Amores Líquidos Подписаться

Com passos fortes, o estudante de Relações Internacionais se aproximou de uma das mesas dispostas na área aberta do campus jogando sua mochila sobre o tampo e sentando-se após um suspiro frustrado.

O moreno de óculos, até então concentrado em seu livro, ergueu o olhar minimamente para o recém-chegado.

— Pergunta.

Ele respirou fundo já acostumado, até mesmo cansado daquela dinâmica.

— O que aconteceu? — articulou sem muito interesse depois de se aprumar, tirando a cara do livro.

— Chanyeol e eu terminamos — soltou uma lufada de ar exausto, passou os dedos pelos fios platinados, bagunçando-os — O que tem de errado comigo? Aish — deu um soco na mochila que afundou absorvendo o impacto.

Kyungsoo se permitiu arquear uma sobrancelha como quem brinca com um "jura?" na ponta da língua, mas se conteve.

— Estava tudo bem, sabe? Tínhamos uma química incrível e ele me tratava como um príncipe, só que a fase de lua de mel acabou e a magia também — agitava as mãos no ar tentando se fazer entender.

— Vocês tinham três meses de namoro — pontuou com sua expressão de desinteresse e desgosto.

— Foram longos três meses, ok? — se defendeu apontando o dedo para o melhor amigo — Ele começou a estar tão ocupado para mim, bem que eu devia ter ouvido a Yeji quando ela disse que o povo de saúde é inacessível, que se reproduz com própria espécie. Tudo foi ficando chato e distante.

— Se chama rotina, é o que adultos responsáveis têm — o fitou sério — Eu vou te dizer qual é o seu problema, Baekhyun. Você vive de amores líquidos, não se permite conhecer e gostar de fato de alguém, levar uma relação para frente, quer viver apenas a euforia da conquista.

Tirou os óculos e os apoiou no livro já abandonado, tinha uma cara entediada, aquilo acontecia a cada três meses. Era sempre ver o Byun empolgado com alguém e então começarem a sair de fato para então. algum problema acontecer, ah sim, era sempre um problema que parecia grave o suficiente para o estudante de RI pôr um fim nas coisas.

Não duravam porque ele vivia dentro de um contos de fadas inexistente, achando que tudo seria perfeito sem as variações normais aos pobres mortais, porque não aguentava o primeiro problema, discussão, qualquer coisa era motivo para terminar, até mesmo uma opinão diferente sobre algum filme sem importância do qual gostasse.

— Isso não é verdade, eu tento, tento mesmo — devolveu ultrajado, era a primeira vez que ouvia aquele absurdo.

— Jura, Baek? Você nunca passa de três meses e anda tentando bastante, hum? É alguém diferente a cada três meses ou menos! Fica pulando de um relacionamento para outro e não consegue construir laços duradouros — expôs sem poupar. Alguém precisava situar o loiro — Você sequer se apaixona de verdade por essa gente.

A boca do Byun se abriu algumas vezes em choque, como Kyungsoo poderia dizer aquilo? Não era verdade!

— Não é bem assim. Naturalmente quando se termina, acabam surgindo outras pessoas, eu não fico pulando assim — se defendeu.

Sabia do jeitinho do Do, afinal se conheciam desde o ensino médio quando o moreno se mudou para uma casa próxima a da sua família e passaram a frequentar a mesma escola, mas ainda assim era uma surpresa ver o amigo falando assim, claro que já o vira falar com e de outras pessoas, mas consigo sempre fora mais compassivo.

