papironauta Rodrigo Borges

Há algo de errado com o Galpão da rua Desce às Sete. Lá, as pessoas parecem tornar-se imagens distorcidas de si mesmas, onde a moral, o apego às formas, rui em fendas de desejos rançosos; mas não criados, e sim guardados, esse tempo todo, em cada uma.


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Короткий рассказ
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O Galpão da rua Desce às Sete



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[AVISOS PRELIMINARES]


Primeiro, há, neste conto, cenas e insinuações inadequadas, indecentes e violentas, além de linguajar fútil, sobretudo impróprias para menores de 18 anos e/ou pessoas sensíveis.


Segundo, O Galpão da rua Desce às Sete está participando do desafio Monstros Ink., mas, pelo autor ser um dos organizadores e julgadores do processo, não será elegível para classificações nem destaques que o desafio tem a oferecer.

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Eu me senti sujo ao escrever isto.

Espero que sinta o mesmo ao ler.




A rua Desce às Sete tem um problema.


Há poucas casas nela, mais oficinas e bares e prostíbulos que lares. As poucas residências que ali existem são miúdas e cinzentas, com muros defendidos por cacos de vidro transparentes e verdes de antigas garrafas; as bases das paredes que fazem divisa com a calçada são sujas de marcas de sapatos, lodo preto e mijo.


Os postes da rua são um caos de gatos elétricos e sapatos velhos de cadarços emaranhados. Alguns dos fios pretos que se estendem de um poste ao outro formam barrigadas que quase alcançam o chão repleto de guimbas de cigarro, camisinhas usadas e de esgoto ao ar livre: lodaçais com espumas branco-amareladas e superfícies incrustadas do típico arco-íris de óleos velhos e mal cheirosos.


Vez ou outra, pessoa desafortunada corria para um dos becos para mijar ou, em raras ocasiões, cagar e acabava por encontrar corpo sem vida e dignidade. Ela terminava de fazer as necessidades mesmo assim e tão logo saía de fininho - como se o corpo estivesse em sono inocente -, cuidando para não pisar nos preservativos com suas melecas, para não levar um tombo naquele chão sujismundo, voltando limpa e aliviada à roda de amigos.


Ainda sim, a rua Desce às Sete segue frequentada: um lugar depravado que transforma pessoas em reles distorções de si mesmas, fazendo-as se aglomerarem como insetos nas poças de desejos que a rua tem para oferecer. Algumas dessas pessoas acabam nos lixões dos becos - entregues aos ratos gordos que de lá a cá caçam lixos humanos a todo momento -, muitas outras desaparecem, e outras poucas se tornam pobres fidalgos da injustiça cheios de bebidas e órgãos sexuais de outrem à disposição.


Porém, mesmo os altos índices de criminalidade - sequestros, assassinatos e estupros -, ou a poluição descomunal do lugar, não são suficientes para configurarem o verdadeiro problema da rua Desce às Sete.


É seu Galpão o problema, que exala sensação rançosa e mistério encardido, fazendo corpos sentirem-se aporcalhados quando pertos, a mesma sensação de quando suor faz colar as peles umas nas outras em tempos de calor. Não só a nível físico, ele também os faz sentir como se preso estivessem em um porão e a cheirar coisas em decomposição, ou então a assistir mãos de açougueiro indiferente manipularem sangue, carne e tripas atrás de balcões que guardam carcaças para o jantar.


No entanto, nem a sensação do galpão, nem a precária estrutura da rua são capazes de impedir que jovens visitantes cheguem aos montes a cada final de semana, depois das 19 horas. Muitos são atraídos pela promessa de uma noite longe do comum de suas rotinas chatas, outros, convidados pelos fidalgos daquele inferno, guardando relação com estes semelhante a existente entre veterano e calouro.


Tudo acontecia como em uma festa normal a céu aberto. O som alto em plena madrugada, mas nenhum vizinho para denunciar, mesmo anonimamente. Então, em noite profunda, as pessoas da festa ainda continuavam a beber e a se drogar; elas transavam umas com as outras, e algumas acabavam por serem violentadas. Havia aquelas que apenas eram assaltadas.


Vezes, brigas entre os calouros aconteciam. Os de fora formavam ringues de gritarias e torciam para um pupilo ou outro, até que um caía sem consciência no chão úmido da noite, sendo esquecido pelo triunfo do ganhador e pelo continuar da festança.


- Eu não estou me sentindo bem - disse Marcus Alberto, encarando de longe a bagunça que a festa proporcionava para a rua. Naquele momento, comum era ver várias garrafas sendo jogadas para o alto em irresponsabilidade, e a rua já repleta de cacos de vidros espalhados por pés de botas despreocupados.


- Pelo menos você é homem, eu que não estou nada bem com isso - disse Ana Fernandes.


- Calma, calma, é só uma festa, e já estou terminando aqui - disse Rogério Dantas, que cuidava em configurar a sua câmera.


- Não, pessoal, é sério, eu não estou me sentindo bem - frisou Marcus - é como se eu não desse a mínima pra nada. Ali, aquele cara jogado no chão, o que perdeu a luta, as pessoas tão pisoteando ele, mas eu tô pouco foda-se.


