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Itachi nunca parou de pensar e se culpar pelo erro que deixou suas madrugadas tristes e frias, ao lado do piano vazio intocado desde a partida de Shisui.


Фанфикшн Аниме/Манга 18+.

#shiita #separação #itachi #piano
Короткий рассказ
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As lembranças que ficaram comigo

"Bons foram aqueles tempos, onde nós eramos o suficiente."



Itachi passou as mãos pelas teclas do piano ouvindo o som sem sintonia que vinha delas quando tocadas de qualquer forma, som esse que era o único entre as quatro paredes. Respirou fundo contendo a forte emoção que o tomou repentinamente, ao se lembrar a quem aquele piano pertenceu. Era desolador acordar toda madrugada e não ouvir nada a não ser o som de sua própria respiração ofegante por mais um pesadelo que tivera, e quando entrava naquele cômodo, mais uma vez na esperança de quando abrisse aquela porta ele ainda estaria lá, igual há várias outras madrugadas: tocando o piano com devoção em uma música que o fazia se lembrar de todos os bons momentos de sua vida, principalmente aqueles onde ele estava presente. Aquele piano de cauda longa já foi muito amado um dia, assim como Itachi. Mas agora era arriscado demais dizer que aquele amor ainda persistia, assim como era nítido que o oceano podia ser imenso e rútilo, mas nunca poderiam imaginar a profundidade de segredos que ali continha.

Parou de tocar as teclas e abraçou a si mesmo em uma vã tentativa de se proteger de mais um dia de frio rigoroso do inverno. Continuou olhando para o piano e depois de longos minutos correu os olhos pelo cômodo vazio, assim como estava seu coração. Era quase que sadismo vir ali sempre e ficar a esperara de um milagre, era estúpido e aos poucos, as lembranças que guardava junto daquele piano, o consumiam cada dia um pouco mais, até que só sobrassem elas junto de um velho piano e um homem amargurado com a vida. Porém não conseguia evitar esse futuro que já estava muito próximo, a necessidade de ficar sozinho e junto de algo que o lembrasse os bons momentos era atrativa demais. Se isolar e fingir que Shisui ainda estava ali em mais uma madrugada fria lhe tocando alguma música e sorrindo ao ser elogiado, lhe beijando e acariciando, dizendo o quanto o amava era mil vezes melhor do que a realidade onde seu primo não tocava mais, nem a ele e nem ao piano e a frase "eu te amo" que sempre lhe aquecia todo o seu ser hoje não passava de três palavras que, se não ditas por ele, não eram capazes de fazer muito efeito sobre si.

O celular no bolso do Uchiha tocou quebrando o silêncio e o fazendo sair de seus pensamentos torturantes. Retirou o aparelho do bolso da calça e para a sorte dele não era nenhuma chamada do trabalho ou de algum parente e sim um lembrete de sua agenda. Sorriu pesaroso ao ver do que se tratava: um lembrete para um passeio a um parque diversões noturno, e abaixo disso, em negrito se lia "levar meu namorado para lhe fazer uma surpresa". Como aquele, havia vários outros lembretes na agenda do celular, esses quais não tinha coragem de ver, apenas deixava que fosse lembrado no dia. O plano para essa madrugada seria levar Shisui a esse parque em uma surpresa, ele sempre quis ir, possuía muitos brinquedos radicais e com certeza seria um momento que traria lembranças gostosas de se contar depois. Mas agora Shisui não estava mais ali e nunca mais estaria, se quisesse levá-lo a esse lugar teria que ir até outro país e mesmo se o fizesse, receberia um não sem rodeios.

E cá estava um assunto que Itachi não gostava nem de pensar: o primo estava longe. Dificilmente o veria tão cedo, a não ser em alguma reunião importante da família Uchiha que necessitasse da presença de todos, o que era raro. As esperanças de um dia poder o pedir perdão da maneira certa eram poucas, mas não importava o tempo que passasse e o quanto suas vidas mudassem, se um dia o visse, por mais rápido que fosse o contato, pediria perdão. Aquilo era algo que não se esqueceria nunca, fazia questão de lembrar-se sempre dos erros cometidos que culminaram ao fim do relacionamento que tinha com Shisui. Os dois passaram por tanta coisa, tantas reprovações da própria família e da sociedade por, além de gays, serem primos que se amavam. Lutaram para ficarem juntos, superaram todos os obstáculos que a vida impunha, para no final, ele, Itachi Uchiha, acabar com tudo em um estalar de dedos. Acabar com três anos de relacionamento em um único dia, apenas por um orgulho de família idiota que agora não lhe servia para nada. Sua situação era deplorável, alguns diriam, mas para aqueles que sabiam de tudo por trás de seu sofrimento, diriam que era até merecido e ele mesmo concordava com isso.

Guardou o celular de volta no bolso e se levantou da banqueta, andou ao redor do piano enquanto deslizava as mãos pela superfície perfeitamente lustrada dele uma única vez antes de sair do cômodo, trancando a porta para que nenhum curioso entrasse ali. Agora apenas restava á Itachi longas horas de insônia que o deixaram com escuras olheiras que já eram quase parte de seu visual nos últimos meses.

Assim que chegou ao quarto se jogou de qualquer maneira sobre a cama fazendo seu longo cabelo se soltar do coque e se espalhar pelo lençol. Se fosse antes, o amarraria para que não ficasse todo embaraçado, sempre havia gostado de um cabelo longo, era um charme que considerava característico em si. Se fosse antes, pois agora não sentia a mínima necessidade de se arrumar, e muito menos de cuidar de seu cabelo. Não queria ouvir elogios de outros alguéns, até porque eles lhe pareceriam sem graça, só queria ouvi-los da boca de Shisui. Queria poder mais uma vez deitar sua cabeça no colo dele e o deixar bagunçar seu cabelo apenas para que ele o penteasse e dissesse o quanto era vaidoso com aquela cabeleireira e como o ele próprio gostava do cheiro do creme que usava neles. Sentia tanta falta desses pequenos momentos, eles pareciam tão sublimes na hora que pensava talvez não se lembrar deles depois. Mas era um mero engano, pois agora se lembrava de todos, e sentia o quanto lhe faziam falta. Um momento em especial lhe veio à mente e fechando os olhos se deixou voltar a aqueles instantes.