— Não é? Nesses três anos de faculdade, você não teve um namoro de mais de três meses, parece que tem alergia, porque é só fazer aniversário e acontece alguma coisa. Foi a Chaeryeong, a Yuna, a Ryujin, a Lia, a Yeji, teve o Jaemin, esse aqui vale até falar como você enlouqueceu por esportes, o Yuta e o Xiaojun, ok, isso tudo no primeiro ano. No segundo, foi o Renjun, Jeno, o Jhonny que pelo menos te fez aprender uns três idiomas a mais, o Taeyong foram umas três semanas nem sei se conta. Foi nessa época que disse que tinha dedo podre pra homem e que ia casar com a Dawon lá do bairro, foi uma confusão, porque caiu pela prima Yubin dela. Tivemos um fim de ano glorioso com você e o Sehun terminando na semana do Natal porque você não queria conhecer a família dele, daí foi se consolar com o Jongin, se encantou com o Taeil e agora aqui estamos com o Chanyeol. Os casos de menos de um mês nem conto mais — colocou nos dedos recomeçando a contagem e quase acabam os dedos outra vez — 18 namoros em três anos, isso dá uma média de 6 namoros por ano, Baek.

O loiro ficou calado pensando e fazendo as contas junto nos dedos várias vezes até erguer o olhar para o amigo.

— Você esqueceu o Taemin e a Wheein. Mas o que quer dizer com isso? Tá dizendo que eu sou galinha? Eu apenas não dou sorte, oras.

Era quase hora do almoço, o campus estava cheio de alunos para lá e para cá imersos na tarefa de comer algo antes das aulas da tarde, indo embora ou calmamente aproveitando a vida universitária. Os dois amigos se encontravam ali como todos os dias, mas parecia diferente de alguma forma já que o moreno estava mais agressivo que o normal.

— Eu não esqueci, prefiro não mencionar você ter ficado com meu professor ou minha surpervisora de estágio. Enfim, não estou te chamando de galinha, você pode ficar com quantos quiser, estou falando dessa coisa bizarra de embarcar em relações sem de fato querer mais quando fica fazendo discurso sobre esse com certeza ser o amor da sua vida, isso não é saudável — explicou seriamente olhando para o amigo no seu modo fechado de mostrar preocupação.

— Eu posso muito bem levar um relacionamento por mais de três meses — empinou o nariz ignorando tudo que foi dito, naquele seu tom infantil de braços cruzados e biquinho nos lábios.

Era, Kyungsoo nunca falava nada sobre os casos do amigo justamente por Baek ser essa criança que não entendia o ponto das coisas. O Do balançou a cabeça sorrindo de lado e resolvendo embarcar em mais uma do loiro.

— Jura? — arqueou a sobrancelha em desafio.

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A pior coisa do mundo era desafiar Byun Baekhyun, ele não sabia perder, ainda mais se o tema em questão fosse provar para Do Kyungsoo que sua vida amorosa estava mais do que bem, ele estava ótimo, seu coração era totalmente livre para amar.

O loiro queria ganhar a qualquer custo embora soubesse não ser de fato uma competição. Estava sentado em uma das mesas de uma cafeteria próxima ao campus, sugava o canudo do seu chá gelado ansioso.

— Demorei? — foi desperto pela voz melodiosa. O sorriso doce fazia um contraste ao corpo forte e alto, combinava com a beleza do rapaz.

— Não, pode sentar — se ajeitou já que está sentado com a cara praticamente deitada na mesa.

— Fiquei surpreso quando me chamou, pensei que estava com o Chanyeol sunbae.

Seu cenho se franziu. Ok, ele passou três meses circulando pela universidade com o Park naquele clima de casal, já era conhecido do departamento de saúde.

Mas Rowoon era calouro e era de Fotografia, bem distante do sunbae de Enfermagem.

— De onde conhecia o Chanyeol? — arqueou uma sobrancelha desconfiado.

O Kim riu divertido.

— Como eu não conheceria o hyung? — devolveu achando graça.

— Ah, certo, esportes.

— Sim, éramos do mesmo time de basquete no colégio e agora estamos no vôlei da faculdade.

Talvez o Do estivesse certo e Baek acabasse sempre ficando com pessoas próximas, criando uma teia que algum dia poderia dar ruim bem na sua cara.

— Bem, terminamos. E um passarinho me contou que entrou no time de vôlei por minha causa, te chamei para saber se era verdade — jogou verde. Alguém sem jeito com flerte jamais teria os números de sucesso de Baekhyun na conquista, esse era um talento do qual se orgulhava.

