"Não tema". É clássico que eles digam algo assim, não é? A criatura mais assustadora que já vi me pede para não temer e tudo o que posso fazer é temer. "Sou um anjo do senhor". Olha, francamente eu não me importo. Eu só queria dormir e esse ser de luz aparece do nada e me assusta. "Estou aqui para protegê-la". Não me sinto nem um pouco segura enquanto contemplo, horrorizada, aquele amontoado de olhos. Como se expulsa um anjo de casa?

Gabi sentia as mãos suarem frio, a caminho da piscina. Em teoria, seria apenas eles dois, mas ela não confiava em seus colegas naquela excursão, eram todos tão cruéis. Pedro também sentia medo de serem interrompidos e atrapalhados pelos colegas, especialmente se tratando de um momento tão delicado. Haviam combinado de se encontrarem na piscina à noite, enquanto o resto da turma estivesse distraída na pequena festa de confraternização. Não tinha erro, seria apenas eles dois e suas inseguranças.

Eu não tenho certeza do que é. Eu não sei onde se esconde. Eu não sei se estou imaginando coisas, se estou sonhando acordada, ou se a sombra que passa rapidamente de um canto a outro no meu quarto é real. O que sei é que toda vez que se move, eu só vislumbro pelo canto do olho, um ponto cego. Eu definitivamente não quero que isso, seja lá o que for, se mova claramente à minha frente.

Sua mente nunca para. Suas lembranças sempre são as mesmas: o acidente que tirou de si sua mãe e destruiu seu corpo, e seu despertar, seu renascer após a integração àquela xenotecnologia. Seu pai dizia que era uma dádiva, mas não era assim que se sentia. Quando olhava no espelho, se perguntava: "sou um homem ou uma máquina?".

Olivia o viu de longe, sentado em frente a um mausoléu, fumando um cigarro sozinho e afastado dos demais. O caixão de John estava descendo na terra e Jax não sabia lidar com aquilo. Infelizmente não havia nada que Olivia pudesse dizer que melhorasse as coisas pra ele.

Ela sabia que ele os trairia. Ela sabia desde o começo, ela não era nenhuma tola. Ainda assim, quando Prometeu pediu a ela que confiasse em Loki, ela o fez à muito custo. Agora, impedida de atuar como a deusa que era, estava à mercê daqueles que jurou matar. Se ao menos tivesse seguido seus instintos...

Em meu sonho tudo é muito claro. De longe posso ouvir os atabaques rufando, homens cantando. Sinto o ofá em minhas mãos enquanto danço em honra ao Caçador, mesmo sem saber o motivo. Há quanto tempo meus pais não me visitam? Talvez seja um sinal, talvez estejam me chamando de volta para casa. Mas eu me pergunto: que casa? Há muito parti sem olhar para trás e não me arrependo, mas nesse sonho o caçador me chama para caçar. Devo retornar ao incerto e desconhecido ou permanecer na segurança?

Enquanto a fito em silêncio, a mesma pergunta continua perturbando minha mente, como tem feito há semanas: quem é? Quem é a pessoa com quem ela está saindo? Com quem está me traindo? Sei que ela me deixará a qualquer momento e não creio que me deixará com respostas para essas perguntas. O que me resta além de lamentos? O que vai restar dela pra mim? Uma sombra? Tudo o que preciso saber é o que ela está escondendo de mim.

Ela perdera as contas de quantas vezes sonhou com o dia em que se vingaria dele. Cada noite mal dormida, ansiando por ver seus perturbadores olhos azuis se apagarem. E, no entanto, ali estava ele, à sua mercê. Olivia não mataria Orm Marius como vingança por tudo o que ele havia lhe feito. Olivia faria pior. "Ajoelhe-se, Orm Marius, e reconheça sua derrota". "O que quer de mim?". "Pague pelos seus crimes lutando ao meu lado". "Não quer meu sangue?". "Quero sua obediência".

O esforço que você fazia para continuar era de partir o coração. Você estava tão cansado de continuar se esforçando pelos seus fãs. Eu gostaria de ter te ajudado de alguma forma aquele dia no cinema. Gostaria de ter conversado mais com você, de ter tirado uma foto que pudesse guardar com carinho. Agradeço imensamente por você ter existido e obrigada por me visitar, ainda que em sonho. Espero nos reencontrarmos um dia, Chadwick.