Ana encarou Marcus de braços cruzados. Apesar da sua carranca séria, ele percebeu que ela pensava o mesmo daquilo tudo.


- É como se eu quisesse fazer tudo, fazer coisas... porra, coisas que eu não faria longe daqui - disse Marcus. - Na moral, Rogério, acho que isso aqui não vale a pena.


- Pessoal, pessoal, olha, estamos quase lá, já terminei com a câmera. Só vão até lá, tomem cuidado e se divirtam. Depois eu posto a matéria no blog e, boom, temos uma oportunidade, tudo bem? Se der merda, só sair, simples.


Marcus e Ana se olharam, depois olharam para Rogério, voltando a se olharem e concordarem entre si, ainda hesitantes com aquilo tudo.


- Tá, foda-se, se alguém triscar na minha bunda, eu mato o filho da puta.


- Na vibe que eu estou, mato qualquer um que esbarrar em mim - disse Marcus para Ana.


Os dois andaram juntos até certo ponto em direção ao furdúncio. Observaram de cabo a rabo o que acontecia na festa e tão logo pareceram se interessar por coisas distintas. Ambos, Marcus e Ana, separaram-se sem se despedida.


Rogério praguejou e se perdeu, não sabendo quem filmava primeiro. Decidiu filmar Ana, por talvez pensar que o que aconteceria com ela fosse mais interessante, mas então, de canto de olho, viu que Marcus foi recebido com um soco, dando início a uma briga. Rogério filmou a briga inteira, desde a parte em que parecia que Marcus iria perder, até a reviravolta em que o colega conseguiu, entre socos do adversário, pegar um caco de vidro e lascar no olho de quem o espancava. Marcus se levantou e, sem dar tempo pro estranho sentir a dor do corte, o encheu de bicudas nas costelas e nas têmporas do crânio. No final, o chão tinha ganhado mais um corpo imóvel, enquanto Marcus era saudado tapinhas nas costas, gritos e bebidas ao ar.


Rogério então voltou a filmar Ana, que se entrelaçava em beijos com um cara de calça preta e sem camisa. Ele possuía marcas roxas pelo corpo; àquela distância, nem a filmagem conseguia distinguir se eram cicatrizes ou tatuagens. O cara passou as mãos para a braguilha das calças e rapidamente pôs o pinto para fora, ali mesmo, na frente de todos. Até então Ana não pareceu perceber, só reagindo quando o cara tentou suspendê-la com as mãos afundadas em sua bunda até um latão de lixo fechado, na intenção de se comerem.


A reação foi uma joelhada bem dada entre as pernas do cara. Na filmagem pareceu se encaixar tão perfeitamente, que Rogério se encolheu junto, imaginando a dor excruciante que o cara tinha sentido. Mas verdade seja dita, Marcus falava a verdade: ele não sentiu dó do cara, mas como queria vê-los fodendo na frente de todos, assim teria algo mais para a matéria do blog. O seu senso de moralidade estava realmente perturbado.


Ana era corpulenta e lutava muay thai, transmitia segurança de si mesma a quem estava ao redor, motivo que os amigos do cara, que lutava por respirar, se afastaram à sua passagem festa adentro.


Rogério ficou sem foco. Ana havia entrado para um dos bares, e Marcus estava desaparecido. Eram exatamente 4:42 da madrugada, e os cuzões pareciam não se cansar da bagunça de música alta, álcoois e psicotrópicos desde às 19 horas da noite.


- Eu disse para chegarmos mais cedo - disse Rogério para si mesmo - mas não, festas do tipo começam tarde, blá, blá, pá puta que te pariu, Ana.


O que se sucedeu não foi tão empolgante quanto antes. Houve mais lutas, mas nenhuma recebeu tantos aplausos; os lutadores estavam bêbados, trocavam socos capengas ao som de risadas escancaradas. Havia um grito ou outro de agonia ao longe que conseguia sobressair ao ensurdecedor barulho da festa, e Rogério, por mais que tentasse afastar as hipóteses do que aconteciam com o donos dos esgoelos, torcia para que eles saíssem no seu vídeo.


Vendo que nada além do que já acontecia na festa iria suceder-se, Rogério posicionou a câmera no arbusto de forma a ficar equilibrada para filmar toda a cena sozinha, e sentou ao lado, encostando no tronco de uma árvore que servia como camuflagem. Era bem provável que aquele tronco tenha aliviado a bexiga de muitos, mas não se importou, sentia-se exausto e não parava de pensar no banho que tomaria quando chegasse em casa. Sua barriga estava estranha, mas nem fodendo que iria fazer ali, naquela situação, então tudo que fez foi relaxar, fechar os olhos e imaginar seu banheiro, lugar ideal para aliviar as necessidades. Aliviar as necessidades? Cagar e mijar, idiota.


