Black Widow Energy Подписаться

BLACK WIDOW ENERGY

“Hmmm… Naruto ainda não chegou…” Hinata pensou assim que abriu os olhos naquela manhã e não sentiu nenhum peso do seu lado na cama. Observou os raios solares que entravam pelas frestas da janela notando que era mais tarde do que ela imaginava e confirmou isso ao olhar as horas no iPhone.

Espreguiçou-se para espantar a preguiça e levantou logo em seguida, indo em direção ao banheiro, precisava dar um jeito em sua franja que já caia nos olhos a impedindo de enxergar direito. De pé em frente ao espelho ela analisou o corte de cabelo chanel que já tinha a alguns anos, talvez fosse hora de mudar? Cortar mais… ou até mesmo pintar, quando seu noivo chegasse, ela perguntaria sua opinião.

No silêncio que era aquela casa de praia sem Naruto, de quem estava noiva, ela procurou a tesoura de cabelo e começou a aparar as pontinhas da franja que a incomodavam. Foi quando terminou e já se encarava sorrindo em frente ao espelho que escutou barulhos que pareciam vir da sala. Todo seu corpo se arrepiou com uma possível invasão, não podia ser Naruto, ele sabia que ela não gostava de surpresas e tinha mandado uma mensagem mais cedo lhe informando que só chegava a noite, e as visitas sempre batiam à sua porta, que estava trancada.

Quando seus ouvidos notaram que o barulho tinha cessado, ela escondeu a tesoura de ponta fina nas costas e na ponta dos pés atravessou o corredor que dava acesso a escada para chegar na sala. Ainda camuflando sua presença, fechou os olhos que tinham uma coloração lilás única e quando os abriu, de lilases tornaram-se brancos com as veias ao seu redor proeminentes.

Com aqueles olhos ela podia enxergar qualquer coisa numa distância de 50 metros e tinha uma visão de 360 graus, o seu único ponto cego era atrás da nuca sobre a primeira vértebra. No mundo atual, com vingadores, monstros alienígenas, e heróis de vizinhança, ela era só mais uma, mas preferia esconder sua mutação, a usando apenas para proteção de si e de pessoas próximas — que eram só Naruto e seu gatinho, Kurama.

Saindo de seu esconderijo, ela suspirou ao descobrir quem estava importunando sua paz: o passado que ela fingia não existir.

— Hinata Hyuuga — o homem que estava sentado em seu sofá com as pernas cruzadas elegantemente disse com um sorriso venenoso nos lábios — ou devo chamá-la de Hanabi? É o seu nome agora, não é?

— Achei que tinha deixado claro que nunca mais queria saber de você Orochimaru, nem da S.H.I.E.L.D — ela o encarou por alguns segundos, antes de relaxar os músculos e descer as escadas lentamente.

Sem pretensão de continuar aquela conversa, ela sentou na frente do ex-mestre que possuía novos fios brancos ao longo do cabelo escuro que lhe escorria pelos ombros. Tê-lo tão perto assim a enchia de memórias e era por isso que se afastou de toda sua antiga vida, não suportava quando os flashes das lembranças vinham.

Nunca iria admitir, mas era agradecida por tudo que Orochimaru fez por ela, e até nutria um certo carinho pelo homem sentado no seu sofá com o uniforme da S.H.I.E.L.D, mas nunca iria conseguir perdoá-lo por tudo que lhe tirou. Era impossível olhá-lo e não imaginar como sua vida poderia ter sido diferente. Poderia ter tido uma família normal. Ser uma pessoa normal. Ter uma infância e adolescência normal.

A lembrança de quando foi tirada das mãos de seu pai ainda estava nítida. O choro… A promessa que tudo iria ficar bem… A falsa ilusão que aqueles olhos poderiam salvar vidas…

05 anos

“[...] Os olhos lilases estavam vermelhos de tanto chorar, queria voltar para seu pai, seu primo, e até mesmo sua madrasta, queria conhecer sua irmãzinha que estava perto de nascer. Desejava tanto estar no conforto de seu futon e aquilo tudo ser só mais um sonho ruim. Aquele avião era tão frio e ela estava tremendo tanto.

— Hi-na-ta — um homem de cabelos escuros longos se ajoelhou na sua frente — meu nome é Orochimaru e estou aqui para tirar todas suas dúvidas.

