O vento uivava do lado de fora da velha e decrépita casa, sacudindo as janelas como um lamento fantasmagórico. Dentro, a luz fraca das velas tremeluzentes projetava sombras assustadoras nas paredes. Mary, uma jovem com cabelos castanhos-avermelhados e olhos nervosos, sentava-se sozinha em uma mesa decorada com uma única rosa vermelha. O Dia dos Namorados sempre fora uma ocasião especial para ela e John, seu namorado, mas este ano era diferente. John vinha agindo estranhamente, distante, e o jantar desta noite era destinado a reacender a chama.
Mary encarava o relógio, o tic-tac ecoando na sala silenciosa. A porta rangeu, e John entrou, seu rosto obscurecido pelas sombras. Seus olhos, antes calorosos e familiares, agora pareciam distantes e frios.
"Feliz Dia dos Namorados", sussurrou Mary, tentando esconder seu desconforto.
John murmurou uma resposta, seu olhar fixo no chão. Algo estava errado, mas Mary não conseguia identificar exatamente o quê. Enquanto se sentavam para jantar, o ar ficava espesso de tensão. O único som era o tilintar dos talheres nas travessas.
Mary decidiu quebrar o silêncio. "John, está tudo bem? Você anda agindo de maneira estranha ultimamente."
Ele olhou para cima, seus olhos perfurando a fraca luz. "Estranha? Não, está tudo bem", respondeu, mas sua voz carecia do calor que possuía antes.
As velas tremeluzentes projetavam sombras que dançavam no rosto de John, tornando-o quase um estranho. Mary arrepiou-se, uma sensação desconfortável se instalando no fundo de seu estômago.
A conversa continuou, mas a atmosfera permaneceu pesada. Mary tentava desesperadamente amenizar o clima. "Eu comprei algo para você", disse, empurrando uma pequena caixa em forma de coração pela mesa.
Os olhos de John se arregalaram com um toque de surpresa enquanto abria a caixa. Um medalhão prateado estava dentro, com uma foto deles sorrindo de um lado. Mas a reação de John não foi a que Mary esperava.
Suas mãos tremeram ao olhar para o medalhão. "Onde você encontrou isso?" perguntou, sua voz baixa e tensa.
Confusa, Mary respondeu: "Eu pensei que você o tivesse perdido. Foi um presente de sua avó, lembra?"
Uma nuvem escura pareceu passar pelo rosto de John. "Eu perdi, sim, anos atrás. Eu nunca te contei sobre isso."
O coração de Mary pulsava em seu peito. "Então, como foi parar na nossa gaveta? Você está aprontando alguma brincadeira?"
Os olhos de John se arregalaram, o medo atravessando seu rosto. "Não, juro, eu não coloquei lá. Isso não pode estar acontecendo."
A sala parecia se fechar ao redor de Mary, as sombras tornando-se mais ameaçadoras. "O que não pode estar acontecendo? John, você está me assustando. Fale comigo!"
Ele hesitou, depois falou em um sussurro. "Tenho tido pesadelos. Pesadelos com esse medalhão, com algo que fiz há muito tempo."
A voz do vento lá fora aumentou, como se a casa compartilhasse da crescente inquietação. A mente de Mary se encheu de perguntas, mas antes que pudesse falar, uma melodia suave e assombrosa ecoou pelo ar. Uma caixinha de música, há muito esquecida, tocava uma música melancólica de um canto distante do quarto.
"O que é isso?" perguntou Mary, sua voz mal passando de um sussurro.
Os olhos de John se arregalaram de terror. "É a caixa de música dos meus pesadelos. Eu pensei que a tivesse descartado."
A música ficou mais alta, enchendo a sala com uma presença sobrenatural. As sombras pareciam dançar ao ritmo de sua melodia assustadora, envolvendo o casal como uma valsa sinistra.
"Devemos sair daqui", disse John, pânico em seus olhos.
Antes que Mary pudesse responder, as luzes piscaram e se apagaram, mergulhando-os na escuridão. A música continuou, agora acompanhada por um coro de sussurros que enviaram arrepios pela espinha de Mary.
Na escuridão, a voz de John tremia. "Precisamos encontrar a caixa de música e destruí-la. É a única maneira de acabar com esse pesadelo."
Eles tatearam no escuro, suas mãos procurando pela fonte da melodia assustadora. O ar estava denso com uma energia sobrenatural, e o coração de Mary batia com uma mistura de medo e curiosidade.
Ao chegarem ao canto mais distante da sala, a caixa de música repousava em uma prateleira empoeirada, sua delicada figurinha girando ao som da melodia assustadora. John hesitou, depois com determinação, estendeu a mão para a caixa e a atirou no chão.
No momento em que se despedaçou, a sala ficou em silêncio. O vento lá fora parou de uivar, e as sombras que dançavam nas paredes recuaram. O único som era o estalar da caixa de música quebrada.
Por um momento, Mary e John ficaram na escuridão, recuperando o fôlego. Mas então, dos fragmentos da caixa quebrada, uma figura surgiu — uma silhueta fantasmagórica que parecia desafiar as leis do mundo físico.
A figura falou com uma voz que ecoava pela sala. "Você não pode escapar do passado, John. O medalhão, os pesadelos — são as consequências de suas ações."
O rosto de John ficou pálido enquanto a presença fantasmagórica os circulava. Mary, paralisada pelo medo, assistiu enquanto a figura apontava acusadoramente para
o medalhão em suas mãos.
"Você deve expiar pelos seus pecados, John. O medalhão é um lembrete do amor que você traiu. Até que você faça as pazes, os pesadelos persistirão."
Com isso, a figura se dissipou na escuridão, deixando Mary e John sozinhos com os restos quebrados da caixa de música.
À medida que os primeiros raios de sol penetravam pelas janelas, o peso da noite se dissipou. As sombras recuaram, e a atmosfera opressiva se dissipou. Mary e John, exaustos e abalados, ficaram no meio dos destroços da caixa de música quebrada.
"E agora, o que fazemos?" perguntou Mary, sua voz tremendo.
John respirou fundo, seu olhar fixo no medalhão nas mãos de Mary. "Enfrentamos o passado, juntos. Encontramos uma maneira de fazer as pazes, de dar um fim ao que quer que eu tenha feito. E talvez, apenas talvez, os pesadelos parem."
Ao saírem da velha casa, a luz da manhã os banhou em um brilho caloroso, mas os ecos da noite permaneceram. O Dia dos Namorados, antes uma celebração do amor, agora carregava uma memória assombrada — um lembrete de que, às vezes, as coisas mais aterrorizantes não são encontradas nas sombras, mas enterradas nas profundezas da própria alma.
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