Antes de qualquer coisa eu gostaria de explicar porque estou fazendo isso. Hoje em dia muitas pessoas usam esse tipo de prática para fins de entretenimento e futilidades, como por exemplo aqueles youtubers e os títulos completamente sensacionalistas. Joguei tabuleiro ouija e olha no que deu. Argh, me sinto enjoado só de pensar.
Pois bem, vou começar do início e então vocês irão compreender.
Há cinco anos atrás eu conheci o amor da minha vida. O vi pela primeira vez em um evento de animes aqui na cidade, quando nossos olhos se encontraram eu senti como se o mundo tivesse parado, não me recordo exatamente das roupas que ele usava naquele momento, mas sei que estava lindo, simplesmente encantador.
No momento em que o vi, eu sabia que era ele. Não sei explicar ao certo como eu sabia que aquele otaku de 19 anos de idade era o amor da minha vida, mas ele não apenas era como é.
Naquele dia eu fui cara de pau o bastante para me aproximar do otaku bonitão que descobri se chamar Oh Sehun. Trocamos nossos números de celular e uma boa amizade começou a partir daí.
Eu não vou dizer que minhas intenções eram 100% ligadas à amizade porque estaria mentindo, mas obviamente sempre respeitei o espaço de Sehun e nossa amizade, apesar de acabar soltando umas indiretas aqui e ali, sendo estas completamente ignoradas pelo meu tímido amigo Oh Sehun.
Para ser sincero eu já estava quase desistindo. Eu já havia dado diversas indiretas bem diretas dizendo que estava a fim de algo a mais, mas Sehun apenas ignorava. Primeiro eu achei que ele não estivesse a fim, mas depois comecei a notar que aquele coreano era simplesmente tímido demais.
E foi aos poucos e com bastante jogo de cintura que após 1 ano eu pude finalmente chamá-lo de meu. Meu Sehun. Meu coreano.
Era incrível como nos dávamos bem, tínhamos a mesma idade, mesmos gostos para filmes, música e animes, exceto o fato de Sehun ser do team L e eu do team Kira, mas isso é o de menos.
Você já deve ter percebido que todos os verbos estão no passado, certo? É agora que começa a parte ruim.
Após dois anos e meio de namoro, tudo estava mais do que perfeito. Eu cursava faculdade de história e Sehun se dedicava em seu mais novo manhwa (é a mesma coisa que mangá, só que coreano). Apesar de estarmos a maior parte do tempo ocupados, nosso amor continuava forte como nunca, eu continuava a amá-lo com todo o meu ser.
Após alguns dias em que tivemos que nos privar da presença um do outro por ser a semana em que Sehun finalizaria finalmente o seu manhwa e no meu caso por ser a semana decisiva das provas finais e entrega de trabalhos da faculdade, resolvi fazer uma surpresa.
Era uma noite de sexta-feira quando mandei uma mensagem para Sehun, pedindo para que ele viesse até o meu apartamento. Eu praticamente vivia no apartamento de Sehun e ele no meu, estávamos apenas esperando o término da minha faculdade para morarmos juntos de vez.
Sehun respondeu minha mensagem em alguns minutos dizendo que logo chegaria e que me mostraria todo o seu manhwa terminado. Eu é claro que fiquei completamente empolgado por duas razões: 1) Meu namorado era extremamente talentoso e habilidoso quando se tratava de suas criações; e 2) Por algum motivo, desde que começou a fazer esse manhwa, Sehun não me dava nenhuma informação e nem me deixava ver absolutamente nada a respeito de sua mais nova criação! Eu estava morrendo de curiosidade para ver o seu trabalho finalizado!
Após a breve troca de mensagens que fiz questão de encerrar com vários emojis de coração, fui tomar um banho e preparar a janta. Comecei a preparar um prato típico da China chamado Chop Suey que consiste em pedaços de carne cozidos e salteados com legumes, era o favorito de Sehun.
Eu estava planejando algo simples, apenas um jantarzinho com as comidas favoritas do meu coreano e depois poderíamos assistir um filme ou quem sabe ele poderia me ver surtar enquanto lia o seu manhwa que eu sabia estar maravilhoso, mas não foi isso que aconteceu.
Eu esperei por uma, duas, três horas e nada. Mandei várias mensagens perguntando onde ele estava ou se havia acontecido alguma coisa. Todas foram entregues, mas nenhuma respondida. O meu coração palpitava freneticamente de desespero, eu devo ter tido tantos ataques de pânico naquele intervalo de tempo que já havia me acostumado com a terrível sensação.