Que lugar era aquele que mexia tanto com as pessoas? Não havia bebido nem fumado, mas sua imaginação insistia em escorregar para um limbo semelhante ao do sono, pois, quando Rogério pensou na privada, tão logo imaginou o buraco estreito onde toda a descarga era destinada a atravessar; ele pareceu mergulhar naquilo, no repugnante orifício de seu vaso sanitário, e, entre a escuridão amarronzada, pensou ter visto - imaginado? - uma boca na vertical - uma boceta monstruosa, seu babaca.


O pensamento foi afastado com um balançar de cabeça, mas os olhos ainda permaneceram fechados, convidados a imaginar algum lugar longe daquela rua.


Um banho, ah, um banho cairia bem. Ele se imaginou em baixo de uma ducha quente quando toda aquela merda acabasse. O vapor inundaria o banheiro, embaçaria o espelho, e quando saísse do box, tudo que sentiria seria o cheiro de desodorante e perfume e sabonete, não aquele cheiro mesclado de coisas vencidas da rua Desce às Sete. Entretanto, ele nunca esteve fora do box, ele pareceu agachar para olhar o ralo bem de perto antes de ter saído; nu e de quatro, lutando para ver alguma coisa lá no fundo, onde a água suja com seu suor e pelos do corpo caíam. Ele tava conseguindo saciar sua curiosidade, chegando mais perto de desvendar o que tanto o chamava dali em baixo, enquanto a água quente do chuveiro despencava em suas costas lisas. Algo na vertical - UMA BOCETA MONSTRUOSA, SEU BABACA!


- Boo!


Rogério acordou em um susto desengonçado, se dando conta de que havia dormido, a julgar pela saliva que despencava de sua boca até à camisa. Na sua frente, Ana sem camisa, os seios para fora sem que a incomodasse, exibidos para ele e, talvez, para todos da festa.


- Vai se foder, cacete, vai dar susto em outro - reclamou Rogério.


- Se você quiser me foder com seu cacete - ela disse, despejando a mão na sua virilha.


- Quê? Não, não, para com isso, pelo amor, essa rua tá deixando a gente maluco.


- Não toca nesse assunto - disse Ana, ficando séria de súbito -, não quero pensar no que fiz até realmente sair dessa merda.


Ana pareceu realmente preocupada naquele momento, mas logo um sorriso cruel surgiu em seu rosto de cabelos descabelados e maquiagem borrada. Ela parecia mesmo ter se divertido, talvez não de maneira ideal, mas transpassava uma expressão relaxada e livre de amarras.


- Descobri uma coisa - começou, com um sorriso moleque -, Desce às Sete não é porque as festas começam às sete da noite, mas porque elas terminam às sete da manhã. Já já vamos descer prum galpão aqui perto.


- O quê?! Aquele galpão que tanto falam? - perguntou Rogério, abismado. Porém, mesmo achando estranho onde a festa se encerraria, só lutou para pegar sua câmera e filmar Ana, não em pegar a colega pelo braço e fugir dali.


- Então, os caras com as manchas roxas no corpo dizem que lá onde ocorre a transformação - retomou - eles mesmo estão no curso da transformação. Eles são nojentos, parece mofo aquelas marcas, e pensar que eu dei para um deles, puta que pariu.


- O da braguilha? - Perguntou Rogério, aleatoriamente.


- Esse mesmo.


Rogério continuou com a câmera erguida em direção ao rosto de Ana, esperando mais informações.


- Que cê tá fazendo?


- Filmando, ué.


- Você não escutou nada do que eu disse? Corre pro galpão logo, seu porra. A gente não mergulhou nessa merda para você ficar aí dormindo não, seu vagabundo!


E riu.


- Peraí, cadê Marcus?


- Eu sei lá - ela disse - vai, vai, já estamos indo, ó, lá.


Mas antes que pudesse realmente ir, Ana puxou a gola da camisa de Rogério e o beijou: um beijo obsceno e despreocupado com opiniões. Rogério empurrou a colega e limpou a boca, encarando ela com excitação e surpresa, mas ao mesmo tempo com nojo. Quantas pessoas ela poderia ter chupado? Ele não perguntou nem pensou demais no assunto, apenas correu em direção ao galpão, mesmo sendo o que não queria fazer, tomando o quarteirão atrás da rua Desce às Sete; estava alterado, mas não estava louco em passar na frente dos lunáticos daquela festa.


O céu ainda estava escuro, mas já começava a dar sinais de que o amanhecer viria logo logo. Durante a corrida, pensou que talvez não teria nada naquele galpão, e que o senso deturpado de Ana havia lhe pregado uma peça; talvez fosse melhor voltar e se esconder nos arbustos e esperar pelo fim da festa, gravar toda a sua bagunça e violência pós festa. Até andava pensando em como terminaria a matéria, com alguma frase do tipo “a festa acabou, mas agora quem que paga por ela?”.


Mas o Galpão… havia alguma coisa no Galpão que chamava sua atenção, impedindo sua cabeça de achar descartável a ideia de averiguá-lo mais de perto. Não era só os boatos, mas também uma atração inexplicável, uma curiosidade. Além do mais, Ana não faria uma coisa daquelas, ela também ganharia com a matéria. Então continuou a correr, o vento frio na sua cara com o ar menos poluído do que a rua Desce às Sete, a única coisa quase pura que havia experimentado por ali perto.


