences, ele apertaria o seu traseiro antes de lhe roubar um beijo, mesmo Baekhyun lhe avisando para não fazer mais aquilo. Era indecente demais. Ele era indecente demais.

Kyungsoo abriu a porta da frente, entrando com a usual sacola na mão esquerda. Não olhou para o seu lado. Apenas seguiu até a cozinha, em silêncio. Baekhyun não se moveu. Ainda encarava a tela em branco no computador, esperando. Não sabia o que, mas ele esperava. Sempre parecia estar a espera de algo.

O loiro tentou digitar algumas páginas para fingir que havia feito algum trabalho naquele dia. Mas tinha certeza que teria que revisar mais tarde. Aquilo deveria estar uma porcaria.

Baekhyun suspirou, finalmente indo até a cozinha para encará-lo. Mas ele já não estava mais lá. Devia estar se aprontando para o banho.

O tradutor então foi xeretar no que ele havia lhe trazido do restaurante. Abriu o pequeno pote de isopor e encontrou uma pasta fresca e quente, toda arrumada com frutos do mar e salsa. Devia estar delicioso. Mas só conseguia dar enjôo a ele. E isso lhe fazia querer chorar.

Não era de propósito. Ainda assim, Kyungsoo iria ficar tremendamente chateado. Cozinhar havia se tornado uma coisa extremamente pessoal pro seu marido, e ele nem ao menos conseguia retribuir com entusiasmo.

Byun se sentia horrível por isso.

Kyungsoo voltou para cozinha, sem a camisa que usava no restaurante. Seu corpo definido sempre foi algo que atraía Baekhyun profundamente. As costas ligeiramente largas, o abdômen marcado e os bíceps avantajados eram como se fossem esculpidos. Ele era lindo. Talvez até mais do que isso. Baekhyun pensou nisso desde a primeira vez que o viu. E agora não era diferente.

Kyungsoo abriu a geladeira, tirando a garrafa grande de água, servindo um copo para si. Estava de costas para ele, exibindo parte da tatuagem que havia feito quando ainda era bem jovem. Era uma carpa bem trabalhada, com cores vivas e de destaque contra a sua pele. Byun sempre a admirou, porque era sexy. Além de ter um significado especial para ele.

O moreno finalmente se virou para encará-lo. Os olhos estavam fundos e cansados. Baekhyun queria poder tirar aquele olhar de si. Era de partir seu coração. Conseguia ver que a tristeza estava pesando, talvez até demais. Mas ainda não conseguia fazer nada para aliviar a sua dor. Pois ele mesmo não sabia como fazer isso.

“Trouxe o jantar. Você não vai comer?” Sua voz não tinha emoção alguma.

Baekhyun cruzou os braços tentando se defender. Só não sabia do que.

“Vou sim. Eu só…” Kyungsoo encostou na bancada da pia, com os braços cruzados.

Seu olhar não lhe dizia mais nada. Se tornou nulo com o passar dos anos. Era difícil para Baekhyun ver ele assim, pois sabia que aquilo não era ele. Era apenas a sua casca.

“Você se alimentou hoje, Baekhyun?” 

Não. 

“Sim.” Respondeu. 

Kyungsoo trancou os olhos nos seus novamente. Ficaram um bom tempo assim, até o moreno concordar com um aceno, sem acrescentar mais nada.

“Tente não pular as refeições. Você não pode ficar mais doente do que já está.” O loiro abaixou a cabeça, como se tivesse levado uma bronca.

“Tudo bem.”

“Avise se quiser ajuda com a comida.” Não esperou por uma resposta, dando meia volta para fora do cômodo.

Não precisava de uma, na verdade. Ele sabia que o loiro não iria pedir sua ajuda. Baekhyun nunca pediu.

Seu casamento estava em uma crise tão grande que não fazia a mínima ideia de como salva-lo mais. Nem ao menos sabia se seu marido queria que isso acontecesse. Kyungsoo não lhe dizia nada desde quando a tragédia havia batido na porta.

