mulletdoteteco MαJυ

Como o bom jovem romântico e clichê que era, Taehyung se apaixonou por Jungkook à primeira vista durante uma rápida troca de olhares em seu primeiro dia de aula no último ano do colégio. Não sabia dizer se eram aqueles olhos estrelados ou o sorriso doce, que contrastava com o estilo pesado e de roupas escuras do garoto gótico, mas algo nele o prendia e fazia suspirar apaixonado pelos corredores do colégio, sempre com a mente em Jeon Jungkook, no entanto nunca tomava a iniciativa de ir falar com ele. Já Jungkook observava o Kim de longe, o admirava pela espontaneidade e sorrisos fáceis, queria se aproximar, mas nunca encontrava a oportunidade certa. Até que ela veio numa manhã de verão, durante uma saída de campo, junto ao professor de biologia e um leve incentivo dos dois melhores amigos de Taehyung, Park Jimin e Jung Hoseok. E foi naquele julho de 1983 que tudo começou... "...Fiquei ali sentado Sentado sobre as mãos Pensando em te perder Querendo te encontrar E foi então que aconteceu Você me viu olhar E veio em minha direção Sorrindo disse "olá" E neste dia começou A nossa história Que continua até hoje E só parece melhorar..." (Nenhum de Nós - Julho de 83)


Фанфикшн Группы / Singers Всех возростов.

#taekook #fluffy #clichê #anos80 #colegial #primeiro-amor #no-lemon
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Joy Division e Cyndi Lauper

Não lembro do dia ao certo, mas sei que eles não seriam mais os mesmos a partir daquele em específico. Eu era o típico adolescente estranho, mesmo nos anos 80, onde tudo era "estranho", eu era considerado extravagante na escola onde estudava. Ao contrário da maioria dos meus colegas, eu não gostava dos sons pesados e obscuros do punk rock ou do gótico, eu gostava de Cyndi Lauper e Culture Club, usava mullets e roupas coloridas demais, estampadas demais para o gosto de alguns, mas eu não me importava muito.


Apesar dos olhares tortos que vez ou outra recebia, tinha meus amigos e poderia me considerar um cara legal, mesmo não sendo chegado a muitas conversas. Eu tinha 17 anos, bons amigos, minha família era bacana e eu não tinha grandes problemas além dos normais de todo adolescente, que se resumiam a tirar boas notas na escola, pensar numa faculdade e, uma paixão platônica que começou no início do ano, quando vi aquele garoto desconhecido parado na porta da minha sala de aula.


Os cabelos pretos como um vinil novo recém tirado da capa, a pele branca, em contraste com os tons de preto e cinza escuro das roupas que ele usava, os coturnos pesados e os olhos... aqueles grandes olhos que mais pareciam dois lagos negros que me puxavam pra si com uma força tão grande quanto a gravidade. Ele era lindo. Parado na porta, vasculhando a sala, procurando por alguém que não encontrou, seu olhar cruzou com o meu por meros segundos, mas foi o suficiente pra que eu soubesse ali, que jamais esqueceria aquele garoto.


Tão rápido quanto surgiu, ele foi embora e junto com ele, toda a capacidade que eu tinha de me concentrar direito nas aulas daquele dia. Os meses foram passando, descobri que ele era novo no colégio e estava procurando um amigo seu, que por sinal era meu colega e não havia ido à aula naquele dia. Eu o via pelos corredores, mas ele parecia nunca notar a minha presença.


— Cara, se você continuar assim, nunca vai saber qual é a dele — Dizia Hoseok, um dos meus melhores amigos — Você precisa tomar coragem e ir falar com esse garoto logo, ou vai esperar ele se formar, casar e ter filhos pra tomar uma atitude? — falou pela milésima vez.


Eu sabia que precisava fazer alguma coisa, mas pela primeira vez eu, Kim Taehyung, me considerava incapaz de algo. Aquele garoto, com seu estilo gótico e semblante sempre inexpressivo, me deixava inseguro de sequer dar um bom dia decente quando o via.


— Hobi, eu sei — resmunguei de volta, sentado no pátio da escola, ao lado do garoto de cabelos carregados de fixador e roupas tão coloridas quanto as minhas — é só que, é difícil pra mim, ok? Você sabe que eu não sei iniciar uma conversa com pessoas que não conheço. Sem contar que, olha pra mim e olha pra ele — disse apontando para mim e o garoto que estava mais ao longe, conversando com seus amigos, dentre os quais estava Min Yoongi, o tal colega que havia faltado no dia que o dono dos meus pensamentos nos últimos cinco meses surgiu na porta da nossa sala — Acha mesmo que eu tenho alguma chance? Nós somos completamente diferentes — constatei o óbvio. Hobi apenas revirou os olhos e deu o assunto por encerrado, sabendo que não adiantaria falar mais nada.


A semana passou e eu continuava observando minha paixão platônica de longe, imaginando como seria conversar com ele. Eu era tão clichê que muitas vezes me pegava sonhando acordado, idealizando como seria nossa primeira conversa. Nós iríamos nos esbarrar no corredor, meus livros iriam cair, então ambos abaixariam pra juntar, nossos olhares iriam se cruzaram novamente, iniciaríamos uma conversa e um amor nasceria. E assim eu ficava sonhando sempre que o via.


— Tae? — Chamou Jimin mais uma vez, estalando os dedos em frente ao meu rosto — Sério, se você não for falar com o Jungkook agora, juro que eu mesmo levanto daqui e chamo esse garoto pra vir falar com você. — Ditou o baixinho.


