laisve Laisve

Milo acredita que uma lição pode ser tirada de tudo que acontece na vida. Depois de sua última desilusão amorosa, ele aceita que leva mais jeito como Cupido do que como amante e decide ajudar um amigo a encontrar seu par perfeito. Obviamente, não estava nos seus planos se apaixonar neste processo.


Фанфикшн Аниме/Манга 18+.

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Discrição



A ausência de desespero ou angústia era algo que o incomodava mais do que a notícia há pouco recebida.

Mesmo ele esperava de si algum traço de desalento ou amargura, afinal foram praticamente 15 meses de sua vida, se ele pensasse desde o início de sua história com aquela garota. Suspirou depositando a caixa de papelão com os poucos pertences no sofá cinza e tomando lugar pesadamente ao lado dela.


Um livro, duas camisetas, uma caixa de dominós e algumas fotografias tiradas com sua polaroid.

Pouca coisa, sem dúvidas… Notou que na realidade a caixa continha mais objetos. Reconheceu do que se tratava e mordeu o lábio chateado.


Shoko estava lhe devolvendo alguns presentes!


A corrente dourada com o pingente de coração, um chaveiro com um pequeno escorpião de pelúcia até a capa de celular vermelha com glitter que ela mesma escolheu.


Realmente a garota não pretendia manter os mimos como lembrança.


Milo fechou os olhos. Não foram poucas as pessoas que lhe advertiram sobre o envolvimento com uma mocinha tão mais nova.

Ele, então cansado da alcunha de galinha, homem piranho ou sabe-se lá o que mais, tomou a ousada decisão de endireitar.


Conhecia a família da moça, ela era estudiosa, fazia cursinho para prestar vestibular de medicina.

A irmã mais velha dela já estava no segundo ano do curso e a tia, Mayura, que as criava era irredutível: só podia namorar com mais liberdade depois que começasse a faculdade.


Aceitou a demanda de um namoro no sofá, tudo certinho. Todo aquele tempo andando de mãos dadas, poucos beijinhos e nenhuma saliência.


De certa forma era uma punição auto imposta.


Shoko não exigia muito dele, eles conversavam, saíam para jantar todo fim de semana, diziam boa noite todos os dias às 23h00…

E principalmente, ela parecia lhe devotar sincera admiração, incentivando que ele buscasse seus sonhos, voltasse a estudar, não deixasse de escrever.


No fundo, Milo sentiu muito mais forte o baque do fim do relacionamento anterior. Quem sabe isso tenha lhe anestesiado eternamente? Buscar um relacionamento calmo, sem grandes ondulações e estável parecia o melhor para si na época.


Parecia o mais acertado a se fazer. Ser um homem melhor, não olhar para os lados.


Todavia a própria Shoko tinha outros planos. E quem sabe ele mesmo tenha ignorado sinais explícitos naquele namoro discreto deles.


Assim que completou 19 anos ela trancou o curso preparatório, cortou e pintou os cabelos de um tom vivo de vermelho e avisou a todos que estava indo morar na Capital com algumas amigas com quem tinha uma banda! Que não pretendia estudar, pelo menos não por um ano.


Milo que sempre a incentivou a tocar guitarra, não tinha se dado conta de que essa era a verdadeira vocação da moça.


Verdade seja dita, ela jamais o enganou, não propriamente.


Nunca teve para com ele arroubos de afeição e em geral somente se empolgava quando estava a falar dos seus interesses particulares. Eles sequer falaram “eu te amo” um para o outro. A perspectiva de que qualquer passo no relacionamento estava atrelado ao caminhar dos estudos dela…


Com o tempo Milo era basicamente o motorista particular de Shoko e suas amigas. Satisfeito e tranquilo. Sem qualquer imposição ou cobrança dela, apenas um desenvolvimento orgânico da relação que tinham.

E quem sabe, passada a euforia inicial assim que firmaram o namoro, apenas um bom amigo para ela.

Ainda assim, ele não tinha nenhum ressentimento. Lamentando, estranhamente, apenas que ela houvesse devolvido os presentes.


Que foram sim dados de coração.