E lá estava ele, imponente como só um galpão conseguiria ser em meio a tantas oficinas. Naquela distância, parecia mais como um castelo assombrado. As lâmpadas dos postes próximos estavam queimadas, fazendo com que aquela parte da rua e o exterior do Galpão estivesse totalmente escuro. No mais, também fazia-se destacar que alguém estava dentro do Galpão, já que visível eram luzes amareladas acesas em seu interior.


O Galpão era normal por fora, construído com blocos de concreto entre as vigas de metal pesado. O telhado, tipicamente triangular, era de lataria enferrujada e esburacada, chuva e sol conseguiam se esgueirar através dele. As janelas de ventilação nas laterais tinham seus vidros quebrados e amarelados pelo tempo, ou, em sua grande maioria, jornais colados e pichações vermelhas e pretas tapando sua quase transparência.


Na lateral direita uma grande rede de construção fixada na diagonal como cobertura para amenizar a luz do sol da tarde que se punha no horizonte daquele lado. Embaixo, vários sofás e colchões sujos. Barris para fogueiras também existiam entre os móveis ao relento. Na lateral esquerda ficava plataformas de construção protegidas pela mesma tela fachadeira da lateral direita; ali era o único lugar seguro que Rogério via para filmar sem ser visto, e, bônus, estava à altura das janelas; seria um angulo perfeito.


Então se pôs a correr na direção da construção, mas tão logo freou ao se dar conta das coisas que pensava. Pensamentos que o fizeram olhar ao redor à procura de alguém. Não entendia bem o porquê, mas ficou excitado mais uma vez e suas mãos começaram a tremer; um tremelique leve, mas que foi piorando à medida que seus passos avançavam em direção ao Galpão, na ânsia de se pôr em movimento a fim de esquecer aquelas bizarrices.


Rogério se embrenhou em uma fissura na grade de proteção ao redor do lote, atravessou o pátio cimentado e cheio de carcaças enferrujadas de carros inúteis. Quem o visse avançar, diria apenas que ele estava cauteloso, mas o que sentia era uma depressão quase profunda e uma ansiedade inigualável a que normalmente sentia. Era como se avançasse em direção de uma fogueira, o calor ficando mais intenso, quase beirando ao insuportável.


Não era ele pensando aquelas merdas, era? Não, ele nunca faria aquilo. Mas a vontade era grande. Não. Então ele só correu em direção às plataformas, ignorando se se queimaria, e pensou em como escreveria aquela matéria para o seu blog, uma tentativa de sobrestar sua pavorosa imaginação e sentir. Palavras inocentes, profissionais, era disso que precisava ocupar sua mente. Ele, Ana e Marcus sairiam dali e tudo ficaria bem. Explorou as plataformas para ver se não havia nenhum morador de rua ali. Porra, você acha que alguém vai ficar perto daqui? Não havia ninguém, nem ratos ou sequer teias de aranhas. Isso é bom né? Sem aranhas, sem filmes de terror. Aranhas? BOCETA MONSTRUOSA, SEU BABACA!


- O que?! - disse Rogério em voz alta, olhando para trás, achando que alguém havia falado com ele. - Mas que porra.


Tá, tá. Prezados visitantes, calma, prezados? Tá achando que isso é uma entrevista de emprego? Tudo bem então, que tal começarmos com “A rua Desce às Sete tem um problema”? As pessoas sabem dos boatos, então essa primeira frase será a isca para a curiosidade delas. Perfeito!


Rogério já estava suando, mas os pensamentos grotescos pareciam ter ido embora. No entanto, o que havia usurpado seus lugares estava longe de ser um Rogério natural, normal como o era longe daquela imundice. Ele sentia atração por algo, pois tão logo de escutar alguém falar “boceta monstruosa, seu babaca” - será que não foi você pensando? - e se distrair em como começaria a sua matéria em seu blog, ele viu uma das janelas abertas e esqueceu totalmente em esperar os 40 minutos para as 7 horas da manhã.


- Eu não vou esperar isso tudo parado nessa desgraça nem a pau - disse, se agachando para passar pela janela, cuidando para nenhuma parte de seu corpo roçar nas molduras de ferro. Dentro, o cheiro lhe pareceu estranho; fungou à procura do que estava de errado, mas nada havia. Então deixou de lado, mas rapidamente a sensação de haver algum fedor a mais ali do que apenas o de concreto, poeira e madeira úmida arrebatou suas narinas, mas, de novo, ao se esforçar por distinguir mais uma vez, a porra do cheiro parecia se esconder novamente.


