aloucadoscavalos A Louca dos Cavalos

Deméter transformada em uma égua branca fugia de Poseidon que lhe perseguia como um garanhão marrom, a deusa acreditando estar abandonada à maldade do irmão, é surpreendida por um corcel negro misterioso. Os machos travam uma batalha mortal pela fêmea e a escolha da deusa mudará o sentido de sua vida para sempre. O Olimpo enfim, vivenciará tempos de colheita.


Короткий рассказ Всех возростов.

#deméter #mitologiagrega #zeuspaidetodos #incesto
Короткий рассказ
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Dois Corações Juntos

História participante do desafio #ZeusPaiDeTodos.

Fiz este conto para dar uma realidade alternativa a acontecimentos perturbadores presentes na mitologia e um destino digno aos dois personagens que eu amo mas não são destaques dentro da mitologia.

Conto escrito com puro amor sobre algo que eu amo. Boa leitura!

Música Brother Under the Sun - Bryan Adams - Spirit O Corcel Indomável.

Aviso de incesto.


A égua branca galopava velozmente pela planície e desesperada, suas patas erguiam terra e grama seca, seu medo e preocupação deixava um rastro como o odor de um cio para o seu perseguidor. Um garanhão zaino corria atento na retaguarda do seu alvo, o favônio aliciava sua perversidade e reforçava seu reflexo de fleming pela fêmea.

Deméter estava envolta de trevas, o solo morto abaixo de si recebia todo seu tormento que era transmitido a toda vida que uma vez houve sobre a terra, cega de dor pela perda de sua filha procurava por alguma caverna que lhe indicasse a entrada para o submundo, no entanto seu pânico não se resumia apenas a este motivo, estava sendo importunada por Poseidon que queria-lhe possuir com todo desejo reprimido.

Saltou para trás ao perceber que havia se encontrado na beira de um precipício e estando fraca não poderia utilizar seus poderes para atravessar, tentou fugir mas foi cercada pelo cavalo e então correu contra ele soltando um guincho intimidador e quando ele se aproximou, girou coiceando-o por trás várias vezes, ganhando tempo para fugir mas novamente foi bloqueada e dessa vez, recuou com o relincho estrondoso e ameaçador do macho. Estava impaciente com a recusa de sua irmã durante anos e agora estava decidido em tê-la independente da maneira, encurralou-a se impondo golpeando a terra com os cascos, as narinas dilatadas e os olhos injetados soprando o ar fortemente fazendo a respiração subir e descer, circundou a égua que escapou amedrontada e a fez parar mordendo-lhe a garupa, manchando-a de vermelho, destruindo-lhe a pureza.

A deusa sentia as patas tremendo e o pavor entalado na garganta, seu coração despedaçado pela separação com Perséfone desejava que fosse capaz de morrer, pensava na primogênita a todo instante e assim um sofrimento aliviaria o outro, seria iminente ser salva da líbido do deus, fechou os olhos. Um som de trovão lhe fez remexer as orelhas, era um relincho intenso que parecia cortar o véu do tempo e o ruído fez ambos paralisarem, o corcel negro trotava pela mesma planície trazendo um rastro de vida no solo, flores brotavam sob as pisadas, crina e rabo ao vento e uma rapidez impressionante.

Cronos estava passando pelo local quando notou o rastro de destruição e decidiu seguir, porém ficou surpreso de encontrar os dois deuses transformados, sabia que não se tratava de um animal natural e a cena que presenciou não lhe agradou, estava prestes a testemunhar um estupro e interpôs demonstrando sua irritação com a cauda batendo e raspando a pata no solo. Poseidon ultrajado por ter sido interrompido em sua monta, investiu contra o rival aceitando a proposta de briga pelo domínio da égua, sabia que nunca perdia uma mulher sendo deusa ou humana, trotou ao redor do corcel encostando as cabeças em cumprimento.

Por alguns minutos poderia ser considerado uma interação pacífica entre os cavalo, como se o momento estivesse pausado e a guincha bisbilhotando.

Barulhos de cascos se chocando quebrou o silêncio, a iniciação de coices dianteiros demarcou a batalha, os dois animais empinavam brandindo suas patas contra o pescoço, garganta e rosto um do outro como se fossem espadas, um golpe seria fatal e a fúria os incitava.

O garanhão preto abaixou as patas mais rápido, desviou do ataque mordendo a espádua do rival e correu ganhando tempo. O corcel castanho seguiu-o furioso com as orelhas para trás saindo da linha de coice e o surpreendendo pela lateral com uma mordida na perna.

