Marinette poderia dizer que, de longe, feliz era o que ela se sentia naquele dia.
Ser a representante de sua classe era algo que ela achava ser fácil, afinal, estava na faculdade e não em uma escola de ensino médio e fundamental, mas isso se mostrava o oposto desde que havia caído na mesma sala que Adrien Agreste.
Para ela, ele era nada mais do que um garoto mimado e insuportável. Isso mesmo, um garoto. Não o considerava um homem por vários motivos.
Era considerado o verdadeiro quebrador de corações da universidade. Tentava ao máximo iludir inúmeras garotas, para terminar com elas do modo mais cruel e frio. Marinette o achava ridículo por isso, um belo paspalho.
Mas belo somente no exterior, ela não podia negar. O jovem possuía uma beleza exuberante, sendo o principal motivo por ser um dos modelos mais bem pagos da França.
Se destacava com fios loiros que pareciam brilhar e olhos verdes que lembravam lindas joias polidas. Seu corpo não era algo que se podia ignorar. Parecia não ter nenhuma gordura em excesso, além de exibir belos músculos. Era a personificação de um deus digno de livros como os de Homero.
E Marinette poderia afirmar que sim, já havia se encantado com o loiro. Achou-o um príncipe ao vê-lo pela primeira vez, mas quando soube de sua fama, só sentiu por ele uma repulsa que não sabia explicar o porque. Não conseguia suporta-lo e sabia que ele tinha conhecimento disso, era por tal motivo que adorava irrita-la.
Novamente, já sabia que havia sido chamada na diretoria por causa dele. Ele já deveria ter feito mais alguma garota chorar, e o grande diretor Damocles não permitia isso, mesmo vendo que os alunos não eram mais crianças. Via a má fé do loiro, e isso lhe dava nos nervos. Sempre acabava aplicando-o um castigo, mas na maioria das vezes, o bendito sempre se safava ao comprar alguém para realizar o castigo por ele ou fingir que ele fizera.
E era esse o motivo pelo qual Marinette agora ficava encarregada de acompanhar o loiro em qualquer castigo aplicado pelo diretor.
Precisava supervisiona-lo e, até o momento, era a única na qual o garoto não conseguia atirar seu charme ou comprar com seu
dinheiro, e o diretor admirava isso na garota.
Seus saltos baixos batiam contra o piso do corredor, se direcionando a secretaria, onde ficava a sala do o diretor. Estava levemente irritada, visto que com certeza perderia um dia de trabalho para ter que supervisionar o Agreste em mais um castigo, como se ele fosse uma criança. Se perguntava mentalmente se ele nunca se cansaria de agir como uma.
Cumprimentou as secretarias, e em seguida, uma lhe encaminhou até a sala do grande homem. Bateu na porta, e entrou quando recebeu sua permissão.
- Bom dia, diretor. - Murmurou, ao entrar na sala. Manteve sua postura. - Pediu que me chamasse?
- Bom dia, senhorita Dupain. - Damocles disse, soltando um pigarreio em seguida. Apontou para uma das cadeiras em sua frente. - Sente-se, por favor.
Marinette sorriu de um modo discreto, e se sentou. Voltou seu olhar para ele, que parecia sério.
- Creio que já saiba porque te chamei aqui. - Ele disse, entrelaçando suas mãos e apoiando sobre a mesa. Marinette suspirou, deixando as dela sobre o colo, mexendo-as de um modo que transpassava sua irritação.
- Tenho um leve palpite. - Suspirou. - Adrien Agreste novamente, não é?
- Infelizmente – Damocles confirmou, levemente incomodado. - Esse garoto realmente parece não querer tomar jeito!
-Não sei quem é pior : ele ou as garotas que mesmo assim andam com ele. - A menina murmurou. - Mas, tudo bem. Que horas devo estar aqui?
-Em nenhum horário. - Ele disse, e Marinette lhe olhou curiosa. Ele suspirou. - Adrien parece ser um cara que não aprende com castigos educativos e morais. Seu problema é de alma, deve ser traumatizado por ter sido abandonado pela mãe quando criança. Devemos lhe dar uma ajuda...mais adequada. Em sua ficha vi que você participa de um projeto com as crianças de um orfanato local, correto?
Marinette arregalou os olhos. Ele não poderia estar propondo tal coisa.
- Sim, senhor. - Ela murmurou, cruzando os braços. - Mas devo lhe avisar que apenas levo felicidade a tais crianças, não ajo como uma psicóloga.
-Não será preciso que aja como uma, senhorita. - O diretor disse, de um modo divertido. - Estava pensando se ele poderia lhe ajudar em tal projeto..
- Como?! - Disse, parecendo incrédula. - Não! Digo, ele? Ele vai acabar... Traumatizando as crianças!
-Não seja tão dramática. - Damocles suspirou. - Acredito que isso vá ser bom para ele. Ver que não é o único a passar por tal coisa. Ele ainda tem um coração, Marinette. Ajude a recupera-lo.