Jimin era meu outro melhor amigo e havia sido ele quem descobriu o nome do garoto pelo qual eu era apaixonado, já que tinha o incrível poder de conseguir se comunicar com todos naquela escola, sendo eles de qualquer grupo. — Ele não vai te colocar pra correr.


— Sei Jiminie, mas eu não consigo. Travo só de imaginar. Eu não sei o que esse garoto tem, mas ele me hipnotiza e eu não consigo mexer um único músculo. Tenho medo de falar ou fazer alguma besteira — Falei a última frase tão baixa, que se Jimin não estivesse ao meu lado, não seria capaz de ouvir.


— Tae… — deixou a frase incompleta e se ergueu decidido, indo em direção ao grupo onde Jungkook e Yoongi estavam. Arregalei os olhos e gritei — MOCHI!!! — era o apelido que a mãe de Jimin usava com ele desde criança, e que ninguém mais no colégio sabia, o mais alto que pude tentando fazer o garoto de cabelos castanhos parar. Obtive certo sucesso, pois no mesmo instante ele congelou no lugar e se virou pra mim novamente, agora com um olhar assassino que amedrontaria até mesmo Jack Torrance em seu pior surto alucinado durante o inverno no Hotel Overlook.


— Qual. É. O. Seu. Problema? — Perguntou o garoto enfurecido, pontuando cada palavra enquanto se aproximava bufando.


— Desculpa, Chim — falei baixinho ao que ele se aproximou me encarando enfurecido. — Mas eu precisava te fazer parar, então tive que apelar.


— Isso foi golpe sujo, você sabe que ninguém aqui conhece esse apelido além de você e do Hobi. Agora todo mundo vai rir de mim, Tae. — Disse ele em tom de lamento enquanto seguíamos para fora do refeitório, já que o toque de final do intervalo havia acabado de soar, mas não sem antes eu reparar que os garotos aos quais Jimin estava se dirigindo antes, agora nos olhavam. Engoli em seco, sem coragem de olhar de volta para o grupo, e marchei para fora do refeitório arrastando Jimin em direção às nossas salas.


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Alguns dias depois do episódio do meu grito no refeitório, nós faríamos uma saída de campo para a aula de biologia e meu professor resolveu que seria uma boa ideia levar minha turma junto a do Jeon, já que ele aplicaria para ambas o mesmo modelo de trabalho de pesquisa e eu estava nervoso, mais que o habitual.


Entramos nos ônibus que nos levariam ao lugar onde teríamos a aula, e faríamos a pesquisa prática, e meu coração disparou ao ver Jungkook subindo junto de seus amigos no mesmo ônibus onde eu estava. Ele passou ao meu lado, indo sentar nos bancos do fundo e eu passei todo o trajeto fingindo estar dormindo, apenas para poder ouvir o som da voz melodiosa dele, sentado dois bancos atrás do meu, sem que Hobi e Jimin me perturbassem.


Estava tão mergulhado em mais um dos meus sonhos que nem percebi quando o ônibus parou uma hora depois, no estacionamento da grande reserva natural que havia próximo a nossa cidade.


— Atenção pessoal — chamou o professor Kim, reunindo os alunos assim que descemos dos ônibus — como passarei o mesmo trabalho para ambas as turmas, formaremos uma turma única e vocês podem se reunir em duplas. Podem escolher seus parceiros e apresentem a mim os nomes em quinze minutos — disse por fim, ao consultar o relógio.


— Então, qual de vocês quer fazer o trabalho comigo? — perguntei aos dois garotos que estavam ao meu lado.

— Eu e o Hobi combinamos de fazer o trabalho juntos Tae, foi mal — desculpou-se Jimin.


— Fui largado pelos meus dois melhores amigos, ok. — me lamentei falsamente. — Vou ver se a Jisoo quer fazer comigo então. — Segui até uma das minhas únicas amigas garotas, mas vi que ela já estava se preparando para fazer o trabalho com seu irmão. Voltei até onde os meninos estavam e me joguei ao lado deles.


— Tô sem sorte, a Soo vai fazer o trabalho com o Jin. — suspirei. — Vou ver com o professor se posso fazer sozinho.


— Bom, eu ouvi que o Jungkook tá sem dupla também, fala com ele. Quem sabe essa não é a sua oportunidade, hein? — insinuou Hobi, sorrindo malicioso.


— Haha — ri sem humor, fazendo uma careta em reprovação à ideia sugerida.


— Olha, eu desisti dele já tem séculos, Hobi, nem perde seu tempo. Agora anda, vamos lá falar com o professor. Quero começar essa pesquisa logo — Falou Jimin, já se erguendo e puxando o outro para que o seguisse até o professor.


Fiquei ali sentado, observando-os se afastarem e seguirem até o Kim mais velho, no mesmo momento em que Jungkook também se aproximava. Vi os quatro trocarem algumas palavras e resolvi fechar meus olhos, aproveitando por alguns instantes o calor morno e confortável do sol naquela manhã atipicamente fresca de início de verão. Enquanto me aquecia pensei no que os meninos haviam dito.


Eu gostava do Jeon há tanto tempo, mas nunca troquei uma única palavra sequer com ele além de alguns raros “oi” e “bom dia” quando Jimin estava junto de seu grupo. Era estranho pensar que tínhamos um amigo em comum, já que Jimin havia se tornado amigo dele justamente por também ser fã de Joy Division e Siouxsie and the Banshees, algumas das bandas favoritas de Jungkook, e nunca sequer tínhamos lanchado juntos no refeitório. Lembrei do que Hobi havia me dito algumas semanas antes sobre esperar Jungkook se formar para tomar alguma iniciativa. Não queria perder nenhuma oportunidade, queria poder conversar com ele sem travas ou acanhamentos.