"— Eu já disse que amo o seu café, Tachi? — Shisui disse depois de beber um pouco do líquido quente em sua xícara onde se lia em letras itálicas "I love coffee"

— Sim, várias vezes, aliás. — Respondeu. Colocou um pouco de café para si e sentou-se ao lado do namorado na banqueta.

— Itachi?

— Hum?

— Quer ouvir alguma música em especial hoje? — Shisui perguntou enquanto colocava a xícara sobre o piano e esticava os dedos.

— Bem...Gosto daquela...É Sonata ao Luar.

— Uma das minhas favoritas, sabia?

Sim, Itachi sabia e era por isso que havia escolhido justo aquela música. O namorado sempre sorria enquanto a tocava, parecia contente em tocar cada tecla. Na verdade, Shisui sempre ficava radiante quando tocava, porém, aquela música era especial, ele sempre dizia. Tocar para ele era uma forma de relaxar de um dia puxado ou esquecer por alguns segundos de algo que o incomodava, também era apenas dedilhar os dedos pelo piano e se deixar levar pelas notas musicais.

— O que foi? — Perguntou assim que percebeu que ele apenas encarava o teclado, pensativo.

— Nada demais. Acho que hoje, ao invés de tocar a que você sugeriu, vou tocar aquela que nos uniu, que tal?

— É uma ótima ideia.

E então Shisui tocou Valsas e Mazurkas de Chopin que fez Itachi voltar ao passado especificamente ao segundo encontro deles onde aquela mesma música tocava quando se beijaram pela primeira vez. E pensar que agora podia o beijar quantas vezes quisesse, todos os dias e noites. Era extremamente feliz somente por ter ele ao seu lado."

Segurou as lágrimas que lhe encheram os olhos e deixou a visão em borrões, mas não foi forte o suficiente para conte-las por muito tempo. A dor e a saudade eram tantas que chorar amenizava um pouco, mesmo que fosse ilusório. Que depois de se acalmar tudo voltasse na mesma intensidade ou até um pouco mais. Chorou em silêncio naquele quarto escuro e recheado de lembranças do primo em cada canto. No closet ainda havia as roupas dele, que em sua fúria, as deixou para trás e nunca mais fez questão de buscar. No criado mundo um porta-retratos com uma foto deles no dia em que foram em um concerto no Congress Theatre. Tudo ali o lembrava ele e os bons momentos que tiveram, lembranças de uma época feliz onde Itachi acreditava que nada seria capaz de separá-los, nenhum obstáculo que se impusesse entre eles, não contando com ele mesmo. Engano pensar que temos algum direito sobre a pessoa amada, é ela quem tem sobre nós, tanto de nos amar, quanto de deixar de fazê-lo.


4 июня 2020 г. 0:00 1 Отчет Добавить Подписаться
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Об авторе

awnthony ⠀⠀⠀⠀⠀⠀𝙋𝙇𝙐𝙎 𝙐𝙇𝙏𝙍𝘼! -'ღ'- ⠀⠀⠀⠀⠀⠀ também estou no wattpad e spirit fanfics com o mesmo user.

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Hillary La Rocque Hillary La Rocque
Olá! Faço parte da Embaixada brasileira do Inkspired e estou aqui para lhe parabenizar pela Verificação da sua história. Estou tocada, o sentimento que passou, através de simples palavras, foi capaz de tocar bem lá no fundo do meu ser, devido a tamanha sinceridade que pude captar. O que fazer? O amor é como uma faca de dois gumes, tanto traz alegria quanto pode machucar profundamente. Após tantas batalhas e preconceitos vencidos para ser feliz ao lado de seu amado, Itachi agora se vê triste e solitário. Arrependido por um erro que cometeu e que resultou no fim do que antes parecia ser inabalável; o romance entre ele e o primo Shisui. Agora restam apenas a dor e as lembranças, junto ao arrependimento e o desejo de poder ter apenas uma pequena oportunidade de pedir perdão àquele que tanto lhe faz falta. Infelizmente, a possibilidade para que isso aconteça parece ínfima. Como não se identificar? Todos cometemos erros e tivemos que arcar com seus resultados. Coisas que gostaríamos, como Itachi, de apenas uma oportunidade para tentar concertar, ou, ao menos, amenizar os estragos. A forma como descreveu as lembranças, emoções, e utilizou a ambientação e demais recursos para fazer isso, só tornaram os sentimentos da personagem cada vez mais verossímeis. Gostaria de lhe dar os parabéns pelo bom trabalho. Sua escrita é bem trabalhada, com palavras bem escolhidas e colocadas, permitindo uma leitura profunda e agradável, além de contínua. Há apenas uma coisinha que quero apontar, algo que certamente passou despercebido: "Era quase que sadismo vir ali sempre e ficar a esperara de um milagre, ..." aqui, o correto seria "à espera". Sua capacidade em dar aos personagens tamanha sensibilidade é algo notório, assim como a de escrever pequenos contos com tanta emoção e significado. Tens um talento muito bonito. Por aqui eu me despeço. Desejo-lhe sucesso com seus próximos projetos, e que continue crescendo e evoluindo, enquanto compartilha conosco mais do seu talento, com novas histórias. Um grande abraço, e, até mais!
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