Você não consegue se lembrar de quando começou. Percebeu tarde demais que a neblina que encobria teus olhos havia se tornado densa demais, os pés já dormentes em demasia para continuar a caminhada para lugar nenhum. Não há mais escapatória do abismo que você mesmo cavou, tudo o que resta, e se ainda resta, é tentar manter o autocontrole.
Mas nada mais é controlável, tudo é mutável e muda, como muda, o tempo todo, simplesmente muda. Uma hora calmo como funeral de um parente distante, outra hora caótico como um acidente automobilístico. As pessoas que não suportam as mudanças se foram há um mês, porém o que repete para si mesmo é que eles não se foram de verdade. Esse tipo de mentira contada com direito a algumas lágrimas no travesseiro e o peito ardendo entre a sensação de ser esquecido e a saudades são o que te fazem dormir à noite.
Nas madrugadas de pânico com o celular em mãos, você digita milhares de mensagens que nunca serão enviadas. O desespero de estar sendo abandonado constantemente te faz mandar uma, talvez duas das mensagens com frases desconexas sobre o que teus demônios sussurram para ti o tempo todo. Talvez eles estivessem errados. Talvez tudo seja apenas um sonho ruim.
Você passou uma semana esperando uma resposta que nunca veio.
Quando o abismo que você cavou ficou fundo demais pra ver o céu lá em cima, você simplesmente desistiu de tentar manter o controle do que acontecia lá em baixo. Em um impulso afastou todos que um dia te estenderam a mão, fez com que eles te odiassem mais do que você mesmo se odeia.
Mas que se foda, não é mesmo? Se eles realmente gostassem de você eles não te abandonariam assim como os outros que vieram antes deles fizeram. Tua função era apenas preencher o ego deles de se acharem tão superiores ao ponto de dizer que poderiam te ajudar, que poderiam te salvar. Fez certo em provar para qualquer um que fosse que não, ninguém pode te ajudar, porque você simplesmente não pode ser ajudado.
Agora vai ter tempo de sobra pra afogar sua amargura no álcool, descontar em si mesmo através de uma lâmina a raiva que sente do mundo. Ninguém mais vai te estender a mão, ninguém mais vai te impedir em uma dessas tentativas de tentar esquecer de sentir que você acabe com tudo.
E tudo o que resta é acabar com tudo.
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