HELLOOO
Pois é. A ideia veio tem algum tempo e eu estou aqui agora expondo. Primeiramente eu quero deixar claro que essa fic NÃO É DO SHIP SASUHINA. A interação deles é pura e simplesmente AMIZADE. To avisando pra não dizerem que eu enganei e coisa e tal. Enfim uhauahuaha
Espero que gostem meus bolim de copo
Já fazia muito tempo que Sasuke não via os olhos de Hinata brilharem daquele jeito.
Na primeira vez, ele a achou muito esquisita. Os dois globos claríssimos chegavam a ser assustadores e, quando cheios de lágrimas, eram ainda mais desconfortáveis de encarar.
Ela era uma criança estranha, ele achava. Parecia ter medo de falar com os coleguinhas, então ficava calada no canto brincando com os dedos enquanto as íris lilases encaravam tudo ao redor. Suas bochechas estavam sempre vermelhas, como se ela tivesse vergonha do mundo e Sasuke podia jurar que nem ao menos sabia como era o tom de sua voz. Nunca a tinha ouvido falar.
Quando um dos meninos roubou o lanche dela na terceira série, tudo que a garota fez foi dobrar os joelhos até se encolher no chão e chorar baixinho. Sasuke estreitou os olhos negros na direção da garota, confuso. Estava sentado sozinho também, mas não era por vergonha. O pequeno Uchiha simplesmente não gostava muito de companhia. Não conseguia entender porque Hinata simplesmente não fazia alguma coisa. Ela podia ir falar com a professora ou até mesmo colocar o pé na frente do menino idiota que havia a feito mal para que ele caísse. Por que ela só chorava?
Em dois minutos o tal garoto já tinha enfiado os dois rolinhos de canela na garganta e não havia mais como recuperar o lanche. Sasuke revirou os olhos pequenos e tentou ignorar toda a situação, mas estava irritado com aquela postura. Seu pai o ensinava a não chorar a toa e ir atrás do que queria, então não conseguia conceber o fato de Hinata, depois de minutos, ainda estar encolhida no mesmo lugar. Levantou-se com o que sobrou de seu lanche e andou a passos duros na direção da menina.
Os olhos lilases se ergueram lentamente e ela parecia assustada. Apavorada. Afinal, o que Sasuke poderia querer com ela? Ele parecia não gostar de ninguém. O Uchiha ficou encarando-a de cima e estendeu o restante da própria comida esperando que ela pegasse.
— Seu pai não te ensinou a não ficar chorando como uma boba? - perguntou com certa rispidez.
Hinata não respondeu. Ficou olhando para o menininho um tanto confusa e só depois de longos segundos, quando o percebeu impaciente, entendeu que ela devia pegar o lanche. A voz saiu baixinha e fina, como um miado, quando ela agradeceu.
— Por que não falou com a tia? - perguntou, mas não esperava por uma resposta muito concreta.
Hinata olhou para o chão, passando as costas das mãos pelas bochechas em vão, já que algumas lágrimas ainda caíam.
— Ele não trouxe nada pra comer – falou baixinho.
— Mas ele roubou de você.
— Mas se eu pegasse de volta, ele ia ficar com fome.
— Mas era seu, e agora você vai ficar com fome.
— Mas você me deu o seu – ela ergueu os olhos para os negros dele outra vez e então sorriu, ainda chorosa – Obrigada.
Sasuke não conseguia compreender. Por que ela estava se importando tanto com o que aquele garoto sentia ou não? Será que ela não tinha o mínimo senso de egoísmo? Era preciso algumas vezes.
— Você é mesmo uma boba.
Não era intenção de Sasuke se aproximar daquela garota, mas foi difícil ignorar depois daquele dia. Não era como se eles se procurassem, mas algumas vezes, Sasuke acabava sendo um tanto maldoso com alguns dos meninos que implicavam com ela. Sua relação correu assim por anos; de algum jeito esquisito tendo contato indiretamente, trocando poucas frases quando obrigados a isso.
Até o último ano do fundamental.