Poseidon tomou-lhe a frente disparando coices traseiros contra ele mirando sua cabeça e garganta, quebrando a mandíbula e acertando-lhe com a potência de um tsunami fazendo ondas carregarem o cavalo em um redemoinho e lhe afogarem na enchente, porém Cronos se recuperou levantando-se e travando nova batalha de cascos e golpeou-o em torno do pescoço, seus cascos furando a pele, retirando carne e sangue, todas pancadas precipitadas que antecipou o tempo de ataque, tornando impossível ele defender.

Senhor do mar e senhor do tempo em um combate travado em aparências distintas mas com velhos ressentimentos de pai e filho, ataques equipados com ondas, tsunamis e maremotos contra golpes antecipados em segundos, minutos, horas, dias, semanas, meses e anos.

O descendente estava ferido, o pelo marrom brilhava de machucados, o pescoço estava baixo devido os ferimentos e incapacitado de mexer e o progenitor tinha os dentes quebrados e tortos, o corpo estava molhado e o sangue escorria abundante de sua boca destruída, Poseidon podia ter a fúria dos mares a seu favor e defesa, no entanto Cronos possuía o tempo em seu comando, adiantar ou atrasar o período de qualquer coisa. Quando o deus tentou correr, o titã lhe bloqueou o caminho dando uma pirueta e ao girar meteu os cascos traseiros no peito do jovem com a potência de mil anos, o corcel zaino havia se empinado balançando as patas dianteiras e foi atingido no peito e no braço caindo manco na frente, o garanhão negro soltou um rugido raivoso e desembestou atrás dele e o cavalo rival deslizou correndo mancante para longe da planície.

Poseidon sabia que sem a ajuda dos irmãos não venceria o pai em mais uma luta e Cronos sabia que se estivessem sozinhos teria matado-o.

Deméter abriu os olhos, que havia fechado quando a luta tornou-se sangrenta, alguma parte dentro de si estava feliz e receosa pelo animal que lhe protegeu, deu alguns passos até ele soltando um ronco de cumprimento em agradecimento, que foi retribuído por igual. O deus caminhou até uma área afastada e raspou a pata no chão fazendo brotar um pé de macieira alto, vasto e delicioso com maçãs vermelhas suculentas, mexeu o pescoço convidando-a, a deusa acatou soltando um grunhido alegre.

O macho pulou abocanhando delicadamente a fruta e estendeu para ela, trotando no lugar como se exibindo, a fêmea partiu a metade dividindo com ele para comerem, feliz o cavalo deu um coice na árvore derrubando as frutas para que ela se alimentasse.

Com o passar dos dias, os cavalos tornaram-se inseparáveis, Deméter ocupou momentaneamente a mente e o coração com o novo companheiro, ela não reconheceu que era o seu pai, já Cronos não a via como filha ou deusa, apenas como uma égua por quem havia se apaixonado e iria conquistá-la incontestavelmente, soltou um sopro próximo a égua mordiscando-lhe a linda e longa crina branca dando saltitos ao redor, demonstrando o interesse e a expectativa em ser aceito por ela, afinal saiu vencedor de uma luta mortal. A fêmea emitiu o mesmo som mas com uma conotação de namoro, soltou o ar pelas narinas com excitação e correspondeu ao macho empinando-se e dando um giro em redor, agitando as patas amistosamente e saiu galopando soltando um relincho em convite.

A crina negra enrolada agitava, o solo abaixo das patas brancas criava vida pois resplandecia a felicidade novamente no coração da deusa da agricultura e os prazos parecia ser novamente infinito nos limites do amor do deus do tempo. Cronos sequer sonhava que se apaixonaria por uma égua e jamais estivera tão satisfeito em vencer e conquistar os interesses de Poseidon.

Quando cansaram-se estavam em uma mata que continha um lago, onde nadaram em círculos fazendo desenhos nas folhas caídas na superfície da água e ao se chacoalharem, bateram as cabeças e então esfregaram-se em carícia romântica e passaram a noite juntos, assistindo as estrelas cadentes riscarem o céu e chover granulados brilhosos sobre eles, o corcel negro protegeu-a em vigília.

Deméter sentia-se pesada avançando os dias e a sensação lhe era familiar, porém não na mesma intensidade, seu ventre carregava duas vidas, a barriga da égua parecia prestes a explodir e os cuidados de um pai zeloso ela recebia, Cronos não lhe deixava faltar alimento com seus poderes de agricultura, acompanhava-a sempre até a beirada do lago e assim incentivava as movimentações diárias que deveria ter para a saúde dos filhotes. Na larga e aberta pradaria sob o pálido céu da manhã, aos relinchos doridos da mãe e a supervisão grossa do pai, os dois irmãos nasceram.

