Chanyeol destranca a grande gaiola. Chanyeol range os dentes com o barulho ensurdecedor dos metais enferrujados, mas não tarda em acariciar os fios de cabelo daquele que tanto o aconchegou, mas se tornou inútil para si. Chanyeol deposita um selar nos ossos saltados do rosto alheio e então atravessa a porta.
Chanyeol sente que está para enlouquecer. Chanyeol ouve vozes irritantes o perseguindo e dizendo coisas ruins, mas nada se compara com as televisões velhas chiando e o piso de madeira abaixo de si cedendo mais a cada dia. Chanyeol sente falta de sua música preferida. Chanyeol sente falta da voz de sua mãe.
Chanyeol então decide escrever para ela. Chanyeol não sabe se expressar direito, todas aquelas vozes e zumbidos deixam a sua cabeça vazia. “Desculpe-me, mamãe, eu não quero que você se culpe, mas eu preciso deixá-la. Não fique brava comigo, certo? Sinto falta de sua voz e das suas feições calorosas, mamãe. Não me esqueça. Eu gosto muito de você, mamãe” é o que Chanyeol escreve e prega na parede de madeira repleta de cupins. Algum dia Eunbyul achará, talvez.
Chanyeol precisa descansar. Chanyeol liga rapidamente o computador de monitor velho e se despede de sua amiga, Claire, que o responde com um “Bye bye, gostoso, estarei te esperando amanhã para me fazer gozar novamente.” Chanyeol não ri; há muitas coisas que desejava ter dito, mas nunca conseguiu. Chanyeol se sente o mais fracassado do mundo enquanto caminha em direção ao seu quarto, o corredor tomado por escuridão.
Chanyeol abre a porta e encara a sua cama bagunçada. Chanyeol olha para o seu quarto secreto. O seu descanso precisa ser eterno, não quer acordar amanhã de manhã. Chanyeol, antes de entrar no pequeno cômodo, despede-se de seus peixinhos que restaram, pedindo um perdão silencioso àqueles que foram comidos. Chanyeol sente falta de seus bebês também.
Chanyeol entra no estreito aposento. Chanyeol encara a cadeira, encara a corda e encara os próprios pés, magros e ressecados. Chanyeol sobe no objeto de madeira e posiciona a própria cabeça entre a amarra, afastando lentamente o suporte de si. Chanyeol sente a visão escura e não consegue respirar.
Chanyeol finalmente descansa.
Cintia Walter