Nesse dia, era Sasuke quem não tinha lanche e sua solidão nada tinha a ver com sua antipatia natural. O rosto estava cheio de nuances avermelhadas, assim como os olhos, mas ele não chorava. Seu pai havia ensinado a não chorar. Seu pai…
Havia o perdido naquele fim de semana enquanto retornava de uma viagem de trabalho. Sasuke nunca foi muito dado a contato com estranhos, mas era diferente com sua família. Sua mãe e irmão mais velho costumavam rodeá-lo de cuidado e os deuses bem sabiam como ele os amava, mas ele idolatrava Fugaku. Ainda que ele fosse um tanto mais frio, qualquer olhar, sorriso contido ou uma bagunçada nos cabelos era o suficiente para deixá-lo maravilhado. Pensar que não teria nada disso agora o fazia perder o ar.
Não devia ter ido ao colégio aquele dia. Sua mãe havia o abraçado e pedido que ele ficasse mais alguns dias, mas ele permaneceu com a mesma expressão séria e se recusou a faltar aula. Não queria dizer, mas não queria que seu pai, onde quer que estivesse, o achasse fraco. Ele havia o ensinado a ser forte, então era o que faria.
No entanto, não imaginou que seria tão difícil. Normalmente, as pessoas não se importavam em chegar perto dele para nada, mas naquele dia, já que todos sabiam sobre o que havia acontecido, os olhares em sua direção eram esmagadores. Manteve o queixo erguido, irritado com toda aquela falsa compaixão, mas ser alvo de tanta atenção estava acabando consigo.
Sentou-se sozinho no lugar de sempre e respirou profundamente enquanto fechava os olhos. Tinha conseguido segurar muito bem a vontade de desmoronar nos últimos dias, só precisava se concentrar, respirar fundo, se acalmar.
Sentiu a presença antes de abrir os olhos. Espiou quem se aproximava e então a viu. Hinata tinha os cabelos mais compridos agora, chegando um pouco além dos ombros. O uniforme estava um pouco largo demais nela, mas Sasuke já havia percebido que era assim que ela gostava de se vestir no geral. A garota sentou-se perto de si, mas não demais e arrastou o próprio bentō em sua direção. Naquela posição, era quase como se ela o escondesse do restante dos colegas. Assim que ofereceu a comida, os olhos lilases se voltaram para si novamente e Sasuke puxou o ar devagar, aliviado. Não havia a pena com a qual se deparou durante todo o dia. Havia apenas Hinata sendo ela mesma; gentil.
— Você não tem que fazer isso – Sasuke negou com a cabeça.
— Mas eu quero.
— Mas você vai ficar com fome.
— Estou apenas retribuindo um favor. - Sorriu.
Tirou os fios de cabelo do rosto enquanto se virava de costas para o Uchiha e brincou com os dedos enquanto o ouvia comer. Não fazia ideia do porquê, mas o nó em sua garganta não sumia enquanto engolia. Sua vontade de chorar só aumentava mais a cada segundo e não conseguiu evitar fungar.
— Você pode chorar se quiser – a menina tapou os ouvidos, ainda de costas para ele – Pode fingir não que estou aqui. Eu não vou contar pra ninguém.
— Eu não quero chorar – Sasuke disse, mas a voz tremeu, traindo-o – Eu não…
Um soluço escapou. Cobriu a boca com as mãos e pela primeira vez depois de longos dias, as lágrimas presas transbordaram sem parar. Ficou quieto, na mesma posição por longos minutos, tentando não fazer barulho, escondido pela silhueta da garota que permanecia com as mãos nos ouvidos. A garganta estava doendo, o coração também. Já não se importava muito quando viu a Hyuuga se virar devagar e olhar pra si. Os olhos dela também tinham lágrimas.
— Por que você está chorando? - Sasuke perguntou.
— Porque é triste – respondeu – E é pior, porque é você.
Aquela provavelmente foi uma das primeiras vezes em que Sasuke a compreendeu sem que ela precisasse ser específica. Os dois pares de olhos chorosos se encararam por segundos longos e os dois entenderam o que havia ali. Hinata se preocupava de uma maneira incomum, principalmente porque sabia que Sasuke era forte, mas até ela sabia que existiam momentos em que era preciso deixar a dor vir a tona.
Sasuke a ensinou a engolir o choro e encarar os demais. Hinata o mostrou que algumas vezes, as lágrimas não eram uma coisa ruim.
Era uma amizade esquisita aquela que tinha surgido, mas surgiu mesmo assim. E continuou no Ensino Médio, por mais absurdo que aquilo pudesse parecer. Acabavam se encontrando quase todos os dias numa falsa coincidência. Sasuke achava que estava fingindo muito bem e realmente estava para qualquer um de seus colegas, mas não para Hinata. Ela não dizia nada, mas sabia que ele a procurava, embora jamais fosse admitir.