E foi em meio a todos esses pensamentos que me peguei olhando para onde o garoto estava, ainda conversando com o professor. Jimin e Hobi já haviam saído de perto deles e estavam sentados em outra parte do gramado. Fiquei observando a conversa entre professor e aluno, até que Jungkook olhou diretamente para onde eu estava, percebendo que eu os observava. O tempo pareceu parar e apenas ele se movia.


Os passos lentos enquanto andava em minha direção, o balançar do corpo, a brisa fresca que soprava fazendo os cabelos negros, que começavam a perder o corte, dançarem suavemente sobre os olhos. Era como se eu estivesse novamente imaginando uma de nossas possíveis conversas. E foi só quando ele parou na minha frente que pude ter certeza que não era um sonho.


— Oi? — disse ele sorrindo, e era o sorriso mais lindo que eu já vi em toda a minha vida. — Quer fazer o trabalho comigo? — perguntou num tom meio tímido, mas ainda assim sorrindo. O olhei por mais alguns segundos, piscando meio perdido ao finalmente me dar conta de que era comigo que ele falava.

— Sim... — respondi retribuindo o sorriso.


Ficamos nos encarando por mais alguns segundos até que ele avisou que iria buscar sua mochila para que pudéssemos iniciar a pesquisa. Concordei com um aceno simples de cabeça e pude perceber que ele mordia levemente o lábio inferior enquanto sorria e se afastava, correndo em direção aos amigos para pegar seu material.


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— O trabalho é bem simples — dizia o professor — Vocês vão classificar as espécies que temos aqui em briófitas, pteridófitas, gimnospermas e angiospermas. — apontou para as plantas atrás de si. — Quero um exemplo de cada, citando suas características quanto espécie e semelhanças entre si. Coletaremos todos os dados hoje, assim como algumas amostras, e vocês podem me entregar os relatórios na semana que vem. Tentem não ir muito longe no parque, fiquem o mais próximos de mim possível e me chamem sempre que tiverem alguma dúvida, entendido? — perguntou por fim, enquanto distribuía alguns sacos plásticos, para podermos guardar as amostras coletadas. Todos assentiram e fomos então para nossa pequena aventura entre as árvores da reserva.


— Aqui! Acho que encontrei algumas briófitas. — Jungkook apontou alguns musgos sobre as pedras próximas a nós. Me aproximei, coletando uma amostra e guardei no plástico, enquanto ele fazia anotações sobre a planta.


— Sabe, Tae — iniciou e pude sentir as famosas borboletas no estômago quando ouvi o quão bom soava meu apelido na voz dele — Eu sempre quis conversar com você, mas ficava meio sem jeito — parou de escrever e coçou a nuca em claro sinal de nervosismo — Então quando os meninos disseram que você tava sem dupla pra fazer o trabalho, eu pensei que seria uma boa oportunidade — Sorriu novamente ao terminar a frase.


Então era isso que Jimin e Hoseok falaram para ele, enquanto conversavam? Não sei se fico grato ou irritado com eles. Provavelmente os dois.


— E por que você ficava sem jeito de falar comigo? — Perguntei.


— Ah! Não sei — disse ainda meio sem jeito — Você é extrovertido, tá sempre rindo junto dos garotos, não se importa com a opinião dos outros. Você é tão… maneiro — elogiou ele e quase não contive o sorriso enorme que se formava em meu rosto. O cara que eu era afim estava dizendo que me achava, não só bacana, mas que me achava muito bacana. Parei por alguns instantes, vendo ele sorrir.


— Nossa, por essa eu não esperava. — foi a única coisa que consegui dizer e Jungkook me olhou confuso.

— Não entendi. — disse.


— É que... — foi a minha vez de ficar nervoso, se é que era possível ficar mais do que eu já estava — É que eu acho a mesma coisa de você e sempre quis puxar assunto mas, por algum motivo eu não conseguia - disse e pude ver o sorriso do Jeon aumentar e iluminar todo seu rosto.


— Sério? — perguntou um tanto incrédulo — Então somos dois idiotas que estavam desperdiçando as oportunidades. Acho que precisamos agradecer ao professor Kim por esse trabalho — disse ele.

— Com certeza. — respondi concordando.


Seguimos com a coleta e as anotações durante o resto da manhã, junto de conversas aleatórias sobre música, jogos de arcade e HQs, descobrindo assim, que tínhamos muitas coisas em comum. Finalizamos todo o processo com a ajuda do professor em alguns momentos e nos juntamos à turma assim que todos estavam prontos.


— Ok, gente, agora que todos vocês já coletaram as amostras e fizeram as anotações necessárias, quero avisar que teremos as duas próximas aulas dessa semana em laboratório, onde analisaremos o que vocês coletaram e, na primeira aula da semana que vem, vocês vão me entregar um relatório detalhando as características e semelhanças entre cada tipo de plantas, com ilustrações, ok? — finalizou — Agora todo mundo voltando para os ônibus, pois temos mais uma hora de viagem até chegarmos na escola novamente.


Assim, todos nós nos encaminhamos aos ônibus e seguimos de volta até o colégio. Jungkook, para minha tristeza, não veio conversando comigo, mas sentou em um dos bancos atrás do meu, me chamando baixinho e estendendo um pedaço de papel dobrado. Era um bilhete.


