“Vem. Mas vem com tudo. Vem inteiro. Com as memórias, as cicatrizes, as qualidades e os defeitos.” — Bruna Vieira
Impossível não me apaixonar por ele, e de pensar desde nossa infância ainda sobrava aquela pontinha implicante em todas as minhas ações, ou em suas. Encarar Kakashi sem sua presente máscara em nossa disputa final embaixo daquele sicômoro me fizera refletir.
No mesmo momento em que nossa rivalidade nos uniu; ao encontro, aquele encontro em questão.
Reparar no par de olhos ébanos me observando com aquele brilho intenso enquanto meus passos eram rápidos para lhe alcançar, me fizera crer que senti falta daquilo, de ouvir sua voz rouca, ou inalar seu cheiro amadeirado por todos aqueles meses em que esteve longe de Konoha.
Tudo parecia um terrível complô natural para eu crer que aquela cena era a mais bela que presenciei em toda minha vida. O período outonal, o céu azul puríssimo, sem uma nuvem de chuva visível, ou as folhas caindo pelo sacolejar do forte vento, junto a visão de seu rosto exposto tão belo quanto o pôr do sol logo atrás, só me fizera ter a certeza da paixão que queimava há tanto em meu peito.
Tudo tão seu, até mesmo meu coração que batia apressado.
Nos conhecíamos, tornávamos amigos, pouco a pouco, cada encontro ocasionado pelo mesmo destino que nos levou a aquela disputa nos apresentava sem qualquer escudo para outro.
Ainda consigo lembrar com clareza nas várias noites em que você aparecia só para ler em silêncio ao meu lado, enquanto minha mente explodia em milhões de perguntas, ou meu corpo não se controlava mediante a hiperatividade. De um lado ficava você lendo em silêncio e do outro eu treinando.
Da maneira crua, cada verdade, cada tristeza, os pequenos desafetos, as cicatrizes um do outro, as admirações pelos atos honrados.
E talvez esteja aí o ponto que me levou a abraçá-lo no mesmo instante que o alcancei, forte e juntando nossos corpos sentindo seu coração bater no mesmo ritmo do meu, enquanto meu polegar tocava sua tez alva. Circulava seus lábios expostos rosados, observávamo-nos sem quebrar o contato visual.
Engraçado pensar que justo eu que tentei odiá-lo com tudo que tinha estava caído, perdido em seu silêncio, em seus olhos, minha paixão era apenas dele, meu interior queimava por Hatake da maneira mais intensa.
E foi ainda lembrando de tudo até ali, de nossos defeitos, nossas tristezas e aquela intensidade de sentimentos que corroía meu peito e ao tocar os seus lábios com os meus se tornou tão certo e estranhamente confortável, como nunca pensei. Como nunca antes, apenas deixei-me por entregar, entregar aos meus mais profundos sentimentos.
“Kakashi sua essência grudou em mim, em cada aspecto, conflito, tristeza ou risadas, eu estava perdido em você.”
E por todos aqueles motivos o apertei com força em meus braços enquanto recebia-o por inteiro. Seus lábios, seu gosto, seu amor, tudo era tão meu, tão seu e tão nosso.
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