Então ele olhou ao redor, a mão direita segurando a câmera, e a esquerda tapando o nariz. A iluminação ali era de um amarelo fraco, mas iluminava bem a proposta do que viria a ser o interior daquele entulho mal assombrado. Rogério se via em cima das plataforma de metal laterais do galpão, o segundo andar, diria, já que do outro lado do imenso lugar havia um cômodo que parecia ser quarto de algum zelador que talvez trabalhasse ali. No primeiro andar havia apenas vários caixotes de madeira, todos do mesmo tamanho, uns em cima dos outros. Um pouco escondido, uma escadaria para o subsolo, só podia ser. Essa escadaria era mais como a boca de um túnel, larga o suficiente para passar três pessoas uma do lado da outra. De lá, uma luz meio roxa meio branca emanava. De lá, um mistério parecia dançar na frente da curiosidade de Rogério e sua câmera.


Entretanto, antes de mexer um pé em direção à escadaria, seu olhar captou a porta do cômodo do zelador abrir, e de repente Rogério se pôs ao chão a fim de esconder-se.


O que saiu dali foi demais para Rogério suportar. A câmera permaneceu apontada para a criatura, que, segurando com os dois braços?! um dos caixotes idênticos aos já espalhados pelo galpão, desceu a escada de metal sem se importar com o barulho de metais velhos chapinhar e ecoar ante ao seu peso descomunal. Rogério encolheu o rosto na primeira olhadela, espremeu as pálpebras como que evitando enxergar até mesmo a luz que iluminava aquele ser. Ele estava deitado no ferro frio, talvez em posição fetal e evitando assistir à cena como uma criança evitava partes específicas de um filme de terror.


Foi rápido o repousar da caixa sobre outra. Elas eram acumuladas ali uma em cima da outra, formando colunas de 7 delas. Algumas aparentavam ser velhas, outras, novas, como era o caso dessa recém depositada.


O “zelador” não voltou para o quartinho no segundo andar, ele desceu as escadarias rumo à luz roxa, rumo ao lugar que a curiosidade de Rogério tanto mandava filmar. Rogério viu tudo, mas como um borrão com seus espremidos. Mas, apesar do medo insano, saber que a criatura estava onde tanto queria conhecer não o desmotivou, porém, primeiro veria o que significava cada uma daquelas caixas.


Abrindo os olhos, espiando o ambiente e se levantando, Rogério pôs-se a passos cautelosos em direção ao quartinho do zelador - onde ficava a escada que daria acesso seguro ao primeiro andar - sempre a vigiar se o humanoide não sairia das escadarias por onde havia descido.


Ao chegar, encarou a porta azul e metálica do quarto onde a criatura havia saído e depois a escada até o primeiro andar. Avançou para a porta, a câmera a postos. Abriu a maçaneta e empurrou devagar. As dobradiças rangeram e um cheiro acre de sangue saiu do lugar. Rogério tossiu e recuou, se recompôs e tapou a respiração e tentou mais uma vez, dessa vez passando apenas o braço com a câmera, que fez todo o trabalho de explorar o cômodo. Mais tarde assistiria àquilo com mais calma e sem ter que cheirar aquele cheiro horrível.


Mais conteúdo adquirido, trabalho feito, desce as escadas em direção às caixas.


Em cada uma delas havia uma etiqueta. As caixas mais velhas ostentavam um mofo arroxeado e nódoas avermelhadas de umidade. Quando Rogério escolheu uma etiqueta para ler, despontou um sorriso em seu rosto, como se o que estivesse escrito e o que estivesse insinuado fosse uma piada.


Daário de Moraes - 20 - 70kg


O sorriso se esmaeceu muito rápido quando conectou o cheiro de sangue do quartinho lá em cima com as informações descritas na etiqueta. Depois de Daário e de perceber que piada alguma existia ali, passou de caixote em caixote com pressa incrível, beirando ao colapso.


Maria Letícia - 25 - 63kg

João das Neves - 23 - 107kg

Lauris da Costa - 18 - 55kg

Mateus Cunha - 17 - 74kg


E finalmente a caixa recém posta pelo “zelador” em meio às outras.


Marcus Alberto - 27 - 89kg


A boca de Rogério começou a salivar pela ânsia de vômito, enquanto, ao mesmo tempo, um sorriso histérico insistia em permanecer em seu rosto como escudo para tudo aquilo. Ele deu dois passos para trás, sempre encarando o Marcus em forma de caixa, pensando em que tipo de pegadinha era aquilo. Tudo bem, tudo bem, Ana e Marcus pregaram uma peça, é claro; ela não me mandaria aqui para esperar uma hora. Porra, é claro, ela não me mandaria aqui para esperar UMA HORA, isso tudo é pegadinha. Mas e o zelador? Que?! Fantasia?


Fantasia ou não, lá estava ele de novo. Primeiro foram os passos contra os degraus da escadaria que fizeram Rogério agachar-se atrás de Marcus em forma de caixa. Não é você mesmo, né, cara?!. Dessa vez ele espiou um tiquinho; viu aquela deformidade desengonçada pegar uma das caixas - uma caixa velha, aquelas cheias de mofo e nódoas - e voltar decididamente a descer as escadarias. Rogério percebeu que na barriga do zelador havia uma fenda vertical, quase como uma boca, a boceta monstruosa que tanto reverberou em sua cabeça desde que havia sonhado na rua Desce às Sete.