Dor. De alguma forma que não sei explicar, há uma forma dela me sufocando enquanto eu me mantenho suspirando por ela. A forma silenciosa da dor. A forma com a qual eu não posso lutar, a que me sufoca enquanto eu permaneço suspirando, esperando por ela, mas eu não quero mais esperar por ela. Eu quero esquecer. Eu preciso esquecer ou irei enlouquecer. Tudo o que eu preciso é ouvi-la me negar, tudo o que eu quero é ouvi-la me libertar.

Em seus mais de quinhentos anos, depois de tantas perdas e tragédias, ele não imaginava que era capaz de sentir-se destruído por dentro novamente. Há coisas das quais muito se fala e pouco se entende, coisas que a ciência investiga e a filosofia discute. Dizer que seu coração estava estilhaçado pela traição era simplificar demais. Uma palavra de seis letras não era o suficiente para expressar o que acontecera com ele.

Faust sentiria falta de acordar todos os dias para admirar o sereno rosto de Aladdim enquanto ele dormia. Sentiria falta das risadas e dos planos de fuga que ele criava a cada novo artefato mágico que cogitavam roubar. Mais do que isso, sentiria falta do amor que o ladrão tinha por ele, porque sabia que depois daquele dia, jamais o teria novamente. Isso o feria imensamente, mais do que ele julgava ser capaz. Mas haviam coisas que precisavam ser feitas. Aquela era uma delas.

Quando a sinto aos meus pés, é questão de tempo até que ela ascenda e ameace me afogar. Eu a sinto me preencher, borbulhando enquanto ferve. A adrenalina me fazendo tremer, as mãos suando frio e as pernas bambas, às vezes. É tentador agir sob efeito dela. Tal como uma droga, ela vicia, mas eu não sou tão estúpida. Agir sob seu efeito não me traria nada além de consequências desastrosas. Sempre que ela borbulha, sinto a tentação voltar, a urgência de usar a adrenalina em meus punhos. E nada faço.

Olhar para trás e ver o rastro de danos causados em tão pouco tempo... Sua incapacidade de fazer as coisas funcionarem e os laços durarem, a frustração de não conseguir concretizar os planos de seu pai... Por todo o sangue em suas mãos, por todo o sofrimento causado... Mais importante: por seus filhos Por seus filhos ele pagaria o preço, para que a história não se repetisse. Afinal de contas, Adão criou um Caim.

Às vezes são pequenas coisas. Um chaveiro, um isqueiro, um prendedor de cabelo... Às vezes são coisas maiores. Autoconfiança, vontade de viver, determinação... De uma forma ou de outra, sempre esperamos recuperar essas coisas E nem sempre essas coisas podem ser recuperadas.

Ela era tão frágil, tão pequena em seus braços. Olivia observava ternamente a pequena Mary enquanto refletia sobre uma série de questões. Sentia medo de se comprometer a criar a pequena e tê-la tomada de si em algum momento. "Ela não é minha", seus olhos marejaram enquanto olhava o bebê. Então por que sentia tanto incômodo só de pensar em perdê-la? Quando Mary sorriu, os olhos fechados enquanto sonhava, Olivia sentiu um aperto no peito. "Não vou deixar nada te acontecer", beijou sua testa.

De todas as coisas que poderia se tornar em sua vida, ser pai não era uma na qual pensava. Quando Anne Marie o avisou sobre a situação de Zed, Constantine largou tudo e correu ao socorro de sua antiga amiga e amante. Não imaginava que em vez de resgatar Zed resgataria a filha deles, muito menos que Zed se perdera deles para sempre. Mas John não tinha o que pensar: pegou sua pequena filha e enfrentou todo o culto que tentava impedi-lo de sair. A protegeria mesmo que morresse tentando.

A maioria das pessoas a evitava. Ela era mal falada, com ares de maldita. "Gente morreu lá dentro, às vezes a gente escuta gemidos no meio da noite", diziam os vizinhos - os novos vizinhos - da moça que havia se mudado para a dita casa. Ela não se importava, não de verdade. Não acreditava em nada sobrenatural. Uma casa barata não podia ser dispensada por uma adulta com pouca grana, então os fantasmas teriam que engolir a presença dela ali.

Ela despertou em meio a um frio que fazia parecer como se facas perfurassem seu corpo. Em meio ao branco da neve, se deu conta de onde estava: jogada no meio de destroços do que costumava ser seu jatinho particular. Se lembrou: haviam caído. Foram atingidos por algo. O medo a atingiu de uma vez. Levou as mãos ao ventre, seu coração se afundando no peito. Não sentiu seu bebê se mover e perguntou a Deus o motivo de tamanha desgraça ter ocorrido. Mas Deus não respondeu. Ele não responderia.

