Короткий рассказ
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Medo



Ele estava exausto. Tanto física quanto emocionalmente.

Exausto.

Mas não iria parar. Não podia parar. O futuro do mundo dependia de seu desempenho naquela guerra. Não iria fraquejar!

E ele sabia disso. O inimigo sabia exatamente o que lhe movia, e estava mais que disposto a usar essa informação a seu favor.

E foi o que Obito fez.

Naruto não percebeu, é claro. Não percebeu porque, como dito antes, estava exausto. De joelhos no chão, cansado até os ossos.

Um segundo de descuido. Foi necessário apenas um segundo para o fim de uma vida. A vida de alguém preciosa demais para ele.

Quando aquele terrível segundo passou e Naruto olhou para trás, confuso, tentando entender o que tinha acontecido, foi como se a exaustão que sentiu até aquele momento tivesse sumido, dando lugar ao vazio.

No chão atrás dele havia uma poça d'água na cor vermelho escuro. Caído sobre tal poça, um corpo inerte. Não foi preciso muito para que Naruto chegasse a conclusão de que mais um de seus companheiros tinha morrido. Mais um...

Errado! Não era apenas "mais um"! Aquela pessoa nunca foi apenas mais uma dentre seus companheiros. Não ela. Nunca ela.

- Hinata...

Caída atrás dele, sobre a poça de seu próprio sangue, estava Hinata. Pedaços de madeira atravessavam seu pequeno corpo - do pescoço à cintura.

Alguém estava gritando.

Talvez fosse Neji, que tinha corrido até a prima e segurava o corpo dela enquanto chorava copiosamente. Ou então Hiashi, ajoelhado ao lado dos dois, também em prantos.

Mas se o grito vinha deles, por que não podia distinguir suas vozes? Por que tudo soava abafado? Por que sua garganta arranhava como se estivesse em carne viva? Como se fosse ele quem estivesse...

Gritando.

Ele estava gritando. Um grito sofrido, como o de um animal em agonia. E, de fato, era exatamente isso o que ele era: um animal mergulhado na mais pura agonia.

Hinata estava morta. 

E ela tinha morrido sem saber... Ele não pôde sequer dizer...

A exaustão que havia sumido voltou com força total. E se antes seu corpo inteiro doía, agora a dor se concentrava em seu peito, no seu coração.

Ela era imensurável. Palavras não poderiam descrevê-la. O ar sumiu. A pressão sobre seu corpo aumentou ainda mais. Ele iria explodir em centenas de milhares de pedaços.

E não seria uma coisa ruim.

Porém, ao invés da morte certa, o que veio a seguir foi um choque. Uma onda de eletricidade percorreu todo seu corpo, oferecendo uma dor física necessária para que ele escapasse da emocional. E ao escapar daquela forte emoção, Naruto finalmente despertou, percebendo que tudo não havia passado de um pesadelo. Um terrível pesadelo.

- Naruto! - Kakashi exclamou, olhando para o ex-aluno com imensa preocupação.

Eles tinham uma reunião marcada para aquela tarde e, como sempre, o Hatake tinha chegado atrasado. Contudo, mais do que um Hokage irritado para lidar, o Rokudaime tinha se deparado, ao chegar no Prédio do Fogo, com uma cena assustadora: Naruto caído no chão com a escrivaninha tombada sobre suas pernas, gritando a plenos pulmões, até o ar acabar e ele começar a ofegar em busca de oxigênio.

Desesperado para libertar seu pupilo daquilo que julgou ser um pesadelo horrível, Kakashi aproximou-se, retirou a mesa de cima dele e chamou por seu nome. Entretanto, ao notar que essa suavidade de nada serviria, tomou uma atitude drástica: usou seu raiton para despertá-lo.

Dito e feito.

Naruto acordou imediatamente. Mas sua recuperação não foi imediata, é claro. Seja lá qual tenha sido o pesadelo do jovem Nanadaime, serviu para aterrorizá-lo. Tanto que, mesmo agora, já acordado, ele ainda parecia uma criança perdida.

- Naruto... - repetiu. Dessa vez foi mais suave, pois não queria assustá-lo ainda mais.

- Kakashi-sensei...

- Está tudo bem. Você está bem agora - assegurou. - Nós estamos em Konoha, no seu escritório.

Os ombros do rapaz de vinte e poucos anos relaxaram por um instante. No entanto, logo ele estava agitado novamente. Ainda um pouco trêmulo, ele levantou-se do chão e murmurando palavras desconexas saiu às pressas da sala, ignorando todos os chamados do mais velho.


