Passei anos em um oceano sem fim.
Resistindo a cada tempestade,
Tormenta,
E demônios marinhos.
Venci cada um deles.
E todos eles
Em algum momento
me venceram.
Mas, diferente do que muitos falam
sobre a tal da superação,
Não me sinto mais forte,
Nem muito menos capaz
De vence-los novamente.
Na verdade,
Me vejo na beira de um precipício.
Um passo em falso
E todos os demônios
que lutei para que ficassem afastados
Voltarão.
E essa possibilidade assombra meus pensamentos,
Porque basta um erro
E tudo voltará
Como se nunca tivessem partido.
Nessa noite,
Olhei para dentro do precipício,
E ele me olhou de volta
Me chamando baixinho para pular.
E para além da escuridão
Avistei a corrente de água
Que me levaria de volta para o mar.
Dizem que toda vista é bonita
no topo de um precipício
E que isso é uma maneira
da Vida te implorar para não pular.
Mas, em um lugar tão alto como esse,
Se torna muito mais tentador
olhar para baixo
do que para a paisagem em volta.
Afinal, a única coisa que separa
O resistir, do desistir
É uma mísera letra.
E eu os escuto.
Estão na espreita,
Me aguardando.
Sorriem com a possibilidade
de me terem de novo.
Eu sou eles
Assim como também sou o mar,
E a tormenta.
Sou minha própria tempestade,
E a ausência de ações.
O que me faz a inimiga perfeita
Porque sou o que desejo destruir.
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