Algo estava errado, eu sabia que algo estava errado, podia sentir que alguma coisa havia acontecido.
Estava prestes a fazer a 42ª ligação, quando o meu celular vibrou anunciando que alguém me ligava. Era Sehun. Senti um alívio momentâneo e já estava prestes a xingá-lo de todos os nomes possíveis por ter me preocupado tanto, mas ao invés de ouvir a voz rouquinha que eu tanto amo do outro lado da linha, o que ouvi foi uma voz desconhecida, uma mulher.
“Boa noite. O senhor conhece o rapaz dono desse aparelho celular?”
“S-sim, o conheço. Onde ele está? Quem é você?” - Perguntei com a voz trêmula. Havia muitos barulhos e eu tive a impressão de ouvir uma sirene, o que só aumentou o meu desespero.
A moça me perguntou a idade e nome de Sehun, eu respondi e então ela me disse que ele havia sofrido um acidente de carro e que eu deveria comparecer ao hospital indicado por ela. Eu senti o ar me faltar naquela hora, acho que nunca em toda a minha vida havia sentido um desespero tão grande. Eu sentia como se lentamente um pedaço de mim começasse a se esvair aos poucos, lenta e torturantemente.
Saí de casa do jeito que estava, pegando apenas minha carteira com meus documentos e a chave do carro. Dirigi depressa até o hospital indicado e fui diretamente até a recepção, perguntando sobre Sehun. Podia sentir o olhar de pena das pessoas ao redor sob mim. Eu estava em um estado deplorável, meus cabelos completamente desgrenhados, minha roupa amassada, meu rosto já vermelho sendo insistentemente molhado pelas lágrimas.
Acabei sendo amparado por uma das enfermeiras que viu o meu estado completamente caótico e então ela me guiou até a sala de espera.
Aquelas foram as duas horas mais torturantes de toda a minha vida. Eu já havia entrado em uma espécie de estado vegetativo de tanto chorar, por algum motivo eu tinha o pressentimento de que aquilo não acabaria bem, e infelizmente eu estava certo.
Após aquelas horas o médico saiu do quarto perguntando pelo responsável por Oh Sehun. Eu me levantei da cadeira quase cambaleando e utilizei das minhas últimas forças para perguntar como ele estava.
Pude sentir o olhar pesaroso do médico sob mim e logo meus olhos começaram a se encher de lágrimas novamente, meu peito começou a doer e eu ouvi aquelas palavras que embora evasivas, já diziam tudo.
“Nós fizemos tudo o que estava ao nosso alcance, mas infelizmente…”
E então eu não ouvi e nem vi mais nada. Me afundei em um estado de angústia tão grande que mal conseguia respirar. Eu não consegui me mover, pois sabia que se tentasse andar minhas pernas provavelmente cederiam. Me senti enjoado, tonto e aquela dor no meu peito só aumentava. Eu não poderia tê-lo perdido. Eu não poderia ter perdido o amor da minha vida assim, aquilo não estava certo, eu não conseguia e nem queria aceitar.
Eu não sei como e nem quando, mas em algum momento eu simplesmente apaguei. Acordei no dia seguinte na maca do hospital recebendo soro na veia.
E foi assim que tudo aconteceu. Já se passou um ano e seis meses, mas eu ainda não aceito. Até hoje eu releio nossas mensagens, vejo nossas fotos em meu celular, também visito o seu túmulo semanalmente e continuo usando a aliança de compromisso que ele me deu em nosso primeiro aniversário de namoro.
E como se não bastasse, após a sua morte a editora responsável pela publicação do manhwa de Sehun devolveu a única cópia restante, até porque não seria mais publicado. Eu tive um choque quando finalmente criei coragem para abrir aquelas páginas e novamente senti meu coração ser estraçalhado de tal forma que simplesmente desabei no chão gelado do meu apartamento.
O personagem principal chamado “Capitão Han” foi totalmente baseado em minhas características físicas e em minha personalidade. Foi o que percebi enquanto tentava ler com lágrimas nos olhos o último trabalho de Sehun.