***


Naruto fez o que pôde para ignorar o incômodo em seu corpo, gerado pelo estresse do pesadelo, a dor do choque e o cansaço de todo o trabalho acumulado por dias, e continuou correndo.

Precisava vê-la. Precisava certificar-se de que tudo realmente não havia passado de um pesadelo. Que ela e Boruto estavam bem. Que eles ainda existiam em sua vida. Que sua vida ainda tinha sentido.

Por isso, correu. Correu até alcançar a casa que tinha comprado recentemente para abrigar sua pequena família de três, já que seu apartamento não satisfaria as necessidades do novo membro. Todavia, ao chegar lá, encontrou-a fechada. Teria pegado as chaves extras dentro de um dos vasos de flores que Hinata cuidava com tanto esmero, mas ele não estava ali. Nenhum dos vasos estava ali. Será que ela tinha removido-os?

Não havia tempo para pensar nisso, no entanto. Precisava encontrá-la e se ela não estava em casa, só podia estar em outro lugar: no Clã Hyuuga. Fazia tempo que não visitava o antigo Clã de sua esposa, mas não era como se tivesse esquecido o caminho. Sendo assim, dirigiu-se imediatamente até lá.

Apesar dos olhares surpresos, Naruto foi recebido com boas-vindas cordiais por parte dos Hyuuga que guardavam os portões do Distrito. Como resposta, apenas fez um meneio com a  cabeça - a pressa não lhe oferecia paciência para ser cortês. Felizmente, os guardas entenderam isso e sem rodeios perguntaram o que lhe trazia até ali.

- Hinata está aqui, certo? - Foi direto ao ponto.

- Hinata-sama? - Os dois se entreolharam curiosos.

- E então? - apressou-os.

- A-ah, sim, ela está sim. Gostaria de...

- Vou falar com ela! Obrigado! - agradeceu, passando por entre eles tão rápido que não poderiam evitar sua passagem nem se quisessem muito.

Ela estava lá!

Assim que recebeu tal confirmação, seu coração acelerou, para, em seguida, voltar ao ritmo normal. O mesmo com a sua respiração. Sentia como se um peso enorme tivesse saído de cima do seu corpo, deixando-o infinitamente mais leve.

Infelizmente, essa sensação não durou muito mais.

No pátio do casarão que abrigava o líder do clã e sua filha mais nova, Hanabi, haviam duas crianças. Um menino e uma menina, de cabelos escuros e olhos esbranquiçados - características intrínsecas ao Clã que pertenciam. Ambos tinham quase a mesma altura e eram assustadoramente parecidos. Naruto podia apostar que eram gêmeos.

Entretanto, o que prendeu a sua atenção e fê-lo paralisar, sendo novamente assolado pelo medo, não foram as crianças em si, mas a pessoa com quem elas brincavam. Aquele não podia ser o pai delas... certo?

- Neji! - Uma voz feminina roubou a sua oportunidade de questionar o que estava acontecendo. Ao olhar para a dona da tão conhecida voz, o medo irracional que tinha voltado a se infiltrar aos poucos em seu coração, ganhou força novamente. Correndo por suas veias em uma velocidade absurda, dominou seu corpo em um segundo.

E mais uma vez, um segundo foi o tempo necessário para o fim de uma vida.

- Hinata...

Não a vida de Hinata - dessa vez, ela estava bem.

- Naruto-kun? - inquiriu, aproximando-se do marido. - O que faz aqui?

- Você está grávida? - perguntou mesmo que a resposta fosse óbvia devido ao volume da barriga dela.

- Ah... Sim... - Trocou um olhar confuso com o homem ao seu lado, Neji. - É o nosso terceiro, como pode ver. - Sorriu. Um óbvio e gigantesco amor foi refletido em tal gesto.

Um segundo.

Em um segundo a sua vida teve fim.


***


Exausto. Física e emocionalmente.

Pelo que parecia a segunda vez naquele dia, ele despertou. Seu corpo suado deslizou pelos lençóis da cama sem se importar com o fato de eles, assim como o seu pijama, estarem encharcados.

Ele precisava sair dali. Precisava identificar se aquilo era outro pesadelo, e, se fosse o caso, acordar dele. Precisava voltar para a sua realidade, para os braços dela.