— E-eu posso vo-voltar para ca-casa? — A pequena Hyuuga perguntou com a voz trêmula.

— Ainda não querida, estamos a caminho de Moscow.

— Moscow...? — Ela arregalou os olhos, então estava saindo do Japão?

— Sim… Lá é bem bonito, prometo te levar para uma apresentação de balé assim que possível — disse bagunçando a franjinha gorda da criança — você sabe porque está indo para Moscow? — Ela negou com a cabeça — Você não deve conhecer… mas trabalho para o Departamento X, nós protegemos todo o mundo, e você é muito importante para nós.

— Porque eu…?

— Seus olhos Hinata… são especiais, com eles você pode ver qualquer coisa.

— E-eu tenho medo deles… — A pequena se lembrou das noites em que acordava assustada com as veias ao redor de seus olhos expostos.

— Você não precisa ter medo de você mesma Hyuuga, e eu estou aqui para te ajudar a controlar o seu dom — assegurou se levantando — seus olhos vieram direto da lua, querida.

— Lua…?

— Você não tem ideia do quanto é especial, Hinata — o homem tirou o próprio paletó e o colocou em Hinata, que agradeceu e com o calor que lhe foi proporcionado, deixou-se levar pelo cansaço e dormiu, sonhando com a lua.”

— Eu trago novidades — Orochimaru anunciou cruzando as pernas elegantemente — vou ser bem direto e peço que me desculpe… seu amado Uchiha está vivo.

— Mentira — girou a tesoura nos dedos com uma expressão de ameaça no rosto.

— Depois daquela tragédia… nós da S.H.I.E.L.D conseguimos trazê-lo de volta, mas… ele só acordou agora depois de todos esses anos em coma.

— Você só pode estar brincando com minha cara — ela gargalhou com ironia — porque vocês não me contaram antes? O que diabos fizeram com ele?

— Não tínhamos certeza se ele aguentaria, o encontramos muito fragilizado, não queria te dar falsas esperanças, você já estava… desequilibrada — respondeu sem conseguir encarar o rosto de sua ex-aluna, aquela mulher era seu ponto fraco, a criou como uma filha, e apesar das desavenças sabia que ela também nutria carinho por ele.

— O que vocês fizeram com ele?

— Testamos… uma mutação em seus olhos, estava cego quando o encontramos.

— Pelos deuses… é claro! Vocês só pensam nessa merda! — As veias de seus olhos saltaram — Ele ainda é a mesma pessoa, pelo menos?

— Sim, e ele quer te ver — informou já se levantando.

— Onde?

— Amanhã meu avião sai às 10, mando o endereço por mensagem.

— É claro que você sabe meu número.

— Eu sei tudo sobre você, Hyuuga — Orochimaru já saía pela porta quando acenou com o rosto uma despedida silenciosa.

15 anos

“[...] Ela respirava com dificuldade, a kunai afiada em suas mãos estava apontada para a garganta de sua oponente naquela tarde de treino: Sakura Haruno, que tinha uma força incrível nas mãos, porém se movia lentamente, facilitando para Hinata, que quase sempre vencia as simulações de luta.

— Eu faço isso a mais tempo que você, só isso — a Hyuuga disse ativando a linhagem assim que percebeu alguém se aproximar — em breve você estará me vencendo.

— Você sempre diz isso — Sakura se dirigia ao bebedouro com um bico nos lábios.

— Akemi Kobayashi, Tsunade te espera em sua sala.

— Certo… Até mais, Saky! — Exclamou se despedindo da amiga e indo em direção as escadas, fazia anos que não era mais Hinata Hyuuga.

Depois de subir 6 andares sem nenhum esforço, chegou no corredor onde a sala de Tsunade ficava e silenciosamente esperou até que fosse permitida sua entrada. Ao abrir a porta de madeira, ficou surpresa ao ver a Diretora de seu departamento servindo-se de vodka tão cedo.

— Akemi Kobayashi… você sabe o que é uma viúva negra? — Disse lhe dando um sorriso — É um gênero de aranhas conhecido por praticar canibalismo sexual, interessante não? Você também é uma garotinha muito interessante… Você já ouviu falar da sala vermelha?