O sorriso no rosto de Kim Seokwoo era de alguém que fora pego, como um garoto arteiro.

— Talvez, mas o hyung saiu do time alguns meses depois. Era o melhor líbero de todos.

— Eu estou ocupado com o TCC, estava difícil conciliar. Mas eu assisti todos os jogos da temporada, vi você em quadra.

— Sério? Então, valeu a pena ter entrado no time. Eu queria te chamar para sair, mas sempre parecia estar com alguém.

— Rowoon-ah, não é como se eu não fosse te notar em algum momento. Sua cara está estampada no campus inteiro, tem um fancafe para você — riu apoiando a bochecha na palma da mão.

Kim Seokwoo era a jóia da universidade, o garoto propaganda, um dos melhores jogadores do time de vôlei. Lindo e simpático, aquele homem fazia ainda mais pessoas suspirarem com seus trabalhos como modelo e ator, conhecido como Rowoon.

Como que Baekhyun não conseguiria ficar apaixonado por mais de três meses com alguém como o Kim ao seu lado? Era alguém realmente apaixonante.

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As coisas iam bem, mais do que bem, estava tudo incrível com seu relacionamento. Duas semanas saindo, se transformou em um namoro de dois meses e ele não podia reclamar de não receber atenção.

Rowoon o mimava demais, seja com presentes ou com carinho, ele sempre estava por perto. Talvez tivesse de fato encontrado o amor da sua vida e esfregaria a cara de Kyungsoo no asfalto.

— Ei, hyung, amanhã eu tenho gravação então não podemos sair, prometo que compenso, ok? O clima está esfriando, então poderíamos tomar um chocolate quente juntos? — o mais alto o abraçava, enquanto o loiro tinha a bochecha no peito do ator.

— Hmm, pode ser. Amanhã, Kyung vai me ajudar com o TCC, então está tudo bem. Mas eu vou querer mesmo o chocolate quente, ok? — apoiou o queixo nos músculos fortes do peitoral e sorriu.

Seokwoo concordou achando graça do jeitinho do mais velho e lhe beijou os fios antes de se separarem para ir para sua aula. O clima frio começava e o Byun caminhou encolhido no moletom grande do namorado, grande demais para si.

— Está com tanto frio assim? — o Do chamou sua atenção assim que se sentou na cafeteria, o aquecedor quentinho causou um pouco de alívio — Pensei que tinha monitoria hoje.

— Nhá, o professor faltou, então não vamos fazer nada — acenou para uma balconista e pediu uma bebida igual a do amigo.

— Por que não foi pra casa? — fechou mais um de seus pesados livros.

— Porque meu namorado só tem mais duas aulas e poderemos almoçar juntos — piscou com um sorriso provocativo. Desde o início desse relacionamento, Baek amava enfatizar as palavras "namorado", "amor", "romance", enquanto o moreno revirava os olhos esperando que tudo acabasse bem com aqueles jogos do loiro.

Kyungsoo se preocupava muito com Baekhyun, embora o estudante de RI fosse mais velho, era o mais imaturo dos dois. Byun podia levar muitas coisas como um adulto, mas com certeza não era esse o caso de seus relacionamentos amorosos, familiares e amizades. Era um ciclo contínuo de meter os pés pelas mãos até que saísse machucado e/ou machucasse alguém.

— Esse moletom cabe uns três de você — indicou quando a barista se afastou depois de deixar o pedido do mais velho.

— Ah, é do Rowoon, ele percebeu que eu tava com frio mais cedo — deu de ombros, bebendo um gole do cappuccino — E você como está? Tudo certo pra amanhã?

Foi a vez do Do fazer uma pausa para beber, enrolando para responder.

— Eu tô bem, ótimo e por isso, não vai dar para nos vermos amanhã, foi até bom termos nos encontrado — disse calmo, recebendo o olhar surpreso de Baek. Nunca em todos aqueles anos de amizade que o mais novo desmarcara consigo, ele não tinha outros amigos, e Byun vivia enfiado em suas coisas de família, nem fazia sentido que outro compromisso poderia ter — A Jiwon me chamou pra sair.