Os braços dela... Eles estavam ocupados com o preparo do café da manhã, carregando coisas para lá e para cá, mas, assim que Naruto entrou na cozinha - depois de ter descido os degraus da escada correndo como um alucinado - e atirou-se contra ela, aqueles braços amorosos o acolheram, prontos para confortá-lo.

Nesse momento Naruto teve certeza que estava finalmente acordado. 

Foi quando ele desabou.

Em meio ao barulho de seu choro, pôde ouvir Hinata ordenando às crianças para se retirarem, e, em algum lugar de sua mente, agradeceu pelo tato da esposa. Odiava que os filhos o vissem daquela forma - tão fraco e patético. Mas, infelizmente, quando chegava àquele ponto, não conseguia pensar em manter sua pose de Herói do Mundo Shinobi. Ali, nos braços de sua amada esposa, ele voltava a ser o órfão que só necessitava de um pouco de amor.


***


- O que foi aquilo? - Kawaki questionou, exatamente como Boruto sabia que ele faria.

Não que pudesse culpá-lo ou chamá-lo de intrometido. Qualquer um ficaria curioso ao ver aquela cena.

Seu pai era conhecido por muitos, e respeitado por outros tantos, devido aos seus inúmeros feitos e títulos. Ninguém em sã consciência iria associá-lo à cena de mais cedo.

- Pesadelos - respondeu simplesmente.

- Pesadelos? - O garoto de pele escura soou surpreso. Talvez pelo fato de ele próprio também ter pesadelos recorrentes.

- É... Pesadelos.

- Que tipo de pesadelos?

Sem paciência, Boruto iria somente mandá-lo calar-se, mas Himawari não permitiu, oferecendo ela mesma uma explicação:

- Não sabemos. Papai nunca fala sobre eles, e mamãe apenas nos manda respeitar o espaço dele. Ela diz que é algo que nós não entenderíamos e que deveríamos ser gratos por essa ignorância.

- É isso aí que a Hima falou - concordou com a irmã. E então alertou: - Não faça perguntas a respeito, ouviu? Depois que ela acalmá-lo, nós entramos lá e fingimos que nada aconteceu.

- Não me dê ordens, cuzão. Eu faço o que eu quiser.

- Como é qu...

- Crianças? - A voz de Hinata ecoou pela casa até alcançá-los no jardim. - Venham terminar de comer!

Os três obedeceram e entraram em casa. Boruto observava Kawaki, pronto para socá-lo se ele fizesse algum comentário idiota.

Na cozinha, para a surpresa de todos, encontraram não só Hinata, como Naruto também. Ele ainda parecia um caco, embora agora tivesse um sorriso - ainda que claramente forçado - no rosto.

- Tou-chan?

- Oi, pessoal...

Hinata olhava com preocupação para o marido. Tinha insistido para que ele fosse tomar um banho e então voltasse para tomar o café, mas ele se negou. Disse que devia uma explicação para as crianças, e que não podia mais fugir dos seus problemas.

"Seria um péssimo exemplo para dar a elas", ele havia dito.

Hinata não poderia concordar mais com o marido. Mas ainda assim...

- Escutem... O que aconteceu agora há pouco...

- Não tem importância - Kawaki o interrompeu.

- O quê?

- Você está bem? - ele respondeu a sua pergunta com uma nova pergunta.

- Hã? S-sim... - Pigarreou para consertar a voz que havia falhado. - Quer dizer, sim, estou bem.

- Então tanto faz.

Um silêncio confuso planou entre eles até ser quebrado por Himawari:

- Eu acho que o que o Kawaki-nii quis dizer é que contanto que você esteja bem, nós também estamos!

- Não fale por mim, Chibisuke! Eu só disse que tanto faz!

- Oh, então o agregado sabe se preocupar com alguém além dele... - Boruto provocou.

- Onii-chan...

- Boruto...

Mãe e filha chamaram a atenção do garoto. Sabiam que se Kawaki comprasse aquela briga, eles teriam uma confusão instaurada imediatamente.

Também estando ciente disso, Naruto resolveu controlar a situação dizendo algo que sabia que roubaria toda atenção para si. Mas, mais do que querer evitar uma briga, ele disse aquelas próximas palavras porque era como se sentia a respeito de cada um deles, e não podia guardá-las só para si mesmo.

- Gente... - Como o esperado, todos os olhos voltaram-se para ele. - Eu realmente... realmente amo vocês.

20 ноября 2018 г. 12:01 0 Отчет Добавить Подписаться
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