E lá foi ele com sua câmera seguir o monstro. Os joelhos arqueados, um passo de calcanhar atrás do outro, assim como fazia os fuzileiros armados. Usou a câmera para espiar a esquina, estava livre, mas o que temia havia se confirmado: a escadaria era de esquinas e não corrida. Desceu o primeiro lance com todo o cuidado até a próxima esquina, onde fez a mesma jogada com a câmera: limpo. O cheiro oculto logo mostrou as caras, era dali onde escapava o fedor, um adocicado de decomposição e amargado de mofo, mistura que cobrava bastante do estômago de Rogério.


As paredes da escadaria sustentava mofos enormes de um arroxeado doentio. Partes se destacavam como vermelhas, talvez sangue, e a pequena lâmpada que parecia haver a cada lance era de uma luz branca, diferente da lá de cima, do Galpão. Rogério filmou aquele mofo, mas não ousou tocar nem chegar tão perto.


Pôs-se a descer outro lance de escadas, mas dessa vez com menos pressa, pois não sabia onde o zelador podia estar, ou se subiria novamente, e também porque o cheiro podre da luta que mofo e sangue parecia travar ali só apertava a cada degrau abaixo.


Descida, pausa para respirar, espiada. Descida, pausa para respirar, espiada. Os lances de escada agora não pareciam ostentar lâmpada alguma, a escuridão engolia Rogério igualmente o fedor fazia. Tudo ali parecia querer um pedaço, não importava de quê, mas o que sua cabeça fizesse significar esse “quê”, e ali, na rua Desce às Sete, no subsolo do maldito Galpão dono de todos os boatos, os pensamentos não eram santificados.


Rogério desceu às cegas, o suor brotando de todos os cantos de seu corpo, as mãos ameaçando escorregar a câmera ao chão a cada passo em falso que cometia naquele vazio irônico de podridão, concreto e um perdido zelador; um fodido e perdido zelador com uma boceta monstruosa na barriga e ossos disformes e grandes demais para sua pele arroxeada e membros compridos.


Como era a sua cabeça? Sua cabeça era tumorística, os pensamentos e desejos borbulharam para fora. Calos de carne e crânio rachado. E sua boca? Sua boca era amarela, os dentes apontavam para qualquer direção, como se incendiada fosse. Sua pele? Sua pele cicatrizada em nascentes de mofo roxo. E pra onde tinham ido as cartilagens de seu rosto? Pra casa do caralho! Mas que porra é essa?


Rogério parou por um momento, aturdido. Percebeu encostar na parede, mas não se importou; aquela escuridão fazia parecer que a grande meleca espumante não existia ali. O fedor não surtia mais nenhum efeito em seus pulmões, que respiravam com pressa em resposta aos pensamentos que começaram, de súbito, a tomar conta de sua cabeça.


Como era a sua cabeça? Sua cabeça era tumorística, os pensamentos e desejos borbulharam para fora. Borbulharam para fora. Borbulharam para fora, grandes calos de carne e crânio rachado. Os pensamentos borbulharam para fora.


Que tal você me foder com seu cacete? Ana estava com seus peitos para fora. Borbulharam para fora. Boceta monstruosa, seu babaca! A gente filma e temos uma oportunidade. Que tal você me foder com seu cacete? Rogério, eu não estou me sentindo bem, cara.


Rogério abria e fechava os punhos com força descomunal. Seu corpo todo parecia pedir algum alívio, como se em tudo estivesse viciado. Seus músculos enrijeceram e relaxaram, enrijeceram e relaxaram. Ralou os cotovelos na parede de concreto com vontade, mas nem a dor pareceu tirar ele daquele transe. Os dentes pressionaram uns nos outros, e um da frente rachou em dor excruciante.


Gritos de agonia ao longe. Tomara que eu consiga esses áudios. Pessoal, essa rua é sinistra, mas também uma oportunidade. Pessoas foram assassinadas lá, estupradas! e ninguém fez nada. Filmamos, expomos e lucramos. Lucramos. Lucramos. Que tal você me foder com seu cacete?


Seus desejos não saíam da sua cabeça.


Quando finalmente pareceu retomar seu corpo, se viu ajoelhado e de pernas doloridas. À frente, um clarão branco e roxo cegava seus olhos acostumados com o escuro. A câmera estava ao lado, ainda ligada, ainda filmando sem entender aquilo tudo. Ele estava no subsolo.


Rogério piscou e tapou a visão com as mãos e aos poucos foi se acostumando com a luz do cômodo. As imagens periféricas foram as primeiras a se tornarem claras: montes de pilastras, talvez dezenas delas, se esticando para laterais, direita e esquerda, que pareciam findar apenas em mais escuridão. Na base delas, uma mistura de corpos e mofos que, naquela estado, Rogério se poupou por ignorar. Então a luz à frente…


Lá estava a boca na vertical, uma fenda onde tentáculos pareciam querer sair. O zelador era um mero pontinho disforme em comparação àquela ravina vulgar. O monstro carregou o caixote para lá, abriu com um pé de cabra por perto e despejou a gelatina no chão, onde as mãos virulentas da fenda abocanhavam em mórbido proveito.