Olhou em volta sentindo que seu minúsculo apartamento era grande demais para ele naquele momento.

Milo sentia-se muito sozinho.


Sentiu o celular vibrando em seu bolso. Não queria atender ninguém. Pescou o aparelho e viu duas chamadas perdidas de Kardia e uma de Aiolia. Depois enviaria alguma notícia a eles. Naquele momento desejava fortemente um café, ou chá. Qualquer coisa quente em seu estômago, além do nó paradoxalmente vazio que o perturbava.


Talvez não fosse realmente alguém forjado para os relacionamentos, passou toda sua adolescência e a maior parte de sua juventude acreditando que não se aguentaria uma semana sem sexo; e por quantos meses tinha se virado apenas… Sozinho?


A noção de vazio, a noção de tempo, tudo misturado e efêmero. Estava esgotado.


Fechou os olhos pelo que lhe pareceu ser apenas um instante e acordou com a campainha.


Levantou atordoado e abriu a porta sem verificar o olho mágico.

A sua frente ainda metido num macacão sujo de mecânico Aiolia o encarava com a expressão de quem não tem mais paciência alguma com outro ser vivo.

— Custa atender seu telefone? Me fazer atravessar a Cidade depois de um dia escroto de trabalho só para vir aqui checar se o senhorito está inteiro… Liga para o Kardia, seu irmãoestá preocupado!


Foi falando e entrando no apartamento, já se dirigindo ao lavado onde lavava as mãos ainda resmungando.


Milo fechou a porta sorrindo de leve. Aiolia Íroas era seu melhor amigo desde sempre. Passaram a maior parte da infância e adolescência metidos em brigas com outros ou entre eles mesmos, mas se amavam como irmãos.


Sabia que se o mecânico estava lá, era um sinal antes de mais nada de sua preocupação, ainda que ele não deixasse isso claro.

— Como se atravessar esta Cidade fosse algo muito custoso… Tsc… Peguei no sono. Não tinha motivo para ninguém ficar preocupado. Mas, agradeço, vou escrever uma mensagem para ele. Você quer uma roupa emprestada? Se duvidar tem algo seu aí, até daquele dia que fomos para a represa. Toma banho, vamos jantar?Acho que preciso passear um pouquinho… — Fez um bico falso e alargou o sorriso quando Aiolia girou os olhos.

— Tá, vamos sim, Estou com fome mesmo. Me empresta uma toalha. Que roupa minha tem aqui? — Os dois seguiram para o quarto e Milo abriu o armário e retirou de uma das gavetas um saquinho de tecido e o entregou ao amigo.

— Aqui, as roupas que você esqueceu na represa quando foi embora com aquela morena… — Os dois dividiram um olhar divertido — Aliás, nunca mais você falou dela.

— Aãhn… Ela era um pouco complicadinha, no primeiro dia estava toda livre e desencanada, quando saímos de novo já queria sei lá… Marcar o casamento.

— Que exagero Aiolia! — Milo riu enquanto entregava uma toalha limpa ao outro homem. — Você sempre colocadefeito nas moças, deveria dar uma chance e tentar um pouco mais… — Calou-se, ele tinha tentado por um longo tempo e de que havia adiantado?


Aiolia pensou em retrucar, todavia, apesar de sua tendência à irritabilidade entendia que este não era um um bom momento para o amigo, então deu de ombros e conferiu o conteúdo do saquinho. Torceu o nariz. Havia uma cueca boxer azul lá e uma regata, além de uma bermuda leve de tecido tactel que nem se lembrava mais que possuía. O tal passeio na represa tinha acontecido no mês anterior.

— Eu te empresto uma calça e uma camisa, pelo menos tem cueca aí.

— Certo Maçãzinha, obrigado… Como você está? — Perguntou finalmente enquanto Milo escolhia uma camisa entre seus cabides. Entregou uma camisa cinza clara de mangas curtas ao visitante.

— Vai ficar legal com a regata preta… Então, eu não estou mal. Nem sei explicar. Talvez todo mundo estivesse certo e o relacionamento fosse mesmo mais uma amizade. — Suspirou enquanto passava a procurar um jeans pro amigo — Pelo menos a Cobrinha não está mais certa sobre isso… Eu posso sim ter amigas mulheres.