O corpo do loiro se projetou automaticamente para frente, inclinado sobre a mesa com a face próxima do outro estudante.

— Park Jiwoon? E:U do clube de música? — seu tom era exasperado e a expressão pareceu piorar ao receber a confirmação.

Do Kyungsoo não namorava ninguém, não se interessava por ninguém, seus estudam eram sua prioridade, estava focado demais em seus objetivos para namorar... Mas o que significava aquilo? Em todos aqueles anos, não vira ele ir a um único encontro. Não estava esperando por isso e era uma... Garota.

Uma linda garota de cabelos loiros platinados na altura da cintura, o rosto fino e limpo, uma beldade do campus, sem falar que era popular, bonita, linda, maravilhosa e divertida, além de inteligente e talentosa... Céus, a mente do Byun estava em tela azul.

Deslizou até cair sentado em sua cadeira outra vez com os olhos desfocados, a mente fervendo, nem ao menos ouvia o que o amigo falava.

— Você gosta dela? — perguntou de repente.

— Hmm, não sei, ela é legal. Bem, ela se confessou e disse que queria sair comigo para fazermos algo divertido juntos. Não a conheço o suficiente para dizer que gosto, mas com certeza é alguém fácil de se gostar.

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Era a terceira vez, terceira vez que Kyungsoo saía com aquela garota e Baekhyun já não aguentava mais ter que se adaptar a nova agenda do amigo. Não havia como não sentir raiva de ser dispensado por alguém que acabou de chegar e já estava sentada na janela, era um absurdo.

— Ei, hyung — Seokwoo chamou sua atenção outra vez, recebendo um olhar raivoso do namorado. Cada vez mais, eram visíveis as mudanças do doce Baekhyun para um mal-humarado cotidiano.

— Que foi? — perguntou rude.

— Estou tentando te dizer que terei gravação à noite e não vai dar para dormir na sua casa, saio de lá só quando as cenas ficarem perfeitas, o que pode levar a madrugada toda — disse calmo pegando a mão do mais velho sobre a mesa, essa foi puxada bruscamente.

— Vamos terminar — soltou simplesmente.

Rowoon arregalou os lhos sem compreender nada da situação, o que havia feito de errado?

— O que? Por que? — questionou assustado.

— Estou sendo largado — resmungou chateado com os braços cruzados e uma expressão furiosa.

— Você está me largando — arqueou uma sobrancelha — Eu sei que minha rotina pode não permitir muito tempo, mas-

— Não você. Kyungsoo está me largando, me trocando por uma garota que mal conhece — o interrompeu.

Agora quem parou de repente foi o Kim, como assim? O que Kyungsoo tinha a ver com aquela conversa? Certo, havia quase um mês com o amigo do Byun saindo com essa garota toda semana para encontros e quando não isso, eram horas conversando no celular, mas isso em nada tinha a ver com seu namorado, assim pensava.

Ledo engano, o loiro via tudo como algo diretamente relacionado a si, passava horas, dias, semanas pensando nisso, em como a Park sorria para seu melhor amigo e era retribuida por alguns sorrisos breves do rapaz. Era enfurecedor aquela situação, onde havia errado? Talvez tenha lhe faltado ganância ou simplesmente estava fadado a ser abandonado uma hora ou outra, era sempre assim.

Assim como sabia que Rowoon não estava ali de verdade. Era alguém tão ocupado e mesmo lhe tratando com imenso carinho, sabia que eram apenas o apoio um do outro, alguém pra fazer companhia, um alívio para a rotina pesada de trabalhos. E para Baek, Seokwoo era um desafio... Um desafio que durou surpreendentes três meses cravados, haviam feito aniversário no fim de semana e na terça-feira, Byun pôs fim ao que na sua mente chamou de "derrota".

Morreria só, estava certo disso e agora perdera até mesmo a amizade do Do. Baekhyun caminhava para casa desolado, pensando em tudo que pudesse ter feito de errado, se questionando de quem era culpa: sua ou do destino?