Árion, o deus cavalo que já nasceu voando, chamando pela mãe e prevendo o futuro e Quíron, o deus centauro que já nasceu curando a mãe, iluminando a constelação no céu e recebendo sabedoria medicinal.

Como os gêmeos foram frutos de um romance, nenhum foi abandonado e ambos receberam amores materno e paterno.

Deméter para amamentar o potro permanecia na forma de égua mas para o mestiço, voltava a sua forma humanóide e foi então que surpreendeu-se ao ver que o cavalo por quem se apaixonou, era seu pai Cronos, no entanto estava feliz e não o via assim, era seu marido e pai de suas crianças. Abraçaram-se e juraram votos para esta nova vida, levaram os filhos para aprenderem a andar e logo corriam pela campina.

Os gêmeos se amavam e principalmente, adoravam suas diferenças. Quíron idolatrava as asas, o corpo negro e a leveza do corcel, que não deixava rastros na vegetação, parecendo uma pluma. Árion venerava os braços grossos, o corpo negro e o peso do centauro, que do contrário amassava e convertia em farelos as plantas, como um chumbo.

Os dois eram mesmo irmãos sob o Sol.

Enquanto caminhavam de mãos dadas, a grama fazendo cócegas sob os pés, o casal revelava a razão para terem se encontrado, Cronos contou que havia ido procurar Zeus e acabou se deparando com Filira, que a ninfa se transformou em égua para fugir de si e mesmo transformado em cavalo decidiu deixá-la ir embora, já Deméter desabou nos braços do parceiro ao contar que procurava sua filha Perséfone cuja fora raptada por Hades e escapava de Poseidon que queria possuir-lhe. O titã aconselhou-lhe a voltar ao Olimpo e exigir que Zeus devolvesse sua filha e que a apoiaria na decisão, os olhos perdidos da mãe desalentada sorriram com as sábias palavras do cônjuge, a deusa reuniu os recém paridos filhos e voltaram para a morada celestial.

Cronos como havia sido libertado pelo filho que lhe destronou, permanecia nas moradias e portanto sua presença não surpreendeu o panteão, do contrário sua irmã Afrodite lhe recepcionou feliz. A deusa pesarosa gritou com o deus supremo o obrigando a devolver sua única filha, viva e liberta das garras podres do deus da morte.

Tiveram longos dias de discussões, Deméter se manteve impassível com sua ameaça de destruir toda a natureza, os animais que habitavam a terra e os humanos preciosos de Zeus. O deus do trovão conseguiu enviar Hermes para negociar com Hades, que permitiu a libertação da jovem no entanto, apenas após comer uma romã que ligaria ela a seu tio abusador durante um terço do ano.

Ambas, mãe e filha choraram no chão ao abraçarem-se felizes e saudosas. Emocionada, Deméter apresentou Perséfone aos novos irmãos Árion e Quíron e a antiga dupla virou um trio. Os gêmeos admiravam a beleza da irmã e em como ela era tão graciosa e delicada, quanto uma pétala de flor.

Os três se tornaram mesmo irmãos sob o Sol.

Cronos anunciou o casamento com Deméter e apresentou corretamente os novos filhos e deuses para o Olimpo. Estavam em festa.

Deméter amava e paparicava Perséfone durante o verão, o outono e a primavera, no inverno a única coisa que lhe permitia superar a destruição de seu coração pela separação, eram os remendos costurados pelo amor de Árion, Quíron e Cronos.

Mas lá no fundo a deusa sabia, que sua filha sempre teria uma voz chamando-a para casa e anunciando os tempos de colheita, de colher o amor que desabrochou na devastação.

25 ноября 2020 г. 13:51 5 Отчет Добавить Подписаться
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Об авторе

A Louca dos Cavalos "A escrita é como um cavalo selvagem, em que não consegue segurar-lhe as rédeas; porém se surpreende ao deixar livre." By Daniele de Fátima Silva ♞♥♞ Perfil de Daniele de Fatima Silva Sou uma escritora amadora que carrega a mesma paixão pela escrita dos escritores profissionais.