Jax soube, até recentemente, quem ele era. Motoqueiro, fora-da-lei, filho. Pai de um filho que se fora cedo demais. Quando Dean cruzou seu caminho, no entanto, suas certezas começaram a se abalar conforme um mundo novo se revelava a ele. Monstros existiam dentro das pessoas, disso ele sabia. Que monstros sobrenaturais existiam... Era algo inquietante. Jax era má companhia para Dean, mas só conseguia pensar em caçar com o Winchester. Talvez os dois fossem má companhia um para o outro, no fim.

Olivia tinha tantas mágoas e dores guardadas dentro de si que nunca pensou que choraria tanto ao receber um mísero abraço de Bruce. Não tinha pais, ou amigos. Jax, seu primo, sua única família, estava a tratando diferente e ela nem sabia o motivo. Constantine, a quem ela já estava se apegando, não tinha os mesmos sentimentos. Estava ali para instrui-la na magia, não para ser seu amigo. Era como se todos lentamente se afastassem dela. Todos menos Bruce. Todos menos seu chefe.

Quando Olivia finalmente acordou e se deu conta de que estava de novo em seu quarto, foi como se tivesse voltado a um velho pesadelo. Ela se levantou, se sentindo dolorida, exausta, mas não fisicamente. Entrando em seu banheiro, acendeu a luz para encarar a si mesma no espelho acima da pia. Apoiada na mesma, encarava seu reflexo no espelho. Franziu o nariz, incapaz de reconhecer aquela estranha à sua frente. Quem diabos ela estava se tornando?

Jenny estava cercada por seus fantasmas. Dentro daquelas paredes ela se sentia em casa. Ela não queria ir embora - por que iria embora para ficar só? Naquelas ruínas altas, onde já houveram reis, seus fantasmas eram o que restava de sua família. Seus amados, outros esquecidos há muito. Eles dançavam com ela, girando-a no ar, fazendo-na esquecer de sua dor. E ela não queria ir embora.

O cheiro de terra e o farfalhar das folhas das árvores a faziam ter certeza de que de fato estava em casa. O vale continuava verdejante, a natureza ainda estava viva lá, sem todo o caos e barulhos da cidade. Alisson estava em casa e dessa vez faria de tudo para aproveitar a vida da qual fugira antes.

De volta à sala de aula dentro de algumas horas. Eu deveria estar feliz, mas não consigo me livrar da sensação de que tudo dará errado e meus futuros novos alunos me odiarão e farão chacota de mim como os últimos que tive. Se tivesse outra escolha, iria de cabeça nela, mas aqui estamos, em meio a uma crise. Não tenho escolha. Só preciso esquecer quem eu sou por algumas horas, virar outra pessoa em sala de aula. Só algumas horas...

Nada pior que seu próprio corpo te trair. Pensei que eu conhecia os meus limites. Pensei errado. Meu corpo tem vontade própria e me traiu de forma traiçoeira, me deixando incapaz de me mover ou falar, me deixando à mercê da boa vontade e compaixão de estranhos. Se há alguma coisa positiva nesse pesadelo talvez seja o fato de ainda haver pessoas boas no mundo. Ainda posso ter fé na humanidade, quem diria...

Era apenas um osso velho. Ou ao menos eu tentava me convencer que era apenas um osso velho. Sentir todo aquele poder emanando da Primeira Lâmina, me queimando viva sem fogo algum, era uma sensação para além do que palavras podiam descrever. Aquele era o primeiro passo na estrada que me conduziria à pior versão de mim - um demônio - e eu deveria estar incomodada. Mas não estava. Aquele era só o começo.

Ela voltou pra me atormentar. Tentei driblar a chegada dela, mas não deu. A exaustão mental voltou, e com ela o bloqueio. Agora eu encaro a tela, sabendo o que preciso escrever, e incapaz de fazê-lo. Não há nada mais decepcionante que perder pra si mesmo.

Não havia nada pior que seu olhar desconfiado em minha direção, como se eu fosse atacá-la da forma que havia atacado aqueles vampiros. Eu não suportava a ideia de que a minha única amiga tivesse medo de mim naquele momento. Com ou sem a Primeira Lâmina me dando ideias erradas, eu não a machucaria por nada no mundo. Queria apenas que ela se lembrasse desse pequeno fato.