Tae.

Já que finalmente nós nos falamos, e temos um trabalho para fazer juntos, achei melhor te passar meu telefone. Sabe, caso queira conversar sobre ele fora do horário de aula ou, sei lá, se quiser só jogar conversa fora mesmo. Pode me ligar, esse é meu número: 941-7900. Nos vemos no colégio amanhã.

JK


Durante o trajeto fiquei pensando que, até o dia anterior, eu tinha cem por cento de certeza de que jamais conseguiria trocar duas palavras a mais com Jungkook, e hoje eu não só tinha conversado com ele a manhã inteira, como estávamos fazendo um trabalho juntos e agora eu tinha o número de telefone da casa dele. Eu estava tão mergulhado na felicidade que sentia que em determinado ponto acabei adormecendo, segurando firme o bilhete em minha mão, voltando a acordar somente quando chegamos no colégio.


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As aulas seguintes foram, como o professor havia dito, todas no laboratório, onde nos reunimos novamente com a turma de Jungkook. Conversávamos sobre o trabalho durante as aulas e também usávamos isso como pretexto para podermos nos ligar durante a semana e conversar por algum tempo, mas sempre acabávamos entrando em assuntos aleatórios e não falávamos nada sobre o trabalho. Jimin e Hobi deram pulos de alegria quando lhes contei no dia seguinte à saída de campo. Eles haviam nos visto conversando durante a coleta de amostras e vieram me perguntar como o milagre aconteceu e então eu contei.


— Ainda bem que o Jungkook tem iniciativa, apesar de ser tímido — disse Hoseok.


— Eu te disse, Tae, ele não ia te colocar pra correr. O garoto é bacana, vocês só precisavam de um empurrãozinho pra virarem amigos. — foi a vez de Jimin falar.


— Caras, eu sei o que vocês fizeram. — semicerrei os olhos e mirei os dois — Ele me disse que foram vocês que disseram que eu tava sem dupla pro trabalho. — disse dando ênfase na palavra vocês.


— De nada, garotão — Jimin riu e Hobi o acompanhou — Agora é sério, diz aí, como tão indo às coisas com seu príncipe gótico encantado? — Perguntaram.


— Bom, nós temos muitas coisas em comum, muitas mesmo — falei empolgado — a gente diverge na questão música, o que é bem óbvio, mas ele gosta de jogar tanto quanto eu, lê as mesmas HQs. A gente passa horas conversando no telefone. Acho que minha mãe vai me matar quando a conta desse mês chegar — murmurei e pude ver os garotos se entreolharem e soltarem risadinhas cúmplices.


— É, Tae… a gente vai lá no refeitório buscar um suco — disseram de repente.


Fiz menção de me erguer para ir com eles, mas ambos gritaram um sonoro “não” e me disseram que não iriam demorar. Logo que saíram, pude perceber o motivo dos sorrisinhos. Jungkook estava vindo até onde estávamos. Senti meu coração falhar uma batida e tentei parecer o menos afetado possível com sua presença.


— Oi Tae! — disse ele, com aquele sorriso lindo estampado no rosto bonito. Juro que nunca seria capaz de me acostumar com todas as sensações que aquele simples gesto me causava. — Tá ocupado agora? — perguntou meio sem jeito.


— Não, não tô. Os meninos foram no refeitório e eu tô aqui, fazendo nada — me apressei em responder, sentindo as borboletas no meu estômago se agitarem com o som da voz dele.


— Então… eu queria saber se você tá livre amanhã de tarde? — Senti o ar fugir e não consegui responder rapidamente. Ele iria me chamar pra sair? — Tae? — estalou os dedos me fazendo sair do transe — Então, você tá?


— Ah! Claro. Tô sim. Tô muito livre. Se tem uma coisa que eu tô, é livre amanhã. — disse rápido e ri de mim mesmo. Eu não estava livre, havia marcado com os garotos de ir no Arcade House jogar, mas tinha certeza que eles não se importariam de ir sem mim quando eu dissesse que Jungkook tinha me chamado pra sair.


— Ótimo — seu rosto se iluminou — A gente precisa fazer o relatório do trabalho pra entregar semana que vem e — fez uma pausa — pensei em te chamar pra ir lá em casa depois das aulas. A gente pode começar logo depois do almoço e, se terminarmos rápido, podemos jogar um pouco. Minha irmã comprou um Atari 2600 pra mim, mas eu ainda não joguei — falou entusiasmado.


Ele estava me chamando pra ir em sua casa. Tudo bem que iríamos fazer o relatório da pesquisa, mas mesmo assim eu visitaria a casa dele. Eu não cabia em mim tamanha felicidade.


— Certo, amanhã depois das aulas então — concordei animado. Ele se despediu e saiu em direção ao refeitório novamente, cruzando com Jimin e Hobi no caminho.


— Então, Don Juan, o que ele falou pra te deixar assim, com essa cara de bobo maior que o normal? — Jimin perguntou.


— Caras, ele me chamou pra ir fazer o relatório amanhã depois das aulas — disse sorrindo olhando pro nada — na casa dele — Olhei os garotos que agora pulavam e gritavam na minha frente.


— Jungkook e Taehyung, embaixo de uma árvore, se beijando! Jungkook e Taehyung, embaixo de uma árvore, se beijando! — cantavam enquanto pulavam.


Logo o sinal indicando fim do intervalo soou e voltamos para nossas salas. Ao final das aulas, corri para casa. Estava ansioso para que o dia terminasse e logo eu pudesse, enfim, me encontrar com Jungkook de novo.