Baekhyun apenas se sentou na mesa, abrindo o pote e comendo sozinho novamente. Não tinha lágrimas para derramar já fazia um bom tempo, então apenas comeu o conteúdo devagar. Comeu até quando achou que fosse o suficiente, jogando os restos no lixo.

O seu corpo não tinha tanta resistência mais. Tinha medo de que, em algum momento, pudesse adquirir uma doença mais grave da qual suspeitava que já estava rondando seu corpo e mente. Ou que a podridão da sua alma lhe assumisse por inteiro.

Levantou da mesa se dirigindo até o quarto. Ainda dormiam na mesmo cômodo, apesar de tudo, isso não havia mudado.

Baekhyun se deitou na cama, pegando o livro que estava tentando traduzir para ler. Era horrível ter que lidar com a tradução sem contexto, então ele tentava traduzir apenas depois de acabar sua leitura. Mas nem sempre isso acontecia. Como agora.

Já havia lido uma boa parte quando Kyungsoo saiu do chuveiro com apenas a toalha enrolada em volta da cintura. Nem ao menos virou os olhos para si, indo até o closet para trocar de roupa.

Em outros tempos, ele viria até o loiro e diria como havia passado os minutos pensando nele no chuveiro. Ou que sentiu falta de uma pele para se escorregar. Baekhyun riria, e provavelmente lhe atacaria como o homem apaixonado que sempre fora. Em poucos minutos ambos estariam se atracando na cama e pedindo para Deus e os céus ajudarem. Tinham uma química perfeita no quarto, isso sempre foi evidente. Mesmo depois de casados aquilo nunca havia ido embora.

Mas agora…

Agora ele nem ao menos lhe tocava.

Seu marido voltou até o quarto, com a calça de moletom do time de rugby da faculdade. Em outros tempos, Baekhyun sorria com a memória. Sentado ali na cama sozinho, só conseguia pensar em como teria que disfarçar para Kyungsoo não perceber o seu desconforto de dormir ao seu lado.

Era ridículo, não sabia porque ainda faziam isso. Kyungsoo parecia insistir para que dormissem juntos. Sempre. Como uma promessa de almas, ou algo do tipo. Nunca haviam dormido separados por vontade própria, desde o momento em que trocaram alianças no altar.

Ele deitou ao seu lado como costumava fazer. Baekhyun ainda lia o maldito livro em alemão, então fingiu que não estava vendo ele lhe olhar. Mas sabia que Do já tinha conhecimento dos seus pensamentos. Era o mestre em Byun Baekhyun, ninguém o conhecia tão profundamente como o homem que estava ao seu lado.

Toda noite passavam por isso: Baekhyun fingia que não o via, e ele fingia que não percebia isso. Apenas lhe olhava até dormir e acordar cedo no outro dia novamente. Era como uma rotina estabelecida entre os dois.

Os olhos queimavam em si, como se tivesse mil coisas não ditas. E era provável que tinham mesmo. Talvez até mais do que mil coisas. Mas ainda assim o silêncio prevalecia. Só podia se escutar o som das páginas virando. De certa forma, aquilo meio que lhe acalmava. O silêncio às vezes podia ser ensurdecedor se fosse tido por inteiro.

O moreno se virou para cima, olhando para o teto. Iria começar a lhe dizer alguma coisa. Era sempre assim quando ele fazia isso. Baekhyun esperava temerosamente pelo o que iria vir.

“Sabe que amanhã temos o jantar na casa da sua irmã.” Sua voz era suave, como se estivesse lhe preparando para o dia de amanhã.

E com razão. Reuniões em família sempre traziam pavor a Baekhyun. Era seu pior pesadelo. Kyungsoo sabia disso, e ainda assim, ele fazia questão de marcar pelo menos uma ao mês. Se conseguisse mais, parecia que poderia comemorar pelo resto da vida. Ele praticamente implorava por uma todos os meses, e sempre conseguia. Baekhyun suspeitava que ele deveria apelar para que isso acontecesse.