Ele costumava a dizer que as coisas que amava davam à ele a criatividade necessária para escrever e desenhar. Por diversas vezes quando estávamos sozinhos e pegava Sehun me encarando de forma terna ou simplesmente me observando enquanto eu estava distraído com alguma coisa qualquer, eu costumava a pensar que ele estava apenas tentando me provocar ou me deixar sem jeito, mas agora eu sei que esse não é o caso. Sehun realmente me amava e eu não sei se devo ficar feliz por isso ou simplesmente me afundar mais ainda na angústia que a sua falta me traz.
Sehun tinha o sorriso mais lindo que eu já vi em toda a minha vida. O seu sorriso com aqueles caninos tão fofos me davam forças para continuar, eu sinto que às vezes ainda ouço aquela voz tão calma e serena sussurrando em meu ouvido palavras doces, mas sei que nada passa de um fruto da minha imaginação. Sehun não está mais comigo.
O fato é que depois disso tudo, eu comecei a desenvolver alguns problemas de saúde, tanto mentais quanto físicos.
É claro que a famigerada depressão está na lista, mas curiosamente após a morte de Sehun eu desenvolvi alguns sintomas estranhos, como dores fortes no peito, dificuldade para respirar e dormir, tonturas repentinas, além de falta de apetite - o que me rendeu uma perda de peso substancial - e dores no estômago.
Meu rendimento na faculdade ficou terrível e somado à minha saúde eu decidi trancar o curso. Sehun morreu e pelo visto levou minha vontade de viver junto, não que eu o culpe, na verdade sempre me senti culpado, até porque se eu não tivesse o chamado naquela noite nada disso teria acontecido e eu teria o amor da minha vida aqui ao meu lado hoje.
Mas voltando ao que eu dizia no começo, acredito que você já deve ter matado a charada, certo? Pode parecer ridículo, mas sim, eu estou sozinho em meu apartamento com um tabuleiro ouija bem à minha frente, juntamente a uma vela acesa. E por que? Porque eu quero falar com Sehun, eu preciso ao menos me despedir ou não conseguirei nunca ter paz.
Respirei fundo tentando manter a calma e posicionei minhas duas mãos em cima do indicador.
“E-eu… Ahn… Tem alguém aqui?” - Eu não sabia muito bem como iniciar uma conversa e me sentia um pouco idiota fazendo isso, mas após alguns segundos, por um breve lapso de intuição a minha mão se moveu até o “sim”.
Respirei fundo mais uma vez e movi o indicador de volta ao centro do tabuleiro, me preparando para mais uma pergunta.
“S-sehun? Por favor, é v-você?” - A essa altura eu já não podia mais conter minhas lágrimas, mas tentei ser forte e manter minha concentração total. Não demorou muito e o indicador começou a se mover novamente, mas ao invés de ir para o ‘sim’ ou ‘não’, o objeto selecionou algumas letras.
N a o c h o r a h a n n i e
Ironicamente eu me desmanchei em lágrimas ao ler aquela sentença. Era ele, só podia ser ele. Já podia sentir aquela dor no peito e a dificuldade em respirar, então tentei manter a calma e prossegui.
“Sehun-ah, seu idiota! Por que teve que passar justo por uma avenida movimentada aquela noite apenas para comprar o meu vinho favorito?! Por que não ignorou minhas mensagens e ficou em casa, Sehun-ah?! Ou melhor, por que eu tive que te pedir para vir aqui?! Eu é quem deveria ter morrido, e-eu” - Minha voz começava a falhar e eu mal respirava, minhas mãos ainda se mantinham pesadas sobre o indicador. “Eu te amo tanto Sehun, tanto. Eu daria a minha vida agora só para te ver sorrindo mais uma vez.”
E então eu comecei a chorar compulsivamente, sentindo sempre aquela dor dilacerante em meu peito. Deixei o indicador e o jogo de lado, pois não tinha mais a mínima concentração necessária para continuar e me encolhi em um canto no chão da sala abraçando os meus joelhos.
“Por favor Deus, por favor. Eu só peço uma última chance para vê-lo, por favor.” - Balbuciei de forma ininteligível entre o choro que só tomava mais força, até que aos poucos meu corpo foi perdendo a força e consequentemente aquela dor que sentia em meu peito foi desaparecendo.
E então tudo ficou branco.
Abri vagarosamente os olhos sentindo uma paz maravilhosa. Eu estava em um lugar completamente branco, não havia nada além do branco, mas de alguma forma era bom, era acolhedor. Eu já não sentia mais dor e nem aquele desespero e tristeza terríveis, me sentia bem como há muito tempo não sentia.