Estava tudo bem. Ela ficava feliz mesmo assim. Já não era uma menina chorona e conseguia fazer amigos sem gaguejar a cada dez palavras e ela devia isso a Sasuke. Viu-se tentando imitar o olhar gelado dele em frente o espelho e sorria para si mesma logo depois. O próprio Uchiha parecia não saber o quão passional ele era, mas a Hyuuga podia ver. Sabia que ele não se aproximava de qualquer um e valorizava poucas e pequenas coisas, então sentia-se honrada de saber que, de alguma forma, ele se importava com ela.
As demonstrações eram sutis. Já havia jogado um casaco sobre sua cabeça num dia frio, ou lhe empurrado um doce que vinha no próprio lanche, ou até mesmo ajudando-a a prender os fios negros sob a touca para que não se resfriasse. Cada gesto seguido de um murmurar aborrecido e um bico ranzinza, como um irmão mais velho impaciente. Era adorável do seu próprio jeito.
Foi durante a adolescência que Sasuke descobriu sua orientação sexual. A única pessoa a quem confidenciou sobre isso fora o irmão, Itachi, mas por alguma razão, estava nervoso quando decidiu contar para Hinata. Não iria demonstrar, é claro, nem entendia porque estava tão receoso de lhe contar, mas não era do tipo que fazia de conta ser o que não era. Não estava interessado em dizer a mais ninguém porque não era da conta deles, mas Hinata… Era sua amiga, mesmo que ele não dissesse isso em voz alta.
Portanto, ao deixar a frase escapar dos lábios de uma forma falsamente natural durante uma conversa no intervalo, ficou surpreso por não receber nenhuma reação surpresa.
— Você não vai dizer nada? - perguntou.
— Sobre o que? - colocou os cabelos para trás da orelha, confusa.
— Acabei de dizer que sou gay – dessa vez a frase saiu mais firme.
Hinata ficou encarando-o por alguns segundos e só então pareceu compreender.
— Ah, Sasuke, eu já sabia.
— Mas eu não tinha falado…
— Se eu soubesse sobre você apenas o que me conta, nossa amizade seria um tanto problemática. - Deu uma risada.
Naquele momento, enquanto comiam, Sasuke entendeu que as coisas eram fáceis com Hinata porque aquele seu jeito retraído e calado era confortável. Sasuke não precisava falar demais, nem precisava se preocupar em manter conversas porque Hinata era tão apreciadora do silêncio quanto ele mesmo. Eram ambos observadores o suficiente para entenderam um ao outro sem precisarem se esforçar. Era uma questão simples.
Mas toda boa amizade, admitida ou não, tem seus momentos de altos e baixos. A deles começou no momento em que Naruto cruzou a porta da sala do segundo ano.
O aluno novo sorria demais, era agitado demais, simpático demais e bonito demais. Ele era todo um exagero, na opinião de Sasuke. Foi por isso que, inevitavelmente, começou a prestar atenção nele. Naruto tinha uma aura alegre e um talento único para chamar a atenção, mas Sasuke não era do tipo que dava o braço a torcer. Conseguia perceber alguma tensão sexual entre eles e estava sendo divertido levar esse jogo até perceber.
Hinata também gostava dele.
Não foi tão difícil notar, na verdade. Inconscientemente, deixou que sua rivalidade crescesse na intenção de afastá-lo porque não queria magoá-la. Já fazia muito tempo que Hinata não chorava e Sasuke não queria ver isso outra vez. Era só um garoto qualquer da sua sala, não era o fim do mundo.
No entanto, a aproximação veio em seguida de forma gradual e inevitável. Não havia pra onde correr e o sentimento o abateu como uma explosão. Não conseguiu não se apaixonar por Naruto enquanto convivia com ele. Tentava dizer a si mesmo que não tinha culpa por terem os mesmos gostos para esportes, nem por serem tão diferentes nas aulas teóricas e serem obrigados a estudar juntos. Não tinha feito de propósito.
Mas tudo que pensava enquanto esperava por Hinata em frente a casa dela, querendo esclarecer sobre tudo aquilo era que, se pudesse escolher, teria decidido se apaixonar por ele. Céus, soava egoísta, ele sabia, mas o amava. Amava de verdade. De um jeito que Hinata precisava entender.