Aiolia e Milo tinham o mesmo tipo físico, altos e fortes sem exageros, o mecânico nem precisou provar para saber que as peças serviriam seu corpo sem problemas. Ele não discordava do que o amigo havia dito. A Cobrinha em questão era uma ex de Milo, Laura, a que todos chamavam de Shaina por motivos a ele desconhecidos, e com quem o amigo havia entre idas e vindas namorado por pelo menos 3 anos, o que configurava seu relacionamento mais longo.


Os dois viviam em pé de guerra ou colhendo os louros da reconciliação, um panorama bastante cansativo e raso aos olhos de Aiolia, ainda que ele mesmo jamais tenha namorado por um longo tempo.


Aiolia, por sua vez, passou quase toda a adolescência com a mesma namorada: Marin, e depois do término nunca mais aprofundou nenhum relacionamento romântico.

Ambos tinham completado vinte e seis anos no ano anterior e era praticamente uma vida as voltas um com as manias do outro.


Enquanto Aiolia tomava banho Milo retornou a sala e tratou de escrever uma mensagem para o irmão. Comunicou que estava bem, que ele não deveria ter incomodado o Íroas mais novo, mas já que assim tinha sido ele e Aiolia estavam saindo para jantar.


No tempo em que o amigo levou para se arrumar Milo se dedicou a analisar algumas possibilidades de lanchonetes e restaurantes. Acabou por se decidir pelo Restaurante Chinês 5 Picos, o predileto deles no Bairro de Rozan.


Aiolia apareceu na sala mais bem humorado depois do banho e carregando o macacão e as outras peças sujas nas mãos. Nem precisou pedir e Milo tratou de entregar-lhe uma sacola de papel.

— Vamos no meu carro, depois você pega o seu aqui, pode ser? — Perguntou já procurando pelas chaves que nunca se lembravaonde deixava quando chegava em casa.

Milo dirigia um carro popular e econômico, que funcionava muito bem graças aos cuidados do presente amigo. Ele não usava muito este veículo, já que passava o dia todo com a caminhonete da Estufa Nyman entre entregas e outras tarefas.

— Está bem — Aiolia concordou, me empresta um par de meias, não quero colocar as minhas sujas… — Milo jogou para ele uma bola preta das meias.

— Novinhas, pode ficar de presente!


Aiolia pegou no ar o arremesso e riu de canto cheirando o tecido para apreciar aquele cheirinho de roupa nova e terminou de se arrumar. Milo jogou para ele um frasco de desodorante. Aiolia pegou no ar novamente, por puro reflexo.

Agradeceu e aplicou o produto aerossol nas axilas.


Seguiram até o restaurante conforme planejado e chegando lá se depararam com o salão relativamente cheio. Não tinham mesas vagas, então se dirigiram ao balcão. No meio do caminho o aceno de uma mão enorme chamou a atenção de ambos.


Sozinho em uma mesa Aldebaran Monteiro, o dono da Academia de Ginástica Taurus os convidou para que ocupassem os lugares vagos, assim, os três jantariam juntos. Aldebaran era dois anos mais velho que eles e tinha estudado na mesma escola. Fez carreira como lutador de MMA por algumas temporadas e depois se aposentou do esporte. Havia se formado em Educação Física e há quase um ano abriu sua academia. Aiolia frequentava o estabelecimento quase todas as manhãs antes de iniciar seu turno na oficina.


Aldebaran, ou Debas, era uma pessoa agradável e bem humorada. Um contraste marcante com sua aparência quase agressiva, compleição de gigante beirando os 2 metros de altura e estrutura impressionantemente talhada pelo esporte e pelos exercícios. Tinha olhos gentis, escuros e brilhantes como seus cabelos e a pele morena. Um tipo que não passava despercebido, definitivamente. Milo, em determinado momento captou um olhar afiado, que conhecia muito bem na direção da mesa deles e uma ideia começou a tomar forma em sua mente.