— É onde treinam… as outras — no departamento X existiam duas espécies de treinamentos: a sala vermelha era onde meninas eram melhoradas biologicamente para se tornarem espiãs, e a sala branca, que utilizava meninas e meninos que já nasceram com mutações e os transformam em espiões também.

Pelo que ela sabia, eles tinham bem mais regalias que as garotas da sala vermelhas, além do treino ser apenas para aperfeiçoar seus poderes, não passavam por sessões de agulhadas, com exceção dela, claro. Desde seus 12 anos, Orochimaru lhe injetava o que dizia que iria aperfeiçoá-la e impedir que envelhecesse mais rápido. Era um soro melhorado que ele fazia apenas para ela, para si mesmo, e para seu fiel assistente, Kabuto.

— Vamos falar sobre o Black Widow Ops Progam hoje Hinata… Normalmente, não dou minhas garotas, mas você é especial, e a partir de hm… agora? Você é uma viúva negra e não vai ser mais instruída por mim, mas sim por Pyotr Vasilievich.

— Eu vou… pra sala vermelha? — Falou com a voz calma, mas por dentro parecia que ia explodir de nervoso.

— Não, não… — Ela balançava o rosto negativamente — Você vai sair em missão com Yelena ou Natasha, que são suas pupilas.

— Entendo... quando devo partir?

— Essa noite.

— Posso me despedir de Orochimaru? — A loira afirmou com a cabeça — Até mais Tsunade, obrigada por tudo, espero te rever em breve.

— Não vá morrer garota! — Disse sorrindo gentilmente, o que era raríssimo de se ver.

Optando dessa vez por usar o elevador, desceu até o último andar e correu até o prédio do lado, onde ficava o laboratório de Orochimaru, ela sabia que em algum momento iria ter que partir, só não imaginava que fosse dessa maneira e com pessoas desconhecidas.

— Orochimaru... — Hinata entrou com desânimo na sala do cientista — Imagino que já deve saber da novidade.

— Então agora você é uma viúva negra… — Disse olhando com certa preocupação para a Hyuuga — Preciso te contar algo Akemi… algo que estou planejando a algum tempo junto com Kabuto.

— O que você inventou agora Orochimaru…

— Querida… o que você conhece hoje, o Orochimaru que você conhece hoje já fez tantas coisas ruins… tantas… — Nervoso e imerso em lembranças onde comandava antigos experimentos, ele andava lentamente pelo escritório — Tudo mudou quando conheci sua mãe e a ajudei a concebê-la — toda aquela história Hinata sabia de cor, sua mãe, que era da lua, só veio a terra duas vezes, na primeira conheceu Hiashi, seu pai e engravidou, na segunda, já grávida e frágil encontrou Orochimaru que a ajudou a achar Hiashi novamente — antes de morrer, sua mãe me mostrou luz Akemi… e claro, me pediu para cuidar de você — e isso incluiu tirá-la da sua família abusiva, Hiashi havia se casado novamente e a madrasta da Hyuuga a detestava, dava para a criança todos os serviços de casa e ainda a proibiu de estudar.

— Acredito que a senhorita Akemi já sabe de tudo isso, Orochimaru — Kabuto disse o interrompendo.

— Sim… sim… Akemi, aqui não é mais seguro para você, para nós, achei que demoraria até que te selecionassem, mas… a partir de agora você vai fazer e ver coisas horríveis, você está preparada pra isso?

— Eu fui treinada para isso.

— Nenhum treino te prepara para isso… Cuidado, não deixe ninguém entrar na sua mente, use o conteúdo do cordão que eu te dei sempre que se sentir que alguém está tentando fazer isso — sua voz era firme e preocupada — e fique atenta, em breve entrarei em contato, nós vamos nos desligar de Moscow, do departamento, de tudo…

— Não entendo… por que? — Perguntou sentindo as pernas tremerem, o que estava acontecendo? A vida toda ela foi treinada para idolatrar tudo aquilo.

— Você confia em mim?

— É claro que confio.

— Em breve você vai entender porque tudo isso é uma merda… Por enquanto confie em mim, faça seu trabalho como foi ensinada a fazer e esteja atenta.”

Como combinado, Hinata estava em uma espécie de jatinho particular junto de Orochimaru, indo em direção a Nova Iorque. Inventou uma desculpa que uma amiga de faculdade havia morrido para Naruto e saiu às pressas, deixando vários macarrões instantâneos para o noivo sobreviver.

