O suor desceu pela minha testa, caindo até os lábios secos e rachados. O gosto salgado me alertou novamente, e voltei a prestar atenção aos ruídos da noite: os grilos, o vento cortante e até mesmo os passos ecoando pelo motel.
Só havia uma pessoa hospedada nesse fim de mundo, onde as paredes estavam rachando e goteiras brotavam a cada corredor.
"Ainda assim, devo fazer com que tudo funcione", disse baixinho me levantando e caminhando para meus afazeres. Minha lista de tarefas que anotei previamente estava amassada nos bolsos, não era necessária, sabia tudo, já que as repetia como uma máquina todos os dias. "Levar o lixo, cozinhar, lavar as louças", cantarolei.
O lixo estava leve, faltava alguma coisa, acho que a falta de clientela impactou a quantidade de sujeira.
Alguns alimentos azedaram. Quando senti o fedor podre, regurgitei um pouco do jantar e cuspi na pia, lavando tudo com a água suja da torneira. Abri um sorriso em seguida com meu momento predileto: Cortar as carnes. O movimento da faca reluzindo pela lamparina velha era uma terapia.
O cheiro da carne crua me atiçava. Isso passou quando ela começou a cozer.
Agora, deveria levar o jantar para os hóspedes, que no caso, era apenas o homem solitário e cansado.
"Não pedi jantar, meu senhor", ele disse com a feição seria quando bati à sua porta. Abri um sorriso de desgosto. Cozinhar era trabalhoso, uma arte. "Tenho certeza que está com fome... Senhor." Retruquei com certa ironia. Não vem ao caso dizer o quão chateado ele ficou, me humilhando com diversas palavras e dizendo que eu o incomodei em demasiado.
"Não importa", eu cantarolei enquanto cortava mais carne. Tive de afiar mais a faca, era uma carne de qualidade ruim, muito espessa.
Levei novamente o lixo, e agora sim, estava pesado, até mais do que deveria.
Fui lavar a louça, havia uma pilha delas, com muita sujeira vermelha e pedaços de gordura. "Que cheiro agradável!"
Antes de dormir, fui limpar o quarto do hóspede, em silêncio, ouvindo o som da noite. Esfreguei tanto o carpete que meus braços ficaram doloridos.
"Se me perguntarem onde está o senhor, direi que não sei, sempre é desse jeito.", pensei alto sentado novamente na poltrona, comendo com prazer um pouco de carne bem passada.
"Ele está em lugares diferentes, sim..." eu sorri. "Cada pedaço foi para um lugar distinto, incluindo meu sutil estômago ácido".
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