Jogou-se de qualquer jeito na cama, mais preocupado em afogar-se no travesseiro do que com sua coluna ou os sapatos no lençol. Sentia a frustração tomando conta de si e apenas queria hibernar até tudo estar melhor, mas as batidas na porta do quarto lhe interromperam.

— Ei, Baek. Sua mãe disse que estava aqui — a voz do moreno fez o mais velho levantar a cabeça tão rápido quanto um suricato — Você tá chorando?

Passou as mãos rapidamente pelos olhos, limpando qualquer vestígio de lágrima, mas nada podia fazer quanto ao rosto vermelho. Tentou aprumar a postura miserável em que estava, todo largado parecendo no fundo do poço cercado pelo quarto em tons claros que não lhe passavam calma alguma.

— Não — negou mesmo sendo óbvio, Do continuou lhe encarando e suspirou abaixando os ombros — Seok e eu terminamos.

Kyungsoo pensou um pouco se freiando de soltar algum comentário típico para essas situações, porém olhou o estado do loiro outra vez. Baekhyun não chorava por um término fazia muito tempo, na verdade sempre ficava melhor quando vinha até si, nunca se importou de fato com seus casos amorosos, mas ali estava o Byun destruído, transmitindo fragilidade pelo olhar.

— Eu sinto muito, o que houve? — perguntou tomando um lugar nos pés da cama.

— Eu não gosto dele, não o bastante — fungou de cabeça baixa.

O mais novo franziu o cenho tentando entender como aquilo seria motivo de choro, se não gostava para quê aquele desespero? Até que sua mente se iluminou: o desafio.

— Isso é pelo que eu disse? Yah, não leve tão a sério, ok? Tudo bem se não gosta dele, um dia vai encontrar alguém de que gosta mesmo — tentou, embora o amigo permanecesse de cabeça baixa, apelou para brincadeira — Você não consegue passar um ano gostando da mesma pessoa — revirou os olhos.

— Ei — ergueu a cabeça rápido com o olhar determinado direto nos do moreno — Isso não é verdade — o tom era tão firme e limpo que surpreendeu — Eu gosto de você há mais cinco anos, então cale essa boca. Você acha que é fácil? Estou tentando seguir minha vida, mas fica com essa história de amor líquido, me julgando, então pare. Passou anos sem querer sair com ninguém e do nada chega essa fulana, agora quer me largar, é muito fácil trocar seu único amigo para ir a um encontro? Pois que vá de uma vez, eu não quero ficar esperando por migalhas suas.

A voz soava alta, raivosa, totalmente diferente de seu tom custumeiro. Não deu espaço para o Do.

— Era óbvio que eu não podia ter você, um sonho impossível, mas estava sempre comigo e foi o bastante. Eu me esforcei muito para esquecer você e tudo que ganho é essa fama horrível. Chegava a me contentar com você como amigo, mas você saindo com essa garota me situou de quão na merda estou: eu sou apaixonado no meu melhor amigo e ele gosta de uma loira linda, inteligente, divertida e talentosa, que tipo de chance eu tenho? E por que porra eu não consigo ficar feliz em nenhum dos meus relacionamentos? Você não sentiu ciúmes? Em todos esses anos, não sentiu nada?

Kyungsoo piscava tentando assimilar o que estava acontecendo ali, jamais imaginaria isso. Baekhyun sempre parecera tão bem todos aqueles anos, não desmonstrava incomodado com o nível de relacionamentos deles, mas pensando bem, eles eram muito próximos, sempre abraçados, agarrados, ddividiam a cama e se divertiam juntos, talvez fosse o suficiente por hora.

— Eu não disse que gosto dela — soltou quando o silêncio pairou entre os dois, o olhar do estudante de RI vacilou — Ela é loira, linda, inteligente, divertida e talentosa, assim como você é loiro, lindo, inteligente, divertido e talentoso — sorriu.

— Não brinca comigo, não é justo me dar esperanças — fungou coçando os olhos.