— Você gosta dele? — Orochimaru perguntou assim que chegaram na base da S.H.I.E.L.D.

— Está falando de Naruto? — Seu tom de voz era triste — Acho que o amo… mas agora tudo está confuso.

— Entendo… Chegamos.

— Ele está aí dentro? — Indagou se referindo a grande porta metálica.

— Quando quiser… — E assim que ela acenou afirmativamente, Orochimaru apertou o botão permitindo sua entrada no espaço que Sasuke estava.

Era um quarto branco, mobiliado com uma cama de casal, televisão, fogão, geladeira e alguns armários, em outra porta parecia o que era o banheiro e de lá saiu um moreno usando apenas uma calça de moletom e enxugando os cabelos escuros molhados com uma toalha.

O coração de Hinata parecia ser inundado por uma tempestade quando ela viu o antigo amor e ela não tinha nada para protegê-la, nem um guarda chuva sequer, todas as lembranças, as boas e as ruins, vinham como gotas de chuva e a tomavam por completo.

— Hinata… — Sasuke a olhava diretamente, um pouco da franja caindo sobre seu olho esquerdo — Hinata, é você?

— Sasu...ke — Disse com um sorriso nos lábios correndo até o moreno e se jogando em seus braços.

— Eu sumi por tanto tempo Hinata, eu não sabia… eu estava em coma… todo esse tempo… me contaram sobre o bebê.

— Sasuke, por deuses… é você mesmo? — Ela o apertava como se ele fosse uma miragem — Sasuke, eu preciso saber se é mesmo você… o nome da nossa filha, qual seria…?

— Hikari, o nome da sua mãe — respondeu com o olhar triste, todas as lembranças do dia do massacre de sua família estavam nítidas na sua memória, quando acordou esperou encontrar Hinata e sua filha… mas logo soube que tinha perdido tudo.

— Sasuke… é você mesmo! O que fizeram com você? Te machucaram?

— Hina… eu estou bem, eu só tenho algumas dúvidas, é tudo muito novo ainda.

— Eu estou aqui, meu amor — disse retirando a franja do olho de Sasuke, e imediatamente se assustando com a novidade: seu olho esquerdo, antes ônix, agora contava com um padrão de ondulações por todo globo ocular — O que fizeram com você…?

— Me deram uma segunda chance, Hinata — um sorriso pequeno surgiu em seus lábios, era hora dele aproveitar sua segunda chance.

Antes que a Hyuuga voltasse a enchê-lo de perguntas, ele a envolveu num beijo nostálgico. Ambos se desejavam muito ainda e era óbvio. Para Sasuke o tempo não passou, continuava encantado pela mulher. Hinata tinha todos aqueles sentimentos adormecidos dentro de si, quando o viu, sentiu vontade de viver novamente, e agora o beijando, a alegria que há tempos não existia em seu peito, voltou.

— Espero que desliguem as câmeras! — Sasuke disse com o tom de voz alto em meio a uma risada de Hinata, que agora corava com a possibilidade.

O moreno voltou aos lábios da Hyuuga e iniciou outro beijo molhado. Sentia-se rígido como pedra. Era tanta a saudade que sentia daquela mulher. Sua boca agora ia para a curva de seu pescoço, deixou alguns beijos molhados ali e aproveitou para aspirar o cheiro adocicado que continuava o mesmo.

Murmuravam palavras de saudade, de desejo… Beijavam-se com intensidade… As mãos de Hinata se perdiam nos fios de cabelo masculinos… As mãos de Sasuke apertava sua nuca numa tentativa de trazê-la para mais perto… A conexão dos dois era algo indescritível, a Hyuuga estava totalmente perdida em seus braços, afinal ali sempre foi seu lugar favorito, onde mais se sentia confortável no mundo inteiro e nem em mil vidas imaginava que voltaria a respirar o perfume amadeirado de Sasuke.

Sasuke, sem parar o beijo, a guiou até a cama e jogou o corpo feminino no colchão macio. O corpo dos dois pegavam fogo, era quase nítido as faíscas de desejo nos olhos de ambos. Sem demora, Hinata tirou o vestido, revelando a lingerie de renda preta.