Estava focado em como contaria tudo a ela e explicaria toda a situação até que ela surgiu na porta. Sorriu de leve, do jeitinho que sempre fazia e os cabelos presos se moveram sobre as costas enquanto ela se aproximava. Os olhos lilases o encararam e uma culpa terrível fez afundar seu estômago. Engoliu a seco enquanto a via parada, bem a sua frente, querendo entender o que Sasuke fazia ali tão tarde.
— Eu o beijei – soltou, sem pensar – Eu o beijei hoje.
— Quem? - os olhos se estreitaram, confusos.
— Naruto.
Silêncio. Hinata puxou o ar e mordeu o lábio inferior que tremeu.
— Eu não…
— Eu sei que você gosta dele – Sasuke fechou os olhos – Não era minha intenção fazer algo de ruim pra você, mas…
— Você está apaixonado? - perguntou.
A voz estava trêmula e os olhos estavam marejados, brilhando e a culpa era sua. A resposta ficou presa na garganta, tanto pelo constrangimento de dizer isso em voz alta, quanto pelo receio da resposta fazer as lágrimas transbordarem.
— Hinata…
— Está tudo bem – tentou sorrir – Pode dizer.
— Não está tudo bem – Perdeu a paciência – Eu estou apaixonado pela mesma pessoa que você. Eu o beijei, mesmo sabendo que você gostava dele, nada está bem.
— Não grite – a menina pediu e foi então que as lágrimas caíram.
— Eu fui um amigo ruim – Sasuke segurou-a pelos ombros, chegando mais perto – Você não pode me dizer que está tudo bem. Será que não entende?
— Sasuke…
— Grita comigo – pediu, descontrolado como poucas pessoas tiveram o direito de ver – Me bate, faz alguma coisa. Não é possível…
As duas mãos pequenas estalaram em suas bochechas. O ardor leve calou o Uchiha enquanto as mãos permaneciam em seu rosto, num novo carinho suave, enquanto algumas lágrimas ainda escapavam dos olhos lilases.
— Você não é ruim – disse baixinho – E nem eu serei, impedindo que fique com a pessoa que gosta por um capricho. É você quem ele quer e está tudo bem.
Sasuke sentiu a garganta doer de novo. Quase tanto como da última vez em que chorou de verdade.
— Mas e você? - perguntou.
— Não se preocupe – o moreno não percebeu que acariciava os braços dela até aquele momento – Eu fiquei bem durante todos esses anos, certo? Ainda tenho você.
Sasuke não queria, não queria mesmo, mas uma lágrima correu pela sua bochecha.
— Você é mesmo uma boba.
Os braços fortes envolveram a garota num abraço. Aquele gesto era incomum entre eles, mas pareceu propício, tanto por tudo que sentiam, como para esconder os olhos lacrimosos.
Levou um tempo até as coisas se ajeitarem completamente. Tempo suficiente para Hinata deixar de lado sua paixão platônica e Sasuke e Naruto assumirem um namoro. Também o bastante para que se formassem, entrassem numa universidade e a Hyuuga conhecesse um rapaz chamado Toneri que parecia estar disposto a tratá-la como a mulher incrível que ela era. O ciúme fraternal de Sasuke era um show à parte, é claro, mas o modo como as coisas se acertaram parecia muito correto.
E naquele dia, os olhos de Hinata brilhavam novamente, chorosos, mas não tristes. Com o vestido de casamento bonito e pomposo, ele a viu entrar na igreja e chegar ao altar para se encontrar com o futuro marido. Estava observando do seu lugar de padrinho.
Hinata era uma garota esquisita, com estranhos olhos lilases brilhantes. E enquanto sorria de canto, satisfeito pela felicidade que parecia emanar dela, agradeceu intimamente a quem quer que a tenha colocado em seu caminho.
----------------------------------------------
E foi isto.
Espero que tenham gostado nenês
UM BEIJO NO KOKORO E JA NEE
Спасибо за чтение!
Мы можем поддерживать Inkspired бесплатно, показывая рекламу нашим посетителям.. Пожалуйста, поддержите нас, добавив в белый список или отключив AdBlocker.
После этого перезагрузите веб-сайт, чтобы продолжить использовать Inkspired в обычном режиме.