O que eu preciso hoje é... Deixar de existir por um momento Deixar de sentir algumas coisas Deixar alguns pensamentos morrerem Virar algumas páginas E talvez abrir algumas janelas Porque talvez, só talvez, deixar um pouco de luz entrar seja bom Talvez eu só precise de um pouco de luz pra florescer de novo Só talvez.

Olhar para minha própria fome e concluir que ela nunca será saciada é desesperador. Saber que nada do que eu faça vai me fazer sentir menos desse vazio no peito, ou menos da perturbação agitada na minha mente... Eu só queria parar de me sentir tão morta por dentro. Por que nada nunca preenche esse buraco negro? O que é necessário pra trazer minha alma de volta para a luz?

Suspirei conforme me aproximava do túmulo. "Tem certeza disso?", o anjo ao meu lado perguntou. "Tô sem outras opções", tentei me justificar. "Tem que ser ela". Ele me estendeu a pá, que eu rapidamente posicionei no solo. "Tomara que dê certo", ele me disse. "Vai dar", o assegurei enquanto cavava. "Ou vamos todos morrer.

Sinto sua falta de uma forma que não posso pôr em palavras. Há alguns dias, você era uma pequena criaturinha em meus braços, totalmente dependente de mim, e agora nós estamos separados de forma irremediável. Preciso aceitar que não faço mais parte de sua aventura, mas eu nunca lidei bem com finais e rompimentos. Cortar o nosso cordão umbilical está doendo mais do que deveria.

Era hora de cortar aqueles laços. Ela precisava fazer aquilo, precisava ir embora ou enloqueceria. Sua mãe imploraria que repensasse, ela sabia, mas não mudaria de ideia. Ameera estava pronta para conhecer o mundo além daqueles muros.

Eu senti o cheiro de canela em sua camiseta preta e de alguma forma, aquilo era familiar. Aqueles braços ao meu redor, o abraço que me tirou do chão, me girando no ar como uma boneca de pano. "Você nunca vai advinhar o tipo de cigarro que eu fumo". Ah, Loki, pode até ser, mas eu vou tentar adivinhar, pode apostar. E se quiser voltar, se puder me agraciar com a sua presença de novo, sempre teremos café doce e cigarros mentolados à sua espera.

Mesmo que eu tente não me deixar derrubar por ele, o infame sempre acaba comigo. Por mais que eu tente não deixar que o cansaço me desvie do que preciso fazer, sempre acabo frustrada. Estou sempre cansada mesmo não fazendo nada. Quando isso acaba?

Na cozinha, o som de uma faca repetidamente cortando legumes pode ser ouvido, mesclado ao som da TV, na sala de estar. Há uma inquietação em seu peito, uma sensação incômoda pesando seu estômago. Ela se sente observada. Para de cortar a cenoura, prestando atenção aos sons do ambiente. Podia jurar que havia alguma coisa atrás de si. Engoliu a seco. "Vá embora", pensou. E a sensação desapareceu.

Quase um ano após ter visto aquele rostinho pela primeira vez, o original estava pronto para sair do marasmo e da quietude na qual havia se enfiado enquanto se mantinha afastado da vigília de Elijah. Logo ele quebraria a maldição e criaria sua própria família, de híbridos, mas não apenas para fins militares. Queria, de fato, uma companhia leal ao seu lado, e Claire seria perfeita. Para o começo, claro.

Eu ainda podia sentir o sangue fresco em meus braços. O choque de saber exatamente o que estava em meus braços. Um vazio que antes eu costumava sentir não estava mais lá. Em seu lugar, dois bebês esperneavam e choravam. Dois meninos, gêmeos. De alguma forma, eu sabia que eram meus filhos e eu sabia quem era o pai. Quando despertei daquele sonho, sentir meus braços mais leves deveria me deixar feliz. Mas não deixou. E eu estava arrasada porque meus meninos não estavam comigo.

Cansaço e irritação, nada além disso. Mesmo fazer as coisas que gosto já não me é tão atraente. Não consigo me concentrar em nada, não consigo gostar de nada. Quando essa sensação vai acabar?

Era difícil não vê-lo de forma diferente depois de ouvir aquele segredo de doze anos. A princesa jamais imaginaria que o guerreiro Storm, sempre com sorrisos e um espírito positivo, tivesse um passado tão sombrio, tão triste. De alguma forma, aquele segredo, a vulnerabilidade que dizê-lo revelava, fazia com que a princessa gostasse ainda mais de Storm. Sua sinceridade era apreciada por ela de todo coração.