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— Mãe, — chamei ela enquanto tomávamos café da manhã — hoje eu tenho um trabalho pra fazer na casa de um amigo. É aquele de biologia que o professor Kim passou semana passada, lembra?


— Claro, filho, mas que amigo é esse? — perguntou minha progenitora, curiosa com o que eu havia dito.

– Ah! Você não conhece ele. Na verdade, nós fizemos amizade no dia da saída de campo. Ele é da mesma turma do Jimin — respondi.


— Fico feliz que você tenha feito mais um amigo, filho. Boas amizades nunca são demais — disse ela sorrindo e eu sorri junto.


Kim MinJi é o tipo de pessoa que todos amam ter por perto. Inteligente, conversa sobre qualquer assunto e não se prende a padrões. Criou o único filho, que no caso sou eu, praticamente sozinha depois de ter se separado do meu pai. Não que ele fosse uma má pessoa, eles simplesmente divergiam demais em ideias e preferiram se separar, mantendo uma boa amizade, e me criando da melhor forma possível. Até que ele precisou se mudar para o Japão por causa do trabalho, vindo apenas algumas vezes por ano me ver, mas nunca deixando me faltar nada.


— É, ele é muito bacana mesmo — falei baixo, ainda sorrindo, e pude ver ela me olhando com ar desconfiado. Minha mãe captava as coisas rápido e tenho certeza que não passou despercebido por ela as entrelinhas da minha frase.


— Aqui — disse ela puxando a carteira da bolsa — pegue esse dinheiro e vá lanchar com seu amigo depois que fizerem o trabalho. Pode ligar para o escritório quando quiser voltar que busco vocês onde estiverem. — disse, estendo algumas notas em minha direção — Hoje fico um tempo a mais no trabalho, então posso te buscar, se você quiser — disse ela por fim.


— Obrigado mãe. Você é a melhor do mundo e eu te amo daqui até Marte, infinitas idas e vindas — agradeci com um beijo estalado em sua bochecha — Agora tô indo, te vejo de noite. Te amo — fiz um finger heart em sua direção e lancei um beijo no ar.


Ela riu e acenou de volta, gritando um “se cuida” enquanto eu saía em direção ao ponto de ônibus.


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— Tá nervoso, Romeu? — perguntou Hobi ao sentar ao meu lado na sala de aula. — É hoje seu encontro com o Jungkook, né?


— Cala boca, idiota — disse rindo — e sim, eu tô nervoso, muito. Olha — passei minhas mãos suadas em sua blusa verde neon.


— Argh! Que nojo, Tae. Fica passando essas mãos molhadas em mim. — reclamou ele fazendo careta. Hobi tem um nojo enorme de suor, tanto que costumava passar mal nas aulas de educação física, tamanho enjoo que sentia com o cheiro.


— Uma pequena vingança por vocês dois ficarem cantando aquela musiquinha ridícula ontem — respondi e em seguida o professor chegou na sala, fazendo nossa conversa ser interrompida.


As aulas seguiram tranquilas e pude me distrair do nervosismo com a prova surpresa que o professor de história aplicou. O intervalo veio e como sempre, Jungkook estava junto de seus amigos e eu junto aos meus, porém pude perceber que, diferente dos outros dias, ele lançava alguns olhares em nossa direção, sempre sorrindo quando percebia que eu o olhava também. O intervalo passou, o final das aulas chegou e junto dele, o nervosismo e a sensação de frio na barriga assim que avistei Jungkook parado em frente a minha sala.


— Oi! — o cumprimentei parando ao seu lado e o vi sorrindo de volta — Pensei que iriamos nos encontrar na frente do colégio.


— Nah! — deu de ombros — minha sala é praticamente ao lado da sua, não tinha motivos pra gente se encontrar lá, sendo que vamos pelo mesmo caminho, não acha? — perguntou ele com uma sobrancelha e o rosto erguidos, me fazendo ver o óbvio.


— Poxa! Eu nem lembrei disso — cocei a nuca meio sem jeito.


— Vamos então? — perguntou ele — Acho que minha irmã já tá aí na frente esperando a gente. — apenas o segui através do mar de adolescentes afoitos por irem embora. Ao chegarmos em frente ao colégio ele apontou para onde sua irmã estava e pude ver o carro dela estacionado. Era um Ford Thunderbird Fastback U140 branco, um clássico dos anos setenta. Jeon pareceu notar meu olhar e cutucou meu braço.


— Você gosta de carros antigos? — perguntou. Algo que quase ninguém sabia é que eu amava carros e tinha uma coleção de miniaturas em casa.


— Gosto sim. — respondi enquanto seguíamos até onde sua irmã estava.


— Bom, acredito que vocês vão se dar bem então! Minha irmã ama esse carro e cuida dele melhor do que de mim. — falou rindo ao chegarmos perto dela. — Tae essa é minha irmã, Sunmi. Irmã, esse é o Tae, o amigo que te falei que vai lá em casa hoje pra gente fazer o trabalho de biologia. — Ele nos apresentou e ela me olhou, pendendo a cabeça de lado, sorrindo.


— Amigo… entendi — deixou no ar e riu, soprando a fumaça de seu cigarro enquanto jogava a bituca no chão e a pisava para apagar — Vamos lá pirralhos, preciso deixar vocês em casa e voltar ao trabalho — ditou por fim, se dirigindo ao banco do motorista.


