Naquele barracão
por detrás do salão
da casa do papá
tu vês
a porta selada,
lá não passa nada!
Só mesmo esses cães,
talvez...
Já tentei espreitar
mas tinha que estar
à espera na fila
por vez.
Dizem que notavam:
Cães lá se encontravam;
era um, depois dois,
depois três!
Da ausência da mãe
chorava também;
criança, mas já
sem gaguez.
Era-me barrada
passagem, entrada
pelo pai, p'la sua
altivez!
Ficava à janela,
sem mãe à panela
na minha infantil
nitidez.
Era ver a juntar
os cães, lá a ladrar.
Eram um, depois dois,
depois três!
Saudades de quem
foi com a minha mãe:
meus manos e a sua
gravidez;
Meu pai irritou-se,
Quase que matou-se!
Perdeu a sua normal
Lucidez...
Dois manos pequenos,
dois gémeos serenos -
que dão ao pai certa
acidez,
Como os cães lá fora
a ladrar à nora,
São só um, depois dois,
depois três.
Certo dia olhei,
depressa espantei!
Meu pai a entrar com
rapidez...
Dos cães lá a ladrar
fez o silêncio a chorar
com cara de quem algo fez
Fui ver, iludido...
Tornei-me ferido
nos olhos, veio a
palidez
Os cães eram mortos
ao pé de uns corpos...
Era um, eram dois...
Eram três...
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