Respiro fundo, preparando tudo o que preciso para aquele dia. Um café da manhã completo e uma mochila cheia de ferramentas. Saio da casa para um dia brilhante onde os pássaros cantam, minha gata Cersei deitada na grama, aproveitando o verão. É hora de plantar novas sementes para essa estação. É hora de recomeçar.

Mais uma semana exaustiva, mais um dia desregulado, assim como o sono e as refeições. Odeio me sentir exausta assim o tempo todo, mesmo quando durmo direito. Desempregada há quase um ano, sem perspectivas de futuro, e a escrita é o que me mantêm parcialmente sã. Eu estou exausta. Estou de saco cheio. Estou a um passo de jogar tudo pro alto, mesmo não tendo nada. Estou exausta de ser eu.

Outra história se encerra, mais um ciclo encerrado, e a pergunta permanece: O que eu estou fazendo? Usurpando mundos alheios, distorcendo linhas temporais, dobrando o destino à minha vontade. Quanto mais eu penso nisso, menos as coisas fazem sentido. Não há nada além da sensação de vazio. Não há satisfação nenhuma.

Era isso. O fim havia chegado para ele. Não havia onde se esconder ou como lutar contra o inevitavel. A batalha de Miguel e Lúcifer aconteceria de qualquer jeito. E, bem, se não tinha como evitá-la, Sam se certificaria de que não facilitaria as coisas pro Diabo. "Venha me pegar, seu miserável", pensou ao adentrar a igreja. "Venha se tiver coragem".

A gente sabe quando é ela. A gente sabe quando ela está voltando. Ela chega de mansinho, caminhando devagarzinho até nos alcançar. E quando ela alcança... Vai sugando nossas energias, nosso ânimo... Nossa vontade de viver. E não tem pra onde correr. Pra onde eu for, ela vai me seguir. Vai me sufocar até me deixar sem forças pra lutar. Vai me derrubar. E vai me fazer desistir. E o pior? Tô cansada demais pra resistir.

Ele não deveria fazer aquilo. Não deveria procurar por Gabriel, não havia mais nada entre eles. E, no entanto, Sam não conseguia deixar de sentir saudade dele. Das risadas bobas à toa por coisas sem sentido, dos beijos e dos abraços, das piadas sem graça que ele contava... Sam olhou para o céu noturno e fez uma oração. - Gabriel, por favor... E, em resposta, o arcanjo surgiu às suas costas. - O que quer de mim? "Tantas coisas", Sam pensou, mas não ousou falar. - Podemos conversar?

Longe do mundo, das pessoas. Sem intenção de voltar. Sem intenção de conversar. Interagir desgasta e cansa, é uma tarefa exaustiva. É o tipo de coisa que me faz querer largar tudo e sumir. O que estou fazendo aqui? Nada útil, nada que me ajude a sobreviver. Nada que faça eu me sentir menos desconectada da realidade.

Pior que perdê-lo era saber que ela não podia fazer nada para trazê-lo de volta, que se ela ao menos tentasse, poderia piorar e muito as coisas para ele no Inferno. Dean estava morto e ela era obrigada a servir aqueles que falharam em protegê-los. Bella se sentia completamente derrotada.

Um beijo na encruzilhada e o pacto estava selado. Sam estava à salvo, era o que importava. Mesmo que Bella não o perdoasse por fazer aquilo, por deixá-los, sabendo que não havia nada que pudesse fazer para impedir que ele fosse para o Inferno quando a hora chegasse. Quando os sinos do Inferno tocassem e o Cão viesse buscá-lo, não haveria pra onde correr.

A casa está silenciosa. Todos estão em um sono tranquilo e os únicos sons sãos os dos ventiladores e meus soluços contidos. Está tudo bem, de verdade. Não há nada com o qual me preocupar além do rotineiro, mas então por que estou ouvindo "Older", da Sasha Sloan, e chorando? Por que estou tão triste de repente, quando não há motivos para estar? Eu só não queria me sentir assim.

Minhas mãos se agitam, suam frio. Há uma ânsia, um desejo não saciado, que faz com que eu coce minha cabeça em nervosismo até que formem feridas nela. Até respirar se torna estranho. Tudo o que eu queria agora era uma carteira de cigarros mentolados e vodca.