Me levantei do chão, ficando em pé e olhando toda aquela imensidão alva. Reparei que não trajava mais minhas roupas casuais e sim uma vestimenta branca, quase tão branca quanto aquele lugar.
“Hannie…”
Estava confuso tentando entender o que era tudo aquilo, quando ouvi uma voz. Não apenas uma voz, mas aquela voz.
Me virei rapidamente para trás seguindo a direção daquela voz, até que pude vê-lo.
Sehun estava lindo, mais lindo do que era normalmente. Os cabelos castanhos estavam maravilhosamente bagunçados, ele vestia roupas brancas similares às minhas e mantinha um semblante sereno no rosto. Aquele sorriso carinhoso e sutil brincava em seus lábios enquanto ele me olhava de uma forma afetuosa.
Quando me dei conta já estava em seus braços, abraçando-o com toda a força que tinha. Sehun correspondeu ao abraço instantaneamente e me apertou contra seu corpo, enquanto eu chorava e escondia meu rosto em seu pescoço.
“Eu pedi tanto à Deus para que me deixasse te abraçar pelo menos uma última vez, hannie-ah. Você não sabe o quanto foi doloroso te ver daquele jeito.” - Sua voz saia abafada e levemente embargada, ele chorava assim como eu, mas em menor intensidade.
Eu sentia tanta falta daqueles braços quentes, do seu jeito carinhoso de falar comigo. Eu sentia como se uma parte de mim houvesse morrido junto a Sehun e naquele momento após tanto tempo eu me sentia novamente completo.
Após alguns minutos eu finalmente me acalmei e nos separamos do abraço, mas mantivemos nossos corpos próximos um ao outro. Sehun gentilmente levou sua mão até meu rosto, acariciando o local e enxugando algumas lágrimas. Eu fechei meus olhos aproveitando aquela carícia que tanto senti saudade, enquanto entrelaçava meus dedos aos de sua mão livre.
“Eu não consegui seguir em frente, Lu. Para seguirmos em frente temos que nos desapegar de tudo o que nos liga ao plano físico, mas como eu poderia me desapegar de você quando eu te amo mais do que a mim próprio?”
Eu abri os meus olhos e tive que arranjar forças para não começar mais uma sessão de choro. Apertei levemente a mão de Sehun que estava entrelaçada a minha, olhando fundo naqueles olhos castanhos o qual sou apaixonado.
“M-me desculpe. Eu t-te amo tanto, me perdoa hun, por f-” - Eu me sentia culpado e precisava pedir perdão. Mas antes que pudesse finalizar aquela frase, senti seus lábios colados aos meus em um beijo gentil e suave. Um selar simples, mas que representou todo o amor que sentíamos um pelo outro naquele momento.
“Não se desculpe, não foi culpa sua. O meu tempo na Terra havia acabado, isso aconteceria de uma forma ou de outra.” - Ele disse após cessarmos aquele selar, olhando dentro dos meus olhos. Eu nada disse e apenas assenti, sentindo os meus olhos se encherem de lágrimas mais uma vez.
“Sehun, eu não vou conseguir sem você, e-eu não quero voltar pra lá, não quero ficar sem você.” - Voltei a derrubar mais lágrimas enquanto novamente o abraçava com força, circulando sua cintura com meus braços.
“Você tem que ser forte, meu amor. Eu vou te esperar para que possamos ficar juntos e eu prometo que em uma próxima vida, nada nem ninguém irá tirar você de mim.” - Seu tom de voz era extremamente gentil e carinhoso como sempre foi. Sehun mantinha uma das mãos acariciando meus cabelos enquanto levava a outra até o meu queixo, fazendo com que eu o olhasse. “Eu te amo, nunca se esqueça disso.”
“Eu também te amo. Muito.” - Fiquei na ponta dos pés para selar os seus lábios mais uma vez. Uma última lágrima solitária escorregava pelo meu rosto, quando tudo novamente desapareceu por milésimos de segundos e em um piscar de olhos eu já não estava mais naquele lugar. Eu estava no hospital, parado no meio do corredor.
Sehun também não estava mais comigo e o calor que eu sentia ao estar em seus braços desapareceu, deixando apenas uma sensação fria e incomoda.
Franzi o cenho estranhando aquela situação. Afinal de contas, como eu havia ido parar no meio do corredor do hospital sem mais nem menos?