— Caralho, como eu senti sua falta — Sasuke disse voltando a comprimir os lábios de Hinata em outro beijo.

Os dedos masculinos deslizaram até o feixe do sutiã, se livrando da peça, enquanto esfregava sua intimidade latejante sobre a feminilidade de Hinata. Em outro momento ele iria com mais calma e exploraria todo aquele corpo que conhecia como a palma de sua mão, mas agora… ele precisava dela com urgência.

Se livrando do moletom, enquanto a Hyuuga fazia o mesmo com a minúscula calcinha, ele rapidamente posicionou o membro em sua entrada e sem esperar muito a penetrou de uma vez. Hinata cravou as unhas no ombro de Sasuke assim que o sentiu por completo dentro dela.

— Isso é tão bom… — Ela gemia sentindo-o entrar e sair dela com movimentos rápidos.

Faminto, ele a conduzia num ritmo intenso, depositando beijos por toda a extensão de seus seios. Não demorou para que a Hyuuga explodisse em um gemido alto chamando o nome de Sasuke. Devoto como era, o moreno aumentou a força das estocadas e derramou-se dentro da mulher. Tal como lembravam, o sexo era perfeito.

18 anos

“[...]Hinata, agora com os cabelos mais longos e uma maturidade que ela não gostaria de ter naquela idade, escolhia materiais básicos de primeiros socorros em uma pequena farmácia no meio da India. Estava acabada, o rosto continha vários arranhões, e pelo corpo eram visíveis hematomas recentes. Fazia 2 anos que estava em missões sozinha, Yelena a largou quando seu instrutor morreu, e Natasha, foi mandada para uma missão sozinha e nunca mais teve notícias.

Com o corpo mole ela esperava o atendente somar todos seus produtos. O indiano, a olhava preocupado e até indicou um médico na próxima esquina, mas a Hyuuga apenas acenou negativamente, depois de todos esses anos ela sabia se cuidar.

— Mil rúpias — o caixa informou o valor final de suas compras e antes que ela pudesse procurar o valor na pochete, Kabuto inesperadamente apareceu ao seu lado.

— Eu pago — deu o dinheiro para o rapaz e puxou a Hyuuga para fora da farmácia, que pegou as sacolas sem entender nada — estamos oficialmente desligados de Moscow, tem um helicóptero nos esperando, Orochimaru já está lá, só vim te buscar.

— O que está acontecendo?

— Te explico depois — o rapaz disse enquanto pedia licença para a multidão, até que entraram em uma esquina e mais outra, chegando em um pátio abandonado onde um helicóptero, como ele disse, os esperava.

— Orochimaru! — Hinata largou a sacola em uma das poltronas e puxou o homem para um abraço — Pra onde estamos indo?

— Nova Iorque… Surgiu uma proposta lá, menina.

— Nova Iorque? Mas… eles não são inimigos?

— Eu e você não temos inimigos, Hinata — a garota afirmou com o rosto curioso — as coisas que acontecem em Moscow são mais horríveis do que você imagina, todo o tipo de lavagem cerebral é feito nas pobres órfãs e agora temos a chance de estar longe disso tudo.

— E quem está nos ajudando? São confiáveis? — Perguntou colocando o cinto de segurança para iniciarem a decolagem.

— Agentes da S.H.I.E.L.D, uma organização que tem como interesse proteger os EUA e o planeta… Nós vamos trabalhar para e com eles agora, Hinata.

— Não mais Akemi?

— Estaremos seguros lá, eu prometo.”

A intenção de Sasuke era ficar o resto do dia na cama com Hinata, mas ela logo se levantou em busca de suas roupas. Todos seus movimentos sendo lidos pelo Uchiha, que notava que ela não havia mudado nada, a não ser pelo corte de cabelo. Imaginou toda responsabilidade que ela teve que carregar sozinha esses anos, e se amaldiçoou por não ter sido fisicamente forte para protegê-la e estar ao seu lado quando precisou.

— O que? — Hinata exclamou quando o pegou a analisando — Te contaram… tudo?

— Foi doloroso saber que ninguém sobreviveu, além de você — sentou-se na cama coçando o queixo, lembrava-se de acordar do coma gritando o nome de Hinata e Itachi… parecia que os tiros ainda ecoavam pelo quarto e quando ele finalmente se acalmou para que pudessem lhe explicar tudo, chorou por intermináveis horas.

