Relampejava, meus passos apressados eram as únicas coisas que eu ouvia além da chuva.
Outra vez, não que me fosse novidade, havia esquecido o guarda-chuvas e estava correndo na intenção de encontrar ao menos uma marquise para esperar a tempestade passar.
Lembro-me que neste dia, no caso noite, ao finalmente encontrar um abrigo, este que era um ponto de ônibus, pude ouvir num beco não tão longe gritos exaltados de um homem e falas não tão amigáveis de uma mulher.
Se eu fosse um pouco menos curiosa, teria ignorado ou simplesmente saído dali para um lugar mais silencioso, porém minha mãe sempre disse que eu era a garota mais curiosa que ela já teve o desprazer de conhecer, claro que como sempre ela estava certa.
Eu naquele tempo não passava de uma colegial que fofocava com as amigas enquanto pintávamos as unhas do pé uma das outras.
Então, você claramente entende que não pude me conter, e quando dei por mim já estava a caminho do beco.
As vozes ficavam mais nítidas e volumosas a cada passo meu, e com um breve rolar de olhos, irritada com a minha curiosidade demasiada grande, adentrei o local mal iluminado.
Não havia muito além de uma grande lixeira, a qual usei como esconderijo, o mau odor de urina, calhas das quais água caia em cascata junto a parede e a frente num ponto mais iluminado um casal que discutia.
O assunto; uma suposta traição por parte do homem, cativava-me mais ainda.
Não me entenda mal, como já disse naquela época eu era apenas uma garota de colegial que adorava fazer fofocas e contar para minhas amigas, estas que hoje sei que não passaram de colegas, que eu havia escutado escondido atrás de uma lata de lixo sobre uma traição seria um trunfo e tanto.
É certo de que eu nunca imaginei que aquela briga fosse ter o rumo que teve; Fora de uma discussão aceitável para algo que criança alguma, como eu era na época, devia escutar, mas claro, as palavras de baixo calão e as ameaças causavam-me risadinhas e minha mente maquinava inúmeros modos de como aumentar aquilo de modo exagerado quando contasse para minhas amigas.
Mas eu nunca fui muito conformada, então apenas sentar-me atrás da lixeira e escutar pareceu-me pouco, logo estava espreitando sorrindo ainda mais com a visão do casal.
A chuva naquele momento não me era problema, afinal, como já disse, aquilo era um trunfo e tanto.
Porém pensava que aquilo não podia tornar-se melhor, mas o destino adorava me contrariar; Reconheci o casal.
Estava enganada ao dizer ‘’homem’’ e ‘’mulher’’, afinal Jacob McCall e Penny Stein, não eram muito mais velhos do que eu.
Era veteranos, e aquilo era espetacular!
Não me lembro bem do que eu pensava em fazer com aquela informação, mas acho que envolvia algo como chantagem.
E enfim, eu achava que era a minha deixa para ir embora, afinal já tinha o bastante e a chuva parecia engrossar.
Então, me levantei, e quando dei o primeiro passo um raio entrecortou os céus ao mesmo tempo que um som que me era familiar dos inúmeros filmes de ação que já assistir; Um som de tiro.
E como que para confirmar tal coisa, mesmo em meio ao cheiro de terra molhada que a chuva me oferecia o odor irritante de pólvora me atingiu e foi como dar de cara com uma parede.
Como que por instinto, voltei ao meu esconderijo, espreitando a cena que me faz ter pesadelos ate hoje; Penny sorria sinistra para a arma em sua destra, e Jacob tinha as mãos na barriga,
Sua camisa azul-claro, já molhada pela chuva, manchava-se de sangue e ele ia de encontro ao chão caindo aos pés da garota que um dia havia me dito para não usar glos rosa e sim batom vermelho.
Com a mão na boca, e olhos marejados, levantei-me e corri.
Eu havia presenciado um assassinato e não queria ser a próxima vítima.
Foi neste dia, que eu percebia que a curiosidade realmente poderia vir a matar o gato.
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