“Sei disso.” Respondeu cansado.

Não sabia se teria ânimo ou disposição pra enfrentar aquilo na próxima noite, mas iria ter que tentar. Colocar a sua máscara de ator mais uma vez durante 4h, pelo menos.

“Vou tentar vir mais cedo do serviço.” O moreno voltou o olhar para ele, deitando-se de lado com o braço apoiado na cabeça.

Estava esperando por sua resposta.

“Tudo bem.” Byun também dirigiu seus olhos até os dele, por alguns segundos antes de fechar o livro.

“Você vai querer dirigir? Ou eu faço isso?” Isso já era uma tentativa sua de prolongar a conversa.

Ele sempre fazia isso quando o loiro lhe dava abertura.

“Tanto faz, Kyungsoo.” Deu de ombros.

Não gostava muito de dirigir, pois exigia muita concentração. Mas se ele não fosse querer, não se importava. Não se importava com muitas coisas na verdade.

“Certo.” Disse, parecendo desistir de esticar tanto assim. “Talvez… deveríamos comprar algo para levar.”

“Você disse que ia fazer doenjang-jjigae.” Kyungsoo lhe olhou confuso.

“Eu disse?”

“Sim. Você disse.”

“Não sei se vou ter tempo pra isso. Posso tentar trazer do restaurante.” Baekhyun deu de ombros.

“Não esquente com isso.” O moreno negou com um aceno.

“Não, tudo bem. Eu consigo. Não é nada difícil.”

“Já comprei o vinho para levar.” Isso fez com que Kyungsoo hesitasse.

O silêncio preencheu o quarto por um tempo longo até ele voltar a falar novamente.

“Porque fez isso?” Ele soava magoado.

Baekhyun voltou com os olhos para ele, e pode perceber que estava totalmente certo, ele estava mesmo magoado com aquilo.

O loiro suspirou, antes de se explicar.

“Como você disse, precisávamos de algo pra levar. Então eu comprei o vinho já que você não me disse mais nada.”

“Eu te disse que faria doenjang-jjigae.” Sua voz continha com um tom de indignação que não foi passado despercebido pelo loiro.

“Bem, mas você só lembrou disso agora.” Retrucou acusativo.

Kyungsoo ficou quieto. Apenas lhe olhava como sempre fazia, sem dizer uma palavra.

Não entendia porque seu marido tentava tanto. Já sentia que aquilo não iria durar. Não podiam mais continuar brigando desse jeito. As desavenças iam acabar criando feridas cada vez mais permanentes. Tinha medo que a situação fugisse do controle.

O moreno se virou, aproximando a mão da sua, com um leve toque em seus dedos. Não era um toque por inteiro, mas ainda fazia com que o pequeno fogo da esperança lutasse para queimar. Só podia se apegar aquilo.

“Baekhyun…” Sussurrou na escuridão. “Não quero brigar com você.” Baekhyun fechou os olhos com as suas palavras.

Eram dolorosas. Difíceis de ouvir. Nunca pensou que teria esse problema com ele, e ali estavam: brigando quase todos os dias por coisas sem sentido.

O loiro se virou para ele, lutando contra os próprios demônios.

“Então não brigue.” O murmúrio pareceu acerta-lo.

Pois o silêncio estava presente novamente naquele momento. E gritava tão alto que era ensurdecedor. Insuportável. Por isso Baekhyun se virou, dando as costas pra ele novamente.

Kyungsoo fez o mesmo, apagando ambos os abajures que estavam ligados, deixando-os à mercê da profunda escuridão. Era irônico e mais real do que uma alusão. Pois eram assim que se sentiam.

“Boa noite.” Ele se esforçou para dizer.

Foi a última coisa que Baekhyun ouviu, antes de se entregar ao choro silencioso.

11 декабря 2018 г. 22:46 0 Отчет Добавить Подписаться
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