O jantar transcorreu tranquilamente com Aiolia e Debas comentando sobre futebol e alguns treinos da academia. Milo pediu o cartão do dono da academia que lhe entregou um, sorrindo simpático.


Enquanto Aiolia e Debas aguardavam para efetuar o pagamento pediu licença e se levantou seguindo em direção do banheiro. Parou ao lado de uma mesa discreta, onde uma mulher jantava sozinha. Ela ergueu para ele seus olhos verdes e antes que abrisse a boca carnuda para falar qualquer coisa Milo lhe estendeu o cartão de Aldebaran.

— Eu sei que você não é mulher de rodeios, então, deveria logo ligar para ele ou pelo menos aparecer na Taurus, com certeza ele vai corresponder a esses seus olhares, Shaina. Debas é uma pessoa maravilhosa, apenas quem sabe mais tímido que aquele tamanho todo sugere…

Por um instante ela pareceu disposta a reclamar, no entanto subitamente sua expressão se suavizou em um belo e raro sorriso. Ela coletou o cartão o guardando entre as duas mãos.

— Obrigada Milo. Pela ajuda e por sua discrição.

Milo sorriu e piscou um olho para ela retornando para sua mesa onde os outros já tinham pagado a conta.

— Vamos? — Perguntou animado.

— Ué, desistiu do banheiro? — Aiolia questionou já notando que Milo tinha aprontado algo.

— Sim… Tinha fila, eu vou lá em casa mesmo. — Deu de ombros ao questionamento silencioso de Aiolia e percebeu o longo olhar que Aldebaran lançou, por sobre seus ombros, na direção da mesa onde estava Shaina e sorriu consigo mesmo. — Sabe quem eu vi Aiolia?

— Quem? — Sentiu vontade de rir da expressão teatral de Milo.

— Shaina. Ela pareceu bem. Fico feliz que a gente é amigo hoje em dia.

— Vocês são só amigos? — Aldebaran perguntou mal disfarçando o interesse. Aiolia percebendo o que o amigo estava fazendo apenas ergueu uma sobrancelha e entrou na conversa.

— Eles namoraram na adolescência Debas, tipo na pré-história do Milo, a mulher é livre. Você nem deveria sequer pensar na opinião de terceiros.

O mais alto corou levemente meneando a cabeça em concordância e não evitou um sorriso que certamente deixava seu rosto mais simpático. Na verdade era tímido, mas não mencionaria isso aos outros dois.

— Bom saber. — Afirmou olhando Milo diretamente.

— Ótimo, dei seu cartão para ela. Agora não vacila, hein! — Milo deu um tapinha no ombro de Aldebaran e os três riram. — Essa mulher te dá mole tem algum tempo e você se faz de desentendido por besteira.

Aldebaran Monteiro era um homem antes de mais nada ético, e apesar de considerar Milo como amigo, não tinham tanta intimidade para que tivesse lhe perguntado, anteriormente e tendenciosamente, sobre sua ex-namorada.


O fato é que a mulher de cabelos escuros e personalidade forte o encantava desde a primeira vez em que a notou. E agora finalmente tinha certeza de que não estaria criando nenhuma intriga com Milo, e principalmente que não quebraria a cara com ela. Tinha medo de ser rejeitado. Já que a seus olhos Shaina era perfeita e a chance de que ela lhe desse alguma atenção era quase mínima.


Por sorte estava aparentemente enganado, refletiu satisfeito quando se despedia dos outros homens.


No fim a noite de Milo terminou melhor do que esperava. O jantar foi divertido e o fato de ter dado esse empurrãozinho para Shaina e Debas era algo que o agradava profundamente. Há uns muitos meses ele já vinha percebendo o interesse dela, mas como era algo sutil e ele não queria se intrometer deixou daquela forma. Nesta noite, entretanto, algo o impulsionou.


Antes de dormir, Milo estava com uma certeza. Talvez, ao invés de procurar outra namorada, ele devesse se dedicar a unir casais. Em seu coração soube que tinha feito algo bom por Shaina e Aldebaran.

"Sim! Ele seria um tipo um cupido de Cidade pequena".


Adormeceu contente.






21 января 2021 г. 22:27 0 Отчет Добавить Подписаться
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