Entrei no carro com minhas ultimas caixas que não couberam no caminhão, pela janela conseguia ver meus pais na soleira da porta acenando.
Eles não queriam, pois nos acostumamos a conviver juntos novamente, mas sabem que é o melhor. Eu voltei apenas para que passássemos pelo luto juntos e agora está na hora da vida voltar aos eixos.
Quem eu quero enganar, a vida nunca mais será a mesma.
Ao chegar no prédio, olhei para cima e percebi que apesar de simples me sentia em casa. Coisa que a muito tempo não sentia.
-Boa noite Senhor...? - uma senhora de estatura baixa aparentando ter por volta de uns 50 anos me perguntava com um pequeno sorriso.
-Boa noite, me chamo Sasuke Uchiha. -respondo me esforçando para dar um sorriso que provavelmente saiu como uma careta e lhe entregando os documentos para comprovar.
-A sim, o comprador do apartamento 602. -ela diz com um sorriso ainda maior se abaixando atrás do balcão e logo voltando com algo em mãos - Seja muito bem vindo, aqui estão as chaves, o senhor já sabe o regulamento né?
-Obriga... - sou interrompido pelo elevador se abrindo me dando a visão de uma mulher que carregava um enorme sorriso. Cabelos cor de rosa, olhos verdes e um vestido amarelo que envolvia o corpo pequeno e magro.
-Boa noite vovó Chyo. -ela diz sorrindo se aproximando do balcão.
-Boa noite minha querida, você trouxe a minha encomenda? - a senhora diz se apoiando no balcão e por alguns momentos a minha presença simplesmente foi ignorada.
-Mas é claro, aqui. -ela dizia entregando um pote com diversas raízes secas - Me desculpe a demora, os dentinhos da Sarada estão começando a nascer e hoje ela está bem enjoadinha.
-O dó, mas muito obrigada querida, este é o senhor Uchiha. -a senhora dizia se lembrando da minha existência do outro lado do balcão e logo sussurra como se fosse um segredo - O novo morador do 602.
-Por favor me chame apenas de Sasuke, senhor uchiha me lembra meu pai. -digo tentando me livrar da timidez.
-Olá, me chamo Sakura Haruno e agradeço por comprar o apartamento, não é bom imóveis ficarem vazios por muito tempo né? - ela diz estendendo a mão - Serei sua vizinha, moro no 601.
Aperto a sua mão e me sinto estremecer, me vem uma sensação de algo familiar, de já ter vivido aquilo como se fosse um dejavu. Quando olho em seus olhos sinto como se já tivesse a visto, sinto o calor de sua mão na minha e reconheço a maciez e o seu cheiro é como um calmante. Nossas mãos logo se soltam quebrando aquele contato, mas percebo que ela também sentiu pois está arrepiada.
-Bem vovó, isso são raízes de alcaçuz. -ela dizia apontando para o pote – Ele ameniza os sintomas e episódios de pneumonia, o que é ótimo para o seu neto. É só ferver um litro de água e desligar quando levantar fervura, acrescentar 30 gramas da raiz seca e tomar três vezes ao dia.
-Obrigada querida. -ela dizia acariciando as mãos da moça e logo depois ela se inclina em minha direção - Essa é a nossa bruxinha, qualquer coisa que você precisar é só pedir ajuda que ela dá um jeitinho. –ao terminar a frase me dá uma piscadinha.
-Vovó não é para tanto, eu só ajudo com o que eu sei, mas se precisar de algo que estiver ao meu alcance é só pedir. - ela fala levemente avermelhada - Bem, eu preciso subir pois deixei a Sarada sozinha e pela babá eletrônica ela está quase acordando.
-Bem minha querida, muito obrigada mesmo. – a senhora diz e logo se vira para mim – Seja bem-vindo senhor Sasuke.
-Obrigada dona Chyo, vou aproveitar e subir com as caixas. –digo apontando para as caixas aos meus pés.
-Venha, eu te ajudo. – diz a rosada pegando duas caixas e caminhando em direção ao elevador.
-Tenham uma boa noite. - diz a senhora acenando para nos e quando me vejo estou no elevador com minhas caixas e com ela que vigiava uma criança pelo celular.
-Ela é sua?- pergunto.
-Sim. -responde sorrindo e desviando o olhar para mim – Ela está com seis meses e os dentinhos estão começando a incomodar. Tenho dó de Ino que terá que suportar um bebê manhoso amanhã para que eu possa trabalhar. -ela diz que um olhar zombeteiro.
-E você trabalha com o que? - nesse momento a curiosidade é maior que a timidez.
-Sou psicóloga, mas só estou trabalhando meio período para não sobrecarregar Ino, ela tem um bebê da mesma idade que Sarada. -ela diz voltando os olhos para o celular.
-O pai dela não pode ficar com ela para você trabalhar? Ou ele trabalha no mesmo horário que você? - o momento em que decido jogar verde para colher maduro.
-Na verdade sou mãe solo, somos só nos duas. -ela responde sem se abalar - Tem momentos que é melhor se afastar do que deixar as coisas piores né?
Antes que eu respondesse o elevador parou no nosso andar e saímos dele. A segui pelo corredor, ela parou na minha porta e eu a abri tentando equilibrar as caixas e a chave, logo ela segue para a porta ao lado com sua chave em mãos.
-Eu moro aqui. -ela diz abrindo a porta – Qualquer coisa que precisar é só me chamar.
-Pode deixar. -digo sorrindo.
-Na verdade eu tenho algo para você, me dê um minuto. –logo depois de receber o meu aceno ela entra e some das minhas vistas.
Coloco as caixas para dentro e dou uma olhada na sala abarrotada de coisas e percebo que tenho muito trabalho pela frente.
Volto para a porta e a vejo saindo, em uma mão um pote com folhas parecido com o que ela entregou para Chyo. Já nos braços um bebê recém acordado com cara de sono e olhos verdes que me encaravam.
-Está é a Sarada, diga oi meu amor. –ela falava segurando o bebê em um só braço, mas a bebê apenas abraçou o pescoço da mãe - Ela realmente está estressada, mas isso é para você. -segurei o pote que me era estendido.
-Isso é para que? Eu não estou doente. -digo analisando o conteúdo do pote.
-Isso não é para doenças, é para você dormir. - diz de um jeito divertido – Parece que você não dorme direito a tempos.
-É, obrigada. -digo constrangido – Boa noite.
-Boa noite. -ela diz fechando a porta.
Volto para o meu apartamento e arrumo o possível, depois de um tempo me preparo para dormir e vejo o pote em cima da bancada, não me custa nada tentar.
Esquento a água e faço o chá, bebo mesmo estando quente e me encaminho para o meu quarto, me deito e em questão de segundos me sinto relaxado.
Eu não me sentia assim desde que eu cheguei em casa e encontrei o corpo de Itachi no chão, desde o dia em que eu fiquei parado na recepção do hospital para receber a notícia que os cigarros que ele tanto gostava, tinham pregado uma peça nele e que ele estava morto.
Acordei no dia seguinte e percebi que essa era a primeira vez em quatro meses que eu acordava sem estar gritando o nome do meu irmão, sem os pesadelos e sem a angustia que sempre apertava o meu peito.
Oh minha querida bruxinha, acho que você mirou em salvar meu sono e acertou em salvar meu coração.
Спасибо за чтение!
Мы можем поддерживать Inkspired бесплатно, показывая рекламу нашим посетителям.. Пожалуйста, поддержите нас, добавив в белый список или отключив AdBlocker.
После этого перезагрузите веб-сайт, чтобы продолжить использовать Inkspired в обычном режиме.