Segui para o banco de trás e Jungkook sentou ao lado dela na frente. O percurso foi rápido e tranquilo, conversamos sobre assuntos variados, desde música até os pais deles, que descobri terem morrido dois anos antes, em um acidente de carro quando ainda moravam em Busan. Depois disso, os irmãos acabaram se mudando para Daegu quando Sunmi foi transferida na empresa onde trabalha.


— Ok, pirralhos, tem comida na geladeira e, maninho, tem dinheiro no pote. Se quiserem comprar alguma porcaria pra comer, é só pegar lá — falou ela de dentro do carro, pronta para sair. — Se comportem, hein!? — disse rindo e deu partida, nos deixando a sós em frente a casa.

— Não liga pra ela. A Sunmi é meio doida e fala umas coisas sem sentido às vezes. — disse Jungkook, ao que eu só dei de ombros e o segui.


Entramos na casa e deixamos nossas coisas sobre o sofá na sala. Estávamos com fome então fomos direto para a cozinha, comer algo. Optamos por fazer sanduíches e os trouxemos para a sala, com a intenção de já iniciarmos os relatórios e podermos terminar cedo e estrear o vídeo game novo de Jungkook. No final das contas, acabamos levando mais tempo que o previsto, já que o professor pediu ilustrações de cada espécie e Jungkook se mostrou um tanto perfeccionista quanto a isso.


— Cara, eu já te disse que tá incrível. Olha, eu não me considero ruim no desenho, mas isso aqui tá profissional — falei apontando as ilustrações que ele havia feito. — Só isso aqui já garante metade da nossa nota. — Jungkook teimou em fazer duas ilustrações de cada, dizendo serem uma para cada relatório, pois, segundo ele, não seria justo já que eu estava fazendo toda parte da escrita.


— Ok, se você tá dizendo, eu acredito. — cedeu por fim. — então, o que a gente faz agora? — perguntou ao ver que eu já havia finalizado tudo.


— Ah! Não sei. Já tá um pouco tarde — falei olhando meu relógio. — Já são sete horas. Você se importa se eu ligar pra minha mãe vir me buscar?


— Janta aqui com a gente, depois a Sunmi te leva em casa. — pediu ele, com os olhos brilhando em expectativa. Ponderei por alguns segundos e fui tirado dos meus pensamentos quando ouvimos o barulho do carro da irmã de Jungkook ao estacionar em frente a casa.


— Cheguei, irmãozinho — gritou ela ao entrar, trazendo consigo um cheiro de pizza extremamente tentador.

— Certo, eu fico, mas preciso avisar minha mãe, se não ela fica preocupada. — disse por fim, vendo ele sorrir largo, me indicando onde estava o telefone. Liguei para minha mãe avisando que jantaria com os Jeon e que Sunmi me levaria em casa depois.


— Ela concordou, só pediu que eu não voltasse muito mais tarde, já que a gente tem aula amanhã.

— Ok, Tae — assentiu Jungkook sorrindo, me puxando para a cozinha e pude perceber que sua irmã sorria, mas de uma forma completamente diferente do irmão. Resolvi deixar de lado isso.

Por volta das nove horas Sunmi e Jungkook me levaram em casa, apresentei ambos para minha mãe e descobri que as mais velhas trabalhavam no mesmo escritório.


— Obrigada por trazerem ele — agradeceu minha mãe.


— Não precisa agradecer, MinJi-ssi. Ele é um garoto legal e se dá bem com meu irmão, então não foi trabalho nenhum. — falou Sunmi — Bom, agora vamos, né, maninho? Você tem aula amanhã e o Tae também. Vocês conversam mais na escola. — ditou por fim, indo em direção ao carro, ambos acenando para nós, enquanto partiam.


Entramos em casa, conversei um pouco com minha mãe sobre como havia sido o dia e me preparei para dormir, sonhando com o garoto de olhos intensos e sorriso fofo que dominava cada vez mais meus pensamentos.

Após esse dia na casa de Jungkook, nós nos aproximamos mais. Passávamos algum tempo juntos nos intervalos das aulas, conversando nos corredores ou comendo junto de nossos amigos, que formavam agora um grupo maior, no refeitório.


— A gente tem que comemorar — Jimin dizia enquanto sentávamos em volta da mesa no refeitório. Tudo para ele era motivo para sair.


Havíamos entregado os relatórios para o professor de biologia, que nos elogiou pela qualidade e dedicação na pesquisa e, como consequência, obtivemos a nota máxima.


— Podemos ir no Arcade House, o que vocês acham? — perguntou Hobi. O Arcade House era tipo um fliperama que tinha um restaurante junto. Era algo novo em Daegu e eu e os garotos adorávamos passar algumas tardes lá depois das aulas.


— Eu não curto muito jogos, mas se vocês quiserem ir, por mim tudo bem — falou Yoongi.


Ele era um cara legal. De poucas palavras, sempre sério com seus óculos de hastes pretas, grossas e suas roupas, todas na mesma cor, mas tinha uma “energia boa”, como minha mãe costumava dizer.


— Mas você vai, né? — perguntou Jimin, demonstrando mais interesse que o de costume.


Já faziam alguns dias que eu percebia, assim como Jungkook e Hobi, que os dois estavam mais próximos, sempre indo embora juntos, já que moravam perto um do outro, e sempre trocando olhares que juravam que ninguém percebia.


— Vou, só não vou jogar com vocês. Talvez eu fique lendo algum livro — disse o Min e percebi Jimin sorrir.