Fiquei um pouco perdido sem saber o que fazer, mas então fui até a recepção perguntar por alguma informação ou qualquer coisa que esclarecesse aquela situação.
“Com licença, será que…” - Parei de falar ao notar que as duas recepcionistas me ignoravam completamente. “Ahn… Olá?” Chacoalhei minha mão em frente ao rosto de uma das recepcionistas, mas era como se elas não me vissem.
Frustrado e sem entender nada, dei meia volta e segui até o corredor do hospital novamente. Tentei falar com algumas das enfermeiras que corriam para lá e para cá, mas era inútil. Ninguém me via ou ouvia.
Já estava me desesperando, quando uma cena me chamou a atenção. Os enfermeiros entravam no hospital empurrando rapidamente uma maca. Todos pareciam desesperados e pelo o que eu havia percebido aquela pessoa na maca não estava em condições nada favoráveis.
Mas o que mais me chamou a atenção foi que logo atrás dos médicos e enfermeiros, Yixing, meu primo e irmão de consideração vinha correndo em prantos com os olhos direcionados à pessoa na maca.
“Xing! O que aconteceu?!” - Perguntei enquanto corria em sua direção preocupado, mas é claro que ele me ignorou assim como todos. Yixing foi auxiliado para que esperasse naquela terrível sala de esperas enquanto os médicos entravam em uma sala com a pessoa ainda na maca.
Eu decidi aproveitar que ninguém aparentemente me via e os segui, entrando junto a todos naquela sala.
Sorrateiramente me aproximei da maca, até que tive a visão da pessoa que estava ali deitada com diversos fios grudados no tórax, além de uma máscara de oxigênio no rosto.
E sim, aquele era eu.
Levei um choque em um primeiro momento e fiquei simplesmente estático, vendo todos os médicos e enfermeiros aplicarem o desfibrilador em meu peito. No momento em que aquela carga elétrica foi liberada em meu peito, eu senti um baque estranho em meu ser, mas não me movi.
“O tempo está acabando, Lu.”
Olhei para o lado e pude ver Sehun, que agora também assistia àquela cena junto a mim. Ele me olhou e sorriu de forma triste, mas ao mesmo tempo me encorajava a voltar.
Eu tinha que voltar. Meu corpo estava logo ali, se esvaindo aos poucos enquanto os médicos tentavam converter um possível quadro de parada cardíaca. Mas por que eu sentia que aquilo era tão errado?
“Sehun…” - O chamei e assim que obtive sua atenção, levei meus braços até seu pescoço, circulando-o em um abraço. “Eu te amo.” Senti o toque quente de seus braços em meu corpo brevemente, mas logo me afastei apenas para visualizar seu rosto tão lindo e aqueles olhos cheio de lágrimas. “Eu sinto muito. Mas não vou voltar.”
Sehun arqueou as sobrancelhas em surpresa e seus lábios se entrabriram sutilmente. Eu apenas sorri, acariciando de forma terna seu rosto.
“Antes que diga qualquer coisa, eu fiz a minha escolha. Eu acredito que vim a este mundo com a missão de aprender. Eu aprendi o que era amar quando te conheci, aprendi a ser alguém melhor a cada dia que passei ao seu lado e além de milhares outras coisas, eu aprendi a lição mais dura: lidar com a perda. Eu me sinto em paz agora Hun, e você continua sendo o amor da minha vida, não só dessa, mas de outras vidas também. Assim como eu te amei nessa, tenho certeza que te amarei em uma próxima. Essa é a decisão certa, eu sinto que é.”
Sehun nada disse, apenas sorriu e entrelaçou nossos dedos.
“Hora da morte 20:12 da noite.” - Foi a última coisa que ouvi.
Antes de tomar essa decisão eu pensei sobre todos que deixaria, mas ao final das contas eu só tinha Yixing e era mais um fardo do que qualquer coisa para meu primo. Yixing tinha uma linda esposa e filhos, eu sabia que mesmo que se abalasse com a minha morte, logo se ergueria novamente.
Eu estava morto, mas me sentia mais vivo do que nunca.
Me sentia vivo pois estava ao lado de Sehun.
O dono do meu amor incondicional.
O responsável pela minha síndrome do coração partido.
O meu anjo da guarda.
O meu eterno Sehun, seja nessa ou em outras vidas.
O fim significa também um novo recomeço. Uma história termina para outra começar.
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