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Anne Claksa Anne Claksa
Olá Confesso que me surpreendi com essa história. Foi bem intensa, dramática e com uma grande reviravolta. Imagino como deve ter sido intensa a batalha entre Cronos e Poseidon, como você descreveu, era muito mais do que dois corcéis duelando, eram pai e filho, colocando todas suas desavenças frente a frente. Deméter conseguiu ficar em companhia de sua filha por algum tempo, isso enchia seu coração de alegria. Mas, quando Perséfone vai embora, Deméter é envolvida por tristeza. Porém, ela não está mais sozinha, Quíron e Árion estarão sempre ao lado dela para lhe dar alegria. Adorei! Parabéns pelo conto, Até a próxima!!!
Inkspired Brasil Inkspired Brasil
Olá, Daniele! Gostaríamos, primeiramente, de te agradecer por ter abraçado um de nossos desafios. Fizemos o #ZeusPaiDeTodos com muito carinho, pensando especialmente em vocês, e receber esse retorno com contos apaixonantes como o seu nos motiva cada vez mais. Tempo de colheita já se inicia trazendo uma premissa intrigante através da sinopse: os deuses presentes no conto transformados em equinos, com Deméter personificada em uma égua branca enquanto é perseguida por Poseidon, um garanhão castanho. Bom, pelo seu nome dentro do Inks, já imaginamos o motivo de ter escolhido essa transformação, e achamos muito interessante aliar sua paixão à proposta do desafio. Realmente, um destaque na originalidade de sua obra! Ao iniciarmos a leitura, nos deparamos com uma batalha entre cavalos e com palavras específicas relacionadas ao comportamento desses animais. Isso é de uma riqueza imensa para o texto e reafirmou o quanto você admira e conhece esses animais. E apesar de vermos uma introdução agitada, com uma luta travada pelo bem maior de Deméter, o desenvolver da narrativa se mostra repleto de um sentimento de completude, em principal se falarmos sobre o desenvolvimento do casal principal; tão inusitado quanto a premissa, mas se tratando de mitologia grega, o incesto está longe de ser um tabu. A união de Deméter e Cronos foi desenvolvida lenta e calmamente, nos dando todos os detalhes possíveis sobre o tempo que desfrutaram juntos, o que nos permite observar a evolução de seu relacionamento enquanto nós, como leitores, ficamos na expectativa por suas reações quando descobrirem a identidade um do outro; ainda bem, tudo permanece em sua devida calmaria quando isso acontece. Devemos mencionar também a ideia de usar os filhos originais deles, porém com outros parceiros, que foi muito interessante: em principal no que diz respeito a Quíron, um centauro — o que faz sentido se pensarmos que ele nasceu após os pais terem tido relações enquanto transformados em cavalos. Em relação à gramática e ortografia da história, notamos algumas coisas que poderiam ser revisadas, como a pontuação. No entanto não é nada que tenha atrapalhado nossa leitura e compreensão da história. Ficamos muito felizes com sua participação e por poder ter lido seu conto. Esperamos vê-la em mais desafios. No mais, os resultados estarão disponíveis nas mídias sociais oficiais do Inkspired Brasil logo mais, dia 26/11. Fique de olho e boa sorte! 🤍
𝐏𝐒𝐘𝐂𝐇𝐎𝐂𝐀𝐓 . 𝐏𝐒𝐘𝐂𝐇𝐎𝐂𝐀𝐓 .
Olá, Daniele! Primeiramente, obrigada por participar do #ZeusPaiDeTodos. Lendo sua história, entendi quando você mencionou no grupo do Facebook sobre ter um pedacinho da minha. XD Bom, você irá receber um comentário mais detalhado feito através do perfil oficial da Embaixada Brasileira, mas enquanto isso eu vim aqui deixar minhas impressões individuais sobre sua história. E que história! E incontestável o quão você trouxe originalidade para seu conto, aliando a mitologia aos cavalos que você tanto gosta. A história é tecida de maneira inesperada, equilibra momentos de tensão com cenas apaixonadas. Meus parabéns pelo seu trabalho! Um abraço e nos vemos novamente em breve.
Alexis Rodrigues Alexis Rodrigues
Eis um ship inusitado e inesperado que eu acabei gostando ♡ Adorei ver Poseidon se lascando ehehehehe me senti vingada
Karimy Lubarino Karimy Lubarino
Caramba, essa história foi bastante intensa. Eu gostei bastante da luta, Cronos aparecendo para proteger a deusa transformada sem nem mesmo ter moção de quem ela se tratava ser. Achei bem interessante o fato de você ter usado os filhos originais dele para transformarem-nos em filhos dos dois. Foi uma grande ideia, em principal com relação a Quíron, que acabou tendo tudo a ver com a narrativa. Adorei o desfecho e saber que, no fim, tudo deu certo para Deméter depois de ter passado por tantas coisas ruins, em principal com relação à filha. Parabéns pela história!
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