- Mas que porra… - disse Rogério em voz alta.


O zelador logo se virou, uma figura minúscula pela distância, mas também logo se pôs a correr em sua direção. Rogério desesperou-se, se levantou e não deu a mínima para a câmera ou para a dor de músculos doloridos que rescendia as suas pernas. Correu para o que parecia ser o começo dos lances de escada e subiu, degrau por degrau, não se importando em roçar as palmas das mãos nos mofos das paredes para se guiar.


- ...piões não ...piões não…


Escutava os balbucios abobalhados do zelador atrás de si.


- ...sejos co’a gente! ...sejooooos!


Cada degrau parecia ser o último, que sua perna não aguentaria mais e perderia força, entregando o corpo e sua sanidade de vez para toda a maluquice que acontecia lá embaixo.


As lâmpadas finalmente apareceram, e aquilo foi a única coisa que o fez ter alívio naquela noite. Chegando perto de sair, Rogério pareceu encontrar força de algum lugar, subindo degraus por degraus. E quando finalmente chegou ao fim, ao primeiro andar, às caixas de nomes, idades e pesos, não saiu impune, tropeçou e foi de queixo ao chão. Sangue brotou, mas a consciência ainda permanecia em seu corpo; Rogério se levantou rápido, olhou para trás, a fim de saber se o zelador estava ao seu encalço, e disparou até a escada que levaria à plataforma e janelas.


No entanto, tudo que encontrou foi um corpo rígido e sem camisa que o empurrou de volta. No chão mais uma vez, percebeu o quanto estava zonzo e cansado. Deu um último olhar para cima e viu as pessoas da festa da rua Desce às Sete encarando-o em carranca séria. Na frente do grupo, os fidalgos da injustiça, homens e mulheres sem camisa e partes de seus corpos tomados pelo mesmo mofo arroxeado do qual já estava enjoado de ver e pensar sobre.


Ana saiu da multidão em gestos que sinalizavam não entender o que estava acontecendo.


- Porra, mas que caralhos você está fazendo aqui?


Já eram sete horas da manhã.



18 мая 2020 г. 19:06 22 Отчет Добавить Подписаться
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Rodrigo Borges Conto histórias e as vivo. Bebo cerveja e fumo, mas também como legumes e me exercito. Tenho um canal no Youtube (Rodrigo Borges - Papironauta) sobre a escrita, mas você não vai gostar dos vídeos. Também tenho um Instagram (@papironauta) voltado para o mesmo tema.

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Davi Morais Davi Morais
Cara, eu realmente queria ler isso, mas minha mente é fértil de mais, então peço que me perdoe, mas eu não sei se consigo finalizar essa leitura sem ficar com medo todas as noites kkkkk

  • Rodrigo Borges Rodrigo Borges
    kkkkkkkkkkkkk poxa, cara. mas tá safe demais, só o comentário já valeu muito August 14, 2020, 23:30
Eduardo Cezar Eduardo Cezar
Que história incrível, muito bem contada!
Lucas Alcântara Lucas Alcântara
Que narrativa incrivel e angustiante. Todo o clima do local chegava a ser palpável, o que tornava tudo ainda mais crível e macabro. Meus parabéns
Lucas Alcântara Lucas Alcântara
Que narrativa incrivel e angustiante. Todo o clima do local chegava a ser palpável, o que tornava tudo ainda mais crível e macabro. Meus parabéns
Antónia Noronha Antónia Noronha
A forma como elabora as descrições, toda a ambientação é tão bem realizada que ao lermos conseguimos sentir na própria pele todas as descrições! Muito bem escrito! Bom trabalho!
Franky  Ashcar Franky Ashcar
Olá, tudo bem? Meu senhor do céu amado eu comecei essa leitura na madrugada e não deu tava sozinha e com medo, parei para ler ainda de dia, e cá estamos, sofrendo de medo ainda. SOCORROOOOOOOOOO migo que escrita deliciosa, de tirar o folego e muito bem narrada, já bem logo nos primeiros parágrafos pensava em desistir e chorar. Eu acho que não fiquei incomodada com as coisas absurdas ao longo da narrativa porque tem um quarterão muito parecido, sem monstro é claro, na cidade de São Paulo, fica aos redores da cracolândia, não sei se já ouviu falar? Ele acontece umas barbaridades e eu tive o desprazer de trabalhar lá perto por 2 anos, no período da noite, o que eu vi no caminho da empresa para a estação do metrô, meu deus dá até enjoo. Mas eu gostei como toda a sua narrativa me fez recordar das ruas de lá com tanta clareza, um show a parte fora ao enredo, claro! Muito obrigada por compartilhar algo tão bom com nós! <3