— Eu matei todos eles.

— Eu soube disso também — respondeu sentindo vontade de chorar novamente com os flashes do massacre de sua família — você se vingou por nós, hm?

— Eu esperava que vingança trouxesse algum conforto, mas não — franziu as sobrancelhas visivelmente incomodada com o rumo da conversa, mas seria injusto não tê-la com Sasuke.

— Você acha possível recomeçar?

— Bem… eu tenho tentado, podemos tentar juntos.

— Eu percebi… — Disse apontando para a mão da morena, que tinha um anel de noivado simples — Está noiva, hm?

— Sasuke… eu não sabia que você estava vivo… — Seu estômago embrulhou quando se lembrou de Naruto, que não merecia de jeito nenhum as mentiras que lhe contou desde que o conheceu.

— Ele sabe?

— Não… quando tudo acabou, eu assumi uma nova identidade e me mudei para a Califórnia e… ele não sabe de Moscow, S.H.I.E.L.D, nem… Enfim, ele não sabe.

— Você gosta dele?

— Ele tem sido meu ponto de paz todo esse tempo, Sasuke... — Falou entrelaçando suas mãos com a do Uchiha — Eu precisava me agarrar a alguma coisa…

— Eu não te culpo, eu não estava aqui por você —seu coração ficou pesado naquele momento, sentia um amargo em sua boca só de imaginar Hinata fazendo novas memórias para substituir as que tinha com ele.

— Esses olhos… o que eles fazem?

— Com esse — ele apontou para o direito, que permanecia tão escuro quanto sempre foi — eu posso prever qualquer movimento, por exemplo antes de você se levantar dessa cama, eu já sabia que isso iria acontecer, com o outro… Eu posso me teletransportar… Orochimaru disse que posso ir até mesmo a outras dimensões.

— Você já controla? — Perguntou, sentando ao lado de Sasuke.

— Mais ou menos… Eu aprendo rápido, você sabe.

— Parece super legal e agradeço ao Orochimaru por ter o salvado mas… Te falaram qual foi o preço desses olhos?

— O mesmo trabalho que você fazia aqui — ele reparou na feição de desgosto que surgiu na face da mulher ao seu lado — e eu queria que você fosse minha parceira nisso.

— Sasuke… Isso tudo… Não, de novo não — Respondeu fechando os olhos, em Moscow foi treinada para matar e passou anos realizando trabalhos nada agradáveis, e quando ingressou na S.H.I.E.L.D o seu número de inimigos cresceu. Ser um super herói não tem glória nenhuma.

— Hinata, eu vejo isso como uma forma de redenção. Eu preciso disso, da mesma maneira que você precisou da sua vingança.

— Eu… Eu tenho que pensar, não posso decidir isso, assim… Do nada.

— Me falaram sobre ir em zonas de guerra… Salvar vidas reais.

— Sempre dizem coisas bonitas, Sasuke… — Mas ela bem sabia, que o trabalho não tinha nenhuma beleza, só não era pior do que ela fazia para Moscow, mas doía do mesmo jeito no final do dia — Eu só queria poder recomeçar como uma pessoa normal… — Declarou com um sorriso triste nos lábios, gostava da sua vida com Naruto, apesar de ter como base mentiras, porém com Sasuke de volta… seus sentimentos estavam embaralhados.

20 anos

“[...]Hinata entrou no bar de sempre, e como era sexta-feira estava lotado. Não evitou revirar os olhos quando se sentou em um dos únicos bancos vazios de frente ao bar, teve uma semana de merda e só queria encher a cara em paz sem que ninguém a perturbasse, seu plano era ficar muito bêbada e encontrar alguém que lhe desse uma boa noite de sexo, mas o local parecia estar cheio de executivos e empresários com cara de foda ruim.

Bebericando do seu uísque, ela assistia algum jogo da NFL entediada quando um rapaz moreno sentou ao seu lado e pegou alguns dos amendoins que estavam na sua frente.

— Esses amendoins são meus — enfatizou a palavra “meus”.

— Eu achei que eram cortesía do bar — o rapaz devolveu os amendoins depois de comer alguns — afinal, é o meu bar.

— Você é o dono daqui?