Ela suspirou, olhando para o homem que mantinha toda sua esperança no olhar.
Respirou fundo.
- Tudo bem.. - Disse, mesmo que a contragosto. - Mas caso ele seja ignorante eestupido, vou expulsa-lo a ponta pes!
*****
Adrien não acreditava que estava sendo forçado a tal coisa.
Com seus vinte e dois anos, odiava que ainda se metessem em sua vida, e odiou ainda mais quando Damocles entrou em contato com seu pai, que praticamente o obrigou a ir até o orfanato.
Achava que sua única diversão seria irritar Marinette, sua companheira de sala e representante de turma, e também, a única que nunca caiu por seus encantos ou palavras bonitas. Adorava irrita-la, e tentar fazê-la perder a compostura (não totalmente do jeito que ele realmente queria, mas dava para o gasto). Se divertia vendo-a vermelha de raiva, quase o enforcando em seus pensamento.
Mas até mesmo isso havia sido tirado de si, quando ela havia lhe dito que não conseguiria ir até o orfanato e que ele deveria entrar em contato com sua amiga, Ladybug.
Pelo menos, poderia tentar usar seu charme e se safar disso, era o que ele pensava.
Bufou, ao sair do Jeep. Retirou o óculos no estilo aviador, prendendo-o na gola da camiseta branca que usava, e olhou para o imóvel em sua frente. Era pintado em um tom de amarelo claro, parecia uma construção muito mais moderna para um simples orfanato. Ficou um pouco surpreso, esperava algo chocante como nos filmes.
Trancou o carro, antes de entrar pelo portão do local. Logo na entrada, viu uma fonte feita de bambus, e algumas flores e bancos. Era uma visão adorável, e até mesmo bonita de se observar. Saiu andando até a recepção. Duas mulheres estavam ali. Uma era loira, mas não era tão jovem. Possuía os cabelos presos em um coque, e usava um uniforme amarelo. A outra era mais gordinha, possuindo os cabelos em um rabo de cavalo alto e usando um uniforme laranja. Seus crachás possuíam seus apelidos no local : Trixx e Póllen.
Foi atendido pela loira, que fora totalmente educada com ele. Pediu para conversar com a tal Ladybug, e fora encaminhado até uma sala.
Observou atônito a organização do lugar. Era tão limpo que chegava a brilhar, não parecia um lugar infestado por crianças, e também, não parecia um lugar que deveria acumular tristeza como ele imaginava.
Andou pelo local, analisando o que parecia ser uma pequena sala de aula. O que mais chamou sua atenção fora um pequeno varal feito de barbante que continha inúmeros desenhos presos, desenhos que pareciam ser feitos por crianças de inúmeras idades. Uns eram mais complexos, outros eram apenas rabiscos, mas todos eram exibidos do mesmo modo.
- Senhor Agreste. - Ouviu seu nome sendo chamado, e se virou, dando de cara com uma mulher baixa, em um macacão vermelho com bolinhas presas e que usava uma máscara e maria-chiquinhas. Prendeu um riso na garganta. - Espero que tenha gostado do local.
- É...aconchegante. - Ele disse, mantendo os braços cruzados enquanto ela se aproximava. - Mas não entendo o que eu tenho que fazer aqui.
- O senhor nos ajudará com as crianças. - A garota murmurou. Enquanto andava pela sala e ia até um pequeno armário. Adrien arregalou os olhos.
- Eu? Eu não tenho jeito com crianças, somente com jovens-adultas. - Ele disse, num tom provocante. Ladybug revirou os olhos. - Talvez eu possa...te ajudar mais do que ajudar os pirralhos.
- Primeiro, eu não preciso da sua ajuda, senhor Agreste. - Ladybug disse, se virando com um olhar debochado. - E segundo, eles não são pirralhos, e não admito que você os chame assim! Agora, vá se vestir.
Ela lhe entregou uma roupa, e ele olhou. Era negra, e dentro do que parecia ser um kit, possuía até mesmo orelhas semelhantes a orelhas de gato, feitas de látex. Ele olhou para ela.
- Nem fodendo que eu vou vestir isso. - Ele disse, e ela revirou os olhos novamente.
- Olhe o modo que fala aqui, senhor! - Ela disse, e se virou. - E você vai vestir sim, se não vestir, eu mesma ligarei para o seu pai. - Olhou para ele, que parecia levemente irritado agora. - E se você ousar ficar irritado e descontar em alguma das crianças com seu mal humor, você não vai ter que se resolver com seu pai ou com o diretor da universidade, e sim comigo, e posso te garantir que não sou nem um pouco boazinha com quem mexe com as minhas crianças!
Não lhe deu tempo para respondê-la, apenas saiu pela porta, fechando-a em seguida e deixando um loiro levemente surpreso para trás
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