— A gente podia ir lá, no aniversário do Jungkook — falei. Era final de agosto e seu aniversário de dezessete anos seria dali alguns dias. Não seria sacrifício para os meninos esperarem.


— Não costumo comemorar meu aniversário. Na verdade, quando meus pais estavam vivos, a gente só fazia um bolo e passávamos nós quatro em casa, comendo e assistindo filmes na tevê. — disse Jungkook. — Provavelmente é isso que Sunmi e eu vamos fazer, mas se vocês quiserem aparecer, serão bem vindos.


— Certo, então tá combinado. Todo mundo na casa do Jeon no dia primeiro. Cantamos parabéns, você apaga as velinhas, comemos bolo e depois vamos todos ao Arcade House — disse Jimin empolgado e, assim, nós adiamos a ida ao fliperama.


Os dias passaram rápido e logo o aniversário de Jungkook chegou.


— Mãe, eu tô indo — gritei para ela da sala — Vou na casa do Jimin e de lá a gente vai pra casa do Jungkook, depois vamos no fliper. — Ditei meu itinerário ao que ela descia as escadas.


— Ok, filho. Divirta-se e manda um beijo meu para ele e pra Sunmi — disse ela me beijando a testa — E juízo viu? Sei que você não é de aprontar muito, mas é sempre bom lembrar. — falou a Kim mais velha, com o tom preocupado que toda mãe zelosa possui.


— Tudo bem, dona Kim MinJi, não precisa se preocupar, seu filho favorito vai se comportar. — lhe respondi rindo.

— Lógico que você é meu filho favorito, é o único. — disse ela rindo também.


— Mãe! Não fala assim, o Tannie vai se magoar. — Tannie era o filhote de Spitz que eu havia adotado algumas semanas antes.


— O Tannie é seu filho, não meu — disse ela, já me empurrando porta afora — vai logo garoto ou vai se atrasar pro aniversário do seu amigo — Lhe deixei um beijo na testa e subi em minha bicicleta, partindo em direção a casa de Jimin.


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— Cara, sua irmã é muito legal — dizia Hobi enquanto conversava com Jungkook na sala. — Ela preparou tudo isso só porque a gente viria aqui hoje? — perguntou espantado, apontando a mesa repleta de salgados, doces e refrigerantes na cozinha.


— Ela ficou triste que não vai poder passar o dia comigo, por causa do trabalho, então encomendou tudo isso pra nós. Achei um pouco de exagero, mas sei que ela fez tentando me agradar. — ele deu de ombros, sorrindo.


Uma coisa já havia aprendido sobre Jungkook, ele não é muito fã de coisas caras e muito elaboradas, exceto música como ele mesmo dizia e por isso eu sabia que o presente que havia comprado pra ele era perfeito.


— Caras, se vocês quiserem comer, podem ir. Vou buscar alguns discos no meu quarto, pra gente ouvir. — disse Jungkook se levantando. — Tae, você me ajuda? Acho que vou trazer o videogame pra sala também.

— Ah! Claro, ajudo sim — respondi, seguindo até o quarto com ele. Já havia estado ali antes, mas por algum motivo, me sentia um tanto nervoso hoje.


Entramos no cômodo e, minutos depois, pude ouvir a porta sendo fechada atrás de nós, seguido de risos que logo reconheci como sendo de Jimin.


— Cara, abre a porta — disse mais alto enquanto puxava em vão a maçaneta.


— Não vamos abrir até os dois idiotas se declararem um pro outro — ouvi Yoongi dizer e no mesmo instante senti meu rosto queimar pela vergonha. Olhei na direção de Jungkook e percebi que ele estava tão vermelho quanto eu deveria estar.


— Nã-Não tem graça isso — falei, mas minha voz saiu falha pelo nervosismo que tomava conta de mim.

— Vocês são tão óbvios que só sendo muito lerdo pra não ver que vocês se gostam. Agora tratem de se declarar. Só vão sair daí depois que estiverem namorando — Ouvi Hoseok falar.


Jungkook estava paralisado e tomado pela vergonha, o vermelho em seu rosto era tanto, que subia até suas orelhas. Ficamos alguns minutos em silêncio, sem conseguirmos nos encarar, até que a voz suave dele soou pelo cômodo silencioso.


— E-Eu gosto de você — disse ele em tom baixo, quase como um sussurro.


Arregalei meus olhos e fitei seu rosto. Ele ainda não me encarava então me obriguei a chegar mais perto, temendo que meus ouvidos tivessem me pregado uma peça.


— Você pode repetir, por favor? — pedi, agora perto o suficiente para ouvi-lo mesmo que falasse baixo novamente.

— E-Eu disse que go-gosto de você — repetiu de olhos fechados, tentando manter a voz firme.


— Também gosto de você — falei em um ímpeto de coragem — na verdade, sempre gostei. Eu gosto de você desde a primeira vez que te vi, parado na porta da minha sala, procurando o Yoongi. — falei rápido, vendo-o abrir os olhos e finalmente me olhar, surpreso.


— Era o primeiro dia de aula — sussurrou. — Eu te vi lá, me olhando. Você se destacava de todos naquela turma. Foi difícil desviar meus olhos dos seus quando nossos olhares se cruzaram.


— Eu sei. Não consegui te tirar mais da minha cabeça desde aquele dia — disse, agora próximo o suficiente para sentir sua respiração descompassada dele bater contra meu rosto.


Fechei meus olhos, sentindo nossas respirações ficarem mais bagunçadas. Uma de suas mãos foi até o meu rosto, deixando um carinho suave enquanto nossos narizes se tocavam. Por instinto, umedeci meus lábios e, sem querer, rocei a ponta da minha língua nos lábios dele, o que foi a gota d'água.


