“Em meio a escuridão, minha mente e o meu coração eram capazes de recriar sua imagem com perfeição, exaltando todos os detalhes que tanto apreciava em segredo. Sempre sorrio, doce tortura e mar de sofrimento, mas não existe nada mais puro que a dor de uma coração partido. Ainda que não posso culpa-lo, você nunca pediu meu coração para quebra-lo, esse trabalho foi todo meu.”

–Tenho pensado incansavelmente sobre o futuro, sobre nós dois. — A voz era suave, apesar do tom depressivo prevalecer em cada sílaba falada. –Não gosto de nenhum dos meus pensamentos, mesmo que haja um esforço contínuo de ver algo bom... Não existe, num futuro próximo um de nós estará morto e esse presente de luxúria só será uma doce lembrança dolorosa ao qual meu reflexo terá de encarar todos noites e todas as manhãs. — Um silêncio profundo inaugurou aquela conversa e aquele foi o fim.

Eu me perco todos os dias nos desconhecidos que existe em mim mesmo, as vezes minha imagem é destorcida e reflexo do espelho é o nada. Tenho pensamentos felizes ao qual me fazem sorrir na hora errada e lembranças ao qual preenche minha vida com sonhos e perspectiva de futuro, mas as vezes eu sou trevas e o desejo pela morte sai dos meus lábios, o desejo do suicídio e o nada encontra minha alma e eu esqueço tudo que sou. Sou humano, é o que diz em meus documentos e é só isso que sei sobre mim.

Em silêncio, ela olhava a imensidão sem cor que havia dentro de si. Não havia sorriso, felicidade, medo, angústia, não havia nada, só lhe restava o vazio. Quando encarou as cordas, sua mão ergue diante de seus olhos. Estavam ásperas e sem tremores, não havia um pingo de hesitação sobre sua escolha. 1, 2, 3 De cima o chão era distante, mas não havia vento, não havia cor, não havia medo, não havia amor, não havia hesitação, não havia nada, exceto seus pés balançando no ar.

Tenho pensado em escrever e desenvolver minicontos, seja de amor, dor, horror... Tudo que minha mente sente vontade de fazer, sem muita ambição. Não sei se alguém leria ou se de fato, alguém irá ler isso. É estranho. Falo sozinho e meu reflexo me pergunta: “Por que tanto medo? ”

Os olhos, agora eram arregalados e o medo era o único reflexo em suas orbes. Seu corpo tremia, sua mente a enganava com sombras sem menor piedade, o corredor parecia maior e a porta mais distante. O pesar de seus passos eram lentos no extenso corredor coberto pela escuridão era devorado pela penumbra da madrugada. Sua respiração pesava e se misturava ao som do pisar da madeira, seu coração disparava e o medo sussurava em seu ouvido enquanto a morte caminhava silenciosamente ao seu lado.

“—É curioso como o tempo ameniza tudo, digo, de início tudo é intenso e você tenta absorver tudo de uma vez para que possa lembrar num futuro ao qual vai estar vazio e com tédio de si mesmo. –Um longo suspiro foi dado, Viktor adorava uma pausa dramática onde pudesse fazer se lembrar o máximo de vezes que havia pensado isso. —Não voltaria ao tempo, pois a eternidade me espera… Mas eu teria saboreado com mais calma todas as intensidades que vivi.”

Meus sentimentos estão destinados ao nada, o vazio se locomove em minha mente e destroça qualquer esperança de positividade. Todos os dias se despedaçam em agonia e medo, ao qual o pensamento caminha ao lado da morte. Não há homem sem loucura nessas terras.

Estranhamente, todos os lugares pareciam ter o seu nome e meu corpo parecia frágil todas as vezes que meus olhos absorviam suas letras. Estava louco, destroçado e apavorado. Por mais que meu coração pulsasse em meu peito e eu vagasse por ai sozinho, eu já não pertencia a mim mesmo.

"–A cada dia que passava, em silêncio e no maior dos sofrimentos de um coração, eu suplicava e agonizava para que houvesse uma gota minima de reciprocidade. Claro que era tolice, porque ele nem mesmo sabia quem eu era, mas meu coração deseja que por uma só vez, seus belos olhos profundos e brilhantes, tivessem me capturado e me desejado num profundo silêncio.".

A um silêncio profundo em minha mente, o relógio em meu pulso tem um passar lento e meu rosto uma expressão vazia. Não me recordo o momento em que parei de sorrir e nem o momento em que parei de desejar estar vivo. Há um silêncio desesperador e as respostas que me assustam, me devoram todas as noites ao quais eu torço pela ausência de um amanhã. Silêncio.

E seus olhos castanhos buscavam enxergar algo dentro da escuridão daquele corredor, o relógio parecia bater com mais lentidão e sua respiração se acelerava, a adrenalina se espalhava pelo seu corpo junto ao medo. Quando seus olhos foram capazes de exergar seu reflexo, num espelho, ela sorriu e relaxou como nunca. De fato, os mortos não precisavam ter medo do escuro.

Ainda sinto tantos receios, queria saber quando foi o exato momento em que escrever se tornou uma mais uma de minhas insegurança. Caos, caos e caos. Me perco novamente em ideias aos quais um dia me fizeram sorrir. Isso é medo.