— Eu e meu irmão abrimos juntos, fico feliz que os clientes gostem tanto assim dos amendoins — disse com um sorriso cínico nos lábios.

— Você é irmão do Itachi? — Deu o último gole na bebida e rapidamente pediu outra — Desculpe… Só tive uma semana ruim e estou me afogando em uísque e amendoim, mas posso dividir com você.

— Sasuke Uchiha, e Kiba, não deixe essa garota sem amendoins, hm?

— Cliente fiel daqui, senhor, nunca deixaria — Kiba, que era o barman respondeu trazendo outra dose de Jack Daniel’s para Hinata.

— Eu sou Hinata Hyuuga.

— Se você é cliente fiel, como eu nunca te vi por aqui?

— Eu estou sempre em algum canto escuro bebendo e evito brigar por amendoins, então passo por despercebida.

— Você é muito bonita para eu nunca ter percebido — passou os dedos sobre a caneca de chopp e deu um gole generoso — quer companhia essa noite Hinata?

— Por que não? — Suspirou deslizando as mãos femininas pelo cabelo, desfazendo-se do coque frouxo e soltando os longos fios.

Sasuke lambeu os lábios molhados pela cerveja quando Hinata fez isso, parecia uma cena de filme em câmera lenta. O cheiro de baunilha que exalava da mulher chegou até o seu nariz, e ele que odiava coisas doces, queria se perder ali.”

Já havia se passado alguns dias desde a sua última conversa com Sasuke, agora, na Califórnia, Hinata esperava Naruto com uma taça de vinho em mãos.

— Você não é de beber vinho — o loiro disse sorrindo assim que entrou em casa e percebeu a noiva no sofá.

— Era o que tinha… — Suspirou pesadamente — Precisamos conversar… Sobre mim…

— Ok, parece sério…

— Eu deveria ter dito isso antes mas… Eu não sou quem você pensa, Naruto — falou encarando o loiro enquanto tomava um gole do líquido vermelho.

— Eu sei de tudo, Hinata… — Ele se recostou na poltrona de couro — Por deus, papai ajudou a trazer você e Orochimaru… Eu só não queria… Te forçar a nada, eu soube do que aconteceu… E… Não tinha porque tocar no assunto.

21 anos

“[...]Deixando a jaqueta de couro em um canto qualquer, Hinata subiu as escadas rapidamente em busca de Sasuke, que se encontrava calçando seu tênis esportivo no quarto que dividiam.

— Sasuke… Eu estou grávida! — Gritou assim que abriu a porta de correr e viu o namorado — Eu acabei de me desligar da S.H.I.E.L.D, eu… Eu tô esperando um bebê seu!

— Hinata…? Eu… — Ele balançou a cabeça algumas vezes diante da informação, antes de digeri-la e correr para abraçar a Hyuuga.

Já fazia algum tempo que estavam juntos, desde o episódio do bar, transaram naquela noite, e mais uma vez naquela semana, e mais outras vezes naquele mês, até que resolveram oficializar a relação. Eles eram tão bons na vida, como eram na cama, ambos perdidos conseguiram se encontrar no abraço um do outro. Já não existia sombras na vida de Hinata e ela decidiu se permitir ser feliz. Para o Uchiha, a mulher trazia sentido para sua existência, e ele não se lembrava de sorrir tanto antes dela.

A Hyuuga contou toda sua vida para ele. Dos seus olhos. De como foi treinada por Moscow. Do título de viúva negra. Das pessoas que matou. Do trabalho para S.H.I.E.L.D. E como agora tinha que defender o planeta de invasores alienígenas. E incrivelmente, ele não se importou com toda loucura de sua vida e topou fazer parte dela.

5 meses depois…

Era a festa de noivado de Hinata e Sasuke. Toda família do rapaz estava reunida no rancho que pertencia ao seus pais para parabenizar os noivos. A barriga da futura Uchiha já marcava o vestido folgado de seda, em breve do amor dos dois nasceria uma menina. Orochimaru e Kabuto, sua única família, ainda não haviam chegado, o voo dos dois tinha atrasado e eles só estariam ali no final da noite.