  • Rodrigo Borges Rodrigo Borges
    Que empolgação boa de ler!! Conheço essa rua não, foi um sonho que tive sobre. Mas eu me baseei numa quadra que tem aqui em Taguatinga, DF, um beco que chamam de "beco cultural". Colei uma vez lá e o negócio foi tenso kkkkkkk se uma noite foi tensa pra mim, imagina como foram esses 2 anos pra vc?! mddds, sai de perto dos galpões de lá, se existirem kk Ademais, muito obrigado você por esse comentário cheio de interação ^^ May 21, 2020, 18:09
Urutake Hime Urutake Hime
Meu corpo ficou todo tenso, além da falta de ar ao longo da leitura... Então sim, você alcançou o objetivo de deixar uma sensação bastante incomoda e suja. Estou com mais perguntas do que quando comentei, mas nesse caso, prefiro não deixar a imaginação rolar sobre o que houve. De qualquer forma, é uma pena que não possa ter uma chance de vencer, mas o importante foi participar, foi um texto incrível!

  • Rodrigo Borges Rodrigo Borges
    Muito obrigado pelo feedback!! Nossa, imagina eu que fiquei imaginando essa história pelas madrugadas? Foi um sonho que tive, e o que escrevi nem de longe bate 50 % das bizarrices que presenciei. Mas é, tá sendo muito bom interagir com a galera, estou lendo muitos textos bons, já é recompensa suficiente por hora. Mas e você, Urutake? Tá participando? May 21, 2020, 18:06
  • Urutake Hime Urutake Hime
    Coisas que vem de sonhos podem ser assustadoras mesmo... E você aplicou muito bem, ainda que diga que não foi nem 50% do que sonhou. Eu vou tentar participar, mas provavelmente será com uma fanfic, me dou melhor lidando com personagens de obras que já conheço. May 22, 2020, 20:36
  • Rodrigo Borges Rodrigo Borges
    Pois participe! kkkk vou estar esperando você. Se não participar neste desafio, te espero no próximo, e próximo ... kkk May 22, 2020, 20:42
  • Urutake Hime Urutake Hime
    Obrigada pela motivação! O problema é que eu não lido bem com coisas de terror... Gosto de monstros, mas nunca os faço com o intuito de causar medo. Por isso creio que não se enquadraria no desafio. May 22, 2020, 21:10
  • Rodrigo Borges Rodrigo Borges
    Naao, não precisa ser sobre terror, algo essencialmente negativo. Tipo, o desafio é aberto para qualquer tipo de monstro, inclusive aqueles como os do filme Monstros SA. Escrevi sobre terror pq é o tema que eu mais tenho tido interesse nesses últimos tempos. Mas é, quando se fala de monstro, a primeira coisa que vem é algo sobre terror, mas eles podem ser meigos também ^^ May 23, 2020, 15:57
DC David Cassab
Você tem razão, eu me sinto sujo depois dessa história! Muito boa cara.
Artemísia Jackson Artemísia Jackson
Caraleo, isso foi tão... Sem palavras, uma pena que tu não pode ser classificado, ia ganhar, porque isso tá muito bom. Eu fiquei apavorada aqui, nossa, coração chega quis pular da boca, e sua escrita é muito envolvente, ainda não acredito que já se passaram 25 minutos! Só digo parabéns, porque me falta vocábulo pra elogiar.

  • Rodrigo Borges Rodrigo Borges
    Valeeu, Netuno. E, nada, tem muita história boa participando do desafio. Inclusive, li a sua por agora, e, mds kkkk, eu realmente queria comentar mais sobre. Mas, como Rodrigo, eu me encantei mt com a aparência de cada parágrafo seu, é tipo um fetiche kkkk parágrafos perfeitinhos. Eu diria mais, maaaas... May 21, 2020, 18:03
Melissa Leal Melissa Leal
Estou arrepiada!! quando citou que a festa acabava no galpão já imaginei algo bem gore. Esse final me deixou curiosa e ansiosa gente..... Rogério morreu??? Muitas coisas apara pensar agora.... cara ele deixou a câmera lá em baixo .°(ಗдಗ。)°.

  • Melissa Leal Melissa Leal
    Ficou incrível sério! May 20, 2020, 17:38
  • Rodrigo Borges Rodrigo Borges
    Muito obrigado por se submeter a 25 minutos nesse conteúdo indecente ^^. Como não é poesia, posso afirmar que coisa boa não vai acontecer com Rogério. Ou talvez aconteça, quem hoje em dia não quer ter seus desejos, alguns carnais, realizados? Talvez as transformações não sejam um preço ideal, mas pessoas já pagaram mais para terem o que verdadeiramente queriam. May 20, 2020, 19:04
Lilac L. Lilac L.
Caramba, eu to impactada e ainda não absorvi o fato de que essa coisa quase pegou o cara. Eu gostei muito do ritmo tranquilo do início, apesar da atmosfera sombria que há desde lá, e de como isso foi soando mais frenético ao longo da história!

  • Rodrigo Borges Rodrigo Borges
    Muito obrigado, Lilac. Eu pensei bastante se postava essa história ou não, mas cá está ela. Não é grande coisa, mas já me sinto aliviado por ter colocado pra fora todo esse sonho através de palavras ^^ May 19, 2020, 17:35
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