Era como se um enorme peso tivesse saído de seus ombros. Sem Edward, sem mentiras, sem desconforto. O lado bom. O lado ruim, claro, era a morte de Charlie e Renée, mas ela queria crer que se unir aos Winchester e se tornar uma caçadora era a coisa certa a se fazer, e com essa crença, partiu para a estrada com eles. Podia ter esperança no futuro?

Amarilis era uma humana tão, mas tão desrespeitosa! Em toda a sua existência a serviço do Senhor, Cassiel nunca conhecera uma humana tão indiferente ao próximo. Certo, era um exagero. Ele havia conhecido piores. Mas mesmo que passasse todos os dias observando a humanidade e sua pequenez, ainda não a entendia totalmente. Afinal de contas, o que era ser humano?

Seus cabelos acobreados dançavam livremente ao vento enquanto observava o cenário caótico abaixo dele. Deuses lutando em desespero pelas próprias vidas, encurralados pelos inimigos. Ele sentia certa inveja em não estar ali se divertindo, matando aqueles que tanto o menosprezaram, mas agora sabia de lugares melhores para visitar. "Devemos ir", a voz feminina ao seu lado chamou sua atenção. "Quero que conheça alguém muito importante pra mim". "Como queira", ele sorriu. "Vamos nos divertir".

Estava tudo bem. Tudo estava perfeitamente bem. Ela não choraria, ela sabia o que aconteceria se comecasse a chorar. Não, ela não se permitiria. Vingança seria algo que seu pai reprovaria, mas se arrependia de ter deixado Arraia Negra solto. Deveria tê-lo posto atrás das grades pelos assassinatos de Thomas Curry e do pai dela. Sabia que Arthur tentaria matá-lo. O que fazer? Qual seria o certo? Ela já não sabia. Sabia apenas que o pai morrera por culpa de Arthur.

Faust a segurou cuidadosamente em seus braços, obsevando as bochechas vermelhas de sua recém-nascida, que se esperneava e chorava, assustada com aquele novo mundo. "É uma pena que seu destino já esteja traçado, minha filha. Espero que um dia você possa me perdoar por tudo isso".

Por que você me deixou de lado? Por que fez uma nova família e esqueceu de mim? Por que só veio me buscar quando foi obrigada a isso? Você nunca me amou, mas podia ao menos ter sido honesta comigo. Deveria ter se livrado de mim quando teve chance, mas não se preocupe, dessa vez sou eu quem está fazendo as honras. Eu estou me livrando de você, mãe. Não me procure, a filha que você nunca quis também não te quer. Morra sozinha.

Perdoar sempre foi algo inconcebível pra mim. Nunca vi sentido em desculpar alguém por coisas das quais eles não se arrependem de ter feito. Hoje me pego pensando que perdoar não se trata de esquecer do que eles me fizeram. Eu também errei e reconheço isso. Talvez perdoar seja sobre entender que todos estamos propensos à errar, que é algo humano. Talvez perdoar seja sobre seguir em frente, sobre mudar e melhorar. Eu me pergunto... Estou pronta para deixar tudo para trás?

O dia mais aguardado por ela havia finalmente chegado. Sua vida de escrava e concubina estava no passado. Agora ela era uma mulher livre e legalmente casada, a esposa do sultão, que era o dono do mundo. Seus preciosos filhos herdariam tudo aquilo, e para se assegurar disso, ela tinha muito trabalho a fazer. Ela faria todos os seus inimigos caírem aos seus pés, de um por um, e já sabia por onde começar.

Ele a segurava com o máximo de cuidado possível, como se ela fosse de cristal. De alguma forma, talvez fosse, se tivesse herdado os poderes de sua mãe. Mia nascera com as bochechas do pai, os cabelos loiros e olhos azuis da mãe. Tony soube, no instante em que segurou sua herdeira pela primeira vez, que sua vida de farra havia acabado, mas não se sentia triste com aquilo. Se sentia orgulhoso por ter feito uma criatura tão pequenininha e fofinha como aquela. "Minha maior criação", ele sorriu.

Os fogos começam, ouvem-se os estouros. Minhas janelas estalam com as explosões de bombinhas próximas. Obsevo meus adotados, dependentes de mim e tão estressados quanto eu. Há coisas pra se fazer e eu não consigo, pois meus gatilhos foram todos ativados. Por que todo natal é sempre o mesmo inferno?