Estava tudo perfeito como Hinata um dia sonhou, ela só não contava que naquela tarde o rancho fosse invadido pela máfia japonesa que contrabandeava armas alienígenas, que um dia ela conspirou contra pela S.H.I.E.L.D. Sem piedade, os tiros não escolhiam quem acertar, ninguém foi poupado a não ser ela, que assistiu todo o massacre da família Uchiha.

Mais tarde, Orochimaru a encontrou em estado de choque, com o vestido branco manchado de vermelho e abraçada ao corpo gelado de Sasuke. Naquele dia, que deveria ser um dos mais felizes de sua vida, ela também perdeu a filha.”

Naquele fim de semana, Hinata acordou mais cedo para fritar ovos com bacon para o café da manhã. Cantarolando alguma música antiga que não lembrava o nome, notou quando uma presença surgiu na cozinha de repente, e sem pensar duas vezes, atirou a faca na direção, que depois ela descobriria ser Sasuke.

— Sasuke, como você chegou aqui?! — Hinata berrou com as veias ao redor de seus olhos saltando.

— Teletransporte — ele a olhou de cima a baixo, admirando as curvas realçadas pela camisola de seda — então esse é o… Naruto?

— Sim, eu sou o Naruto — o loiro respondeu confuso, saiu correndo do quarto quando escutou a noiva gritar.

— O que diabos você está fazendo aqui, Sasuke?

— Ora Hinata, você sumiu e eu preciso de uma resposta — um sorriso cínico surgiu em seus lábios — ah, desculpe… Ele já sabe que você é uma ex espiã da S.H.I.E.L.D? Ou devo te chamar de Hanabi?

— Ah… Então esse é o Sasuke — Naruto disse cabisbaixo, lembrando da conversa que teve com a Hyuuga sobre o Uchiha ter voltado.

— Sim, esse é o Sasuke, que não deveria estar aqui, mas já que está, vai até o jardim para que possamos conversar como dois adultos — ela saiu em direção a porta de vidro que dava acesso ao jardim em passos furiosos — eu ainda não me decidi.

— Você está noiva de um cara que usa short de coração?

— Ele usa para dormir! — Falou fechando os olhos — Sasuke… eu preciso de mais tempo.

22 anos

“[...] Hinata esperou a data comemorativa que reuniria toda família de Sabaku No Gaara, e segundo suas fontes era no ano novo que todos iriam se reunir naquela mansão brega onde ela estava parada na frente, ainda em cima da moto. Passou meses desejando aquele dia. Finalmente se vingaria do maldito que encomendou o massacre de todas as pessoas que ela aprendeu a amar. E assim, como ele tirou tudo de si, ela tiraria tudo dele, mas não cometeria o erro do jovem Sabaku de deixar ninguém vivo.

Ativando a linhagem ela lambeu os lábios ao perceber como seria fácil entrar naquele espaço. Largando a moto, ela posicionou as duas armas de fogo nas mãos. Os meses anteriores, caçando os atiradores contratados por ele foi apenas uma entrada, o prato principal comeria agora.”

Hinata andava na frente de Sasuke, e trajava o seu antigo macacão preto, o Uchiha atrás, exibia um sorriso de canto nos lábios, tinha a mulher mais incrível do mundo ao seu lado, como parceira de trabalho e cama. Quando ela aceitou acompanhá-lo no trabalho proposto, deixou claro suas condições: ele deveria passar por pelo menos 6 meses de treinamento e ela que escolheria as missões. Nem ele, nem a S.H.I.E.L.D, que queria deslocar o casal para a torre dos vingadores e ela riu da proposta, jamais ficaria no mesmo local que Tony Stark. Além do mais, ela não gostava de companhia no trabalho, embora agora tivesse.

Doeu muito ter deixado Naruto, mas ela não se perdoaria se não fosse com Sasuke. A adrenalina de estar em ação com ele também era muito boa. Assim como o sexo. E ter a companhia do Uchiha de novo… Ela sentia como se estivesse se apaixonando novamente.

Hinata detestava o título de viúva negra e por mais que tentasse testar outros nomes, toda vez que passava pelos corredores ainda era chamada assim. As lembranças de quando era uma viúva negra em ativa não eram boas, agora com Sasuke, existia o sentimento que realmente estava sendo útil e salvando vidas, não apenas matando para o governo. Em zonas de guerra, ela e o Uchiha traziam esperança para olhos que só viam destruição há um longo tempo.