Juntamos nossas bocas em um beijo calmo, nossos lábios deslizavam suaves uns sobre os outros, sem pressa. Era como o que sentíamos, algo tranquilo e sereno, sem complicação.


Com calma, pedi uma permissão silenciosa para aprofundar nosso beijo. Nossas línguas se encontraram tímidas, descobrindo o ritmo uma da outra. A boca de Jungkook era doce, como bala de caramelo, meu sabor favorito. Partimos o beijo, testas coladas uma à outra e sorrisos bobos.


— Gosto de você, Jungkook — disse, agora sem medo — Gosto de cada detalhe seu, de cada sorriso — afirmei o encarando — Mas o que eu mais gosto em você, são seus olhos. Eles me hipnotizam, são profundos e parecem carregar um universo inteiro de mistérios dentro deles.


Ele ouvia de olhos fechados, sorrindo enquanto eu falava.


— Eu também gosto de você, Tae. Gosto do modo como você é autêntico, como não se importa com o que as pessoas pensam. Você é único e verdadeiro. Isso me encanta. Você me encanta por inteiro — disse enquanto fazia carinho no meu rosto.


Ouvimos um barulho na porta e nos separamos indo em direção a ela, vendo que agora estava destrancada. Nos olhamos e trocamos mais alguns selinhos, saindo do quarto em seguida, de mãos dadas. Descemos as escadas e encontramos os garotos sentados em volta da mesa comendo, enquanto Sunmi estava escorada no balcão da pia, bebendo um copo de suco.


— Finalmente — disse ela ao reparar nossas mãos juntas — pensei que teria ​que desenhar pra esses dois. — finalizou, fazendo os garotos rirem e nós dois ficarmos vermelhos novamente


O restante do dia foi seguido com algumas brincadeiras por parte dos garotos e muitas risadas. Acabamos não indo ao fliperama, pois o clima na casa dos Jeon estava ótimo e nós estávamos nos divertindo.


— Certo garotos, a conversa está ótima, mas tá na hora de todo mundo ir pra casa — dizia Sunmi, enquanto recolhia as coisas na cozinha, sendo seguida por um Hoseok hipnotizado com a beleza da garota.


— Também acho — respondeu Jimin, já se erguendo e puxando Yoongi pela mão. Todos paramos e observamos a cena.


— Não sei o motivo das caras de espanto, vocês já sabiam mesmo. Não é como se a gente quisesse esconder algo também — Yoongi falou de repente.


Começamos a rir novamente e os meninos passaram a se organizar e irem embora. Eu já havia saído e estava pronto para ir quando lembrei que ainda não tinha entregado o presente de Jungkook então voltei até a porta e toquei a campainha, sendo atendido por Sunmi.


— Jungkook, seu namorado tá aqui na porta de novo — chamou ela indo em direção a cozinha enquanto ele descia as escadas apressado.


— Oi! Esqueceu alguma coisa? — perguntou.


— Na verdade, sim — respondi meio sem jeito — Comprei seu presente, mas acabei esquecendo de te entregar — Disse, retirando uma pequena embalagem do bolso, que agora estava um pouco amassada, e o entreguei.

— O que é? — perguntou, os olhinhos brilhando em curiosidade.


— Abre. Acho que você vai gostar — disse sorrindo enquanto ele desfazia o lacinho que fechava o pacote.

Pude ver seu sorriso aumentar assim que retirou de dentro dele um par de pulseiras finas, de fio vermelho com uma pequena pedra da mesma cor.


— Vi elas naquela loja perto da escola. Lembrei que você disse que não queria presentes caros, então decidi adicionar um pouquinho de cor nos seus acessórios — ri ao dizer, pois ele estava sempre usando tons de preto e cinza escuro, nunca variando.


— Tae, você conhece a lenda do akaito? — perguntou ao pegar minha mão e eu neguei, já havia ouvido falar mas não conhecia de fato a lenda — Ela diz que, quando duas pessoas estão destinadas a ficarem juntas, um fio vermelho as une. Os chineses acreditam que o fio os liga pelo tornozelo, os japoneses dizem que é pelo dedinho — apontou o mindinho em minha direção — Mas tenho uma versão melhor. Eu digo que ele une pelo pulso — disse a frase colocando uma das pulseiras em mim e a outra em seu pulso — Você adicionou todas as cores ao meu mundo, Tae. Obrigado — finalizou, me dando um selinho e sorriu.


Fiquei mais uma vez sem ter o que responder. Era incrível a facilidade que ele tinha de me deixar sem palavras. Sorri e me afastei, indo em direção a bicicleta que havia deixado no gramado, e voltei para casa me sentindo a pessoa mais feliz e completa do mundo.


Eu tinha amigos incríveis, uma família bacana e, agora, tinha Jungkook. A faculdade eu poderia decidir no futuro, pois agora, só queria aproveitar meu presente.

9 мая 2021 г. 18:21 0 Отчет Добавить Подписаться
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Об авторе

MαJυ Bookstan, apaixonada por literatura, música e escrever clichês românticos. Algumas vezes tenho uns surtos criativos e escrevo coisas legais. Taekooka desde sempre e Yoonseoka recém assumida com uma queda imensa por VHope. Em breve, alguns textos serão postados, só não sei quando. Tudo vai depender do quanto eu consigo escrever antes da minha mente ficar com preguiça ¯\_(ツ)_/¯

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