O moreno abriu um sorriso ladino com um olhar esperto. Kyungsoo e seu lado obscuro cheio de sarcástico e divertimento, era quase crueu a expressão em relação ao olhos marejados do outro, ele não entendia onde Do queria chegar.

— Por que nunca se confessou? Eu saí com uma estranha, não tinha qualquer sentimento, mas ela se confessou e eu dei uma chance.

— Você nunca demonstrou interresse em homens ou em qualquer pessoa e deixou claro que queria apenas estudar, além disso poderia estragar nossa amizade — argumentou com a voz chorosa. Ele sempre fora o lado mais frágil daquela relação, o emotivo que sempre estava corando ou gargalhando, até mesmo pulando por aí.

Eram tão opostos, mas sempre foi tão certo estarem juntos que Baekhyun não poderia querer de outra forma, desde que se conheceram um se deixou envolver pela personalidade do outro e não mais se separaram — parte disso pela insistência do loiro.

— Você sequer tentou... Eu estive solteiro por anos e agora está chorando porque estou saindo com alguém. Tsc, é meio egoísta da sua parte, não acha? Por que não diz logo o que quer? — cutucou.

Egoísta? As palavras lhe atingiram fortes, Baekhyun não as estava esperando. Cerrou os olhos e puxou ar.

— Eu quero você — foi direto.

— E você ao menos pensou no que eu quero? — devolveu arqueando a sobrancelha.

— E o que você quer? — ajeitou-se na cama olhando qualquer outro ponto do quarto de tons claros, embora sua fala fosse rude. Estava nervoso com aquele tratamento que o moreno estava lhe dando.

— Eu não quero ser mais um — seu tom foi objetivo e trouxe um silêncio, um olhar confuso do Byun que antes que pudesse falar, foi interrompido — Eu não sou alguém para ser descartado em três meses, não sou alguém de amores líquidos. Comigo ou é ou não é, então é bom estar falando sério.

A boca do loiro se abria e fechava tentando articular algo.

— Você... Você está me aceitando? — estava perdido, extasiado com a possibilidade.

— É bom que saiba por quem está pedindo e não reclame depois de falhas e desgostos.

— Eu quero você — reafirmou se aproximou de Kyungsoo tomando o rosto em suas mãos, o sorriso brilhante.

— Eu sou estudante de Direito, nem sempre terei tempo para você — pontua alertando — E gosto sim de levar alguém que acho especial para ocasiões familiares.

Baekhyun estava em êxtase, sorria largo e queria gritar. Óbvio que o mais novo lhe falaria sobre seus términos por falta de tempo/dedicação da outra pessoa, mas não ligava, não quando existia uma chance real.

— Eu sei e eu já vou a quase tudo da sua família — comentou risonho. Era verdade, o loiro era figurinha carimbada.

— Eu não sou meloso e tenho um humor péssimo — jogou de volta com tom disconfiado. Não era meloso, mas permitia ao Byun carinhos e cuidados que para si eram suficientes.

— Eu sei e te amo mesmo assim — riu.

— Me ama? — arqueou a sobrancelha retirando uma gargalhada do mais velho.

— Amo, amo, amo — deu beijinhos pelo rosto — Agora, aceita namorar comigo?

O moreno olhou no fundo dos olhos apreensivos do melhor amigo, pronto para chamá-lo assim pela última vez e puxou-o pela cintura, aproximando os corpos, deixando Byun com a pernas um de cada lado do seu colo, ajoelhado sobre si.

— Aceito — diz rente aos lábios finos, os tomando de uma vez em um beijo quente em contraste ao dia frio lá fora.

É, Baekhyun poderia ser alguém de amores líquidos, mas isso não se aplicava ao amor que dividia com o estudante de Direito, era firme, firme como uma rocha. Depois de anos, os dois se permitiram ouvir seus corações. Um afastado pela insegurança de não ser correspondido e o outro com medo de ser mais um dos amores da vida de alguém que para si era o único amor como também queria ser o seu.